Empresas que investem socialmente, de forma estratégica, colhem resultados que vão muito além do impacto social: ganham em reputação, inovação e sustentabilidade.
Yasmim Araujo Lopes, Analista de Projetos no IDIS
A agenda ESG se caracteriza pela incorporação de critérios sociais, ambientais e de governança no negócio. Hoje, é reconhecida como uma estratégia na agenda das empresas, com papel central de mitigar riscos não financeiros e garantir negócios mais resilientes e sustentáveis a longo prazo, em equilíbrio com a sociedade.
Evidências já mostram o valor promissor dessa agenda. Em momentos críticos, como a pandemia de Covid-19, as carteiras de investimento ESG tiveram menor volatilidade, demonstrando que esses ativos oferecem maior resiliência e reforçam a sustentabilidade das empresas em momentos de crise. O Panorama da Sustentabilidade Corporativa 2025, elaborado pela Amcham em parceria com a Humanizadas, revelou que 76% das empresas já adotam práticas sustentáveis, embora 52% ainda estejam no estágio inicial e, para 72% delas, a sustentabilidade já faz parte da estratégia de negócios.
Apesar dos avanços, ainda existem barreiras para consolidar a agenda ESG. Entre os principais desafios estão comprovar os resultados financeiros da sustentabilidade e engajar a liderança, apontados por 58% e 54% das empresas, respectivamente.
Acontece que, a Agenda ESG articulada ao Investimento Social Privado pode fortalecer um conceito ainda mais amplo: a sustentabilidade.
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Como alavancar a sustentabilidade corporativa no Brasil?
Diante de um cenário em que a maioria das empresas ainda está nos estágios iniciais da sustentabilidade e enfrenta desafios para demonstrar valor e engajar lideranças, é preciso definir caminhos que impulsionem boas práticas e gerem resultados para o negócio.
O Panorama de Sustentabilidade Corporativa analisou 15 práticas-chave, avaliando cada uma delas a partir de dois eixos: impacto (financeiro e social) e esforço de implementação. O estudo resultou em uma matriz de priorização que ajuda empresas a entenderem por onde começar e quais ações podem trazer retorno mais rápido.
Entre essas práticas, o apoio a projetos sociais e o voluntariado corporativo apareceram como quick wins. Isso significa que são iniciativas de fácil execução, com custos relativamente baixos e resultados perceptíveis em curto prazo.
O papel do Investimento Social Privado
Integrado à Responsabilidade Social Corporativa, o Investimento Social Privado (ISP) é a alocação voluntária e estratégica de recursos por parte das empresas para gerar um impacto socioambiental positivo, tendo como abordagem um olhar mais estratégico e orientado a resultados, baseado em dados e evidências, com foco na criação de valor de longo prazo para a sociedade e para o negócio.
Da mesma maneira que a Amcham e a Humanizadas apontaram o apoio a projetos sociais e ao voluntariado como práticas que alavancam a sustentabilidade corporativa, o estudo Investimento Social Privado: Estratégias que alavancam a Agenda ESG, do IDIS, identificou, a partir da análise do desempenho das empresas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), a correlação existente entre boas práticas de ISP e a sustentabilidade empresarial.
O levantamento analisou o triênio 2022-2024 das empresas que fazem parte do indicador e, durante o período avaliado, a prática de Investimento Social Privado manteve-se entre os dez tópicos com maior correlação com a nota do ISE B3, evidenciando que empresas com bom desempenho em ISP também se destacam em sustentabilidade.
Fica evidente que realizar apoio e investimentos em projetos socioambientais promove a sustentabilidade corporativa. Entretanto, é necessário investir estrategicamente, engajando a liderança e considerando o próprio negócio como público do ISP.
Quando o Investimento Social Privado está alinhado à estratégia da empresa, ele promove o engajamento da liderança e garante a continuidade dos programas, evitando que as iniciativas se percam ao longo do tempo. Também fortalece o sentimento de pertencimento entre colaboradores, que passam a se envolver mais com as causas apoiadas, e amplia o reconhecimento da empresa por parte de comunidades, organizações sociais e até do poder público.
Além disso, o investimento social estratégico gera outros benefícios, como a melhora da reputação da empresa, o fortalecimento da relação com clientes, a abertura para novas parcerias e inovações em soluções sociais e ambientais e a ampliação da capacidade de influência em agendas políticas e institucionais.
O IDIS na agenda de sustentabilidade e ESG
Em 2023, foi oficializada a criação de uma célula ESG no time de consultoria do IDIS, oferecendo apoio técnico a empresas que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social.
Entre os serviços oferecidos estão:
- Diagnóstico, planejamento e definição de planos de ação para alinhar o investimento social à estratégia ESG e de sustentabilidade;
- Desenho estratégico com base em Teoria da Mudança (TdM), arquitetura de atuação e metodologias complementares;
- Pesquisas, estudos e benchmarking sob medida, adaptados ao contexto e às necessidades da organização;
- Facilitação de workshops, treinamentos e programas de capacitação para engajamento e fortalecimento institucional;
- Estruturação de planos de monitoramento e avaliação, com definição de indicadores e métricas para reporte integrado e consistente;
- Mensuração e alinhamento do valor gerado pelo investimento social, destacando benefícios para a sociedade e para o negócio.
Conheça alguns dos nossos cases: Ação da cidadania, BTG Pactual, Ella Impacta, Instituto Alpargatas e Brametal e saiba como o IDIS pode apoiar sua empresa na conexão entre propósito e sustentabilidade corporativa.
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REFERÊNCIAS
AMCHAM, Humanizadas. Panorama Sustentabilidade Corporativa, 2025. Disponível em: <https://mkt.amcham.com.br/materiais/panorama-sustentabilidade-2025.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2025.
B3, Sistema B. Negócios responsáveis: Um olhar para o futuro. Conexões de Valor, São Paulo, 2025. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OdorlwbCqVw>. Acesso em: 11 jun. 2025.
Comunita. Reflexões e Tendências do ISC: Caminhos para o engajamento da alta liderança empresarial no investimento social corporativo. Comunitas, 2025. Disponível em: <https://comunitas.org.br/publicacao/reflexoes-e-tendencias-do-isc-caminhos-para-o-engajamento-da-alta-lideranca-empresarial-no-investimento-social-corporativo/>. acesso em: 22 jul. 2025.
COUTINHO, Leandro de Matos. O Pacto Global da ONU e o desenvolvimento sustentável. In: R. BNDES, Rio de Janeiro, v. 28, n. 56, p. 501-518, 2021. Disponível em: <https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/22029/1/13-BNDES-Revista56-PactoGlobalONU.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2025.
FABIANI. Rethinking strategic corporate philanthropy: the donation chain approach. Tese de doutorado, FGV, 2024. Disponível em: <https://repositorio.fgv.br/items/7c8143ee-9098-44b7-a8f0-b519131e5854>. Acesso em: 01 jul. 2025.
IDIS. Investimento Social Privado: Estratégias que alavancam a Agenda ESG, 2024a. Disponível em: <https://www.idis.org.br/estudo-aponta-correlacao-entre-boas-praticas-de-investimento-social-privado-e-agenda-esg/>. Acesso em: 11 jun. 2025.
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PAGOTTO, et al., Entre o público e o privado caminhos do alinhamento entre o investimento social privado e o negócio. São Paulo: GVces, 2016. Disponível em: <https://sinapse.gife.org.br/download/entre-o-publico-e-o-privado-caminhos-do-alinhamento-entre-o-investimento-social-privado-e-o-negocio>. Acesso em: 11 jun. 2025.






A realidade brasileira não é simples e tampouco as soluções para garantir sua evolução. Recentemente, por exemplo, o Brasil chegou ao número de 33 milhões de pessoas passando fome – o que representa 15% da população. E quando falamos de parâmetros ESG, a grande maioria das métricas foram pensadas e feitas em países desenvolvidos. Então, geralmente elas trazem questões “E” (ambientais) mais fortes, e o “S” (sociais) enfraquecido, uma vez que o bem estar social nesses locais acompanha o desenvolvimento econômico desses países. Ou seja, no caso do Brasil, se seguirmos a mesma lógica da Europa ou dos Estados Unidos, o nosso problema com o “S” será maior, tendo em vista os números de desigualdade socioeconômica que atingem a população brasileira.










