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IDIS é destaque em artigos da revista Alliance

A revista Alliance, parceira de mídia do IDIS e uma das principais fontes de informações sobre filantropia no mundo, destacou diversas iniciativas e conteúdos recentes do IDIS.

Eles publicaram alguns dos principais momentos do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023, evento que aconteceu em setembro, e foi organizado pelo IDIS. Em um artigo intitulado ‘Territorial Community Alliances: From the Environment to Human Rights’, Kit Muirhead discutiu uma das sessões do fórum: ‘Alianças Improvavéis: a ousadia na defesa de causas e territórios’.

A revista também publicou dois artigos escritos por membros da equipe do IDIS, cada um focando em diferentes discussões do evento. ‘O papel da filantropia familiar no enfrentamento das causas invisibilizadas’, de Isadora Pagy, e ‘A mudança exige coragem: mais do que nunca, devemos ousar para combater a pobreza’ por Joana Noffs, ambas Analistas de Projetos do IDIS.

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, um evento anual organizado pelo IDIS, reúne líderes da filantropia, do setor privado e do governo para abordar os desafios sociais mais urgentes do Brasil e explorar soluções inovadoras. Você pode acessar a gravação completa do evento aqui:

Em outro artigo abordando o crescimento das doações individuais no Brasil, o IDIS e a Pesquisa Doação Brasil 2022 foram mencionados. O artigo intitulado ‘New report details 2022 giving trends in Brazil’, destacou algumas descobertas, incluindo o aumento na porcentagem de brasileiros que fazem doações, que passou de 66% em 2020 para 84% em 2022.

Confira os principais resultados da Pesquisa Doação Brasil 2022:

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Por fim, a revista Alliance também apresentou a matéria de capa do Fórum WINGS 2023, intitulada ‘‘The Transformation Driven by the Ubuntu Spirit’, escrita por Luisa Lima, Gerente de Comunicação e Conhecimento do IDIS, que fez parte da delegação brasileira no evento.

Fórum WINGS 2023: a transformação impulsionada pelo espírito Ubuntu

por Luisa Lima | Gerente de Comunicação do IDIS

O encontro trienal da WINGS – Worldwide Iniciatives for Grantmaker Support aconteceu em Nairobi, Quênia, em outubro. Guiados pelo tema TRANSFORMAÇÃO, participantes de 45 países refletiram sobre como destravar o potencial da filantropia. Representando o IDIS, Paula Fabiani, CEO do IDIS e membro do conselho da WINGS, e eu, Luisa Lima, responsável pela área de comunicação e conhecimento, e pela primeira vez participando do encontro. Ao todo, a delegação brasileira contou com 15 representantes.

A plenária de abertura deu tom ao evento: ‘Desafios existenciais e futuros compartilhados: redescobrindo o papel da filantropia’. A indígena brasileira e ativista Txai Suruí, compartilhou a sabedoria de seu povo – todos somos a natureza e apenas proteger não é suficiente, devemos retribuir tudo aquilo que recebemos. Disse que o futuro é ancestral – em nossas culturas há muitas das respostas que buscamos e podem ter sido perdidas ou não são valorizadas-, e a declaração foi citada por muitas pessoas ao longo do evento.

O inglês de ascendência indiana Indy Joha, usou números e dados para mostrar como não estamos nos dando conta da escala de nossos problemas, ou não queremos nos dar conta, afinal, cada um de nós é também responsável por eles. O filantropo estoniano Jaan Tallinn, destacou o papel dos negócios na filantropia e sua jornada pessoal – é o fundador do Skype, da Kazaa e do centro de estudos de Risco Existencial, na universidade de Cambridge. Em sua fala, um olhar positivo sobre o uso da inteligência artificial, que em sua opinião pode trazer grandes benefícios à sociedade se houver investimento. A jovem japonesa Rena Kawasaki contou que aos dezesseis anos foi convidada a participar do conselho de uma empresa de biotecnologia. A experiência mudou sua vida e envolver os jovens nas tomadas de decisão sobre a solução dos desafios que impactarão seu futuro se tornou sua causa. O recado foi que é possível e necessário transformar nosso modelo de desenvolvimento e que a força está quando fazemos isso juntos.

Ao longo de três dias, alguns temas se destacaram nas conversas e por vezes, foi citado o termo de origem africana, Ubuntu, que significa ‘Sou o que sou, porque somos todos nós´. Estamos todos conectados e em nossas práticas filantrópicas esse entendimento, esse pressuposto, pode guiar tudo o que fazemos. Também conectados são os desafios que devemos enfrentar – pobreza, desigualdades em geral, e de gênero e raça com suas especificidades, educação, saúde, emergências climáticas, e muitos outros, que em seu conjunto, configuram a policrise, outro tema bastante presente. Entre outros destaques, a importância do desenvolvimento de lideranças e do envolvimento da juventude, fundações comunitárias como modelo que privilegia soluções locais, a importância da decolonização da filantropia, do investimento na infraestrutura do setor e no desenvolvimento institucional e o potencial de modelos alternativos de financiamento como o blended finance ou venture philanthropy para alavancar o capital filantrópico.

Nas plenárias, destaque para um debate acerca do papel dos conselhos, tema sobre o qual há relativamente pouca reflexão, ainda que a governança seja tantas vezes citada pelas organizações.

O brasileiro Rodrigo Pipponzi, fundador do Grupo MOL, e presidente do conselho do Instituto ACP, compartilhou sua visão e a importância da clareza sobre o papel de cada uma das instâncias. Em um debate com filantropos, a indiana Vidya Shah, destacou a importância do comprometimento dos negócios com práticas sustentáveis (olhar para dentro) e a importância de investirem não só em causas, mas no desenvolvimento institucional de organizações. A austríaca Marlene Engelhorn contou sobre sua campanha para a taxação de grandes fortunas, ela própria representante de uma família bastante abastada. Em sua opinião, este é um importante ponto de partida para reduzir as desigualdades.

Entre os palestrantes e participantes, muitos representantes do continente africano, que contribuíram para que todos compreendêssemos mais as especificidades da região. Bastante dependentes do capital filantrópico internacional, houve debates sobre como esperam que esse apoio aconteça, com maior independência para criação de soluções locais, e não puramente a implementação de projetos ocidentais, que pode ser mais rápidos, mas que por vezes não envolvem as comunidades, geram externalidades e por vezes repetem uma lógica colonialista. A importância de ampliarmos o debate e a prática da filantropia baseada em confiança apareceu em muitos momentos. Como brasileira, foi particularmente especial, pois pude ver como algumas práticas e costumes são fundantes também para quem somos, trazidos há centenas de anos por homens e mulheres que foram escravizados. Me impressionou como modelos citados por africanos se parecem com os modelos das Irmandades Negras, no Brasil colônia, por exemplo.

O ambiente multicultural, diverso, com pessoas de origens tão distintas, contribuiu para a riqueza das conversas. Os espaços na programação para networking e grupos de trabalho permitiam a troca de experiências sobre temas específicos. Em uma sessão sobre a produção e uso de dados, por exemplo, compartilhamos experiências. Um participante de uma organização de direitos humanos chamou atenção de como seus dados que são coletados para proteger populações, se não são armazenados com cuidado, podem ser demandados em tempos de crises, e serem usados contra as populações que se desejava proteger. Representantes de países africanos, por sua vez, chamaram atenção sobre a dificuldade de disseminação dos achados, posto que muitos governos consideram oficiais apenas os dados produzidos por instâncias públicas. O melhor uso e análise de dados existentes foi também citado, assim como a importância de treinarmos as organizações para entenderem como ler os dados e usarem em seu favor.

A transformação é o resultado da ação de cada um de nós e a sensação é de que todos saíram energizados e imbuídos deste dever. Em linha com o tema do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023, OUSADIA foi uma das palavras de ordem. Devemos ser mais ambiciosos e tomar riscos. É urgente agir e para isso, vamos catalisar o poder desta e de tantas outras redes, que trazem potência em sua constituição. Vamos criar o futuro que queremos!

IDIS tem projeto de advocacy contemplado por edital internacional da WINGS

Há décadas os Fundos Patrimoniais têm se mostrado um mecanismo de uso crescente e exitoso para a mobilização de recursos que apoiem causas de impacto social positivo em diversos países. Tais iniciativas contribuem, assim, para um setor filantropo muito mais forte e estruturado, alcançando, dessa forma, resultados e recursos cada vez mais relevantes. Recentemente, o IDIS foi selecionado para uma bolsa em um desses fundos como instituição representante no Brasil.

 

Em todo o mundo, países enfrentam dificuldades para atingir o potencial da filantropia. Entre as razões, questões tributárias, regulatórias, ameaças à liberdade de expressão e até a falta de articulação entre atores do ecossistema. Com o objetivo de abrir estes caminhos, a WINGS, organização que fomenta o desenvolvimento da filantropia ao redor do mundo, criou o projeto “Unlocking Philanthropy’s Potential: Enhancing the Enabling Environment, Effectiveness and Leveraging the Contributions of Philanthropy Actors’, em português ‘Desbloqueando o potencial da filantropia: aprimorando o ambiente propício, a eficácia e alavancando as contribuições dos atores filantrópicos’, com financiamento da União Europeia.

 

De acordo com a organização, ao alavancar recursos para esta causa, contribui não só para que a sociedade civil possa prosperar, mas também para o cumprimento dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente no Sul global.

 

O ‘WINGS Enabling Environment Fund for Philanthropy’ é quem integra esta iniciativa. Por meio do fundo, a organização selecionou projetos de onze organizações em diferentes países. A ação de advocacy pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos do IDIS foi uma das contempladas. Com o recurso, seguiremos na liderança da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multisetorial composto por mais de 70 signatários, entre organizações, empresas e indivíduos, e avançaremos na agenda de incidência.

 

O valor recebido contribuirá também para a produção de conhecimento, com destaque para a publicação ‘Panorama dos Fundos Patrimoniais no Brasil’, levantamento inédito sobre os endowments ativos no país.

 

No Brasil, também foi selecionada uma ação da ABCR – Associação Brasileira dos Captadores de Recursos para a promoção de um ambiente fiscal mais favorável às organizações da sociedade civil.

Conheça no site da WINGS os demais vencedores.

 

Mais sobre Fundos Patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzidos pelo IDIS aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

Trilhando caminhos comuns para fomentar um ambiente favorável para Filantropia na América Latina e Caribe

Por Andrea Hanai*

São Paulo foi palco do segundo encontro regional da WINGS (Worldwide Initiatives for Grantmaker Support) para a América Latina e o Caribe, em outubro de 2019, com uma reunião de dois dias que visava promover aprendizado, construir capacidade regional e definir uma agenda conjunta para fomentar um ambiente regional mais favorável à filantropia. Como co-chair do Latin American and the Caribbean Affinity Group, tive a oportunidade de contribuir para a agenda da reunião e, neste momento, sinto-me lisonjeada por descrever minhas percepções acerca dos encontros e suas principais conclusões.

O encontro foi uma jornada envolvendo a compreensão mútua entre os participantes, a intenção de analisar de forma crítica o campo da filantropia na região e a humildade de questionarmos a nós mesmos, enquanto discutíamos os desafios (e oportunidades) de desenvolver conjuntamente um ambiente regional favorável para a filantropia.

Estes três aspectos – compreensão, intenção e humildade – de forma natural se tornaram os princípios para nosso trabalho coletivo, enunciado na Declaração Coletiva da LAC Affinity Group da WINGS, que convidamos a todos a ler e compartilhar.

Iniciamos a reunião compartilhando visões e buscando tendências em comum no campo do fomento à filantropia e cultura de doação na região. O grupo identificou que articular os três setores em torno do bem comum é uma responsabilidade que as organizações de suporte, como o IDIS, empreendem com crescente dificuldade e este tema foi recorrente em nossas discussões.

No entanto, se as parcerias intersetoriais vêm sendo já há algum tempo o mecanismo mais celebrado para a promoção do desenvolvimento sustentável, por que articulá-las representa um desafio tão grande na América Latina e Caribe?

Surpreendentemente, o grupo concluiu que esse desafio não está tão comumente (como pensaríamos) relacionado à falta de recursos ou soluções, mas sim aos aspectos relacionais de se tentar reunir parceiros tão diversos. As barreiras para a construção de parcerias intersetoriais incluem a dificuldade de combinar as motivações, as linguagens e as culturas dos diversos setores; a competição entre as partes com visões diferentes; o desafio de chegar a um acordo acerca de estratégias de gestão e monitoramento; os obstáculos perenes da política e; a complexidade crescente de encontrar agendas comuns.

Segundo os participantes, o avanço das parcerias intersetoriais requer das organizações de apoio esforços conscientes para a construção de relacionamentos com novos modelos de organizações da sociedade civil, redes, alianças, coalizões, etc. Avançar também demanda que cada setor compreenda seu próprio papel e, sem julgamentos prévios, entenda os papéis dos outros setores, percebendo as diferentes perspectivas e funções como fortalecedoras das parcerias.

Sobre este assunto, o grupo expressou preocupação em relação à falta de compreensão da sociedade civil na América Latina e Caribe acerca de seu próprio papel, o que enfraquece sua representatividade e engajamento nos meios emergentes de cooperação intersetorial.

O grupo concluiu que nós, como organizações de suporte, temos um papel fundamental na simplificação e difusão da narrativa sobre os benefícios sociais de uma sociedade civil ativa e engajada, ao mesmo tempo em que fortalecemos a cultura de doação e solidariedade na região. Vale mencionar que a reunião proporcionou aos participantes ferramentas teóricas e práticas de advocacy e comunicação, que certamente contribuirão para essa missão.

Em conclusão, reconhecendo e acolhendo os diversos perfis, necessidades, interesses e experiências de seus membros, a WINGS foi capaz de promover um encontro no qual essa diversidade, ao invés de representar uma dificuldade para o desenvolvimento de um trabalho coletivo, enriqueceu e aprofundou as conversas e produziu resultados coletivos significativos. Dessa forma, o segundo encontro regional da WINGS para a América Latina e o Caribe não só atingiu seus próprios objetivos, como também serviu como um ótimo exercício de construção de relacionamentos, que teremos que continuar a praticar em níveis locais e regionais, para assim fortalecermos um ambiente favorável para a prosperidade do nosso setor. Com compreensão, intenção e humildade.

*Andrea Hanai é Gerente de Projetos no IDIS