Campanha ‘Você paga para ver?’ está na reta final

campanha-crowdfundingA campanha de crowdfunding para a Pesquisa Doação Brasil está em seus últimos dias! Temos pouco tempo para atingir a meta de R$ 50 mil. Mais de 60 doadores já contribuíram, mas ainda estamos longe do valor estipulado. Precisamos do apoio de todo mundo, não só doando, mas também divulgando para suas redes. Por isso, acesse a plataforma Juntos.com.vc e colabore!

A Pesquisa Doação Brasil, que vai traçar o perfil do doador brasileiro pessoa física – suas motivações, suas causas e seus hábitos – será um marco para todos os envolvidos com a causa da Cultura de Doação, especialmente para as organizações sociais, que poderão desenvolver suas estratégias de captação de recursos baseadas em informações abrangentes e confiáveis.

A ideia é que esta pesquisa se repita a cada três ou cinco anos para que seja possível monitorar a evolução das doações no Brasil. E essa primeira pesquisa será a linha de base.

Um Norte para a Primeira Infância: seminário sela compromisso por uma política pública

Foi no principal auditório da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que gestores públicos, profissionais e lideranças sociais da região Norte, ligadas à Primeira Infância, se reuniram para expor o compromisso de criar uma política pública específica para o atendimento às gestantes e ás crianças em seus primeiros anos de vida.

O encontro aconteceu no dia 22 de outubro, organizado pelo IDIS, pela UEA e pela Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas (SUSAM). Com um público de cerca de 80 pessoas, foram debatidas e apresentadas questões relativas à Primeira Infância, desde os aspectos científicos que comprovam a importância dessa fase da vida para a formação do adulto, até exemplos de práticas bem sucedidas em várias regiões do país.

Entre os palestrantes estavam Ricardo Paes de Barros, um dos mais respeitados pesquisadores do Brasil e uma liderança importante em prol da Primeira Infância; Vital Didonet, um dos fundadores da Rede Nacional Primeira Infância e um especialista em Educação; Marcos Kisil, médico e fundador do IDIS; Paulo Bonilha, responsável pela área de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde.

A secretaria de Justiça e Cidadania do Amazonas, Graça Prola, representou o governador do Amazonas e transmitiu a determinação do governo em expandir o Projeto Primeira Infância Ribeirinha (PIR) – desenvolvido pelo IDIS, pela Fudanção Amazônia Sustentável e pela SUSAM, com apoio financeiro da Fundação Bernard van Leer – para novas regiões ainda não atingidas. O Seminário ‘Um Norte para a Primeira Infância’ mostrou o grau de maturidade e reconhecimento do trabalho realizado por esses parceiros no estado do Amazonas.seminario-norte-primeira-infancia

Fortalecendo a Educação por meio da gestão

Projeto Fortalecimento da Gestão da Educação, que começou em março deste ano, fez, neste mês de outubro, o lançamento das ações desenhadas pelos municípios envolvidos: Lagoinha, Natividade da Serra e Redenção da Serra. O Projeto, desenvolvido pela Fundação Lucia e Pelerson Penido (FLUPP) tem o IDIS como parceiro e envolve também as Secretarias Municipais de Educação das três cidades.

O objetivo do projeto é apoiar as gestões municipais na busca de novos caminhos que levem à melhora da educação.

Desde o início, foram realizados seis encontros presenciais. Cada município fez um diagnóstico das escolas. Este diagnóstico envolveu toda a comunidade escolar (alunos, pais, educadores, funcionários e gestão) na avaliação dos seguintes aspectos:  desempenho e gestão escolar, políticas e práticas pedagógicas, profissionais da educação, condições de ensino e ambiente educativo.

As informações coletadas serviram para apontar os pontos fortes e os desafios de cada escola, para a partir disto, as equipes gestoras criarem um projeto para o município. Redenção da Serra e Lagoinha focaram seus esforços no estímulo a leitura. Natividade da Serra vai investir no alinhamento da equipe gestora, envolvimento dos pais e formação dos educadores.

Agora chegou o momento de compartilhar os projetos com a comunidade, pois somente com o apoio de todos conseguiremos melhorar a educação.gestao-educacao

No dia 10 de novembro será divulgado o novo World Giving Index

Os líderes em doação no mundo e a posição do Brasil. Melhoramos?

No próximo dia 10 de novembro será divulgado o World Giving Index 2015. É considerado o levantamento mais abrangente do mundo no que diz respeito a doação. O estudo encomendado pela CAF, Charities Aid Foundation, ao instituto de pesquisa Gallup World Pool foi realizado em 145 países.

No ano passado, Estados Unidos e Mianmar ficaram no topo da lista. O Brasil foi o 90° colocado.

A pesquisa tem três questões: você fez alguma das opções a seguir no mês passado? 1) Doou dinheiro para a caridade? 2) Foi voluntário em uma organização? 3) Ajudou um estranho ou alguém que você não conhecia e que precisava de ajuda?

Os dados serão divulgados aqui no Brasil pelo IDIS, a única instituição da América Latina que faz parte da Aliança Global da CAF.

Será que melhoramos? Será que a nossa batalha pela cultura de doação no país está rendendo frutos?

Vale lembrar que a CAF recomendou aos governos em 2014 que, entre outras medidas, facilitassem o acesso da população às doações e criassem incentivos para que a filantropia melhorasse.

Convidamos a todos para acompanhar conosco os resultados para 2015.

Vamos fazer uma pesquisa juntos?

 

Cover_Juntos2Desde o dia 8 de setembro está no ar uma campanha de crowdfunding (financiamento coletivo), lançada pelo IDIS, para captar recursos para a realização de uma pesquisa para identificar o perfil do doador brasileiro.

Até hoje, não se sabe quanto os brasileiros doam, para quais causas ou por quais motivos. Sem essas informações básicas, é difícil trabalhar por uma cultura de doação.

A pesquisa também vai tentar descobrir por que as pessoas não doam e o que poderia fazê-las mudar de ideia.

Tudo isso vai nos ajudar a entender como criar um Brasil mais solidário e uma sociedade mais proativa na solução de seus próprios problemas.

Mas para que possamos fazer a pesquisa e descobrir como é o doador brasileiro, precisamos de recursos. Já conseguimos o apoio do Instituto Arapyaú, que está fazendo um matching fund e, para cada real captado na plataforma de crowdfunding, ele vai doar outro real.

Junto conosco, tem muita gente que está construindo esta pesquisa, cada um com um jeito de colaborar: o Instituto C&A, o Movimento por uma Cultura de Doação, a Associação Brasileira dos Captadores de Recursos e o Gife, entre outros.

Você vem com a gente? Você paga para ver a ‘cara’ do doador brasileiro?

Como garantir a sustentabilidade financeira de organizações filantrópicas e educacionais

Em artigo publicado no jornal Valor Econômico, a advogada Maria Lúcia de Almeida Prado e Silva fala sobre a importância do Brasil ter uma regulamentação para os fundos patrimoniais vinculados e menciona o IDIS como um dos principais defensores desta causa.

 

FUNDOS PATRIMONIAIS VINCULADOS

Por Maria Lúcia de Almeida Prado e Silva

Artigo publicado originalmente no jornal Valor Econômico em 18 de setembro de 2015

Dois projetos de lei, um de autoria da deputada Bruna Furlan, tendo como relator o deputado Paulo Teixeira, que tramita na Câmara (PL nº 4643/2012), e outro de autoria da senadora Ana Amélia, tendo como relatora a senadora Simone Tebet (PLS nº 16/2015), em trâmite no Senado, buscam regulamentar a criação e o funcionamento de Fundos Patrimoniais Vinculados (FPVs) e concedem benefícios fiscais para as pessoas físicas e jurídicas que tenham interesse em fazer doações aos referidos fundos.

As estruturas de fundos patrimoniais, denominados “endowments” nos EUA e no Reino Unido, existem há séculos e movimentam bilhões de dólares em prol do social. França, Rússia, Índia, República Tcheca, México e China reconhecem os fundos patrimoniais em suas legislações como estruturas para o desenvolvimento social e ambiental do país.

No Brasil, ainda, necessitamos de mecanismos que promovam a sustentabilidade financeira das entidades filantrópicas e educacionais no longo prazo. Os FPVs poderiam ser o veículo para tanto.

Necessitamos de mecanismos que promovam a sustentabilidade de entidades filantrópicas e educacionais

Em outras palavras, os FPVs seriam constituídos para apoiar as atividades de interesse público exercidas por fundações e associações, incluindo instituições de ensino superior, públicas ou privadas. Receberiam e administrariam os recursos provenientes de doações feitas por pessoas físicas e jurídicas, as quais obteriam, em contrapartida, incentivos fiscais, e de outras fontes, dentro de determinadas regras.

Considera-se prever expressamente no Código Civil a figura dos Fundos Patrimoniais Vinculados, como pessoa jurídica de direito privado, com regras específicas de constituição, administração, gestão de recursos, práticas de transparência e dissolução e liquidação.

Para os FPVs que detiverem receita bruta anual ou ativo total superior a determinados valores prevê-se a obrigatoriedade de instituição de conselho de administração e de um comitê de investimentos a ser composto por três membros, que tenham notório conhecimento e experiência no mercado financeiro e de capitais para apoiar a sua gestão. Em adição, para FPVs com patrimônio superior a certo valor prevê-se a obrigatoriedade de auditoria externa independente.

O substitutivo apresentado pelo deputado Paulo Teixeira à Comissão de Finanças e Tributação (CFT), prevê que o FPV destinará à entidade vinculada os rendimentos auferidos pelo seu patrimônio, descontada a inflação do período e, em casos excepcionais, prevê que o fundo poderá destinar à entidade vinculada até 5% do patrimônio do início de cada exercício, mediante parecer favorável de todos os membros de seu órgão máximo de administração.

Da mesma forma, estabelece que o percentual de uso de recursos provenientes de doações recebidas durante o exercício será admitido até o percentual de 20% condicionada à deliberação favorável de todos os membros do conselho de administração.

Veda-se ao fundo patrimonial vinculado a prestação de garantias em benefício da entidade vinculada ou de seus credores, dirigentes e empregados.

Destaca-se que, de acordo com o citado projeto, em caso de dissolução ou extinção de entidade vinculada por um FPV, este passará a apoiar outra entidade com objetivos similares e, na hipótese de extinção do fundo o seu patrimônio líquido será destinado à entidade vinculada ou a outro FPV com objetivos similares, ambas as decisões, por deliberação unânime do seu órgão de administração máximo (do conselho de administração ou diretoria). Estabelece-se ainda que as doações a FPV não poderão ser revogadas por ingratidão do donatário, ou por inexecução de encargo.

Com relação aos incentivos fiscais, prevê o referido substitutivo, a partir da promulgação da lei que vier a ser aprovada, e durante cinco anos, a possibilidade de dedução do imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual para as doações feitas no ano calendário anterior, realizadas por pessoas físicas e jurídicas para: (associações ou fundações, constituídas no Brasil e devidamente inscritas e com regularidade de prestações de contas de suas atividades junto ao Cadastro Nacional de Entidades Sociais do Ministério da Justiça; fundos patrimoniais a elas vinculados, constituídos no Brasil e devidamente inscritos no Cadastro Nacional de Entidades Sociais do Ministério da Justiça; FPV à universidade ou instituição de ensino superior, sejam elas públicas, privadas ou confessionais, constituídos no Brasil e devidamente inscritos no Cadastro Nacional de Entidades Sociais do Ministério da Justiça (6% do imposto devido pela pessoa física e 2% do lucro operacional da pessoa jurídica).

Espera-se que a regulamentação dos fundos patrimoniais, projeto elaborado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, incentive uma cultura de filantropia sustentável no país, com segurança jurídica e transparência, promovendo o desenvolvimento social.

Maria Lúcia de Almeida Prado e Silva é sócia e responsável pela área societária do escritório Demarest Advogados

 

Um Norte para a Primeira Infância

CabeçalhoProver os cuidados necessários para o desenvolvimento saudável de uma criança pequena é sempre complexo, mas quando falamos de regiões menos favorecidas, com baixa densidade populacional e com obstáculos naturais quase intransponíveis, trata-se de um grande desafio. Essa é a realidade da região Norte do Brasil, com territórios imensos, cobertos por florestas e rios, e uma população que está quase sempre longe dos serviços básicos.

Para discutir os esforços pela primeira infância no Estado do Amazonas e região Norte e enfatizar as políticas públicas federais e estaduais e as estratégias e desafios locais, é que o IDIS, a Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas (Susam) e a Universidade do Estado de Amazonas (UEA) organizaram o Seminário Um Norte para a Primeira Infância, que acontecerá no dia 22 de outubro, na UEA, em Manaus,

O evento abordará como porque investir na primeira infância; programas e políticas de primeira infância; e tentará traçar um mapa da primeira infância. O seminário contará com representantes do poder público, da sociedade civil e de organismos internacionais comprometidos com a primeira infância como Ricardo Paes de Barros, pesquisador e professo do Insper, Paulo Bonilha, coordenador da Área da Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde; Marcos Kisil, fundador e conselheiro do IDIS; e Vital Didonet, assessor da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar (OMEP); entre outros.

Na ocasião também ocorrerá o lançamento do livro ‘Primeira Infância: Panorama, Análise e prática’, que conta o processo de criação da Política Pública para Primeira Infância Amazonense.

Para aqueles que não puderem comparecer, mas queiram assistir, o seminário será transmitido ao vivo, a partir das 9h de Manaus (10h de Brasília)  pelo link: webconf2.rnp.br/uea.

Mudança de hábito: Santas Casas aprendem a captar recursos de forma profissional

Santa Casa São CarlosAs mais de 100 Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do estado que passaram pelo projeto de Captação de Recursos da Fehosp /IDIS deixaram de ver captação como ‘pedir socorro’. Daqui pra frente é estratégia de financiamento.

Durante nove meses de projeto, os hospitais passaram por um processo de aprendizado e treinamento, com três oficinas de capacitação intercaladas com o coaching individual para cada entidade, que serviu para colocar em prática a captação de recursos. O resultado foi surpreendente.

Muitos decidiram criar áreas e departamentos específicos para captação. Outros passaram a realizar mais eventos, valorizar e ampliar o que estava esquecido como doações por meio das contas de água e luz e pela Nota Fiscal Paulista. Tem hospital vendendo rifa para comprar um mamógrafo que beneficiará toda a região, outros participando de leilões e feiras ou vendendo camisetas para construir ou ampliar departamentos.

Para as entidades que lidam diariamente com falta de recursos e pouco apoio da comunidade, o Projeto de Captação de Recursos foi uma luz no fim do túnel e abriu novas perspectivas.

O consultor estratégico e fundador do IDIS, Marcos Kisil, colocou o pé na estrada e fez reuniões com os provedores dos hospitais. Ele citou três pontos que servem como uma injeção de ânimo: desenvolver mecanismos para administrar recursos, mostrar resultados e resgatar a participação da comunidade.

 

O consultor do IDIS, Marcelo Estraviz, um dos muitos envolvidos na iniciativa, também trabalhou com as entidades desde o começo. Percorreu quase todo o estado, de hospital em hospital, treinando os profissionais de saúde. Trabalhou duro. Conheceu gente interessada em mudar e fez amigos. “Eu vi que as Santas Casas e Hospitais Filantrópicos estão preocupados em melhorar a performance. Antes uma arrecadação era o que vinha, agora olham como um processo de melhoria contínua”, avaliou.

 

Outro ponto destacado pelo consultor é que os hospitais aprenderam a pedir de forma profissional e estão animados com a receptividade da comunidade. Hoje, as entidades enxergam os projetos de captação como pilotos para mais arrecadação. Muitos hospitais já definiram patrocinadores para áreas e quartos.

 

 

Você paga para ver?

Cover_Juntos2Na primeira semana de setembro, o IDIS, com apoio do Movimento por uma Cultura de Doação e do Instituto Arapyaú, lançará uma campanha de crowdfunding com o objetivo de arrecadar fundos para fazer a primeira pesquisa sobre doações realizadas por pessoas físicas no Brasil.

A campanha de crowdfunding é uma espécie de “vaquinha” digital e será realizada através da plataforma juntos.com.vc, que é voltada para projetos sociais.

Esta é a quarta e última etapa de captação para esta pesquisa e a meta é arrecadar R$100 mil para completar os recursos necessários, já que o levantamento vai abranger todo o território nacional. Pretendemos identificar quem são os doadores brasileiros, por que doam e as causas que os sensibilizam. Também vamos conversar com os que não doam, descobrir seus motivos e identificar o que os faria mudar de atitude.

Por isso estamos perguntando aos internautas “Você paga para ver?” as informações que a pesquisa vai revelar.

“Precisamos dessas respostas, entender quem é esse grupo e como pensa, para, com esse mapa completo, criarmos grande campanha pela Cultura de Doação no Brasil, como já existe em outros países”, explica a presidente do IDIS, Paula Fabiani.

A pesquisa, liderada pelo IDIS, é uma iniciativa realizada em parceria com um grupo de especialistas e atores relevantes para o campo da cultura de doação no Brasil. Esse grupo de especialistas e financiadores vem exercendo uma função essencial no fortalecimento da proposta da pesquisa. Seu papel continuará sendo fundamental mesmo após a conclusão da pesquisa, em etapas de validação, bem como na etapa de difusão e aplicação dos resultados.

Especificamente a campanha de crowdfunding conta com o importante apoio do Instituto Arapyaú, que vai fazer a matching donation, ou seja, para cada real doado para a Pesquisa Doação Brasil, o Instituto, vai doar mais um real, até chegar à meta estabelecida.

Os detalhes, valores de doações e suas recompensas, o vídeo da campanha, além de todas as informações serão divulgadas na página da campanha, na plataforma juntos.com.vc.  

 

Paula Fabiani fala sobre cultura de doação na Bandnews FM

Paula 1 _2014A coluna A Política Nossa de Cada De Cada Dia, da rádio BandNews FM, aborda histórias de pessoas e grupos que contribuem para uma sociedade melhor e que vai muito além de exercer o direito do voto.

Na edição do último dia 24 de agosto, a entrevistada da coluna foi Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, que comenta sobre o papel fundamental do setor privado na diminuição das desigualdades.

Apesar dos brasileiros serem considerados solidários, a posição do país ainda está aquém em relação ao hábito de doação para causas sociais, por isso, Paula Fabiani enfatiza a como  é de fundamental importância estabelecer uma cultura de doação no Brasil.

Você pode ouvir a entrevista completa aqui. Confira!

Empresa de energia solar transforma ação em social em incentivo a produtividade

Funcionária da Solar City explica energia solar para estudantes

Funcionária da Solar City explica energia solar para alunos de escola na África

A empresa de energia norte-americana, Solar City, cujo presidente é o empresário Elon Musk, encontrou uma forma inovadora para dar mais energia aos seus funcionários ao levar eletricidade para escolas em países em desenvolvimento.

A SolarCity criou a Fundação GivePower que instala um sistema de iluminação por energia solar em uma escola a cada megawatt de energia que a empresa implanta para seus clientes. Em 2014, a GivePower instalou sistemas de iluminação em 511 escolas na África e na América Central.

E há um bônus para alguns funcionários de melhor desempenho da SolarCity: eles ganham viagens de cinco dias de serviços para instalar o equipamento. A concorrência é dura, pois a SolarCity tem mais de 13 mil funcionários em 80 centros em todo os Estados Unidos e apenas de 10 a 15 são selecionados para cada viagem. Há cerca de quatro viagens por ano.

“Os funcionários realmente se reúnem em torno do significado e do impacto”, diz Hayes Barnard, presidente da fundação.
A Fundação GivePower colabora com outros grupos de ajuda internacional, incluindo o BuildOn, que podem fornecer serviços de tradução e ajudar no gerenciamento da logística.

Ideia do funcionário

Barnard, que entrou na SolarCity há dois anos, diz que sua experiência pessoal ajudando a construir uma escola em um país em desenvolvimento para o BuildOn, o inspirou a sugerir que a Sola City colocasse seu conhecimento de energia solar em prol da causa de iluminação escolar. Eletricidade permite que as crianças estudem mais e que adultos tenham aulas à noite. Isso pode transformar a escola em um centro comunitário.

A SolarCity iniciou seu trabalho social em casos de catástrofe, usando doações da Fundação Musk para construir sistemas de energia solar em áreas devastadas pelo furacão Katrina, no derramamento de petróleo da BP, no desastre nuclear de Fukushima e no furacão Sandy.
De acordo com o Relatório de Impacto do Milênio 2014, os jovens estão interessados em trabalhar para empresas que fornecem oportunidades para que eles que querem ser voluntários.

Lyndon Rive, chefe-executivo da SolarCity, diz que as viagens internacionais têm sido um sucesso com os funcionários, que muitas vezes lhe enviam bilhetes de agradecimento pela experiência, e tem aumentado a retenção de talentos.

Texto extraído de notícia do The Chronicle of Philanthropy: https://philanthropy.com/article/Solar-Companys-Charitable/232453
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Do papel para a realidade: Santas Casas do interior já estão colhendo frutos dos projetos de captação de recursos

O Programa de Captação de Recursos Fehosp /IDIS entra na reta final com vários projetos em desenvolvimento e um balanço parcial, positivo. As mais de 100 Santas Casas envolvidas no programa, representam 33mil leitos, 51% do total de leitos existentes nesses municípios. O programa termina no fim de setembro.

Depois de várias oficinas e rodadas de coaching com os consultores do IDIS, cada hospital concebeu um plano de captação de recursos para melhorar as condições financeiras do estabelecimento. Alguns criaram uma nova área específica para cuidar dos novos projetos e da captação. Outros, realocaram pessoal, mas todos estão colocando a mão na massa.

Um desses exemplos é a Santa Casa de Lindóia. Sob a batuta da irmã Alaídes, que começou a orquestrar o plano de revitalização, o primeiro projeto começa a sair do papel:  a construção de um novo Centro de Imagens, estimado em cerca de R$1 milhão. A aquisição de um mamógrafo é o ponto de partida. Para isso, será feita a rifa de uma moto com a expectativa de arrecadar até R$75 mil. A entidade, que só contava com a colaboração dos estabelecimentos comerciais que destinavam percentual da Nota Fiscal Paulista, agora está captando recursos junto à comunidade. Já obteve a doações de camisetas para vender durante a campanha do “Outubro Rosa”, conseguiu a doação de duas cabeças de gado que irão à leilão nos próximos meses e espera ainda outras, querendo chegar a 40.

Os exemplos podem parecer simples, mas para hospitais beneficentes que estavam sem meta e sem saber como captar de forma eficiente é um avanço significativo.

No Vale do Paraíba, a Santa Casa de Misericórdia de Jacareí está se profissionalizando. Antes, não fazia captação de recursos. Com as orientações dos consultores, elaborou e implantou projeto de reestruturação das alas masculina e feminina com pintura de parede e compra de equipamentos. Além disso, obteve 100% de adesão no projeto Adote Um Leito na ala de Pediatria que passara de 12 para 21 leitos.

A Santa Casa de Misericórdia de Adamantina engorda a captação de recursos com o apoio da comunidade vendendo pizza e participando de feira de exposição. São ações que rendem benefícios para pacientes e acompanhantes, como a compra de bebedouro e cadeiras e ainda uma máquina de confecção de crachá para identificar os funcionários.

Na região da Grande São Paulo, a Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes também adota uma estratégia relevante de captação de recursos e resolveu contratar um profissional especializado. Com isso, está intensificando a visita às empresas da região buscando parcerias.

Há outras dezenas de exemplos menores ou maiores, mas cada um deles é extremamente significativo para as instituições, que buscam, de maneira mais profissional e assertiva, novas formas de seguirem em frente, sem depender completamente do poder público, mas cada vez envolvendo e sensibilizando as suas comunidades.

 

Escoteiras surpreendem com e-commerce

Girl Scout Cookies

Uma das mais populares organizações sem fins lucrativos dos Estados Unidos, as meninas escoteiras, resolveram usar a internet para revitalizar uma antiga tradição: a venda de cookies para levantar fundos para a entidade.

Desde a década de 1930, uma vez por ano as escoteiras percorrem o país para oferecer biscoitos de porta em porta e arrecadar dinheiro. Em 2014, no entanto, elas decidiram que, em vez de bater perna nas ruas, passariam a vender seus biscoitos pela internet. Assim nasceu o e-commerce Digital Cookie, que foi apontado como uma das 10 iniciativas sem fins lucrativos mais inovadoras de 2015 pela revista Fast Company.

O Digital Cookies não é uma simples tentativa de facilitar a vida das escoteiras, mas sim um projeto que visa capacitar as meninas a trabalhar com negócios on-line. Elas são responsáveis por todo o processo, desde a programação do site até as estratégias de marketing. “As escoteiras não são as primeiras a fazerem e-commerce, mas elas devem ser as primeiras a criar um programa de vendas pela internet totalmente feito por garotas”, diz a revista.

As escoteiras, cujo grupo foi criado nos Estados Unidos em 1912, recebem treinamento em webdesign, marketing online, gestão de negócios e relacionamento com consumidores. Além disso, por causa da faixa etária das garotas, elas também aprendem sobre segurança na internet:os sites só atendem consumidores que tenham sido convidados e não fornecem o endereço de onde moram as participantes.

 

 

Filho de Warren Buffett combate a guerra com comida

Howard Buffett tem uma teoria: a fome causa conflitos, e conflitos causam fome. Portanto, garantir a segurança alimentar de vastas populações é uma maneira eficaz de se evitá-los. Além da teoria, Buffett também tem uma fundação com seu nome e um orçamento de U$ 3 bilhões, que o filantropo norte-americano está usando para financiar iniciativas que melhorem a produção de alimentos em todo o mundo. Por essa abordagem heterodoxa para a resolução de conflitos, a The Howard G. Buffett Foundation foi escolhida uma das dez mais inovadoras organizações sem fins lucrativos de 2015 pela revista Fast Company.

Em seu livro “40 Chances: Finding hope in a hungry world”, o filho do bilionário norte-americano Warren Buffett argumenta que um agricultor faz, em média, quarenta colheitas anuais em sua vida, então o melhor a se fazer é criar as condições para que que estas sejam quarenta ótimas colheitas.

A fundação tem investido nas mais diferentes iniciativas possíveis, sempre com foco na produção agrícola. Assim, destinou recursos, por exemplo, para financiar pesquisas que aumentem a produtividade de agricultores na África e na América Latina. Além disso, também tem fornecido ajuda legal para que produtores da Nicarágua consigam adquirir o título de propriedade de suas terras.

Tecnologia de coleta de dados e mapeamento para combater ebola

O número de casos de ebola no ano passado foi o maior desde a descoberta da doença, em 1976. A epidemia começou na República da Guiné e logo se espalhou por países próximos, como Serra Leoa, Libéria e Nigéria, nos quais predominam sistemas de saúde precários.

A situação, no entanto, poderia ter sido muito pior se não fosse pelo uso de uma tecnologia de coleta de dados e mapeamento por parte da Direct Relief, organização norte-americana que entrega remédios e equipamentos médicos em regiões pobres. A iniciativa rendeu à instituição o reconhecimento como uma das dez mais iniciativas mais inovadoras do terceiro setor em 2015.

Acostumada a trabalhar em locais de emergência, a Direct Relief recebeu um pedido do governo da Libéria para mapear o avanço do vírus em uma região com baixíssimo acesso a tecnologia. Saber como a enfermidade estava se espalhando era fundamental para planejar ações e evitar ainda mais mortes.

A OSC distribuiu dispositivos GPS para uma organização liberiana e agrupou informações de outras entidades para elaborar um banco de dados georreferenciado sobre o ebola. Graças aos aparelhos, foi possível detectar a incidência em nível detalhado (casa a casa), mostrar como era o avanço territorial da doença, onde estavam os postos de saúde e para onde era necessário enviar auxílio.

O mapeamento permitiu à Direct Relief fazer um trabalho mais eficiente na entrega dos equipamentos clínicos e medicamentos. Ao mesmo tempo, foi um instrumento de transparência para que os doadores pudessem ver com exatidão para onde estavam indo os recursos que haviam repassado.

De centavo em centavo

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Ari Weinfeld e Nina Valentini, do Movimento Arredondar. Foto: Renata Terepins

Arredondar para cima o valor de uma compra e doar os centavos para uma organização da sociedade civil. Quando falamos em centavos pode parecer pouco, mas quando pensamos em quase 6 milhões de faturas de compras emitidas diariamente apenas pelos municípios de São Paulo e Rio de Janeiro, esse número se torna extremamente significativo.

Essa é a ideia do Movimento Arredondar. O projeto, que começou em escala em abril do ano passado, já conta com mais de 230 lojas ativadas e marcas como Alpargatas, Luigi Bertolli, Cori e Emme, entre outras.

Atualmente, o Arredondar tem dois modelos de apoio para instituições. O primeiro é voltado para organizações que trabalham pelos Objetivos do Milênio da ONU. São 15 organizações do portfólio que foram selecionadas via edital, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e outras 15 que estão na lista de espera.

O segundo e mais novo modelo funciona de forma inversa. A organização social é que traz uma rede varejista de certo porte disposta a arredondar. A equipe faz o processo de validação da organização, verificando documentos e realizando uma visita técnica, para garantir sua idoneidade. A partir daí, a rede varejista poderá arredondar para a organização que a indicou, sendo que, do valor arrecadado (menos as taxas), metade vai para a organização credenciada e o restante para outras organizações do portfólio, para garantir que o dinheiro chegue às mais diversas causas.

“Criamos um mecanismo transparente, fácil e sem custo que pode ser usado por toda rede varejista interessada ou empresas de sistema para o varejo”, avalia Ari Weinfeld, fundador e presidente do Arredondar.

Desde abril de 2014 até agora, foram mais de R$ 125 mil destinados às organizações sociais por meio de mais de 686 mil microdoações. É importante dizer que, além da questão financeira, a iniciativa também busca criar uma cultura de doação no país.

“Acredito muito no potencial do Arredondar de mudar a cultura de doação no Brasil. Estamos crescendo muito, tivemos mais de 600 mil microdoações em um ano.  Com a participação de todos poderemos arredondar por todo o Brasil e ajudar milhares de pessoas”, completa Ari.

Se você gostou da ideia, pode acompanhar os dados sobre a quantidade de doações e valor total arrecadado em tempo real no site: arredondar.org.br.

Filantropia e relação governamental: IDIS destaca atuação das organizações da sociedade civil no Brasil para representantes de diversos países em evento na Alemanha

O fundador do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social participou em Berlim, na Alemanha, de um workshop que discutiu perspectivas sobre a filantropia árabe e global. Marcos Kisil foi um dos debatedores na sessão que abordou o papel da filantropia na sociedade e sua relação com governos.

No caso brasileiro, Kisil lembrou que desde a Constituição de 1988, todos os capítulos sociais se iniciam com o refrão “Direito do Cidadão, Dever do Estado”. Esta afirmação constitucional faz com que governos interpretem que a ação social é seu monopólio. Porém, com a incapacidade dos governos em atender as demandas sociais, e devido ao crescimento acelerado e importante da sociedade civil, progressivamente a cidadania passou articular esforços para uma maior participação. Assim, um vibrante setor passou a existir. Tal mudança, porém, não foi acompanhada pelos governos, especialmente a partir de 2003. Nenhuma lei importante foi aprovada para facilitar o desenvolvimento do Investimento Social Privado.

As iniciativas exitosas de mudanças nas ações sociais não permeiam o processo de criação e implantação de políticas públicas. Ocorre o reverso: o governo busca o apoio de recursos privados para apoiar essas políticas.

A outra questão levantada por Kisil é também relevante: o uso de recursos públicos por organizações da sociedade civil sem o devido processo de seleção e controle, gerando casos de uso indevido de recursos devido à corrupção e desmandos administrativos. Mais recentemente, foi aprovada uma nova lei, que busca sanar esses vícios para que o uso de recursos públicos se torne mais transparente e democrático na seleção das organizações. Ainda é necessário tempo para saber se provocará as mudanças esperadas.

Estiveram no evento “Perspectives on Arab & Global Philanthropy” representantes de regiões árabes, além de participantes da África, China, América Latina, Rússia, Turquia, Estados Unidos e países europeus.

Tendência: projetos sociais intergeracionais

Crédito: Sheriff Salama

Foto: Sheriff Salama

Nem só crianças, nem só idosos. Há algum tempo as organizações sociais vêm percebendo que o impacto é maior e mais rápido quando os projetos sociais envolvem diferentes gerações. Nessa semana, a Fundação Michael Eisner, criada pelo antigo CEO da Walt Disney Company, anunciou que vai dedicar todo o seu orçamento anual para doações – algo em torno de US$ 8 milhões – para projetos que reúnam pessoas jovens e velhas em busca da solução para problemas sociais.

Quando foi estabelecida, em 1996, a Fundação destinava todo o seu investimento a projetos voltados às crianças, um foco alinhado com a trajetória profissional do fundador. Porém, com o passar dos anos, o próprio Michael Eisner se deu conta que a interação entre diferentes gerações é rica para ambos os lados e traz resultados concretos.

“Não estamos em busca de projetos que atendam jovens e idosos. Queremos projetos nos quais os recursos próprios de cada geração atendam à outra e as duas se beneficiem”, esclarece Trent Stamp, executivo da Fundação Michael Eisner.

Um dos projetos intergeracionais de maior sucesso nos EUA foi criado pela Jumpstart for Young Children, uma organização da Califórnia, que capacitou idosos para que cuidassem, durante alguns períodos por semana, de crianças em creches e pré-escolas em regiões de vulnerabilidade social. A iniciativa diminuiu a demanda de mão-de-obra nas instituições de educação, melhorou a qualidade de vida dos idosos, que se sentiram úteis no trabalho e, de quebra, deu avôs e avós para muitas crianças que vivem em núcleos familiares desestruturados. Tudo isso com um investimento bem menor do que seria necessário para desenvolver um projeto de Educação Infantil e outro de apoio aos idosos.

Leia mais na notícia do The Chronicle of Philanthropy clicando aqui.

Responsabilidade Social: termos e definições

Um projeto de responsabilidade social só traz consequências positivas para a sociedade se for realizado de forma planejada. Esses benefícios são possíveis e sustentáveis quando se leva em conta a estratégia de negócio da empresa. Hoje, empresas que incorporaram a responsabilidade social como forma de gestão reconhecem que o impacto social e ambiental precisa ser gerido da mesma maneira que a performance econômica. É nesse contexto que ganham destaques conceitos como Responsabilidade Social Empresarial, Investimento Social Privado e Marketing Relacionado a Causas.  Abaixo, conheça as definições e os benefícios de cada um deles.

Responsabilidade Social Empresarial

É uma forma de gestão definida pela “relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade” (Instituto Ethos). A responsabilidade social empresarial destina-se a programas e projetos que a instituição desenvolve por iniciativa própria ou por meio de parcerias. Quando uma empresa decide financiar projetos assim, expressa sua responsabilidade social.

Investimento Social Privado

O Investimento Social Privado pode ser definido como “repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais de interesse público” (GIFE – Grupo de Institutos Fundações e Empresas). A maioria dos investidores sociais privados é composta por fundações, associações empresariais e empresas que, de forma geral, administram esses recursos com visão de negócio, ou seja, focados em temas definidos pela instituição. Vale destacar que esses recursos não se limitam ao dinheiro; as empresas possuem outros ativos, que podem e devem ser utilizados em benefício da comunidade, como funcionários que podem contribuir com voluntariado ou conhecimento técnico, .

Marketing Relacionado a Causas

É uma forma de Investimento Social Privado que alinha as estratégias de marketing da empresa com as necessidades da sociedade, trazendo benefícios para a causa e para os negócios de forma mútua. Como trabalham com imagens, da empresa e de uma organização, precisam ser elaborados de forma criteriosa, com base em princípios éticos e de total transparência. Estudos realizados em diversos mercados evidenciam o impacto positivo gerado para a causa, trazendo mais recursos e mobilização, além de agregar valor à marca, fidelizando consumidores e envolvendo colaboradores.

A ambulância chegou a tempo?

A chamada big data – coleta massiva de dados – parece ter se tornado uma espécie de mapa do tesouro para quem pretende aumentar a eficiência de suas ações. Afinal, quanto mais se sabe, melhor se pode avaliar se uma atuação está correta ou precisa de ajustes. Produzir informações, no entanto, pode ser muito caro, quase proibitivo para muitas organizações da sociedade civil.

A Acumen – instituição que financia projetos de impacto social em várias partes do mundo – lançou uma nova forma de coleta, barata e com grande capilaridade: o uso de celulares de seus beneficiados, aos quais envia torpedos com perguntas sobre o serviço prestado. Assim, cortou radicalmente o custo de angariar subsídios sobre suas iniciativas. Por isso, foi considerada pela revista Fast Company uma das dez instituições sem fins lucrativos mais inovadoras de 2015.

A estratégia, batizada de Lean Data Initiative, começou em um projeto que a Acumen financia na Índia, um negócio social que oferece serviços baratos de ambulâncias para milhares de pessoas. O desafio era ter certeza de que o atendimento de urgência estava chegando aos mais pobres.

O pilar dessa tática é o fato de que o acesso a celulares hoje é quase universal. Utilizando instrumentos como SMS e mensagens automáticas de voz, o projeto na Índia conseguiu obter respostas de mil pessoas atendidas – e constatou que, de fato, chegava ao mais carentes.

Organização centenária conquista lugar na lista das mais inovadoras

Com mais de 100 anos de história e um orçamento anual que ultrapassa U$ 100 milhões, não é exagero dizer que a Rockefeller Foundation está entre os principais atores do Investimento Social Privado.

A idade e o tamanho, contudo, não a tornaram vagarosa. Em vez disso, resultaram em experiência para perceber que, mais do que investir muito, é necessário investir bem e estrategicamente. Não à toa, a entidade foi escolhida uma das dez mais inovadoras iniciativas sem fins lucrativos de 2015 pela revista Fast Company.

A organização norte-americana afirma, em seu site, que seu objetivo é o mesmo desde 1913: promover o bem-estar da humanidade. O modo de fazê-lo, no entanto, mudou muito. Como diz a revista, a Rockefeller tem muito dinheiro para gastar, mas o que a distingue é a maneira como seleciona os (muito poucos) projetos que beneficia.

“Apenas um punhado chega ao estágio de desenvolvimento, quando recebe um investimento teste para ver se alcança um impacto maior”, diz a Fast Company. Por isso, quando a organização financia uma iniciativa, quase certamente o faz por avaliar que ela tem possibilidade de atingir muita gente.

É o caso da Smart Power, desenvolvida na Índia e para a qual a Rockefeller Foundation destinou U$ 75 milhões. O dinheiro parece muito? A ambição é igualmente grande: levar energia elétrica para 290 milhões de indianos que não têm acesso ao recurso. E o impacto pode ser ainda maior, pois há a expectativa de ampliar a experiência para outros países da Ásia e para a África.

A Rockefeller Foundation, por meio de uma parceria, apoia financeiramente o IDIS no Fórum Brasileiro e nos Encontros Regionais de Investidores Sociais.

Gigante filantrópica inova ao abordar saúde de um ponto de vista holístico

Inovação radical não é apenas para jovens. A Robert Wood Johnson Foundation, por exemplo, existe há 43 anos e, com U$ 10 bilhões em recursos, é a maior organização a lidar com saúde nos Estados Unidos. Apesar de sua idade e de seu tamanho, a instituição foi audaciosa o bastante para fazer uma mudança radical em sua abordagem. Ao adotar uma perspectiva holística, passou a apoiar programas que focam não só em médicos e remédios, mas também na promoção do bem-estar em diversos âmbitos da vida social para criar uma “cultura de saúde”. A ousadia valeu a pena, e rendeu à Robert Wood Johnson Foundation o título de uma das dez mais inovadoras iniciativas de 2015, segundo a revista Fast Company.

Antes, a fundação tinha uma abordagem tradicional, financiando projetos que promovessem tratamentos melhores e mais baratos para pessoas doentes. Em 2014, no entanto, a organização passou também a lidar com o tema do ponto de vista da saúde pública, de uma maneira mais holística, promovendo o que chama de “cultura da saúde”.

O nome meio enigmático esconde uma ideia muito simples: olhar para os mais diversos fatores que afetam o bem-estar das pessoas. Assim, entraram na mira da organização preocupações como segurança alimentar, moradias de qualidade e até ciclovias nas cidades.

Um exemplo citado pela revista é o programa “Health Leads”, que permite uma abordagem mais holística para tratamentos de saúde. Assim, além de prescrever remédios, os médicos e outros agentes de saúde também recomendam coisas tão diferentes quanto uma alimentação mais saudável ou o uso de sistemas de aquecimento no inverno.

Organização doa equipamentos de laboratório para promover inovação em saúde

Inovações em saúde dependem basicamente de duas coisas: boas ideias e condições materiais de pesquisa. As primeiras podem aparecer em qualquer lugar do mundo. Já as segundas estão concentradas em um punhado de países. Foi por ampliar esse grupo de beneficiados, e dar equipamentos a cientistas inovadores de países em desenvolvimento, que a organização Seeding Labs está entre as iniciativas mais inovadoras de 2015 destacadas pela revista Fast Company.

Sua estratégia é doar, para centros de pesquisa em nações emergentes, equipamentos de países ricos que estão sendo trocados por outros mais novos. A iniciativa, fundada em 2007 pela norte-americana Nina Dudnik, já encaminhou cerca de U$ 2,2 milhões em maquinário de laboratório para mais de 20 mil estudiosos em 23 mercados, incluindo o  Brasil.

O projeto busca um impacto duplo. Permite inovações em saúde para resolver problemas locais e, também, tenta evitar a fuga de cérebros de países com condições mais precárias para a prática científica ao dar condições materiais para o desenvolvimento local de pesquisas.

A perspectiva é de que a Seeding Labs consiga um impacto ainda maior nos próximos anos: em 2014, a organização fechou uma parceria de U$ 3 milhões com a Usaid, agência norte-americana de apoio ao desenvolvimento internacional.

Uma manhã na Ponta do Farol, na capital do Maranhão

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Descubra como conciliar o social com o investimento: esse foi o convite que atraiu mais de uma centena de empresários e empreendedores sociais para um Encontro de Investidores Sociais, em São Luiz, no Maranhão. Eles se reuniram para ouvir as experiências de três empresas que incorporaram a sustentabilidade social e ambiental em seu cotidiano, e também para entender um pouco melhor o que são negócios sociais e conhecer os que investem nessas iniciativas e os que recebem o financiamento.

Tudo isso aconteceu na manhã do dia 28 de maio, no Hotel Luzeiros, na Ponta do Farol, na capital maranhense. O IDIS e o Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão (ICE-MA), que organizaram o encontro, contavam com cerca de sessenta participantes, mas quando as inscrições chegaram a cem, foi preciso encerrá-las.

O empresário paulistano Ricardo Vacaro (terceiro na foto, da esquerda para a direita), dono da RL Higiene, explicou como conseguiu transformar uma empresa do setor de limpeza em um modelo de sustentabilidade sem sacrificar a operação financeira da companhia. Darci Fontes (quinto na foto), um empresário radicado no Maranhão, contou como levou seu engajamento nas causas sociais para dentro de sua empresa, a Fonmart Tecnologia, e como essa história acabou transformando-o em um empresário-ativista. E Janaína Costa (quarta na foto), da Companhia Energética do Maranhão (CEMAR), falou sobre os desafios de aproveitar a capilaridade e os serviços da empresa para contribuir para o desenvolvimento das populações mais vulneráveis espalhadas pelo estado.

Os depoimentos foram inspiradores e a grande quantidade de perguntas direcionas aos palestrantes mostrou o interesse do público.

Na segunda parte do evento, Rebecca Obara, do fundo Vox Capital, que investe em negócios sociais, contou sua história pioneira e explicou os critérios para que uma iniciativa seja considerada um negócio social e possa receber seu apoio financeiro. Logo depois, falou Maurício Prado (primeiro na foto), sócio do Instituto de Pesquisas Plano CDE, uma das empresas apoiadas pelo Fundo Vox Capital, que se dedica a conhecer melhor o perfil das classes CDE. Maurício aproveitou a ocasião para mostrar uma pesquisa que identificou as principais fortalezas e vulnerabilidades dessas classes sociais.

O resultado positivo do Encontro de Investidores Sociais do Maranhão mostrou como é importante levar a mensagem do Investimento Social Privado para além da região Sudeste e dos grandes centros político-financeiros do país.

O IDIS agradece ao todos os palestrantes que contribuíram voluntariamente para o evento, assim como ao grande parceiro ICE-MA, aos divulgadores Associação Comercial do Maranhão, Associação dos Jovens Empresários do Maranhão e Start-Up Maranhão e ao grande apoio dado pelo Hotel Luzeiros, que acolheu o Encontro.

Fortuna que transforma

Exame

A reportagem de capa da edição do dia 24 de junho da revista Exame, “Bilionários com causa”, surgiu como um raio de luz em meio aos demais veículos, que há meses trazem manchetes desalentadoras sobre os escândalos de corrupção que abalam o país. Apesar de sabermos do papel fundamental da imprensa na investigação e divulgação das irregularidades realizadas por políticos e empresários, faz muito bem ver que uma revista influente como a Exame apostou em uma capa trazendo histórias de pessoas que dedicam parte de suas fortunas a melhorar as condições de vida da população e a construir uma sociedade mais acolhedora.

São dez páginas traçando um panorama do Investimento Social realizado por famílias e explicando suas motivações, foco de atuação e modelo de investimento, além das facilidades e dificuldades desse caminho, A reportagem também traz números de um levantamento realizado pelo IDIS e pelo Gife especialmente para essa publicação, além de um estudo inédito, feito pela Universidade de Harvard.

Vale muito a pena ler a reportagem e lançar um olhar sobre um Brasil mais iluminado.

 

 

 

Mesmo hospital, novos rumos

fachada Hospital Rio das Pedras

Rio das Pedras é uma cidade de 32 mil habitantes perto de Piracicaba. O Hospital Maternidade São Vicente de Paulo atende mensalmente mais de cinco mil pessoas no pronto-socorro e quase duas mil no ambulatório. Há sete meses no cargo, o administrador Luiz Gonzaga da Cunha acredita que o Projeto de Captação de Recursos Fehosp/IDIS veio em boa hora.

“Aprendemos que antes de captar é preciso se planejar, e muito bem”, explica Cunha. Com 65 anos de história, o Hospital Maternidade São Vicente de Paulo precisa de investimentos em infraestrutura, como reformas na parte elétrica e no telhado. Acompanhe abaixo a entrevista com o administrador.

 

Idis: Vocês já participaram das Oficinas e do coaching?
HMSVP: Sim, participamos.

Idis: O que acharam dessa experiência?
HMSVP: Estou há sete meses na administração do hospital e digo que o Projeto de Captação de Recursos veio em momento muito oportuno. Nosso hospital necessita com urgência de uma revitalização, tanto estrutural quanto humana, e o projeto tem nos ajudado muito.

Idis: Como vocês avaliam a captação de recursos do hospital antes e depois do curso?
HMSVP: Como estou aqui há sete meses, não tenho nenhuma informação sobre captação de recursos de antes do meu tempo. Hoje temos um bom projeto pra executá-lo graças às Oficinas.

Idis: O que aprenderam e vão colocar em prática?
HMSVP: Aprendemos que para fazer uma boa captação é preciso saber planejar e também mostrar que nossa entidade tem uma história sólida e crescente ao longo de 65 anos.

Idis: Qual o projeto que estão desenvolvendo?
HMSVP: “Mesmo hospital. Novos rumos…” O projeto trata da revitalização: troca do telhado, de toda a parte elétrica, aquisição de um raio X digital, troca de computadores, reforma dos quartos do hospital e da maternidade e troca dos pisos.

Idis: Em que fase está?
HMSVP: O comitê de vínculos já está formado; estamos aguardando o término dos orçamentos para apresentação ao comitê e em seguida começar a captação.

Conheça 15 obras fundamentais para quem trabalha com Investimento Social Privado

A consolidação do Investimento Social Privado (ISP), no Brasil e no mundo, já resultou em inúmeras obras sobre o assunto. A bibliografia na área se ramifica em abordagens distintas – de compêndios técnicos a textos teóricos, brasileiros e estrangeiros. Mas o que não se pode deixar de ler sobre o tema?

O site do IDIS pediu a alguns dos especialistas brasileiros no campo que indicassem as obras que consideram fundamentais, explicando por que são importantes. O resultado foi bem diverso: nenhum livro ou relatório foi citado duas vezes. Veja abaixo a lista completa.

 

Anna Maria PelianoAnna Maria Peliano, pesquisadora do IPEA, coordenadora da pesquisa Benchmark do Investimento Social Corporativo (BISC)

Giving in Numbers 2014 Corporate Giving Standard, Committee Encourage Corporate Philanthropy. Disponível aqui.

Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) 2014, Comunitas. Disponível aqui.

Las Fundaciones Empresariales en Colombia: una aproximación a su estructura y dinâmicas, Fundación Promigas e Fundación DIS. Disponível aqui.

As três pesquisas focalizam as características da participação das empresas e das suas relações com a sociedade e buscam oferecer ao leitor um conhecimento prático sobre o tema. A primeira analisa o comportamento das empresas nos Estados Unidos; a segunda, no Brasil; e a terceira, na Colômbia. Os gestores sociais podem extrair elementos para entender o contexto de sua atuação, comparar suas atividades com as de seus pares e conhecer avanços, dificuldades e tendências que se apresentam para os Investimentos Sociais Privados.

Sustentabilidade das ONGs no Brasil : acesso a recursos privados, Associação Brasileira de ONGs (Abong). Disponível aqui.

Corporate-NGO Partnerships Barometer 2014, C&E Advisory Services Limited. Disponível aqui.

Na origem dos Investimentos Sociais Privados, destaca-se a preocupação com as questões relacionadas à reputação, à legitimidade e à aproximação das empresas com a sociedade. As pesquisas exploram o tema de forma bastante objetiva. A primeira, da Associação Brasileira de ONGs (Abong), aborda a percepção das suas associadas sobre a experiência de um trabalho conjunto com as empresas. A segunda é uma pesquisa anual realizada na Inglaterra e capta não só a percepção das ONGs sobre essas relações, mas também a das empresas.

 

Marcos Flávio Azzi, fundador do Instituto AzziMarcos Azzi

A Cabeça do Brasileiro, de Antônio Carlos Almeida, Ed. Record. Sinopse aqui.

Com perguntas bem elaboradas e boas tabelas, consegue primorosamente apresentar como nós brasileiros somos diferentes em termos etários, regionais, culturais, sociais

O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro. Companhia das Letras. Sinopse e aquisição aqui.

Obra-prima que conta a história da formação de nossa sociedade ao longo dos anos, facilitando o entendimento da razão de nossas diferenças.

The Heart of Altruism, de Kristen Renwick Monroe, Princeton University Press. Sinopse e aquisição aqui.

Toda a cultura de doação ou a ausência dela passa pelo conhecimento das razões de nos colocarmos ou não no lugar do outro, sentirmos as suas dores. Se após isso agirmos, surge a filantropia. Digo aqui o ato voluntário, recorrente e sem visar a nenhuma consequência.

 

Dr. MarcosMarcos Kisil, consultor estratégico do IDIS

The Foundation: a great American secret, de Joel Fleishman, Public Affairs. Sinopse e aquisição aqui.

O livro faz uma abordagem histórica da filantropia norte-americana e análises de casos práticos. Consegue equilibrar bem uma visão positiva das fundações com críticas construtivas a seu funcionamento, mostrando todo o potencial transformativo que o Investimento Social Privado pode ter.

Money Well Spent: a strategic plan for smart philanthropy, de Paul Brest e Hal Harvey, Bloomberg Press. Aquisição aqui.

Tão importante quanto ter recursos é saber usá-los bem. Este livro é um guia inestimável para criar um plano estratégico que possibilite maximizar os resultados do ISP.

Strategic Giving: the art and science of philanthropy, de Peter Frumkin, University of Chicago Press Books. Sinopse aqui.

Outro livro que aborda com profundidade a importância de se fazer um Investimento Social Privado estratégico. Além disso, traz uma série de conceitos que ajudam muito a entender o campo.

 

Paulo Castro, diretor-executivo do Instituto C&APaulo de Castro

Abertura: desmitificando a transparência de Investidores Sociais, Grant Craft/Gife. Disponível aqui.

A publicação apresenta como e por que os Investidores Sociais podem ser mais transparentes e traz sugestões de caminhos a serem seguidos e ferramentas de apoio.

Financiando a organização de comunidades: a mudança social por meio da participação cidadã, Grant Craft/Gife. Disponível aqui.

Demonstra as vantagens do ISP na organização de pessoas e no estabelecimento de boas parcerias para o desenvolvimento e fortalecimento das sociedades

O momento de os Investidores Sociais seguirem em frente, Grant Craft/Gife. Disponível aqui.

Apresenta as estratégias que Investidores Sociais desenvolvem para fazer uma saída responsável ao encerrarem operações ou finalizarem programas. Mostra a importância de o Investidor Social deixar um legado, de se investir em programas que gerem transformação e autonomia dos beneficiários e do reconhecimento coletivo dessas transformações.

Desenvolvimento de Iniciativas Sociais: da visão inspiradora à ação transformadora, de Christopher Schaefer e Tyno Voors. Ed. Antroposófica/Instituto Fonte. Sinopse e aquisição aqui.

Indicado para aqueles Investidores Sociais Privados que trabalham em parceria com outros e, em especial, com Organizações da Sociedade Civil. O livro propõe o desenvolvimento de instituições em coerência com valores humanos e éticos e com a concretização de iniciativas para uma vida socioeconômica sustentável.

Fundação transforma segurança na internet em causa filantrópica

O desenvolvimento do automóvel revolucionou o transporte e as cidades, mas exigiu a criação de inúmeras regras para tornar o trânsito mais seguro. Do mesmo modo, a internet está pondo de cabeça para baixo muitos meio de produção e hábitos de consumo, e igualmente requer medidas para garantir a privacidade e a segurança das informações.

Foi com essa premissa que a The William and Flora Hewlett Foundation trouxe para o terceiro setor uma preocupação antes restrita a governos e empresas. Criou uma iniciativa para estudar como proteger a intimidade e os dados nos meios on-line. Por isso, foi considerada uma das dez organizações sem fins lucrativos mais inovadoras de 2015 pela revista norte-americana Fast Company.

A entidade decidiu dedicar-se ao assunto por avaliar que os setores público e privado atuam no tema de forma fragmentada e têm dificuldade de olhar para além de seus problemas e interesses imediatos. A Fundação Hewlett comprometeu-se a investir US$ 65 milhões para conceber soluções bem planejadas e de longo prazo para as questões trazidas pela popularização dos meios eletrônicos e da internet, combinando esforços dos três setores. Mais que isso, o objetivo é catalisar novos investimentos, ajudando a ampliar a rede de especialistas no tema.

Com brincadeira na internet, ONG arrecadou US$ 100 milhões em 30 dias

Uma campanha do terceiro setor espalhar-se rapidamente pela internet (“viralizar”) é incomum. Disseminar-se com apoio de celebridades do primeiro escalão – tão diversas como Leonardo DiCaprio, Lady Gaga e Cristiano Ronaldo – é um feito histórico. Não foi por acaso que a ALS Association, responsável pela proeza, está entre as dez iniciativas mais inovadoras do terceiro setor em 2015, segundo a revista de negócios Fast Company.

A ideia era insólita: usar uma brincadeira que rodava a internet – virar um balde de água com gelo sobre a própria cabeça – com objetivo de chamar a atenção para uma doença chamada esclerose lateral amiotrófica (ALS, na sigla em inglês). E convencer as personalidades a fazerem parte da farra, divulgando a entidade.

Deu certo. Muito certo. Atores como Matt Damon, esportistas como o tenista Novak Djokovic e cantoras como Katy Perry divulgaram, nas redes sociais, vídeos em que cumpriam o que ficou conhecido como “desafio do balde de gelo”.

Cada participante, depois de tomar o banho de água gelada, era convidado a intimar mais três pessoas a fazerem o mesmo, ou doar US$ 100 para o combate à doença. E foi justamente esse caráter de desafio que garantiu o grande sucesso da brincadeira. Com isso, a organização, que financia pesquisas e tratamentos para os portadores daquele tipo de esclerose, recebeu US$ 100 milhões em menos de 30 dias.

A iniciativa se tornou uma febre também no Brasil, contando com a participação de nomes como Neymar, Ivete Sangalo, Galvão Bueno, Reynaldo Gianecchini e Eduardo Suplicy.

Doações nos EUA crescem e superam, pela primeira vez, os níveis pré-recessão

Foi lançado nesta terça-feira, nos Estados Unidos, o relatório Giving USA de filantropia de 2015. Feito pelo The Giving Institute, ele também marca o 60º aniversário da publicação, que é a mais antiga e a mais completa em relatar a filantropia no país.

O relatório assinala 2014 como um ano recorde em filantropia. As doações subiram 7,1% em relação a 2013, atingindo o valor de US$ 358,38 bilhões, assim chegando, pela primeira vez, a valores acima dos níveis pré-recessão. Oito setores filantrópicos superaram picos anteriores estabelecidos em 2007, enquanto somente um, que lida com ações internacionais, teve declínio de 2 %.

No geral, este foi o quinto ano consecutivo de crescimento da filantropia nos Estados Unidos. À medida que a economia cresceu, a filantropia também cresceu, porém sempre mais do que o PIB. Em 2014, esse crescimento foi 2,1% acima do PIB americano.

As Mega-Doações continuaram a crescer, sendo responsáveis por um terço do aumento das doações por doadores individuais. Suas motivações continuam a manter um padrão “coração/cabeça”, no sentido que resultam de ações humanitárias de caráter assistencialista, bem como de ações estrategicamente planejadas e executadas para transformar a qualidade de vida de indivíduos e da sociedade.

As campanhas de doação cresceram em popularidade por meio de diferentes formatos, como #GivingTuesday e Ice Bucket Challenge, e pelos exitosos esforços de grandes universidades em assegurar o apoio de doadores em compromissos de múltiplos anos.

As doações on-line continuaram a crescer, porém mostrando, por sua competitividade, que algumas organizações souberam planejar melhor e executar as suas ações de captação de recursos.

As doações às fundações, especialmente comunitárias, também cresceram de maneira importante for meio de fundos designados pelo doador para propósitos específicos, e que garantem sua participação no processo decisório de como e para quem devem ser distribuídas.

Em resumo, os resultados de 2014 nos Estados Unidos nos mostram a importante relação entre o PIB e a doação, bem como o papel estratégico que o ato de doar assumiu na cultura americana como instrumento permanente de apoio à mudança social.

Por Marcos Kisil
Fundador do IDIS

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Fundações se unem para tentar recolocar nos eixos a falida Detroit

É comum fundações ou doadores direcionarem recursos para combater doenças, lutar contra a fome, ajudar a construir alas de hospitais ou a equipar escolas. Uma delas adotou um foco diferente: liderou esforços para salvar uma cidade inteira nos Estados Unidos – e, por isso, foi eleita uma das dez mais inovadoras de 2015 pela revista de negócios Fast Company.

O nome da eleita é autoexplicativo: Foundation for Detroit’s Future. Desde o ano passado vem angariando verba para tirar da falência o tradicional polo automotivo norte-americano. Não é modo de dizer: com dívidas superando os US$ 20 bilhões, Detroit de fato pediu concordata em 2013.

Até meados do século 20 chamado de Motor Town por ser berço de empresas como Ford, General Motors e Chrysler (além de fábricas de autopeças e pneus), o município sofreu uma dura deterioração nas últimas décadas. Boa parte das montadoras lá instaladas migrou para outros países ou regiões dos EUA de menor custo. O resultado, influenciado também pela automação no setor, foi uma marcha a ré nos níveis de emprego e de qualidade de vida. A população, que era de quase 2 milhões em 1950, hoje está em torno de 700 mil. A arrecadação também caiu vertiginosamente. O desespero foi tamanho que o prefeito cogitou vender o acervo do museu local, que inclui obras-primas de Van Gogh e Matisse.

A cidade começou a sair do ponto-morto quando um juiz federal, encarregado de administrar a concordata, sugeriu que se criasse uma organização da sociedade civil para apoiar a recuperação. Nascia assim a Foundation for Detroit’s Future, formada por 12 entidades privadas – inclusive algumas ligadas a companhias que estão entre os pivôs da crise, como a Ford Foundation.

Juntas, elas se comprometeram a doar US$ 366 milhões em 20 anos. O dinheiro será destinado a recuperar o sistema público de pensões dos servidores e a tirar Detroit da falência. E há um fundo adicional de US$ 100 milhões para o museu. Ao que tudo indica, Van Gogh e Matisse vão ficar.

Uma nova régua para medir o impacto social

É possível monetizarmos o resultado do investimento social e medir seu grau de sucesso?

A avaliação é uma parte crítica do investimento social estratégico. Por isso, o IDIS reuniu dezessete representantes das áreas de responsabilidade social de diversas empresas para debater o tema e apresentar o SROI (Social Return on Investment), uma ferramenta de avaliação de impacto de projetos sociais.

O encontro contou com Luis Fernandez, da Charities Aid Foundation (CAF ) Global Alliance, falando sobre a relevância da avaliação de impacto.

A mensuração dos resultados de projetos sociais ainda é relativamente incipiente no Brasil, apesar de ser estratégica em várias partes do mundo, como no Reino Unido, onde 75% das ONGs medem, de alguma forma, o retorno de seus trabalhos.

A presidente do IDIS, Paula Fabiani, única brasileira capacitada pela New Economics Foundation (NEF) a aplicar o SROI, apresentou o caso da Fundação Lucia e Pelerson Penido (FLUPP), cujo programa Valorizando uma Infância Melhor (VIM) foi o primeiro projeto no Brasil a quantificar o impacto por meio do SROI.

A avaliação mediu o impacto em crianças entre 0 e 5 anos, suas famílias, professores e cuidadores no município de Roseira, no estado de São Paulo. Foram 3 meses de trabalho intenso, conversando com educadores, crianças, familiares, levantando dados e calculando os valores dos benefícios.

O resultado final mostrou que a cada R$1 investido no programa, foram gerados R$4,08 em benefícios sociais.

“O VIM foi o primeiro caso no Brasil e conseguimos entender e medir o impacto que a ação causou para todo o grupo envolvido. O SROI mostrou-se uma ferramenta estratégica, que combina aspectos quantitativos e qualitativos e pode ser usada para avaliar ou rever resultados. Ele dialoga com os atores e investidores sociais”, explica Paula Fabiani.

Segunda Eduarda Penido Dalla Vecchia, diretora-executiva da FLUPP, o resultado do trabalho gerou a sensação de dinheiro bem investido e do dever mais do que cumprido.

Foi uma manhã de bastante aprendizado e troca de experiências. O IDIS agradece ao Demarest Advogados, que cedeu o espaço, aos palestrantes e convidados.

Shared Value: mais do que um investimento social, uma estratégia de negócios

Demarest

Ainda há muitas dúvidas e interpretações, por vezes erradas, sobre o que é e qual a importância do Shared Value. O IDIS convidou o Diretor Sênior de Desenvolvimento de Negócios na Charities Aid Foundation (CAF) America, John Holm, para uma conferência online sobre o tema.  Um dos maiores nomes no assunto, tendo passado por empresas como IKEA, Subway e Starbucks, John fez uma palestra muito objetiva, chamando as empresas para uma reflexão.

Segundo ele, é preciso entender que Shared Value é uma estratégia de negócios, mais do que uma ação social.

“Trata-se de uma estratégia de negócios rentável que entrega benefícios sociais tangíveis”, explica o diretor da CAF. É importante que a empresa foque na questão social com critérios e faça a escolha correta na hora de investir, sempre pensando na comunidade, mas também na melhoria do seu negócio.

Ele deixou claro que o Shared Value não pretende resolver os problemas do mundo, mas está relacionado a melhorar os ganhos da empresa com os ganhos da sociedade.

Há uma escala de priorização dos temas sociais que pode servir de parâmetro para uma empresa:

  1. Tema Social Genérico – não é significativamente afetado pelas operações de longo prazo da empresa.
  2. Tema Social de Impacto Social na Cadeia de Valor – é significativamente afetado pela atividade da empresa.
  3. Tema Social de Contexto Competitivo – afeta significativamente a competitividade da empresa, na localidade em que atua.

Para facilitar a compreensão, John exemplificou: “se o McDonald’s adotar a causa da malária, será um Tema Social Genérico porque não está diretamente ligado à sua cadeia produtiva; se a Glaxo, uma empresa farmacêutica, adotar esse mesmo tema, será um Impacto Social na Cadeia de Valor, porque tem relação com a atividade da empresa. Mas se a Anglo American adotar este tema na África, onde os funcionários perdem dias de trabalho por estarem com a doença, será um Tema Social de Contexto Competitivo e terá impacto direto na produtividade”, completa.

Conheça as dez iniciativas de terceiro setor mais inovadoras de 2015, de acordo com revista norte-americana

O que um sistema de mapeamento interativo dos casos de ebola na África tem em comum com a venda online de biscoitos por escoteiras dos Estados Unidos? Ambos são exemplos inovadores de como o investimento social privado pode fazer diferença – e foram destacados pela revista de negócios norte-americana Fast Company.

A publicação, uma versão mais cult dos periódicos que cobrem economia e empresas, fez uma lista com dez iniciativas de vanguarda no terceiro setor. Trata-se de uma espécie de subproduto de um ranking já tradicional na revista, com as dez companhias mais inovadoras. Para chegar à relação final, os editores passaram meses coletando e analisando dados sobre empresas e organizações em várias partes do mundo.

As selecionadas se sobressaíram por conta de estratégias ágeis e incomuns, pela liderança no uso da tecnologia, pela criatividade das soluções e pelo alcance dos resultados.

A lista das organizações vencedoras está abaixo. Nas próximas semanas, o site do IDIS vai trazer um pequeno texto sobre cada uma das iniciativas escolhidas.  Acompanhe!

1. The Foundation for Detroit´s Future

2. The ALS Association

3. The William and Flora Hewlett Foundation

4. Seeding Labs

5. The Robert Wood Johnson Foundation

6. The Rockefeller Foundation

7. Acumen

8. Direct Relief

9. The Howard G. Buffer Foundation

10. Girl Scouts of the USA

Duzentas camisetas e uma maca

Itapeva

O projeto de capacitação em captação de recursos para as Santas Casas do estado de São Paulo, desenvolvido pelo IDIS, está rendendo frutos para a Santa Casa de Itapeva. Mais de 200 pessoas compraram camisetas e participaram de uma passeata contra o câncer, realizada no mês passado, para ajudar o hospital.

Aristeu de Almeida Camargo Filho, superintendente da Santa Casa, avaliou que a participação da entidade no projeto de captação de recursos é muito interessante: “estamos aprendendo a captar recursos e a nos aproximar da comunidade”, afirmou. Com a venda das camisetas, o hospital comprou uma maca. Uma comissão da Santa Casa também visitará o comércio da cidade. Ele explica que uma maca pode parecer pouco à primeira vista, mas representa muito para um hospital em uma região pobre do Estado e que atende a 15 municípios do entorno.

A Santa Casa de Itapeva pretende continuar a captação por meio de uma urna que será colocada nos estabelecimentos comerciais da cidade para receber as doações da Nota Fiscal Paulista.

Projeto brasileiro voltado para Primeira Infância traz retorno de R$ 4,08 para cada real investido em impacto social

Quatro vezes o valor investido: esse foi o retorno apontado pela primeira avaliação de projeto social feita por meio do instrumento Social Return on Investment (SROI) no Brasil. O projeto avaliado foi o “Valorizando uma Infância Melhor” (VIM), desenvolvido pela Fundação Lúcia e Pelerson Penido (FLUPP) em municípios do Vale do Paraíba, no interior do estado de São Paulo.

O SROI, uma metodologia trazida para o Brasil pelo IDIS, faz uma avaliação completa dos impactos sociais do projeto sobre todos os envolvidos, além do grupo-alvo principal, e, após compreender e medir todos esses impactos, aplica uma proxy. Esta permite atribuir valores financeiros aos benefícios, de modo a poder comunicar os resultados de uma maneira mais facilmente compreensível para financiadores ligados ao setor privado.

A Charities Aid Foundation (CAF), da Inglaterra, publicou um estudo de caso sobre a primeira aplicação do SROI no Brasil. Clique na imagem abaixo para fazer download do documento.

Social Impact Bonds – ou Títulos de Impacto Social – propõem que governo remunere projetos sociais com impacto comprovado

Historicamente, filantropia e investimentos governamentais são complementares: desde os primórdios do investimento social, os atores privados sempre financiaram iniciativas que visavam preencher lacunas deixadas pelas administrações públicas. Agora, uma nova modalidade de investimento de impacto se propõe a modificar um pouco esta relação e fazer com que o governo remunere os projetos sociais com impacto comprovado.

O mecanismo funciona como se o governo emitisse um título público para captar recursos privados para financiar um projeto social, mas só precisa devolver o dinheiro se a iniciativa der resultado. “Neste modelo, investidores privados colocam capital para financiar um projeto social e os governos só pagam o investidor se um resultado pré-acordado for atingido. Um avaliador independente, então, confirma se o resultado foi alcançado ou não por meio de uma rigorosa avaliação de impacto”, explicam as economistas Emily Gustafsson-Wright e Tamar Manuelyan Atinc em artigo publicado no site do Centro para a Educação Universal do Instituto Brookings, centro de pesquisa norte-americano sediado em Washington, D.C.

Os Títulos de Impacto Social podem ser utilizados para financiar projetos em qualquer área, mas têm uma vocação especial para subsidiar iniciativas voltadas para a primeira infância. Isso porque “uma das principais características de um título de impacto social é financiar programas de prevenção que têm potencial para reduzir ações remediadoras mais caras no futuro”, escrevem as autoras do artigo.

PIR

Essa vocação fez dos Títulos de Impacto Social um dos principais temas da conferência “Financiamento de Impacto para o Desenvolvimento da Primeira Infância”, organizada em abril pelo Centro para a Educação Universal do Instituto Brooking. O evento foi realizado na Fundação Lego, na cidade de Billund, Dinamarca, e contou com a participação da presidente do IDIS, Paula Fabiani. “Os Títulos de Impacto Social representam um novo caminho para o financiamento de programas sociais. Este é um mecanismo que pode aproximar o capital do social e financiar iniciativas inovadoras em que o governo não pode se aventurar”, afirmou após o evento.

Paula foi à Dinamarca falar sobre a participação do IDIS na implantação e avaliação de impacto social do projeto Primeira Infância Ribeirinha (PIR), que visa instituir um programa de políticas públicas voltadas para crianças de comunidades ribeirinhas no estado do Amazonas. A expertise desenvolvida pelo IDIS no PIR habilita o instituto a atuar como avaliador em projetos financiados por meio de Títulos de Impacto Social, o que pode abrir as portas para a implantação desse novo mecanismo de financiamento. “Para o desenvolvimento deste mecanismo no Brasil novas formas de contratualização com o governo serão requeridas, assim como mais rigor com o monitoramento e avaliação dos projetos financiados”, afirma Paula.

Apesar de ainda não ter chegado por aqui, o mecanismo já é utilizado para financiar projetos em países como Austrália, Canadá, Colômbia, Índia, Irlanda, Reino Unido e Estados Unidos. Em todos eles, oferece vantagens para todos os envolvidos. “O governo ganha porque só paga quando o projeto dá certo. O investidor social tem a oportunidade de alcançar um retorno maior do que se fosse uma doação direta e conta com uma estrutura que garante um mínimo de padrão de qualidade. E a entidade que realiza o projeto se beneficia porque, se a iniciativa der certo, o governo vai pagar o investidor e este pode querer reinvestir no projeto”, conclui a gerente financeira do IDIS, Priscila Matuda.

Fórum de Investidores Sociais vai discutir o papel da filantropia em tempos de crise

O tema do IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais já está definido e a escolha responde à necessidade clara de discutir qual o papel da Filantropia em um momento no qual o país atravessa uma profunda crise de valores.

Como resgatar a confiança nas instituições? Como estabelecer parcerias? Como atuar em conjunto com o poder público? Essas e outras questões estão presentes no cotidiano de filantropos que atuam no sentido de criar uma sociedade mais justa e acolhedora e, ao mesmo tempo, veem o enfraquecimento de conceitos éticos e morais que deveriam servir de arrimo para essa construção.

Pensar em conjunto, trocar ideias, ouvir a experiência de quem já atuou ou ainda atua em cenários semelhantes, conhecer estratégias que ajudem a reconstruir o arcabouço de valores… Essas são algumas das propostas para o próximo Fórum, que está marcado para o dia 12 de novembro.

O IDIS está trabalhando na organização do evento buscando trazer exemplos instigantes e inspiradores – vindos do Brasil e de fora –, antecipar novas tendências, mostrar a relação entre diferentes gerações de investidores sociais e, como sempre, criar um espaço de diálogo e interação entre os participantes.

Um grande encontro para grandes questões

Por Paula Fabiani, presidente do IDIS

Levamos ao Global Philanthropy Forum uma delegação de doze brasileiros, a maior presente, e trouxemos os principais desafios e tendências do maior encontro mundial de filantropia.

Delegação Brasileira no GPF15

Delegação brasileira no GPF15

A delegação organizada pelo IDIS em parceria com o GIFE levou um importante grupo de brasileiros envolvidos com o investimento social no País para ouvir e compartilhar nossas experiências com filantropos do mundo todo.

“Quando um mundo sem pobreza vai deixar de ser um sonho para começar a ser um projeto?”. Com esta pergunta, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, abriu a 13ª edição do Global Philanthropy Forum (GPF), que aconteceu em Washington, EUA, entre os dias 22 e 24 de abril. A questão colocada pelo médico e antropologista sul-coreano, que está ao comando do Banco desde 2012, transmite a inquietação daqueles que buscam a solução para os grandes problemas sociais e veem seus esforços se diluírem em uma realidade persistentemente desigual.

Os que participaram do GPF – entre eles, três representantes do IDIS – tiveram a oportunidade de assistir a muitas palestras, depoimentos e debates ricos em conteúdo e questionamentos. Registro aqui algumas das mensagens mais significativas do evento, que representam tendências e desafios da filantropia global.

 

Desafio: Precisamos aprender a usar o imenso potencial transformador da internet.

Tendência: “A mudança geracional é grande e só quem entende das novas gerações é a nova geração” – Hadeel Ibrahim, diretora executiva da Mo Ibrahim Foundation.

Alerta: “O alto retorno no capital versus o baixo retorno do trabalho está intensificando a desigualdade social”  Sean Cleary, chairman de Conceitos Estratégicos da Future World Foundation.

Desafio: “Sustentabilidade não é uma maneira de mitigar riscos mas de aumentar os negócios, se colocada como central na condução das atividades da empresa” – Alessandro Carlucci, ex-CEO da Natura.

Alerta: “Onde você tiver pobres marginalizados, pessoas marginalizadas, você terá uma oportunidade para a escravidão”  Stella Dawson, responsável pela área de Governança e Anticorrupção da Thomson Reuters Foundation.

Desafio: As cadeias terceirizadas de produção tornam difícil chegar até quem está na ponta final. O trabalho infantil ainda atinge mais de 2 milhões de crianças no mundo todo e as empresas precisam se comprometer com esse controle.

Tendência: “Que tal lançar um selo ‘produto livre de conflito’?” – Justin Dillon, CEO da Made in a Free World.

Tendência: “Somos pobres pela forma como conduzimos nosso país e administramos nossos recursos… Como mudar isso? Melhorando o governo!” – Mo Ibrahim, fundador e CEO da Mo Ibrahim Foundation, filantropo e empresário que abandonou seu país natal, o Sudão, para progredir nos negócios. Criou um índice para avaliar a qualidade dos governos africanos.

Tendência: “A filantropia tem de parar de evitar o governo. Em vez disso, precisa colaborar com ele para aumentar a capacidade dele de solução dos problemas” – Tony Blair, filantropo e ex-primeiro ministro da Inglaterra.

Desafio: “Precisamos fazer da democracia mais do que apenas eleições. Precisamos conseguir monitorar e avaliar os eleitos” – Tony Blair, filantropo e ex-primeiro ministro da Inglaterra.

 

Vale mencionar a última sessão do evento com Peggy Dulany, filha do filantropo David Rockefeller, que morou e fez vários projetos no Brasil. Peggy reforça a importância de consultar os beneficiários, de buscar a solução dos problemas de forma coletiva. E também a atuação de Jane Wales, a incrível condutora deste evento, que consegue juntar nomes tão importante como Jim Yong Kim, do Banco Mundial, e Tony Blair, ex-primeiro ministro da Inglaterra, e que inicia e finaliza o fórum ressaltando que precisamos de todos para realizar a transformação social que buscamos (“it takes us all”): o setor sem fins lucrativos, o governo e o setor privado. O Brasil já possui modelos interessantes de parceria entre os setores, mas como levar à escala estas soluções ainda é uma questão que partilhamos com outros ao redor do mundo.

O GPF inspirou e trouxe conexões com investidores sociais de todo o mundo, com muitas oportunidades de interação e networking, como o “Speed Networking”, uma sessão na qual a cada 6 minutos conversamos com um participante diferente. As experiências musicais ao longo do evento também nos trouxeram mais sensibilidade para conectar com os outros e com os problemas de outras realidades.

As palestras e as histórias nos fizeram pensar como conduzimos nossas ações no Brasil. Além disso, reforçou a importância de refletir sobre qual nosso papel na filantropia global. O País possui um grande potencial de se tornar um celeiro de inovação social, pois possui problemas socioambientais de grande envergadura e a infraestrutura filantrópica para buscar soluções a estes problemas. Construir as parcerias necessárias é o ponto de partida para colocar o Brasil na liderança da filantropia dos países emergentes.

Quem quiser saber mais pode assistir aos vídeos em http://philanthropyforum.org/talks.

 

Membros da delegação brasileira no Global Philanthropy Forum 2015

  1. Adriana Norte – Instituto Estre
  2. Ana Carolina Velasco – GIFE
  3. Antônio Florence – Florence & Advogados
  4. Helena Monteiro – WINGS
  5. Izabel Toro – Editora FTD
  6. Juliana Ramalho – Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados
  7. Marcos Kisil – IDIS
  8. Paula Fabiani – IDIS
  9. Rafael Gioielli – Instituto Votorantim
  10. Raquel Coimbra – IDIS
  11. Vinícios M. Malfatti – Instituto Lojas Renner
  12. Virgílio Vianna – Fundação Amazonas Sustentável

 

 

 

Presidente do IDIS é palestrante no International Grantmaking Symposium, em Washington

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Paula Fabiani, presidente do IDIS, está entre os palestrantes do International Grantmaking Symposium, realizado entre os dias 30 de abril e 1º de maio em Washington. O evento vai reunir especialistas globais em filantropia para dividir experiências sobre como maximizar o impacto das estratégias de doação.

Paula participará do simpósio com o tema “International Grantmaking Best Practices. Overcoming Challenges and Seizing Opportunities” (“Melhores Práticas de Doação Internacional. Superando desafios e aproveitando oportunidades”, em tradução livre). Ela vai falar sobre o papel da doação na construção da sociedade civil, no aumento da transparência e na criação de oportunidades para investimentos estrangeiros. Outro tópico explorado será a importância da medição de impacto dos projetos sociais.

O evento é organizado pela CAF (Charities Aid Foundation of America) em conjunto com a SAIS (The Johns Hopkins University’s Paul H. Nitze School of Advanced International Studies). Entre os principais assuntos tratados, estão: melhores práticas internacionais de doação, desenvolvimento e doação sustentáveis, regulamentação e medição de impacto. O simpósio pretende discutir e esclarecer os mecanismos de doações internacionais, bem como colaborar para a superação dos desafios da filantropia internacional.

Clique aqui para acessar o site do IGS (em inglês).

Clique aqui para conferir a programação detalhada (em inglês).

Presidente do IDIS participa de debate sobre Primeira Infância na Dinamarca

Paula Fabiani, presidente do IDIS, participará de um debate sobre Financiamento de Impacto para o Desenvolvimento da Primeira Infância em Billund, Dinamarca. O evento é organizado pelo Center for Universal Education (organização voltada para a melhoria na qualidade da educação oferecida nos países em desenvolvimento).

O objetivo é reunir um grupo diversificado de participantes a fim de debater sobre o potencial de Financiamentos de Impacto Sociais e de Desenvolvimento (Social Bonds) no combate aos problemas de países em desenvolvimento, focados especialmente na Primeira Infância.

Fabiani apresentará o projeto Primeira Infância Ribeirinha (PIR), conduzido no Amazonas pelo IDIS em conjunto com a Secretaria de Saúde do Amazonas (SUSAM) e a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e financiamento da Fundação Bernard van Leer. O PIR criou um modelo de promoção ao desenvolvimento na Primeira Infância por meio da visita domiciliar do agente comunitário de saúde, e agora, após realização de piloto em 19 comunidades ribeirinhas pertencentes à Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, procura transpor o modelo para todo o estado do Amazonas por meio da criação de uma política pública.

Programas de Desenvolvimento da Primeira Infância cobrem serviços oferecidos durante a gravidez e os primeiros anos de vida das crianças nas áreas de saúde, nutrição, orientação a pais e proteção social. Tais projetos são extremamente efetivos porque seus impactos favoráveis se estendem por toda a vida adulta, quando bem implementados.

Para saber mais sobre o PIR, assista ao vídeo.

Novos grupos começam a participar de programa de capacitação nas Santas Casas

Em abril, novos grupos do interior de São Paulo vão iniciar o Programa de Sustentabilidade Fehosp/Idis, que visa à profissionalização da captação de recursos das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo. A ideia é melhorar e garantir a sustentabilidade financeira das instituições envolvidas, por meio da reaproximação com as comunidades, que tradicionalmente se envolviam na gestão e manutenção dos hospitais filantrópicos.

Uma das consultoras do IDIS que aplicará as oficinas, Rosana Kasil, afirma que vai ensinar os participantes a ter um olhar mais panorâmico e estratégico para converter a comunidade em ativos. Entre cada uma das oficinas, cada unidade recebe a visita de equipes do IDIS para um trabalho de coaching que verifica, in loco, como os participantes estão lidando com as “lições de casa” que receberam. A ideia é que cada oficina sirva para retomar e consolidar o conteúdo a partir do que os profissionais encontram na prática.

O projeto, feito em parceria com Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes de São Paulo (Fehosp) e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, vai capacitar representantes de 117 Santas Casas do Estado para captação de recursos e doações.

Próximas cidades:

6 de abril

Adamantina, Dracena, Guararapes, Osvaldo Cruz, Penápolis e Tupi Paulista

8 de abril

Batatais, Ituverava, Patrocínio Paulista, Pedregulho, Ribeirão Preto, São Joaquim da Barra e Sertãozinho

13 de abril

Águas de Lindóia, Amparo, Atibaia, Bragança Paulista, Campinas, Espírito Santo do Pinhal, Mogi Mirim, Socorro, Valinhos, Mococa e Porto Ferreira

15 de abril

Aparecida, Caraguatatuba, Cruzeiro, Guaratinguetá, Jacareí, Lorena, Mogi das Cruzes e Pindamonhangaba

Trabalhar em rede para potencializar o investimento social privado

Em um cenário de fragmentação de entidades e escassez de recursos, trabalhar em rede é uma das melhores maneiras de impulsionar o investimento social privado.

Mais do que ser instituição que impõe sua visão de mundo, uma organizações da sociedade civil podem cumprir diversos papéis para unir colaboradores estatais e privados em prol de uma causa. Uma publicação do IDIS descreve algumas das possibilidades de engajamento em redes.

O documento, intitulado “A participação de organizações empresariais em redes comunitárias”, mostra formas de participação bem diversas. Desde atuações mais complexas, como a criação dessas iniciativas, até modos menos comprometidos, mas não menos importantes – como o investimento em projetos já em andamento.

As entidades sociais privadas podem, por exemplo, fomentar um grupo de colaboradores. Como diz o texto, “quando uma empresa – ou um instituto ou fundação empresarial – decide incentivar a formação de uma rede comunitária para contribuir com o desenvolvimento de determinada comunidade, ela está assumindo o papel de ‘produtor social’ do processo, isto é, aquele que tem condições econômicas, organizacionais, técnicas e profissionais para viabilizar um processo de desenvolvimento social, neste caso, uma rede”.

O texto destaca que não basta meramente incentivar a criação dos grupos: “Todo produtor social é também membro da rede, na medida em que dela participa, ao agregar conhecimento e disponibilizar ativos. O fato de existirem consultores aplicando metodologias para facilitar a formação da rede não deve diminuir a participação ativa da empresa. Ao contrário, o projeto precisa ser desenvolvido junto com seus representantes”.

De qualquer modo, é possível (e isso ocorre com frequência em projetos bem-sucedidos) que a rede seja assumida pela comunidade. A empresa, nesses casos, faz parte do grupo, mas apenas como integrante, “com atribuições definidas coletivamente”.

Pode-se, também, estabelecer parcerias para apoiar a criação de uma estratégia proposta por outra instituição. Ou investir em uma já existente.

Em qualquer caso, deve-se ter em mente que as redes não são fenômenos passageiros. “Elas aumentam o capital humano e ampliam o capital social, viabilizando a mobilização de recursos em prol da comunidade. Por isso, incluir as redes nas estratégias de investimento social das empresas é uma excelente forma de gerar mais resultados e impacto social”, aponta a publicação do IDIS.

Clique aqui para ler o documento.

Confiança dos brasileiros nas organizações sociais cresce, e elas voltam ao segundo lugar no ranking

Apesar de terem ocorrido em 2011, os escândalos envolvendo convênios entre organizações não governamentais e poder público tiveram efeito duradouro na opinião pública brasileira, que generalizou os maus feitos de poucos e passou a desconfiar de todo o setor. A boa notícia é que a tendência parece ter se revertido: a confiança nas organizações da sociedade civil voltou a crescer, e elas novamente são a segunda instituição mais confiável do país.

A constatação é da edição 2015 da pesquisa Trust Barometer, da agência de pesquisa de tendências Edelman Significa. O estudo avalia a confiança em quatro instituições: governos, empresas, mídia e ONGs. Desde 2011, estas amargavam um terceiro lugar, atrás da mídia e das empresas – no resto do mundo, sempre estiveram no topo.

“Foi um período difícil, justamente por conta das poucas instituições que serviram como dutos de dinheiro público”, diz o jornalista Rodolfo Araújo, diretor de Pesquisa, Conhecimento e Inovação da Edelman. Ele menciona mais um item que jogou contra o setor: “Em 2010, ocorreu um pico na confiança dos brasileiros e, ao declínio natural, juntaram-se os escândalos”.

Depois de ficar na terceira posição também nas pesquisas referentes a 2012 e 2013, as ONGs finalmente passaram para o segundo lugar em 2014, resultado de um ganho de oito pontos percentuais em relação ao ano anterior. Elas foram citadas como confiáveis por 70% dos entrevistados, pouco abaixo das empresas, que mantiveram a liderança, com 73%. A mídia perdeu sete pontos percentuais e registrou 56%. Já os governos ficaram na lanterna (37%).

As ONGs, segundo Araújo, se beneficiaram do fato de não terem sido registrados novos escândalos desde 2011. “O efeito memória se dissipou, e elas recuperaram a credibilidade por não ter aparecido nada mais contra elas”.

O segundo lugar, lembra Araújo, não é resultado apenas da melhoria na percepção sobre o terceiro setor. A desconfiança em outras duas instituições caiu. “A mídia foi afetada pelo excesso de notícias negativas dadas, enquanto, em outro momento, elas eram equilibradas com notícias positivas. Houve também um desapontamento da sociedade com os governos em relação a questões públicas.”

As organizações da sociedade civil não devem, portanto, acomodar-se com essa situação. “As ONGs precisam ficar atentas para o cumprimento das expectativas da sociedade. Há desafios de eficácia, gestão e profissionalização a serem enfrentados”, comenta o diretor.

Ao colocar as empresas e as ONGs no topo da confiança, a sociedade também está esperando uma ação conjunta desses dois atores, interpreta Araújo. “Os dois estão dividindo responsabilidade, e as organizações da sociedade civil deveriam atuar em parcerias com as empresas.”

Ele alerta que as ONGs continuam com o mesmo problema de comunicação que as impediram de reagir enquanto setor durante os escândalos de 2011. “Elas têm de aparecer mais para o público, e não ficar falando apenas para os iniciados, até para reverter certos estereótipos. Isso passa menos pelas OSCs individualmente e mais por falarem coletivamente.”

Presidente do IDIS é palestrante no FIFE 2015

Sem títuloPaula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, foi uma das palestrantes do Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE), que aconteceu entre os dias 24 e 27 de março, em Gramado/RS.   O evento reuniu mais de 400 pessoas e contou com mais de 100 atividades e 40 palestrantes, debatendo temas relativos à gestão de organizações sociais.

A presidente do Idis ministrou a palestra “Fundos patrimoniais e investimentos financeiros” e integrou a mesa no debate “Institutos e fundações – como se relacionar e trabalhar em conjunto”, com Ana Carolina Velasco (gerente de relacionamento institucional do GIFE) e mediação de Roberto Ravagnani.

Fabiani se mostrou entusiasmada com o evento: “o Fórum encontra-se apenas em sua segunda edição e já apresenta um expressivo aumento de tamanho, impactando significativamente a melhoria dos processos de gestão nas organizações”.

Saiba mais sobre o FIFE clicando aqui.

IDIS articula apoio de lideranças empresariais brasileiras em carta à ONU

ONG norte-americana Ready Nation envia carta ao Secretário-Geral da ONU, Ban-Ki-moon, pedindo que Primeira Infância tenha espaço próprio nas Metas do Milênio Pós-2015. Lideranças empresariais assinaram a carta, destacando a importância dos cuidados na Primeira Infância para a preparação de uma geração mais saudável e produtiva. O IDIS articulou o apoio de 4 líderes brasileiros que endossaram a carta, junto com outros 47 grandes líderes do mundo todo. Clique aqui para ler a carta.

 

 

Dia Mundial da Justiça Social: Rádio ONU convida o Idis para falar sobre o papel do Investimento Social Privado

As Nações Unidas celebraram o Dia Mundial para Justiça Social neste 20 de fevereiro, com o secretário-geral Ban Ki-moon destacando que todos merecem uma vida digna, com respeito aos direitos humanos.

Mas o que é exatamente justiça social? A Rádio ONU ouviu a diretora-presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social: “Envolve pessoas em situação de vulnerabilidade, como a pobreza e até mesmo a falta de saneamento, falta de acesso aos serviços básicos.”
Paula Fabiani foi entrevistada por Leda Letra. A especialista explica ainda a responsabilidade das empresas e do cidadão comum para a justiça social e avalia que o Brasil tem muito espaço para melhorar no setor de investimentos sociais. Ouça a entrevista concedida por Paula Fabiani.

IDIS desenvolve projeto para que Santas Casas conquistem sustentabilidade

Desde o começo do ano o IDIS vem trabalhando num projeto para capacitar representantes de 117 Santas Casas do Estado de São Paulo para captação de recursos e doações. O projeto é feito em parceria com Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes de São Paulo (Fehosp) e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. No total, são 117 Santas Casas ou Hospitais Filantrópicos participantes em todo estado, organizados em 11 grupos, para tornar mais fácil entender a realidade de cada instituição.

A programação das capacitações inclui a realização de 3 oficinas, de 20 horas cada, ministradas por professores convidados e pela equipe do IDIS. Três temas centrais são abordados nos treinamentos: como fazer um diagnóstico da situação de cada hospital e identificar as possíveis pessoas e organizações que podem ser mobilizadas; decidir quais sais as necessidades prioritárias e traçar um plano estratégico para sensibilização da comunidade; e, por fim, como implementar o plano, prevendo os pontos críticos que podem comprometer o sucesso. Entre cada uma das oficinas, cada unidade recebe a visita de equipes do IDIS para um trabalho de coaching que verifica, in loco, como os participantes estão lidando com as ‘lições de casa’ que receberam. A ideia é que cada oficina sirva para retomar e consolidar o conteúdo a partir do que os profissionais encontram na prática.

A primeira rodada de treinamentos começou em janeiro e segue até o fim de março, envolvendo quatro grupos de santas-casas, que se reuniram em quatro municípios: Ourinhos, Votuporanga, São Carlos e Limeira. O segundo grupo receberá capacitação entre os meses de abril e junho, em outros quatro municípios: Araçatuba, Franca, Mogi Guaçu e São José dos Campos. E de julho a setembro, o terceiro grupo, reunindo as cidades de Catanduva, Marília e Marcelina.

Ainda como parte do projeto, será estabelecida uma rede virtual para uso dos hospitais participantes, e para sua interação com a Fehosp. Por meio de uma plataforma, os participantes terão acesso a um espaço virtual para compartilhamento de experiências, documentos de interesse, grupos específicos, realizar fóruns virtuais, postar fotos e vídeos, estabelecer uma sala de bate-papo.

AS SANTAS CASAS HOJE

As Santas Casas e Hospitais Beneficentes são responsáveis por 1/3 do sistema de saúde do País. No Estado de São Paulo, respondem por 33 mil dos 65 mil leitos existentes. Além disso, 70% das unidades estão localizadas em municípios com até 30 mil habitantes, onde, em grande parte, representa a única alternativa de atendimento hospitalar público.

Faz alguns anos que os repasses recebidos do sistema público de Saúde não cobrem as despesas e, diante desta realidade, está cada vez mais difícil para as Santas Casas cumprirem o papel social. Algumas fecharam as portas e muitas estão diminuindo o número de atendimentos para o SUS como forma de atenuar o déficit operacional. A ideia da parceria do IDIS com a Fehosp é criar mecanismos de sustentabilidade para esses hospitais.

Estima-se que as doações no Brasil somam aproximadamente 20 bilhões de reais por ano. A área que mais recebe esse tipo de recurso é a da Educação, e a Saúde aparece em nono lugar, segundo levantamento do GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas. Por isso, existe uma oportunidade real de que o setor da Saúde possa ser redescoberto como área de interesse para uma crescente filantropia no Brasil.

Uma das principais fontes de financiamento desses hospitais no passado, e que caracterizaram as Santas Casas como verdadeiros hospitais comunitários, foi o apoio da sociedade local para a sua construção, instalação e operação. “Antes de serem integradas ao SUS, as Santas Casas eram sustentadas pelas comunidades locais, que cobravam sua boa gestão”, diz Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

A realidade atual é que o apoio comunitário foi diminuindo na medida em que o SUS avançou como principal fonte compradora de serviços. Se a saúde passou a ser um dever constitucional e universal do governo, já não haveria necessidade da participação da comunidade local em seu financiamento. Porém, a conta não fecha.

Terceiro setor precisa unificar voz na relação com a imprensa

As organizações não governamentais podem, vez ou outra, aparecer com destaque positivo no noticiário – mas não como conjunto. Embora já encarado como um segmento específico da sociedade, a ponto de frequentemente vir agrupado sob a designação de “terceiro setor”, esse universo quase sempre é retratado de maneira fragmentado pela mídia. Quando o enfoque é setorial, a tendência é que seja negativo. Foi o que ocorreu, por exemplo, no escândalo de 2011 envolvendo convênios com o governo: o problema era restrito a poucas organizações da sociedade civil (OSC), mas todo o campo acabou sob suspeita frente à opinião pública.

Para especialistas, esse é um sinal de que passou da hora de as organizações da sociedade civil terem atuação mais coordenada para falar com a imprensa. “O modo fragmentado do noticiário sobre as OSCs tem relação direta com o modo de operação desse setor, e isso precisa ser repensado”, avalia a jornalista Suzana Varjão, gerente de qualificação de mídia da Andi Comunicação e Direitos, instituição que promove um diálogo mais qualificado entre organizações da sociedade civil e imprensa.

Um estudo da própria Andi respalda a fala de Suzana. Em 2014, a entidade publicou a pesquisa A imprensa brasileira e as organizações da sociedade civil, análise da relação entre os dois atores. Uma das conclusões é que a mídia nacional tem uma visão muito compartimentada do setor social privado, pulverizado em uma miríade de instituições.

“Há uma característica determinante nesse tipo de noticiário, que tem implicações boas e ruins: seu modo individualizado de produção, centrado em organizações ou ações/projetos específicos (82,8% dos textos analisados), em detrimento de registros sobre o funcionamento geral do setor, seus desafios e potencialidades – 9,2%”, diz o relatório.

Cursos
Por ser um campo com conceitos próprios, por vezes falta aos jornalistas entendimento sobre como funciona o setor social privado. Por isso, cursos de formação também ajudam a aprimorar a cobertura jornalística. “Criar cursos seria uma coisa interessante, e nós temos a intenção de explorar mais isso, e promover encontros e discussões sobre o setor dentro das redações”, afirma Vera.

Em 2013, o IDIS ofereceu uma formação gratuita para profissionais de mídia. A capacitação, que durou uma semana, abordou alguns aspectos do investimento social privado, como os fundos patrimoniais e o marketing relacionado à causa. Além disso, lideranças do setor também participaram de conversas com os jornalistas.

“Claro que existem profissionais preparados para cobrir o assunto – e tão gabaritados que vêm participando, com as OSCs, desse processo de retomada do capital ético desse setor fundamental da democracia brasileira. Mas é preciso compreender que as notícias são construídas por atores das duas esferas, e que ambas são extensas e complexas. Nessa perspectiva, são sempre necessárias iniciativas de qualificação de seus atores”, comenta Suzana.