Como definir indicadores para a captação de recursos?

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Todo projeto deve ser avaliado para compreensão de seus resultados em relação às expectativas e objetivo inicial. Não é diferente com planos de captação de recursos. Desde o início, deve ser considerado no plano de captação como serão medidos os resultados alcançados. Com base nas metas que se deseja atingir, devem ser elaborados os indicadores para acompanhamento dessas metas, quem será responsável pela coleta de dados, quais suas atribuições e como será esse processo.

Ter indicadores que qualificam doadores e o atingimento das metas permite às organizações acelerar investimentos em ações bem-sucedidas ou repensar aquelas que não trazem os resultados esperados em relação ao investimento dispendido. Ter bons indicadores é crucial para que esse exercício seja realmente efetivo. Os indicadores devem ser analisados a partir de sua relação custo/benefício e, quando necessário, substituídos por mecanismos de controle mais simples e econômicos. Métricas interessantes para essa análise podem ser custo por real captado (Cost per Dollar Raised) e o retorno do investimento da captação (Fundraising Return On Investment)*.

Os indicadores devem cobrir aspectos gerais da captação (como custo/benefício das ações), das doações (volume, crescimento etc.), dos doadores (número, crescimento etc.) e engajamento deles com a organização (inclusive digital). Dados quantitativos e qualitativos do processo de captação devem ser coletados. Os dados quantitativos são objetivos e servem para conferir se os números esperados foram atingidos e se as atividades planejadas estão sendo realizadas. Como exemplo de indicadores quantitativos podemos citar a taxa de retenção e perda dos doadores e o valor médio das doações. Mas os quantitativos sozinhos não são suficientes. Existe uma curva natural de perda de doadores e é fundamental saber o que motiva e o que não motiva uma pessoa a doar para sua organização e, mais ainda, o que a motiva a se tornar um doador recorrente ou aumentar a doação. Para se conseguir essas informações, em geral, precisamos de um indicador qualitativo que pode variar de acordo com a atividade fim da organização. Os indicadores qualitativos servem para trazer dados subjetivos que demonstram o impacto das atividades realizadas.

Em geral, a captação de recursos financeiros em organizações sem fins lucrativos se utiliza de indicadores de gestão de doadores e recursos, mas também precisa de informações sobre os beneficiários e as atividades da organização para reportar aos doadores. Os dados coletados sobre a captação e o cumprimento do plano devem ser responsabilidade dos profissionais da área de captação, assim como os dados coletados sobre o impacto da organização e o cumprimento de suas metas devem ser responsabilidade dos profissionais da área de programas e projetos. A direção da organização deve ser envolvida e apoiar ambos os processos. E a interação e troca de informação entre as áreas deve ser constante, pois as informações sobre o impacto da organização alimentam o processo de captação, assim como os resultados da captação reforçam a legitimidade das atividades e o impacto gerado pela organização.

Uma vez realizada a coleta de informações, os dados levantados devem ser sistematizados e analisados. Segundo artigo publicado na Revista da USP sobre o tema recomenda-se a ajuda de especialistas no processo avaliativo. Entretanto, mesmo sem a presença de profissional especializado toda organização deve realizar processos avaliativos. A equipe de avaliação pode possuir alguém da área de captação de recursos e alguém com conhecimento de monitoramento e avaliação. Essa equipe deve apresentar suas conclusões e recomendações na forma de um relatório ou apresentação, se possível analisando a relação entre a captação e o impacto gerado pela organização. O conteúdo desse relatório pode ser incorporado em diversos materiais da organização, de acordo com o público a que se destina o material (público interno, externo, doadores etc.). Para os doadores, por exemplo, é importante ressaltar a destinação dos recursos e eventuais economias ou despesas extras. Além de reportar o impacto das atividades da organização realizadas com o recurso doado, sempre que possível.

A concorrência acirrada por recursos aumenta a importância de se criar mecanismos de captação eficientes e eficazes. E para tanto, bons indicadores são ferramentas muito úteis. Ao reportar de forma objetiva, as organizações facilitam a compreensão e aumentam a consciência dos potenciais doadores sobre a organização, seu impacto e o destino dos recursos recebidos, além de apresentar de forma clara os objetivos e as razões pelas quais o possível apoiador deveria oferecer seus recursos. Dessa forma, as organizações aprimoram o seu relacionamento com os doadores e parceiros, permitindo o desenvolvimento de relações mais duradouras e fortalecendo sua relevância na sociedade.

*Mais informações sobre esses indicadores em http://www.donorsearch.net/nonprofit-fundraising-metrics/ 

Por Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS .

Inscrições abertas para a segunda edição do Curso Mensuração de Impacto Social, do IDIS e Insper

IMG_4059O curso Mensuração de Impacto Social, uma parceria entre o IDIS e o Insper Metricis, está com as inscrições abertas para uma nova turma, que será realizada nos dias 8 e 9 de maio na sede do Insper em São Paulo.

A primeira edição foi realizada em novembro de 2016 e teve muita procura, gerando fila de espera.“Gostei bastante do curso, acredito que foi importante para desmistificar um pouco a temática de impacto social e dar insights sobre como trazer isso para os projetos de uma forma mais concreta,” afirma Gabriela Néspoli, analista de Projetos em Parceria da Fundação Lemann e aluna da primeira turma.

O curso tem carga horária de 16 horas de duração e apresenta algumas metodologias de avaliação, com especial ênfase em Adicionalidade e SROI (Social Return on Investment), abordando os princípios a serem seguidos para a realização de avaliação de projetos ou negócios sociais.

Ao final do curso, o aluno será capaz de compreender os processos que compõem a avaliação de impacto social, conhecer a diversidade de metodologias, além de ser capaz de escolher a mais adequada para cada caso.

Curso Mensuração de Impacto Social, realizado por IDIS e Insper Metricis, foi um sucesso!

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Realizado nos dias 20 e 21 de outubro e com 16 horas de aulas presenciais, o curso Mensuração de Impacto Social superou a expectativa em termos de procura e gerou fila de espera, que deve ser atendida com nova edição no primeiro semestre de 2017.

A formação apresentou algumas metodologias de avaliação, com especial ênfase em Adicionalidade e Social Return on Investment (SROI). O intuito foi oferecer subsídios para que organizações do Terceiro Setor pudessem compreender a importância da mensuração do valor das ações sociais empreendidas para conhecer a diversidade metodológica em avaliação de impacto social.

No primeiro dia, abordou-se o processo de avaliação de impacto, metodologias existentes, metodologias de avaliação com base em Adicionalidade, entre outros temas. As apresentações foram conduzidas pelo diretor da cátedra do Instituto Ayrton Senna (IAS) no Insper, Ricardo Paes de Barros, pelo coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, Naercio Menezes Filho, e pelo coordenador do Insper Metricis, Sérgio Lazzarini.

No segundo dia, a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, ministrou aula sobre o SROI, uma ferramenta trazida para o Brasil pelo IDIS e que faz uma avaliação completa dos impactos sociais do projeto sobre todos os envolvidos. “O SROI permite atribuir valores financeiros aos benefícios, de modo a poder comunicar os resultados de uma maneira mais facilmente compreensível para financiadores ligados ao setor privado. É uma ferramenta criteriosa e útil”, aponta Paula.

Para ajudar no entendimento da metodologia, foram apresentados os cases de duas avaliações SROI conduzidas pelo IDIS: do Programa Infância Ribeirinha (PIR) e Programa Valorizando uma Infância Melhor (VIM) – este último promovido pela Fundação Lucia e Pelerson Penido (FLUPP). Ambas as avaliações apontaram que todo o investimento financeiro realizado se converteu em alto valor social.

O curso, que contou com 42 alunos, é voltado para profissionais do Terceiro Setor, de fundações (corporativas ou familiares), institutos, organizações sem fins lucrativos, empreendedores sociais e fundos de investimento de impacto.

A psicóloga do programa Espaço Escuta e aluna da formação, Carla Rigamonti, pretende colocar em prática os  ensinamentos recebidos. “Gostei muito do curso, pois ofereceu um panorama geral sobre a importância da avaliação de impacto e também sobre as diferentes possibilidades de mensuração do efeito do meu trabalho. Saí positivamente afetada pela ideia,” contou Carla.

IDIS e Insper promovem curso sobre avaliação de impacto social

mensuracao-postO IDIS e o Insper Metricis lançam o curso “Mensuração de Impacto Social” com a proposta de permitir que o aluno compreenda os processos que compõem a avaliação de impacto social e entre em contato com métodos inovadores. Um dos desafios comuns em organizações sem fins lucrativos e negócios sociais é a mensuração de resultados, ou seja, como transformar em números ações que visam mudanças sociais.

O curso é direcionado aos profissionais que atuam em instituições do terceiro setor, investidores sociais, empreendedores sociais e fundos de investimento de impacto. A carga horária é de 16 horas e as aulas serão nos dias 20 e 21 de outubro, das 9 às 18 horas, no Insper em São Paulo. Será dada ênfase na metodologia de avaliação com base em Adicionalidade e a SROI (Social Return on Investment), abordando os princípios a serem seguidos para a realização de avaliação de projetos ou negócios sociais, implementados por fundações, institutos, organizações da sociedade civil, empresas, negócios sociais ou fundos de investimento de impacto.

Entres os professores do curso estão Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS; Ricardo Paes de Barros, diretor da cátedra do Instituto Ayrton Senna (IAS) no Insper; Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper; e Sérgio Lazzarini, coordenador do Insper Metricis.

Serviço: Mensuração de Impacto Social
Duração do curso: dias 20 e 21/10
Horário: das 9 às 18 horas
Local: Insper (Rua Quatá, 300, Vila Olímpia, São Paulo/SP)
Outras informações: Núcleo de Orientação ao Candidato, telefone (11)4504-2400 ou pelo e-mail candidato@insper.edu.br
Inscrições pelo site: http://www.insper.edu.br/educacao-executiva/cursos-de-curta-duracao/mensuracao-de-impacto-social-integral/#aba1

IDIS participa de discussões sobre cultura de doação e avaliação de impacto no Congresso GIFE

IMG_2968Em março, o IDIS foi convidado a relatar suas experiências em dois encontros temáticos realizados dentro da programação aberta do Congresso GIFE. A presidente do IDIS, Paula Fabiani, participou do encontro Retorno financeiro do Investimento social: metodologias para medir impacto para o negócio e para a sociedade ao lado do Instituto Votorantim, Fundação Bunge e da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ). O objetivo da sessão foi apresentar metodologias de avaliação a partir de cases concretos de aplicação e influenciar um novo olhar sobre os impactos no desenvolvimento da sociedade e na tomada de decisão do negócio para suas prioridades de investimento social. Paula Fabiani apresentou o potencial do Retorno Social do Investimento (SROI), uma metodologia trazida para o Brasil pelo IDIS que faz uma avaliação completa dos impactos sociais do projeto sobre todos os envolvidos. “O SROI permite atribuir valores financeiros aos benefícios, de modo a poder comunicar os resultados de uma maneira mais facilmente compreensível para financiadores ligados ao setor privado. É uma ferramenta criteriosa e útil”, aponta Paula.

A diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS, Andrea Wolffenbüttel, apresentou os resultados preliminares da Pesquisa Doação Brasil no encontro Culturas de doação: práticas e aprendizados, moderada pelo WINGS e com a participação de outras organizações internacionais. O objetivo foi aprofundar o conhecimento sobre cultura de doação em diversos países dentro de um contexto de mudança de entendimento de Investimento Social Privado (ISP) e filantropia.  Esta sessão faz parte de uma discussão global para identificar tendências e documentar casos, em um esforço conjunto para avançar na compreensão sobre o ISP em suas diferentes formas. “Em parceria com outras organizações, o IDIS está realizando uma pesquisa nacional que vai mapear o comportamento do brasileiro em relação à doação. Os resultados servirão para nortear estratégias para promover a cultura de doação no Brasil”, informa Andrea.

O Congresso GIFE é um encontro sobre investimento social e reúne lideranças de investidores sociais do país, além de dirigentes de organizações da sociedade civil, acadêmicos, consultores e representantes de governos, proporcionando um espaço para aprendizado, relacionamento e troca de experiências. Neste ano, o Congresso foi realizado em São Paulo entre os dias 30 de março a 1º de abril tendo como tema central o sentido público do investimento social privado.

Entre os diversos projetos para 2016, o IDIS irá realizar ações com foco na cultura de doação e na avaliação de projetos sociais

10492333_1711380795763765_6379095451445460814_nApesar das preocupações com o ano de 2016, o IDIS já tem vários projetos em andamento e outros que serão implantados nos próximos meses. “O ano de 2016 será muito difícil para todos os setores e o setor sem fins lucrativos sofre ainda mais. Apesar deste cenário estamos com diversas frentes em andamento que certamente renderão bons frutos para o setor social”, afirma a diretora presidente do Instituto, Paula Fabiani. Ela conta quais serão as principais novidades em 2016. Confira!

Cultura de Doação

Em abril, será lançada uma pesquisa que vai traçar o perfil do doador e do não-doador brasileiro. Com base nesse estudo, intitulado Pesquisa Doação Brasil, vamos fazer uma campanha para uma cultura de doação. A etapa de “campo” ou quantitativa da pesquisa teve início agora em março. Um time de cerca de 20 profissionais do Instituto Gallup – responsável pelo levantamento de dados – irá entrevistar mil doadores e mil não doares de todo o Brasil e traçar um perfil do comportamento e das motivações de cada um. Ainda com foco no estímulo a uma cultura de doação pretendemos desenvolver também em 2016 uma plataforma de doação via desconto na folha de pagamento.

A pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa coordenada pelo IDIS, em parceria com um grupo de especialistas e atores relevantes para o campo da cultura de doação no Brasil. Uma sequência de encontros de trabalho foi realizada envolvendo representantes de organizações da sociedade civil, universidades, mídia, fundações e redes e associações de classe ligadas aos temas de cultura de doação e captação de recursos. O resultado final da pesquisa será difundido abertamente para todos os interessados, com intuito de fortalecer a cultura de doação no país e contribuir na capacitação da sociedade na captação de recursos.

Encontro anual

No segundo semestre vamos realizar a quinta edição do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais. O tema para este ano de 2016 é o Novo capitalismo: sonho ou realidade. O Fórum é uma iniciativa conjunta do IDIS e do Global Philanthropy Forum (GPF). O objetivo é oferecer um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica reunir-se, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica na promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira.

Avaliação de projetos sociais

Vamos lançar em breve um manual e iniciar um curso sobre uma metodologia que trouxemos para o Brasil. Internacionalmente reconhecido, o método Social Return On Investment (SROI) determina o retorno social de uma intervenção/organização social através da comparação entre o valor dos recursos nela investidos e o valor do impacto social gerado. O curso será o primeiro no Brasil dessa metodologia.

Assista o vídeo com a diretora presidente do IDIS, Paula Fabiani:

https://www.facebook.com/IDISNews/videos/1713945398840638/

 

Um Norte para a Primeira Infância

CabeçalhoProver os cuidados necessários para o desenvolvimento saudável de uma criança pequena é sempre complexo, mas quando falamos de regiões menos favorecidas, com baixa densidade populacional e com obstáculos naturais quase intransponíveis, trata-se de um grande desafio. Essa é a realidade da região Norte do Brasil, com territórios imensos, cobertos por florestas e rios, e uma população que está quase sempre longe dos serviços básicos.

Para discutir os esforços pela primeira infância no Estado do Amazonas e região Norte e enfatizar as políticas públicas federais e estaduais e as estratégias e desafios locais, é que o IDIS, a Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas (Susam) e a Universidade do Estado de Amazonas (UEA) organizaram o Seminário Um Norte para a Primeira Infância, que acontecerá no dia 22 de outubro, na UEA, em Manaus,

O evento abordará como porque investir na primeira infância; programas e políticas de primeira infância; e tentará traçar um mapa da primeira infância. O seminário contará com representantes do poder público, da sociedade civil e de organismos internacionais comprometidos com a primeira infância como Ricardo Paes de Barros, pesquisador e professo do Insper, Paulo Bonilha, coordenador da Área da Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde; Marcos Kisil, fundador e conselheiro do IDIS; e Vital Didonet, assessor da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar (OMEP); entre outros.

Na ocasião também ocorrerá o lançamento do livro ‘Primeira Infância: Panorama, Análise e prática’, que conta o processo de criação da Política Pública para Primeira Infância Amazonense.

Para aqueles que não puderem comparecer, mas queiram assistir, o seminário será transmitido ao vivo, a partir das 9h de Manaus (10h de Brasília)  pelo link: webconf2.rnp.br/uea.

Uma nova régua para medir o impacto social

É possível monetizarmos o resultado do investimento social e medir seu grau de sucesso?

A avaliação é uma parte crítica do investimento social estratégico. Por isso, o IDIS reuniu dezessete representantes das áreas de responsabilidade social de diversas empresas para debater o tema e apresentar o SROI (Social Return on Investment), uma ferramenta de avaliação de impacto de projetos sociais.

O encontro contou com Luis Fernandez, da Charities Aid Foundation (CAF ) Global Alliance, falando sobre a relevância da avaliação de impacto.

A mensuração dos resultados de projetos sociais ainda é relativamente incipiente no Brasil, apesar de ser estratégica em várias partes do mundo, como no Reino Unido, onde 75% das ONGs medem, de alguma forma, o retorno de seus trabalhos.

A presidente do IDIS, Paula Fabiani, única brasileira capacitada pela New Economics Foundation (NEF) a aplicar o SROI, apresentou o caso da Fundação Lucia e Pelerson Penido (FLUPP), cujo programa Valorizando uma Infância Melhor (VIM) foi o primeiro projeto no Brasil a quantificar o impacto por meio do SROI.

A avaliação mediu o impacto em crianças entre 0 e 5 anos, suas famílias, professores e cuidadores no município de Roseira, no estado de São Paulo. Foram 3 meses de trabalho intenso, conversando com educadores, crianças, familiares, levantando dados e calculando os valores dos benefícios.

O resultado final mostrou que a cada R$1 investido no programa, foram gerados R$4,08 em benefícios sociais.

“O VIM foi o primeiro caso no Brasil e conseguimos entender e medir o impacto que a ação causou para todo o grupo envolvido. O SROI mostrou-se uma ferramenta estratégica, que combina aspectos quantitativos e qualitativos e pode ser usada para avaliar ou rever resultados. Ele dialoga com os atores e investidores sociais”, explica Paula Fabiani.

Segunda Eduarda Penido Dalla Vecchia, diretora-executiva da FLUPP, o resultado do trabalho gerou a sensação de dinheiro bem investido e do dever mais do que cumprido.

Foi uma manhã de bastante aprendizado e troca de experiências. O IDIS agradece ao Demarest Advogados, que cedeu o espaço, aos palestrantes e convidados.

Projeto brasileiro voltado para Primeira Infância traz retorno de R$ 4,08 para cada real investido em impacto social

Quatro vezes o valor investido: esse foi o retorno apontado pela primeira avaliação de projeto social feita por meio do instrumento Social Return on Investment (SROI) no Brasil. O projeto avaliado foi o “Valorizando uma Infância Melhor” (VIM), desenvolvido pela Fundação Lúcia e Pelerson Penido (FLUPP) em municípios do Vale do Paraíba, no interior do estado de São Paulo.

O SROI, uma metodologia trazida para o Brasil pelo IDIS, faz uma avaliação completa dos impactos sociais do projeto sobre todos os envolvidos, além do grupo-alvo principal, e, após compreender e medir todos esses impactos, aplica uma proxy. Esta permite atribuir valores financeiros aos benefícios, de modo a poder comunicar os resultados de uma maneira mais facilmente compreensível para financiadores ligados ao setor privado.

A Charities Aid Foundation (CAF), da Inglaterra, publicou um estudo de caso sobre a primeira aplicação do SROI no Brasil. Clique na imagem abaixo para fazer download do documento.

Social Impact Bonds – ou Títulos de Impacto Social – propõem que governo remunere projetos sociais com impacto comprovado

Historicamente, filantropia e investimentos governamentais são complementares: desde os primórdios do investimento social, os atores privados sempre financiaram iniciativas que visavam preencher lacunas deixadas pelas administrações públicas. Agora, uma nova modalidade de investimento de impacto se propõe a modificar um pouco esta relação e fazer com que o governo remunere os projetos sociais com impacto comprovado.

O mecanismo funciona como se o governo emitisse um título público para captar recursos privados para financiar um projeto social, mas só precisa devolver o dinheiro se a iniciativa der resultado. “Neste modelo, investidores privados colocam capital para financiar um projeto social e os governos só pagam o investidor se um resultado pré-acordado for atingido. Um avaliador independente, então, confirma se o resultado foi alcançado ou não por meio de uma rigorosa avaliação de impacto”, explicam as economistas Emily Gustafsson-Wright e Tamar Manuelyan Atinc em artigo publicado no site do Centro para a Educação Universal do Instituto Brookings, centro de pesquisa norte-americano sediado em Washington, D.C.

Os Títulos de Impacto Social podem ser utilizados para financiar projetos em qualquer área, mas têm uma vocação especial para subsidiar iniciativas voltadas para a primeira infância. Isso porque “uma das principais características de um título de impacto social é financiar programas de prevenção que têm potencial para reduzir ações remediadoras mais caras no futuro”, escrevem as autoras do artigo.

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Essa vocação fez dos Títulos de Impacto Social um dos principais temas da conferência “Financiamento de Impacto para o Desenvolvimento da Primeira Infância”, organizada em abril pelo Centro para a Educação Universal do Instituto Brooking. O evento foi realizado na Fundação Lego, na cidade de Billund, Dinamarca, e contou com a participação da presidente do IDIS, Paula Fabiani. “Os Títulos de Impacto Social representam um novo caminho para o financiamento de programas sociais. Este é um mecanismo que pode aproximar o capital do social e financiar iniciativas inovadoras em que o governo não pode se aventurar”, afirmou após o evento.

Paula foi à Dinamarca falar sobre a participação do IDIS na implantação e avaliação de impacto social do projeto Primeira Infância Ribeirinha (PIR), que visa instituir um programa de políticas públicas voltadas para crianças de comunidades ribeirinhas no estado do Amazonas. A expertise desenvolvida pelo IDIS no PIR habilita o instituto a atuar como avaliador em projetos financiados por meio de Títulos de Impacto Social, o que pode abrir as portas para a implantação desse novo mecanismo de financiamento. “Para o desenvolvimento deste mecanismo no Brasil novas formas de contratualização com o governo serão requeridas, assim como mais rigor com o monitoramento e avaliação dos projetos financiados”, afirma Paula.

Apesar de ainda não ter chegado por aqui, o mecanismo já é utilizado para financiar projetos em países como Austrália, Canadá, Colômbia, Índia, Irlanda, Reino Unido e Estados Unidos. Em todos eles, oferece vantagens para todos os envolvidos. “O governo ganha porque só paga quando o projeto dá certo. O investidor social tem a oportunidade de alcançar um retorno maior do que se fosse uma doação direta e conta com uma estrutura que garante um mínimo de padrão de qualidade. E a entidade que realiza o projeto se beneficia porque, se a iniciativa der certo, o governo vai pagar o investidor e este pode querer reinvestir no projeto”, conclui a gerente financeira do IDIS, Priscila Matuda.

Não há metodologia de avaliação de impacto de négocios sociais que sirva para todos os casos, dizem especialistas

A avaliação de impacto tornou-se um dos assuntos mais importantes para quem está desenvolvendo negócios sociais. Como saber se uma iniciativa está apresentando os resultados esperados? Ou se as mudanças são de fato decorrentes de um projeto? Não importa qual a questão, a resposta parece ser a mesma: “Não há uma forma padronizada de pensar avaliação de impacto”, afirmou a professora Angélica Rotondaro, representante, no Brasil, da universidade suíça de St. Gallen, cujo escritório brasileiro lida com o tema.

“Há uma geração que se importa mais com os resultados socioambientais das empresas do que com os retornos financeiros, mas existem vários tipos de indicadores e métodos de análise e não há uma crença fixa sobre eles”, disse Angélica, que participou, com outros especialistas, do painel “Avaliando impacto: teoria de mudança e abordagens de avaliação e métricas”, durante o Fórum Brasileiro de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, que aconteceu em São Paulo, entre 6 e 7 de maio. O evento foi promovido pelo Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), pela Vox Capital e pela Artemisia.

“Não há bala de prata, uma solução definitiva”, concordou Karim Harji, fundador da canadense Purpose Capital, que assessora o investimento social privado de indivíduos, famílias e fundações. “Há muitas coisas sendo feitas, mas elas estão fragmentadas em diversas regiões e setores”, continuou.

O lado bom dessa dispersão, segundo ele, é a possibilidade de uma “abordagem descentralizada e customizada da análise de impacto, ainda mais porque são necessárias diferentes ferramentas para os diferentes momentos de um negócio social”.

A dificuldade de medir impacto ficou clara na intervenção de Gilberto Ribeiro, sócio da Vox Capital, que investe em negócios sociais. “Nós temos a dor de fazer investimentos sem saber como medir os resultados”, comentou. “Como se compara o benefício de uma criança com um ano a mais de escolaridade e uma família que agora tem uma casa?”, exemplificou. Angélica também ressaltou que “a comparabilidade entre projetos é difícil, ainda que se possam comparar iniciativas dentro de um mesmo segmento”.

Na prática, disse Ribeiro, “para cada projeto há coisas que são mais importantes que outras”. A Vox Capital, de qualquer modo, tem usado uma metodologia chamada Teoria da Mudança. “Pensamos em objetivos de longo prazo e de trás para frente. Pegamos o problema e criamos, ao contrário, um mapa de como atingir a meta de repará-lo.” Harji concordou com o sócio da Vox Capital ao dizer que “avaliar impacto é específico para resultados de longo prazo”.

Quando lançou seu plano de medir impacto, a Amata, que produz madeira certificada, chegou a levantar 75 indicadores. “Já partimos de base existente, pois havia muita gente com coisas feitas sobre o setor”, afirmou o fundador da empresa, Dario Guarita Neto. No entanto, pouco depois decidiu se restringir a 12. “É impossível avaliar e gerir mais indicadores do que isso”, disse Guarita, lembrando que avaliação de impacto demanda mais tempo do que investimento financeiro. Além disso, ele destacou a importância de, para cada indicador, estabelecer metas e pessoas responsáveis por elas, para uma melhor governança do projeto.

 

 

Metodologia de Medição de Impacto Avalia Reais Mudanças de Projetos Sociais

Em dezembro de 2013, Jennifer Rouse, da New Economics Foundation (NEF) Consulting, e Luis Gorjon Fernandez, da Charities Aid Foundation (CAF) Global Aliance, estiveram no Brasil, e trouxeram na mala uma novidade: a metodologia Social Return on Investment (SROI). Trata-se de uma técnica de medição de impacto que se preocupa em observar mais do que apenas números, como a diferença causada pelos projetos na vida das pessoas.

Com análises meramente quantitativas, segundo Jennifer, “você nunca vai saber o impacto real de apoiar aquelas pessoas, as mudanças reais em suas vidas, ou o impacto no meio ambiente e assim por diante”. Já com o SROI “você consegue entender como está fazendo diferença e, assim, prova que seu projeto funciona, ou então, você descobre que não está fazendo diferença e pode melhorar sua ação”.

O método é novo no Brasil, mas tem sido usado em muitos outros lugares do mundo por empresas, organizações da sociedade civil e até governos. “Esta é uma metodologia mais robusta, porque capta o impacto real e, além disso, ela é facilmente entendida por muito dos stakeholders”, afirma Gorjon.

A dupla, que esteve no Brasil para dar um treinamento sobre o uso da técnica SROI para a equipe do IDIS, que está trazendo a metodologia para o país, conversou com o site sobre a importância da medição de impacto, detalhes da técnica e outros assuntos. Confira abaixo os principais trechos.

IDIS: Qual a importância de se medir o impacto de um investimento social?

Jennifer Rouse: A não ser que você meça o impacto, nunca vai saber o real valor do que faz. Vai estar focado em medidas que lhe dirão quantas pessoas ajudou, ou quanto de investimento financeiro há em um projeto, mas não vai saber o impacto real de apoiar aquelas pessoas, as mudanças reais em suas vidas, ou o impacto no meio ambiente, e assim por diante. Com a medição, prova-se que seu projeto funciona, ou, então, descobre-se que não está fazendo diferença nenhuma e pode melhorar sua ação. Trata-se de provar e melhorar, e não se pode fazer isso sem olhar o impacto do projeto.

Luis Gorjon Fernandez: A medição de impacto é uma ferramenta muito poderosa para o planejamento. Outra coisa importante é o engajamento dos stakeholders, pois dá a oportunidade de se ter um retorno das pessoas que estão participando do projeto. É bom para o pessoal de uma organização se engajar com os stakeholders, entender as mudanças que estão fazendo na vida dos outros. Isso faz o trabalho valer a pena, dá uma sensação de satisfação. É importante que as pessoas que estejam trabalhando e as que estejam financiando um projeto possam ter uma ideia da diferença real que podem fazer. Impacto envolve mais mudanças reais e duradouras na vida das pessoas do que números. Por exemplo, se você tem um programa para melhorar a vida das mulheres, talvez olhar para o número de pessoas que você treina não lhe aponte as verdadeiras mudanças nas vidas delas. Por isso, a SROI é uma ferramenta tão poderosa, pois lhe diz as reais mudanças nas vidas das pessoas.

IDIS: Com funciona a SROI?

Jennifer Rouse: A SROI é uma análise de custos e benefícios, na medida em que você sabe o retorno sobre o dinheiro investido. Mas, em vez de dados apenas sobre retornos financeiros, vê os impactos econômicos, sociais e ambientais. Mede se houve resultados sociais, econômicos e ambientais, e permite que se meça isso financeiramente, pois os resultados [outcomes] são monetizados com técnicas econômicas reconhecidas – caso contrário, eles seriam deixados de fora da análise.

A SROI é baseada em três conceitos principais. Um é o foco nos resultados. Os produtos [outputs] são apenas a evidência de que uma atividade aconteceu. Por exemplo, você diz que 40 pessoas participaram de um programa de profissionalização – isso é um produto. O que significa? Você não sabe se todas essas pessoas conseguiram emprego. Ou, caso tenham conseguido, se é um trabalho que as faz felizes ou que permite que elas paguem uma escola para seus filhos. Resultados são mudanças reais. Se olhamos os resultados de um programa de treinamento profissional, queremos saber se as pessoas se tornaram mais confiantes depois dele, se conseguiram trabalho, se esse emprego melhorou sua situação econômica, se conseguiram mais autonomia por causa disso. Envolve todas as diferentes mudanças que ocorrem no decorrer do projeto. O outro princípio é valor, é avaliar o que não podemos comprar ou vender. Colocamos tudo em uma moeda comum, de modo que coisas que são medidas de formas diferentes vão poder se relacionar de uma maneira econômica. O terceiro é impacto. Num sentido muito específico da palavra, é a mudança que você vê, feita pelo seu projeto, pela sua organização. E você reconhece a contribuição de outros stakeholders que tenham ajudado seus beneficiários, pois algumas mudanças aconteceriam de qualquer forma.

IDIS: Quanto tempo leva para fazer uma avaliação pelo método SROI?

Jennifer Rouse: Depende do tamanho do projeto. É importante dizer que demora mais do que os métodos normais. É uma análise profunda para se chegar à qualidade da missão e ao entendimento da diferença que se faz. Eu diria uma média de 300 dias, incluindo tudo. Mas esse não deve ser o foco, e sim o que se está conseguindo com isso. A informação é muito valiosa para a organização e para seus beneficiários.

IDIS: Por que a CAF escolheu essa metodologia para aplicar com seus parceiros?

Luis Gorjon Fernandez: Nós acreditamos que a SROI é uma técnica muito robusta, e o interesse em usá-la está crescendo. A aspiração da CAF é se tornar uma organização que possa ajudar seus satkeholders ao guiá-los pelas metodologias que existem para melhorar o impacto dos doadores. A SROI capta o impacto real e, além disso, é facilmente entendida por muito dos stakeholders. Nós somos pioneiros em métodos de avaliação na Rússia, por exemplo. Não havia nada por lá no setor não governamental, e a CAF foi pioneira, traduzindo metodologias do inglês para o russo. Estamos sendo pioneiros também com a SROI. O IDIS também está sendo pioneiro no Brasil. Não acho que haja ninguém usando essa metodologia aqui. Estamos vendo pela primeira vez na Rússia. E queremos usar na Índia e na Austrália também, onde já está sendo trabalhada por outras organizações.

IDIS: Vocês também vieram ao Brasil para ensinar a técnica ao pessoal do IDIS?

Jennifer Rouse: Sim, treinei o pessoal do IDIS sobre as ideias em torno dos conceitos de impacto social, e falamos sobre as tendências globais. Foram dias de treinamento na metodologia SROI. As técnicas de avaliação do IDIS já eram excelentes, então foi pegar o que se fazia antes e adaptar para uma nova estrutura.

IDIS: A SROI permite comparar diferentes projetos?

Jennifer Rouse: Se você tiver projetos diferentes em andamento, se utiliza os mesmos recursos e monetiza os retornos qualitativos, pode compará-los. Organizações diferentes, no entanto, vão ter abordagens diversas, o que significa que não dá para comparar os resultados de uma com a outra. O importante é que a relação custo-benefício seja maior do que um para um, mas não importa o quanto se tem de volta. Por exemplo, pode ser mais difícil trabalhar com alguns beneficiários do que com outros. Nesses casos, você pode ter um retorno menor, mas este será mais valioso do que um com proporção financeira maior.

IDIS: Como fazer as empresas e os investidores sociais brasileiros perceberem que é importante medir o impacto de suas ações?

Jennifer Rouse: Há um interesse crescente na medição de impacto, o que é ótimo. O Brasil é um lugar muito empolgante no momento, há muito potencial e muita energia no ar. Acho que o IDIS está fazendo um grande papel ao promover a medição do impacto social. Quanto mais o IDIS e outras organizações conseguirem trabalhar e espalhar essa ideia, ótimo. O impacto social é a grande razão pela qual os projetos privados de investimento fazem o que fazem. Uma organização que queira saber o que sua ação alcançou tem de saber seu impacto social.

IDIS: Como vocês avaliam as experiências de medição de impacto social pelo mundo?

Luis Gorjon Fernandez: Eu fiz muitas pesquisas, não só no mercado brasileiro, mas em todos nos quais operamos. Acho que a medição de impacto é algo realmente novo. Não se estuda medição de impacto na universidade, não existe uma profissão chamada “especialista ou analista em medição de impacto social”. Está começando agora. Na Austrália, há um novo curso no qual se estuda medição de impacto. No Reino Unido, você tem alguns cursos em escolas de administração. O fato de que há trilhões de dólares em investimento de impacto social e que esses investidores sociais estão mais interessados em saber a diferença real que estão fazendo – o que fez com que a medição fosse para o topo da agenda. Por isso, muitas organizações estão interessadas em investir recursos, testar novas metodologias, tentar aprender com a filantropia e com o investimento social. Eu diria que todo mundo está indo em direção a uma medição avançada de impacto, que é uma coisa nova. Mas algumas organizações fazem isso há anos, como o Banco Mundial, que tem sua própria metodologia. A mesma coisa com o Unicef e com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal no Brasil.

Para saber mais sobre SROI, cujo desenvolvimento da metodologia no IDIS está sob responsabilidade da Diretora Executiva Paula Fabiani, entre em contato no e-mail comunicacao@idis.org.br.