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IDIS na COP30: o papel da filantropia frente à crise climática

O IDIS marcou presença na 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas com quatro representantes: Paula Fabiani, CEO do IDIS; Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias; Luisa Lima, gerente de comunicação e conhecimento; e Marcelo Modesto, gerente de consultoria na área ESG. Eles participaram de dezenas de eventos e debates relacionados ao enfrentamento às mudanças climáticas e justiça social.

Paula Fabiani também esteve presente na Blue Zone, espaço onde ocorrem as negociações oficiais e as plenárias da Cúpula dos Líderes. Ela também participou de um encontro

O time também esteve presente em debates diversos que foram desde mecanismos de mercado financeiro para enfrentar os desafios climáticos, como no World Climate Summit & Investment, até encontros com organizações da sociedade civil, como Casa IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e PSA – Projeto Saúde e Alegria, que trouxeram a voz dos territórios e das comunidades.

DIA DA FILANTROPIA

Entre os destaques está a realização do Dia da Filantropia, evento paralelo à COP30, organizado conjuntamente por CAF – Charities Aid Foudation, GIFE, IDIS, Sitawi, Latimpacto e WINGS, com apoio da RD Saúde. O encontro reuniu quase 150 pessoas, entre representantes de OSCs, investidores sociais, empresas, redes e poder público.

Ao longo do evento, os debates giraram em torno de como a filantropia pode ser uma alavanca estratégica para enfrentar desafios estruturais, como pobreza, acesso à saúde, educação e proteção de direitos, sem perder de vista a urgência climática e a centralidade da Amazônia nesse contexto. Em diferentes falas, os participantes ressaltaram que não se trata apenas de ampliar recursos, mas de qualificar a forma como eles são investidos, com foco em impacto de longo prazo e fortalecimento de organizações locais.

“A experiência desse evento com tantos parceiros mostrou uma enorme potência de compartilhamento de saberes e redes. Foi uma tarde de lembrança constante de que ainda temos um enorme trabalho pela frente, mas também inúmeras possibilidades de evolução”, ressalta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

PÓS COP-30

A COP30 trouxe discussões importantes e também evidenciou lacunas no debate sobre financiamento e filantropia para o clima.

Agora, a Sitawi Finanças do Bem, IDIS, GIFE e Latimpacto se reúnem para compartilhar uma análise conjunta: o que foi debatido nos espaços oficiais e eventos paralelos, quais temas ganharam força, o que poderia ter avançado mais e os principais aprendizados do Dia da Filantropia, o evento que promovemos em Belém durante a COP30.

Não perca o nosso evento “Pós COP-30: tendências e próximos passos na filantropia pelo clima” que acontece no dia 9 de dezembro, gratuitamente, ao vivo pelo Zoom.

INSCREVA-SE CLICANDO AQUI

Quando o poder muda de mãos: o que a American Evaluation Association 2025 revelou sobre o futuro da avaliação

Decolonização, equidade e resiliência na transformação da prática avaliativa

Por Denise Carvalho e Daniel Barretti, Diretora e Gerente de Monitoramento e Avaliação do IDIS, respectivamente

A Conferência da American Evaluation Association (AEA) 2025, realizada em Kansas City, nos Estados Unidos, de 10 a 14 de novembro, reuniu mais de 2.000 profissionais da avaliação sob o tema “Engaging Community, Sharing Leadership” (“engajando a comunidade, compartilhando a liderança”, em tradução livre).

Foram mais três dias de conferência entre plenárias e sessões temáticas, versando sobre conceitos, teorias, métodos e causas das mais diversas no campo da avaliação. O IDIS esteve presente no evento com a participação de Denise Carvalho, diretora de Monitoramento e Avaliação, e Daniel Barretti, gerente de Monitoramento e Avaliação. A participação não foi apenas uma busca por atualização, mas uma imersão em discussões que ressoam profundamente com os desafios reais que enfrentamos na prática diária.

A conferência contou com uma extensa programação, a começar por diversos workshops profissionais. O workshop de dois dias, liderado por Charmagne Campbell, gerente de Insights de Dados e Testes de Operações Centrais do UK Health Security Agency, e Michael Q. Patton, membro da American Evaluation Association, por exemplo, foi voltado ao desenvolvimento de avaliações de base comunitária, liderança compartilhada e princípios de engajamento.

 

Eixos de transformação na avaliação

Longe de ser um evento de celebração de consensos, a conferência revelou uma profissão em um ponto de inflexão, confrontada com crises de financiamento, burnout de equipes e a urgência de redefinir seu propósito e suas ferramentas. As sessões que acompanhamos, desde plenárias a painéis específicos, delinearam um caminho de transformação que, em nossa análise, se articula em cinco eixos interconectados: a decolonização da avaliação; a operacionalização da equidade; a construção de resiliência institucional em contextos de incerteza; o uso da arte e da criatividade, e de modelos qualitativos, como instrumento de revelação; e a emergência do financiamento climático como um novo e crucial domínio.

A decolonização da avaliação foi abordada como um pilar fundamental, não de maneira abstrata, mas como uma demanda ética e prática para a profissão. As discussões aprofundaram a crítica às abordagens avaliativas convencionais, muitas vezes enraizadas em epistemologias ocidentais que perpetuam vieses e excluem saberes indígenas e locais. Além disso, foi ressaltada a necessidade de questionarmos quem define o sucesso, quem se beneficia da informação e, crucialmente, quem detém o poder na relação avaliador–avaliado.

Na sessão “Engaging Communities and Sharing Power in Decolonizing Evaluation” (“engajando comunidades e compartilhando poder na avaliação decolonial”, em tradução livre), foram apresentados os “12 Princípios da Decolonização” como um guia para desmantelar essas estruturas, focando aspectos epistemológicos, práticos e éticos, como a soberania comunitária e a reflexividade. No entanto, a conferência não se esquivou das tensões: como honrar a soberania de uma comunidade quando o financiamento do projeto vem de um fundo externo, com seus próprios indicadores e expectativas? A mesma sessão também articulou essa desconexão, mostrando que fundos e comunidades frequentemente vivem em mundos diferentes, com o primeiro vendo “beneficiários” e o segundo sentindo “decisões impostas”. A decolonização, portanto, exige uma redistribuição radical de poder, que se manifesta, por exemplo, na alocação de orçamento para o “tempo comunitário” e na flexibilidade para que as comunidades cocriem os designs avaliativos.

É nesse ponto que a equidade operacionalizada se torna indispensável. A decolonização, para ser mais do que retórica, precisa de ferramentas concretas que traduzam princípios em prática. O Equitable Evaluation Toolkit, desenvolvido pela Ecotrust em parceria com a consultora Imani Austin, foi um dos destaques nesse sentido. Após anos de reflexão sobre como a avaliação tradicional reproduzia desigualdades, a Ecotrust lançou um conjunto de seis ferramentas que permitem integrar a equidade em cada etapa do processo avaliativo. Entre elas, destacou-se o “Activity Budget”, uma inovação que destina uma linha orçamentária explícita para o “tempo comunitário”, reconhecendo o valor do engajamento e da participação. Ferramentas como o “Equity Lens” (um conjunto de perguntas reflexivas) e o “Partner Engagement Questions” (para envolver parceiros no desenho) também foram apresentadas, com exemplos práticos de sua aplicação em projetos como Indigenous Agroforestry Network e Green Workforce Academy. A Ecotrust demonstrou que a equidade não é um checklist, mas um processo contínuo de aprendizado, que exige transparência e realismo sobre as limitações, mas que, em última instância, constrói confiança e legitimidade.

No entanto, a implementação de práticas decolonizadas e equitativas exige uma base institucional sólida, o que nos leva ao terceiro eixo: a avaliação em contextos de incerteza e a construção de resiliência. As experiências do LSU Social Research Evaluation Center e do University of Mississippi Center for Research Evaluation foram um alerta para a fragilidade da profissão. Ambas as instituições enfrentam a descontinuação simultânea de múltiplos projetos federais (como o Fuel Louisiana, ameaçado por cortes da NSF), demissões e um impacto significativo na moral da equipe. A pergunta central era: como planejar e conduzir avaliações quando não se sabe se um programa existirá em 12 meses? A resposta não está apenas em “ter um plano B”, mas em construir uma capacidade institucional de sentir múltiplos futuros e se adaptar. Aqui, o foresight, ou a antecipação estratégica, mostrou-se crucial. Longe de ser uma tentativa de prever o futuro, o foresight é uma abordagem para preparar-se para múltiplos cenários, identificando sinais fracos de mudança e desenvolvendo planos de contingência. A LSU e a University of Mississippi, por exemplo, estão diversificando ativamente suas fontes de financiamento e simplificando processos para sobreviver.

A complexidade dos contextos atuais, marcada por incertezas e pela necessidade de decolonizar e promover equidade, também exige que a avaliação vá além das métricas tradicionais. A arte, como instrumento de revelação, emergiu como o quarto eixo de transformação. As sessões sobre o tema argumentaram que, muitas vezes, quanto mais quantificamos, menos vemos. As métricas, embora essenciais, podem ocultar verdades, nuances e significados que são essenciais para uma compreensão completa do impacto. Exemplos históricos, como as fotografias de Dorothea Lange e Gordon Parks, ou as visualizações de dados de Du Bois, foram citados para ilustrar como a arte pode desafiar narrativas dominantes e revelar o que os números não contam. A arte permite valorizar os near wins – aqueles quase-sucessos que, embora não atinjam as metas quantitativas, geram aprendizado e transformação qualitativa. Em um cenário de cortes de financiamento, a arte pode ser uma ferramenta poderosa para comunicar o valor de um projeto que “falhou” em termos de métricas, mas cultivou capacidades locais e aspirações comunitárias. A arte, assim como a decolonização e a equidade, desafia a cultura de especialistas e expande as perspectivas, valorizando saberes e expressões marginalizadas.

Além da arte como instrumento que transcende as métricas quantitativas, vale ressaltar o olhar para abordagens mais qualitativas, mais acessíveis e que, portanto, possibilitam maior engajamento das partes e maior equidade nas práticas avaliativas.

Um exemplo é uma abordagem avaliativa apresentada por Marcia Mundt, da Northeastern University, financiada pela USAID e testada entre 2023 e 2025, que visou avaliar a efetividade da assistência internacional americana em iniciativas promotoras da participação feminina na política, na formação de coligações multipartidárias e na integridade de processos eleitorais. A metodologia prevê a estruturação de uma cadeia de causalidade, articulando inputs, outputs e efeitos de curto, médio e longo prazo. A cadeia de causalidade é traduzida em questionários aplicados três vezes ao ano ao longo de dois anos. A chave metodológica está em captar, de maneira mais precisa, até onde, na cadeia de causalidade, a iniciativa chega ou, em outras palavras, quais os elos fortes e frágeis da cadeia, de modo a propiciar ações mais direcionadas e assertivas para a maximização dos impactos positivos de determinada intervenção.

Em outro case, a organização da sociedade civil Education Training Research trouxe um conjunto de seis estratégias que visam à promoção de avaliadores culturalmente responsivos e, consequentemente, de uma prática avaliativa mais equitativa e representativa de espectros populacionais historicamente marginalizados. A ideia central é que a constituição de um time de avaliadores diversos e preparados para lidar com a complexidade, a incerteza e a diversidade do mundo atual se reflita nos resultados almejados e alcançados de uma avaliação. Em suma, o conjunto de seis estratégias proposto passa pelo avaliador compreender-se como um sujeito ativo no processo avaliativo e que, portanto, invariavelmente exerce influência sobre o processo e os resultados de uma avaliação. Isso posto, as estratégias visam compreender justamente qual o perfil do avaliador e seu grau de ingerência, combinados gerenciais, tais como transparência, mecanismos de valorização, possibilidades de engajamento, envolvimento e reconhecimento da equipe; incorporação de contextualização e criticidade como parte da identificação dos impactos gerados, tais como fatores individuais, físicos e relações de poder como fontes geradoras de mudança para além da intervenção; e, por fim, a adoção de práticas regulares garantidoras das estratégias precedentes.

Finalmente, todos esses temas convergem no domínio emergente do financiamento climático, o quinto eixo de discussão. A urgência da crise climática exige um volume massivo de financiamento, muito além do que a filantropia pode oferecer. O capital privado, com seus trilhões de dólares em ativos, é essencial, mas enfrenta uma lacuna crítica: a falta de expertise em Impact Measurement & Management (IMM). O Climate SMILE Playbook, em desenvolvimento pelo Bezos Earth Fund (com contribuições da Rockefeller Foundation e da BHP Foundation), foi apresentado como uma solução para democratizar o acesso ao financiamento climático, fornecendo um framework para investidores que buscam impacto climático. O playbook reconhece que a avaliação climática não é “mais do mesmo”; ela exige um paradigma diferente, que não apenas meça a redução de emissões, mas que prepare para uma transição justa e comunique o risco climático de forma prospectiva (integrando, portanto, foresight). A “transição justa”, um conceito central no financiamento climático, conecta diretamente com a decolonização e a equidade, pois reconhece que a descarbonização afeta desproporcionalmente comunidades pobres e marginalizadas, exigindo diálogo, redistribuição e decisão compartilhada. Assim, o clima se torna um integrador poderoso, exigindo que a avaliação incorpore todos os eixos de transformação discutidos na conferência.

A plenária de encerramento nos convocou a refletir sobre como gerar significado para as comunidades beneficiárias a partir das avaliações, como questionar sistemas de opressão e refletir sobre nossas próprias suposições e práticas, na perspectiva de não sermos somente operadores da avaliação, mas também aprendizes, ouvintes e cocriadores de novas abordagens.

A Conferência da AEA, portanto, não ofereceu soluções fáceis, mas um convite à reflexão profunda e à ação corajosa. Decolonização requer equidade operacionalizada, que, por sua vez, exige resiliência institucional. A resiliência é fortalecida pelo foresight, que nos ajuda a navegar a volatilidade, enquanto a arte revela os significados que as métricas ocidentais ocultam. E o clima, como um desafio global e integrador, demanda a aplicação de todos esses princípios. É um chamado à realização de uma “auditoria de poder” nas avaliações conduzidas, a pensar a adaptação e a aplicação de novas ferramentas, a desenvolver cenários de futuro e a explorar como a arte pode nos ajudar a comunicar o valor de near wins. A verdadeira transformação não acontece em plenárias, mas nas conversas difíceis, nos orçamentos renegociados e na coragem de implementar, mesmo com imperfeições, os princípios de uma avaliação verdadeiramente engajada com a comunidade e com a liderança compartilhada.

Vem aí ‘Dia de Doar 2025’: participe e doe para o Fundo de Fomento à Filantropia

Desde 2013, acontece o Dia de Doar no Brasil, e neste ano, a 12ª edição será no dia 2 de dezembro. O objetivo é incentivar o país a ser mais generoso e solidário, mobilizando pessoas físicas, empresas e campanhas comunitárias para arrecadar recursos e aumentar o impacto positivo das organizações do terceiro setor.

O movimento desempenha um papel fundamental ao mostrar que todos podem participar, fortalecendo a cultura da doação no cotidiano das pessoas.

Neste ano, convidamos você a contribuir para o Fundo de Fomento à Filantropia. Ao doar, você apoia o contínuo fortalecimento do investimento social privado e da cultura de doação no Brasil.

Os rendimentos do fundo patrimonial são revertidos em impactos positivos e concretos para a sociedade, sendo utilizados para o fortalecimento da filantropia e da cultura de doação, por meio de pesquisas, campanhas e outras ações; para advocacy por um ambiente regulatório mais favorável ao terceiro setor; para a promoção de publicações e eventos, como o Fórum de Filantropos e Investidores Sociais; e para a articulação de atores e parcerias para o desenvolvimento do setor, incluindo os endowments criados e a Coalizão. Além disso, os recursos também são utilizados para catalisar iniciativas estruturantes que multipliquem o Investimento Social Privado (ISP) e ampliem seu impacto, entre outras atividades.

Cada doação contribui para o fortalecimento da sociedade civil e para a redução das desigualdades no Brasil, em uma causa que não é apenas nossa, mas de todo o setor. Venha com a gente!

Faça sua doação e saiba mais sobre o Fundo de Fomento à Filantropia:

Conheça também outros fundos patrimoniais que recebem doações de pessoas físicas.

IDIS é reconhecido pela sexta vez entre as 100 Melhores ONGs do Brasil

Boas práticas de gestão são decisivas para que organizações sociais ampliem o impacto nas causas que defendem. É isso que o Prêmio Melhores ONGs reconhece ao avaliar governança, transparência, sustentabilidade financeira, comunicação e gestão das organizações de todo o país. Em 2025, o IDIS passa a integrar, pela sexta vez, a lista das 100 Melhores ONGs do Brasil.

“Chegar pela sexta vez à lista das Melhores ONGs é um marco que reforça nossa responsabilidade com o ecossistema da filantropia no Brasil. Cada reconhecimento é um incentivo para seguirmos aprimorando nossa gestão e entregando mais impacto por meio do investimento social privado”, afirma Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Ao longo do ano, o IDIS tem realizado diversos investimentos para fortalecer o Instituto e seus projetos. Entre os resultados, destacam-se o monitoramento constante de indicadores, o investimento em plataformas de gestão e o aumento no treinamento e desenvolvimento da equipe. Isso resultou na ampliação dos projetos de consultoria com novos clientes, além do fortalecimento do relacionamento com aqueles que já eram parceiros; no fortalecimento de iniciativas de impacto, como Advocacy pelos Fundos PatrimoniaisTransformando TerritóriosJuntos pela Saúde, Compromisso 1% e IA.3 – Inteligência Artificial para o Terceiro Setor; na continuidade do Fundo de Fomento à Filantropia; e em importantes produções no campo do conhecimento, como ‘Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2025’, ‘Caminhos para atuação mais estratégica e ampla da filantropia familiar’ e ‘Pesquisa Doação Brasil 2024’.

“Essas conquistas refletem um esforço contínuo de toda a equipe e de nossos parceiros. Temos investido em processos, tecnologia, monitoramento de indicadores e desenvolvimento de pessoas, sempre conectados à nossa missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e a mudança positiva que ele gera”, completa Paula.

Parabenizamos todas as organizações que, em diferentes causas e territórios, trabalham diariamente pelo desenvolvimento socioeconômico do Brasil e que também foram reconhecidas nesta edição do prêmio.

Confira a lista completa das 100 Melhores ONGs no site oficial do Prêmio Melhores ONGs.

Nota técnica | Adaptação às mudanças climáticas: como promover a justiça climática através da gestão de riscos para investidores e organizações sociais

O enfrentamento às mudanças climáticas é um desafio que já pressiona territórios, serviços e orçamentos. Para as Organizações da Sociedade Civil e investidores sociais, mesmo aqueles que não atuam diretamente com a causa ambiental e clima, isso se traduz em interrupções, custos extras e maior demanda por serviços pelas populações atendidas.

A falta de visibilidade dos riscos relacionados ao clima podem pressionar a efetividade da atuação, o impacto socioambiental, a governança e o balanço financeiro dessas organizações.

Nesta Nota Técnica, elaborada por Marcelo Modesto, gerente de projetos no IDIS e especialista da área de Agenda ESG e o ISP; e Yasmim Araujo Lopes, analista de projetos no IDIS, propomos diretrizes de atuação com justiça climática e um framework de avaliação de riscos relacionados ao clima para Organizações da Sociedade Civil e Investidores Sociais.

 

Baixe agora e acesso o documento na íntegra!

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Gestão Financeira no Terceiro Setor: um guia para garantir sustentabilidade e transparência nas organizações sociais

Por Marcelo Destito e Felipe Medina, gerentes administrativo-financeiros do IDIS; Julia Magnani, analista administrativo-financeira do IDIS; e Juliana Carreira, ex-gerente administrativo-financeira do IDIS

Cuidar da gestão financeira numa Organização da Sociedade Civil (OSCs) não é apenas ‘pagar contas’, é também garantir que cada recurso cumpra a missão com eficiência, ética e transparência. Na prática, isso significa planejar receitas e despesas, acompanhar o caixa, registrar operações com rigor, analisar resultados e prestar contas de um jeito claro. Quando a casa está organizada, os projetos seguem adiante, a confiança cresce e a instituição ganha fôlego para enfrentar imprevistos.

Diferente das empresas, a rotina financeira de uma OSC tem suas particularidades. As fontes de receita costumam ser diversas e menos previsíveis, doações, patrocínios, editais, leis de incentivo, às vezes venda de produtos ou serviços sociais, e os financiadores tendem a pedir transparência permanente. Ao mesmo tempo, muitas organizações convivem com limites de equipe e processos.

Em um contexto de recursos incertos, uma boa gestão amplia a autonomia institucional e reduz riscos. É ela também que permite demonstrar, de forma verificável, como cada real se transforma em impacto social. Neste texto, você vai encontrar os procedimentos básicos que devem constar na gestão financeira das OSCs e alguns direcionamentos sobre como colocá-los em prática. Vamos lá?

 

Como organizar o básico (e fazer as áreas conversarem)

Três frentes precisam caminhar juntas: orçamento, caixa e contabilidade. O orçamento nasce realista, ajusta-se conforme a execução e pode ser construído de forma participativa para aproximar áreas e metas institucionais.

O caixa cuida da liquidez: entradas, saídas, reservas e conciliações para evitar sustos. Já a contabilidade registra fielmente as operações e prepara demonstrações como Balanço Patrimonial, DRE (Demonstrativo do Resultado do Exercício) e DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa), que dão transparência e leitura de saúde financeira.

Ferramentas simples ajudam muito, como, por exemplo, planilhas de prestação de contas por projeto, controles de fluxo de caixa e, quando possível, softwares de gestão integrada (ERPs) adaptados ao terceiro setor, CRMs para relacionamento e plataformas de doação. Integrar esses sistemas reduz retrabalho, melhora a precisão dos dados e acelera relatórios. Para completar o ecossistema, a controladoria acompanha orçamento e desvios, e a auditoria revisa políticas e registros de forma independente. Os nomes variam conforme a estrutura, mas as funções precisam estar claras e coordenadas.

 

Governança, transparência e prestação de contas

Uma boa gestão financeira das OSCs começa com uma governança viva: conselho deliberativo atuante, políticas internas claras (compras, viagens, adiantamentos, doações), alçadas de aprovação bem definidas e segregação de funções. Transparência é o passo seguinte e visível: registro e arquivo de documentos, conciliação bancária regular, divulgação de informações relevantes para diferentes públicos e, quando a maturidade permitir, auditorias independentes.

No campo fiscal e trabalhista, ainda que existam isenções possíveis, as obrigações devem estar em dia (INSS, IRRF, FGTS e demais tributos aplicáveis). Ter contabilidade interna ou assessoria externa, manter certidões negativas atualizadas, controlar o patrimônio e organizar comprovantes prepara a organização para auditorias e prestações de contas e evita problemas com contratantes e órgãos de controle.

Nessa mesma lógica de cuidado, contratos bem estruturados com fornecedores e parceiros previnem ruídos e dão segurança jurídica. É importante que os documentos tragam dados das partes, dados bancários e condições de pagamento, a descrição dos serviços (no corpo do contrato ou em anexo), cronograma e responsabilidades. Entre os instrumentos mais usados estão o Contrato de Prestação de Serviços, o Termo de Doação para repasses voluntários de empresas, institutos, fundações ou pessoas físicas e os Termos de Parceria. Todos têm validade jurídica e podem ser firmados em papel ou por assinatura digital, o que traz agilidade sem abrir mão de integridade e rastreabilidade.

Prestar contas, por fim, é mostrar de forma documentada que os recursos foram usados como planejado. O percurso é conhecido: começa no planejamento e no orçamento (com metas, escopo e rubricas), segue com a execução e o registro das despesas por rubrica e período, sempre com comprovação, culmina em um relatório financeiro objetivo com demonstrativo, conciliação bancária e notas explicativas e termina na análise e aprovação. Cada financiador pode ter regras próprias, mas a lógica permanece a mesma: coerência entre o proposto, o realizado e o gasto, tudo devidamente comprovado. Quando isso acontece, a confiança aumenta, a parceria se fortalece e novos apoios tendem a surgir.

 

Desafios e o que fazer com eles

É comum lidar com receitas sazonais e incertas, exigências distintas de financiadores, equipe enxuta, sistemas fragmentados e recursos vinculados a projetos, o que limita pagar contas institucionais. A sustentabilidade financeira é uma construção contínua, que pede diversificação de fontes e profissionalização da equipe financeira.

O lado bom é que há um conjunto claro de oportunidades. Capacitar e estruturar a área financeira, adotar tecnologia e automação (ERPs, CRMs, plataformas de doação), formar parcerias estratégicas (com empresas, universidades, consultorias), buscar certificações e selos de transparência e planejar no longo prazo, com orçamentos plurianuais, fundos de reserva e análise de cenários são alguns caminhos. Esse pacote aumenta a previsibilidade, reduz riscos e dá lastro institucional.

 

Próximos passos práticos

Para começar ‘sem travar’, foque no essencial:

1 – Mapeie funções e lacunas (pessoas, processos, sistemas) e defina responsabilidades claras;

2 – Orce por projeto e institucional e estabeleça uma reserva mínima de caixa;

3 – Padronize classificação de despesas, conciliações e arquivo de comprovantes, centralizando o que for possível;

4 – Aprove políticas e alçadas e compartilhe com a equipe e comitês;

5 – Automatize o que mais dói (ex.: conciliação e relatórios) e só depois avance para soluções mais complexas.

Gestão financeira é meio, não fim. É a cultura que sustenta decisões responsáveis, dá previsibilidade ao trabalho e traduz, em números, o compromisso público das OSCs. Quando orçamento, caixa, registros e prestação de contas funcionam de forma integrada e transparente, a confiança aumenta e os projetos ganham fôlego para atravessar ciclos bons e desafiadores.

Para além de cumprir regras, trata-se de preservar propósito e entregar resultados consistentes, ano após ano, para as pessoas e causas que motivam a existência da organização.

Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais é destaque na coluna de Lauro Jardim no O Globo

Com 92 fundos patrimoniais participantes e R$139 bilhões em patrimônio total, o recém-lançado Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2024, indica a consolidação dessas estruturas como instrumentos de sustentabilidade para causas e organizações no país.

A quarta edição da publicação traz informações sobre fluxo de caixa (patrimônio, doações recebidas, investimentos na causa); alocação e rentabilidade dos investimentos; estrutura da governança (com dados sobre a presença de membros independentes e participação feminina), investimento responsável, além de perspectivas para o futuro e artigos com análises de especialistas.

Alguns números e análises do estudo foram destaque na coluna do Lauro Jardim, no jornal O Globo. Confira a matéria completa aqui.

A filantropia como farol em tempos de policrise

Publicado originalmente na Folha de S.Paulo em 5 de novembro de 2025. Acesse clicando aqui

Por Paula Fabiani, CEO do IDIS

Desigualdades sociais que parecem se perpetuar, a emergência climática presente em nosso cotidiano, retrocessos democráticos e tensões econômicas e políticas que fragilizam o tecido social dão contorno a um cenário de policrise. O termo foi cunhado nos anos 70 pelo sociólogo Edgar Morin para definir períodos de “crises interligadas e sobrepostas”.

É fácil sentir-se paralisado em períodos como esses, mas não podemos nem devemos esperar. Mais do que nunca, é preciso agir com esperança na mudança. A ação coletiva e em diferentes frentes é imprescindível. E, entre tantos movimentos possíveis, há a filantropia.

Filantropia significa ‘amor ao próximo’ e é por essência, coletiva. Manifesta-se quando redes comunitárias se unem para resistir e se reinventar, quando empresas que competem no mercado se alinham em compromissos comuns em prol da geração de impacto, quando organizações da sociedade civil em diferentes setores constroem parcerias, ampliando o alcance das soluções.

Além de reafirmar o sentido coletivo da filantropia, todos esses movimentos são provas de que a esperança pode, sim, ser traduzida em ação.

Os desafios do nosso tempo pedem diferentes agentes atuando em múltiplas respostas. A emergência climática, por exemplo, não é apenas um problema ambiental, ameaça modos de vida, agrava desigualdades e pressiona economias inteiras.

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que teve como tema ESPERANÇAR

A desigualdade social, por sua vez, não se limita à falta de renda, mas compromete o acesso a direitos básicos, perpetua ciclos de exclusão e limita oportunidades para gerações inteiras. Já os retrocessos democráticos corroem a confiança nas instituições e enfraquecem a participação cidadã, para além de impactar a política institucional.

Da mesma forma, empresas não são apenas agentes econômicos, e quando escolhem atuar com intencionalidade, mobilizam sua capilaridade para semear mudanças, engajando suas cadeias e criando valor para a sociedade.

A filantropia familiar, com flexibilidade e visão de longo prazo, pode apoiar causas invisibilizadas. Até mesmo a tecnologia, tantas vezes associada a riscos e disparidades, pode ser ponte para a equidade quando colocada a serviço das pessoas.

Esses fios não estão soltos. Eles compõem um mesmo pano e costurá-los junto a elementos igualmente vitais, como ancestralidade, inovação, reflexão crítica e, sobretudo, ação prática, é o que nos permite esperançar em meio à policrise.

Esse é o chamado da 14ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, provido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e que acontece em outubro, em São Paulo – um convite para transformar a esperança em verbo de ação, Esperançar. O programa do Fórum conduz os participantes, reunindo palestrantes nacionais e internacionais, por uma jornada que reflete a diversidade de olhares e práticas de investimento social privado, sempre com foco na ação.

Fica o convite para construirmos pontes onde existem abismos, enxergarmos dignidade onde há invisibilidade e apostarmos em soluções onde só vemos problemas. Esperançar, afinal, é assumir que o futuro não está dado: ele se constrói, com coragem, generosidade e compromisso compartilhado.

Com a licença para parafrasear Paulo Freire, de quem emprestamos essa ação tão necessária atualmente, “é preciso ter esperança, mas esperança do verbo esperançar. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir!”.

Avanços no ambiente regulatório para fundos patrimoniais

Publicado originalmente no Migalhas em 5 de novembro de 2025. Acesse clicando aqui

Por Flavia Regina de Souza, Sócia da área de Filantropia e Impacto Social da Mattos Filho Advogados

Os fundos patrimoniais, conhecidos internacionalmente como endowments, são instrumentos consolidados há séculos, sobretudo em países de common law, como Estados Unidos e Inglaterra, que possuem um arcabouço legal robusto e incentivos fiscais para atrair capazes de atrair capital de longo prazo para causas de interesse público.

No Brasil, os endowments ainda são relativamente recentes. Em 2025, celebramos seis anos da sanção da lei 13.800/19, marco regulatório que impulsionou a criação e estruturação de fundos patrimoniais no país. Desde então, observamos avanços significativos na consolidação desse instrumento como uma alternativa segura e perene para o financiamento de causas de interesse público.

O Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2024, publicação desenvolvida pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, lançada no último dia 30, aponta um cenário promissor. A edição contou com 92 fundos participantes, que representam 75% do universo mapeado (121 fundos ativos em 2024), e analisou um patrimônio agregado de R$139 bilhões – quase doze vezes o montante reportado na primeira edição em 2021. Esses números evidenciam o aumento na adoção do modelo, o ganho de escala e a confiança de doadores e gestores na governança, na transparência e na capacidade de geração de resultados de longo prazo.

Apesar disso, entre os 92 respondentes, apenas 20 relatam estar enquadrados na lei 13.800/19, indicativo de que ainda há oportunidades para o aperfeiçoamento do ambiente regulatório e tributário, para ampliar a previsibilidade para doadores, organizações gestoras de fundos patrimoniais (OGFPs) e instituições apoiadas.

Nesse sentido, vale destacar importantes avanços nesse ano de 2025, que certamente impactarão no fortalecimento e no desenvolvimento de fundos patrimoniais no Brasil.

Entre os movimentos mais relevantes, destaca-se o PL 2.440/23, aprovado pelo Senado Federal em dezembro de 2024. Atualmente em análise na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, se aprovado, o Projeto seguirá para sanção presidencial. O texto propõe medidas capazes de transformar o ambiente jurídico e financeiro dos fundos patrimoniais ao reconhecer, de forma expressa, um regime tributário mais benéfico para as OGFPs, assegurando isenção de tributos Federais – como IRPJ, IRRF, CSLL e Cofins – sobre rendimentos de aplicações financeiras, ganhos de capital e demais receitas.

O Projeto também confere segurança jurídica adicional ao explicitar a possibilidade de as OGFPs adquirirem participações societárias e aplicarem recursos no exterior sem prejuízo do regime tributário aplicável. Nesse mesmo sentido, o texto esclarece a dedutibilidade, por pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real, das doações efetuadas às OGFPs, permitindo a dedução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, respeitados os limites de 1,5% ou 2%, a depender da natureza da instituição apoiada.

Outro avanço importante decorre da derrubada, pelo Congresso Nacional, do veto presidencial que impedia o reconhecimento de que os fundos patrimoniais não são contribuintes do IBS – Imposto sobre Bens e Serviços e da CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços. Ao afastar a sujeição desses instrumentos aos tributos previstos na reforma tributária, o legislador reforça a natureza e a finalidade pública dos fundos patrimoniais, preservando sua eficiência operacional e a integridade do principal.

No campo setorial, merece destaque a IN MinC 26/25, que regulamentou o incentivo fiscal a doações destinadas à constituição e à ampliação de fundos patrimoniais culturais no âmbito do Pronac (lei Rouanet). Pela primeira vez, a política de fomento cultural reconhece a relevância de projetos voltados à sustentabilidade financeira de longo prazo de instituições culturais, geridos por OGFPs. A norma estabelece que pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real podem deduzir até 40% das doações realizadas a fundos patrimoniais culturais como despesa operacional, limitado a 4% do IRPJ devido. Para pessoas físicas, a dedutibilidade alcança 80%. Esse desenho estimula o fortalecimento patrimonial das organizações culturais, induzindo maior estabilidade de receitas e planejamento de longo prazo.

Essa é, sem dúvida, mais uma grande vitória para o setor e demonstra claramente que o arcabouço jurídico relativo às OGFPs está evoluindo no Brasil, para impulsionar os fundos patrimoniais criados sob a égide da lei 13.800/19.

É igualmente importante registrar que os fundos patrimoniais próprios – isto é, aqueles que não se estruturam nos termos da lei 13.800/19 e integram a estrutura da própria organização – permanecem como alternativas válidas para a sustentabilidade financeira de longo prazo, sobretudo quando acompanhados de boas práticas de governança, segregação patrimonial e políticas de investimento e de gasto claramente definidas.

Independentemente do arranjo institucional adotado, os fundos patrimoniais são instrumentos essenciais para consolidar a cultura de doação no país. Ao assegurar a destinação perene e sustentável de recursos a causas e entidades de interesse público, contribuem para a continuidade de projetos e programas, a resiliência institucional e a atração de capital filantrópico.

Os avanços regulatórios de 2025 – do PL 2.440/23 à consolidação da não incidência de IBS e CBS, passando pelo incentivo inédito da lei Rouanet aos fundos patrimoniais culturais – evidenciam o amadurecimento do arcabouço jurídico aplicável às OGFPs e aos endowments brasileiros. O Anuário registra esse momento e se consolida como instrumento de mobilização, capaz de engajar gestores, doadores, formuladores de políticas públicas e a sociedade civil na construção de um ambiente jurídico e cultural mais propício ao desenvolvimento perene e sustentável de causas de interesse público. Ao iluminar conquistas e desafios, reforça a importância de consolidarmos normas estáveis, incentivos alinhados e governança de alto padrão para que os fundos patrimoniais cumpram seu papel transformador no Brasil.

Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2024 destaca R$2,6 bilhões destinados a causas de interesse público e consolidação dos endowments no Brasil

Os fundos patrimoniais estão mais fortes do que nunca. É o que revela o Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2024, lançado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e pela Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos. Com 92 fundos participantes e R$139 bilhões em patrimônio total, o estudo indica a consolidação dessas estruturas como instrumentos de sustentabilidade para causas e organizações no país. O advogado e professor Heleno Torres, Chefe do Departamento de Direito Econômico, Financeiro e Tributário da Faculdade de Direito da USP, assina o prefácio.

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Também conhecidos como endowments, os fundos patrimoniais são estruturas financeiras criadas para garantir a sustentabilidade de longo prazo de causas e organizações.

“Em um cenário de consolidação dos Fundos Patrimoniais no Brasil, a série história do Anuário que inicia em 2019 traz parâmetros para a tomada de decisão de gestores”, destaca Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS.

A partir da gestão de um patrimônio acumulado, apenas os rendimentos são utilizados para financiar projetos sociais, ambientais, culturais, científicos ou educacionais, assegurando a perenidade das iniciativas. De acordo com o Anuário, a principal causa apoiada pelos fundos é a educação (63%), seguido por pesquisa e conhecimento (27%) e assistência social (23%).

A quarta edição da publicação traz informações sobre fluxo de caixa (patrimônio, doações recebidas, investimentos na causa); alocação e rentabilidade dos investimentos; estrutura da governança (com dados sobre a presença de membros independentes e participação feminina), investimento responsável, além de perspectivas para o futuro e artigos com análises de especialistas. Os números do estudo mostram crescimento nas captações (R$ 770 milhões, +48% vs. 2023) R$ 2,6 bilhões destinados a causas, além de um avanço na governança, com 77% dos fundos possuindo políticas de investimento formalizadas e 71% com auditoria externa.

Entretanto, os desafios persistem: mais de 80% dos endowments concentram-se em SP e RJ; ainda que apenas 22% dos fundos estejam formalmente enquadrados na Lei 13.800/19, houve aceleração da criação de fundos após este marco. Além disso, a diversidade de gênero e raça ainda é limitada com, em média, apenas 31% de mulheres e menos de 11% de pessoas pretas, pardas e indígenas (PPI), e somente 26% dos fundos possuem política de investimento responsável implementada.

Com rentabilidade média equivalente 2,19% acima da inflação e aumento do número de fundos com metas financeiras, o Anuário também mostra maior interesse em práticas ESG.

A quarta edição da publicação reforça a importância dos endowments como motores de impacto de longo prazo e contou com o apoio Master da Fundação Bradesco, Fundação Itaú e Movimento Bem Maior, além de apoio de 1618 Investimentos, ASA – Associação Santo Agostinho, Fundação Grupo Volkswagen, Fundação José Luiz Setúbal, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Mattos Filho, Pragma Gestão de Patrimônio e Wright Capital Wealth Management.

Encontro de Lideranças do Transformando Territórios promove diálogos, vivências e conexão

Iniciativa de impacto do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em parceria com a Mott Foundation e Movimento Bem Maior, o Programa Transformando Territórios (TT) realizou mais um Encontro de Lideranças entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro, em São Paulo (SP). A atividade reuniu cerca de 40 representantes de 14 Fundações e Institutos Comunitários (FICs) de diferentes regiões do Brasil, em uma imersão marcada por trocas genuínas, aprendizados compartilhados e pelo fortalecimento de uma rede que transforma realidades e impulsiona o desenvolvimento nos territórios.

Com o propósito de aprofundar o conhecimento em governança, fortalecer a troca entre territórios e ampliar conexões com parceiros nacionais e internacionais, o encontro se consolidou como um marco na trajetória das FICs apoiadas pelo TT. Ao longo de três dias, as lideranças viveram uma jornada de aprendizado, imersão territorial e articulação com o ecossistema da filantropia brasileira.

“Em apenas 3 dias, vivemos uma maratona de trocas, aprendizados e conexões. Essa parceria com o IDIS é um marco no nosso caminho de fortalecimento e profissionalização. Juntos, seguimos potencializando as transformações geradas pelas lideranças comunitárias da Grande BH”, depoimento da Associação Nossa Cidade, integrante do Programa.

 

FORMAÇÃO DE GOVERNANÇA 

O primeiro dia do encontro foi dedicado à continuidade da Formação Avançada em Governança, promovida desde agosto em formato remoto com lideranças das organizações participantes. Com apoio do Movimento Bem Maior e da Fundação FEAC, a série de capacitações enfatizou a governança como elemento estruturante da sustentabilidade organizacional nos territórios. Os módulos 3 e 4, realizados no encontro presencial, abordaram temas como transparência, sustentabilidade e gestão participativa. O momento também contou com a participação de Selma Moreira, conselheira do IDIS, em uma roda de conversa com as lideranças comunitárias sobre os desafios e expectativas na relação da alta gestão das organizações com conselhos. 

Representantes das FICs no escritório do IDIS, em São Paulo, para realização da continuidade da formação em governança

 

IMERSÃO NO TERRITÓRIO

No segundo dia, o grupo foi recebido no território do Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim (FCP M’Boi), na zona sul da capital paulista. A vivência teve como propósito valorizar o aprendizado experiencial a partir da prática de uma FIC atuante, além de refletir juntos sobre o caminho trilhado e sonhar, coletivamente, os próximos passos do Programa Transformando Territórios.

As lideranças conheceram de perto organizações e iniciativas locais, como a Horta Comunitária no Jardim Felicidade, a Fundação Julita, o Instituto Favela da Paz e A Banca – Negócio de Impacto da Periferia. Cada visita revelou, na prática, como o engajamento comunitário e a articulação em rede impulsionam o desenvolvimento territorial por meio de soluções que nascem e se fortalecem nos próprios territórios. O almoço no Bloco do Beco, espaço cultural da região, encerrou a manhã com um momento de integração e conexão entre os participantes.

“Trazer as FICs para dentro do M’Boi Mirim é reforçar que soluções nascem quando redes se encontram no território. Este encontro amplia conexões, escuta ativa e cooperação entre quem transforma a partir da base”, comenta Jenyffer Nascimento, Articuladora Comunitária do FCP M’Boi.

Durante a tarde, o grupo participou da Roda de Conversa ‘Territórios em Diálogo’, que reuniu parceiros nacionais do Programa Transformando Territórios e palestrantes internacionais do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, promovido pelo IDIS. Estruturada em quatro momentos (reconhecer a força, potencializar juntos, projetar futuros e cuidar da jornada) a roda inspirou reflexões profundas sobre o papel das FICs na mobilização de recursos, na sustentabilidade das iniciativas e na construção coletiva de soluções para os desafios locais. 

Entre os convidados internacionais estavam Felipe Bogotá (TerritoriA – Colômbia) e Patricia McIlreavy (Center for Disaster Philanthropy) e representantes da Tide Setúbal, Movimento Bem Maior, Semente Oré, Ernest Young e Prospera Social.

 

CONEXÃO COM A FILANTROPIA NACIONAL

O encerramento do encontro aconteceu no Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, também em São Paulo. Além da presença das lideranças das organizações para acompanhar os debates sobre o tema ‘Esperançar’, houve um momento especial para o Programa: a exibição do vídeo manifesto da Websérie Transformando Territórios, além da distribuição de calendários personalizados.

Representantes das FICs no palco do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2025

“Tive a alegria de ser porta-voz desse coletivo, inspirando filantropos e investidores de todo o país com uma mensagem que traduz a nossa essência: a filantropia comunitária territorial transforma quando parte da escuta, do vínculo e da confiança. A Websérie segue sendo esse fio condutor, contando histórias que nos inspiram e reafirmam que o futuro se constrói em rede”, comenta Rosana Ferraiuolo, gerente do programa Transformando Territórios.

A Websérie foi lançada em agosto pelo IDIS, junto ao coletivo de Fundações e Institutos Comunitários, e traz histórias reais de impacto, pertencimento e protagonismo comunitário promovidos pelas FICs em diversas regiões do país. São 14 vídeos cujo mote é a transformação em cada um dos territórios das organizações participantes, passando por Manaus, São Paulo, Maceió, Porto Alegre e diversas outras cidades e regiões metropolitanas.

O Encontro de Lideranças se consolidou como um espaço de construção coletiva, inspiração e fortalecimento das redes de colaboração. Mais do que um encontro, a vivência reafirmou o compromisso do Transformando Territórios em fortalecer organizações que transformam realidades a partir do território, mostrando que a filantropia comunitária territorial é um caminho concreto e sustentável para transformar realidades e semear futuros mais justos e sustentáveis.

O SUS como pilar de esperança para o Norte e o Nordeste

Publicado originalmente no Nexo em 11 de outubro de 2025. Acesse clicando aqui

Por Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Carla Reis, Chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde do BNDES

 

Os 35 anos do Sistema Único de Saúde mostram sua força e seu caráter essencial, sobretudo para territórios do país com desafios agudos

No ano de 1990, o Brasil deu um passo histórico ao criar o SUS (Sistema Único de Saúde). Três décadas e meia depois, celebramos sua longevidade e força. O cuidado chega a todos os cantos do país e se faz ainda mais essencial no Norte e Nordeste, onde vivem cerca de 72 milhões de pessoas — nove em cada dez dependentes exclusivamente do SUS, segundo o IBGE (2020).

Nesse território, os desafios são agudos. A densidade médica, inferior à média nacional, revela a urgência: enquanto o Brasil conta com 3,08 médicos por mil habitantes, segundo o estudo Demografia médica Brasil 2025, o índice cai para 1,7 no Norte e 2,21 no Nordeste. Os indicadores de saúde também refletem essa desigualdade: a expectativa de vida é menor do que a média nacional — cerca de 75,7 anos no Norte e 75,9 no Nordeste, contra 76,4 anos no Brasil — e a mortalidade infantil permanece mais alta, com 15,9 óbitos por mil nascidos vivos no Norte e 13,8 no Nordeste, frente a 12,6 na média nacional, de acordo com dados do DATASUS. É nesse cenário de vulnerabilidade que o SUS se torna ainda mais essencial, pois fortalecer a atenção primária faz toda a diferença na vida de milhões de brasileiros.

O SUS é um marco de cidadania, um sistema público, gratuito e universal, reconhecido internacionalmente por sua estratégia de atenção primária, por resultados expressivos na redução da mortalidade materna e infantil, além do controle de doenças crônicas. O sistema garante o direito à saúde de forma igualitária, sem discriminação de classe, gênero, raça ou condição econômica, e reafirma diariamente seu papel como uma política pública de sucesso.

Inovar é necessário para um sistema como o SUS. É pensando justamente nessa inovação que o programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) gerida pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), foi criado. Uma parceria entre poder público e investidores sociais privados, ou seja, empresas e fundações, investiu em iniciativas inovadoras executadas por organizações do terceiro setor. Até 2024, beneficiou indiretamente cerca de 4 milhões de pessoas no Norte e Nordeste, capacitou mais de 10 mil profissionais de saúde, mobilizou 1.345 unidades de saúde ou Caps (Centro de Atenção Psicossocial), entregou mais de 4.300 equipamentos tecnológicos e impactou 139 municípios. Até 2026, serão mais de R$ 100 milhões direcionados a projetos em mais de dois mil municípios das duas regiões.

Ao conectar recursos, conhecimento e tecnologia, iniciativas como o Juntos pela Saúde fortalecem a rede de saúde pública local, aceleram a resolutividade da atenção primária e contribuem para reduzir desigualdades históricas.

Os 35 anos do SUS são motivo de celebração e, também, de responsabilidade. Para sustentar e ampliar esses resultados, sobretudo nas regiões mais vulneráveis, é indispensável consolidar políticas que fortaleçam a base do sistema. E neste processo precisamos contar com o apoio de vários atores nessa jornada.

O caminho passa pela colaboração entre governo, sociedade civil e setor privado. Quando unimos forças, o impacto é ampliado, mais vidas são preservadas, trajetórias mudam e o direito à saúde se torna mais concreto. Que o SUS continue a nos inspirar a investir, inovar e acolher, com coragem e responsabilidade, a saúde como um bem comum, inalienável e de todos.

 

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2025: o ‘Esperançar’ para a evolução da filantropia

Aconteceu no dia 1° de outubro, em São Paulo, a 14° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Promovido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, o evento busca acelerar soluções por meio de conexões e fomentar a filantropia no país.

 

Com o tema ESPERANÇAR, as sessões abordaram assuntos como mudanças climáticas, filantropia corporativa, filantropia familiar, avaliação de impacto, filantropia comunitária, tecnologia e muito mais. Ao longo do dia, estiveram presentes cerca de 30 convidados e houve mais 1500 visualizações da transmissão ao vivo.

Foram 13 sessões em 10 horas de programação, com a presença de 61 palestrantes. Falaram nomes como Aron Zylberman (Instituto Cyrela), Camila Valverde (Fundação ArcelorMittal), Daniel Munduruku (Instituto UKA – Casa dos Saberes Ancestrais), Fátima Lima (MAPFRE no Brasil)Tião Rocha (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD), Domênica Falcão (Fundação Grupo Volkswagen) e Viviana Santiago (Oxfam Brasil). Além de convidados internacionais como Alejandro Alvarez von Gustedt (Rockefeller Philanthropy Advisors), David Kyuman Kim (Being Human) e Patricia McIlreavy (Center for Disaster Philanthropy).

Após uma abertura emocionante com as crianças da Casa José Coltro, a fala inicial ficou por conta de Daniel Munduruku, escritor e diretor-presidente do Instituto UKA – Casa dos Saberes Ancestrais. Ele deu o tom do evento na sessão ‘O esperançar é ancestral’, com uma fala inspiradora e reflexiva sobre como os saberes ancestrais – profundamente conectados à natureza e ao coletivo – apontam caminhos para atravessar as mudanças com respeito, colaboração e escuta.

A primeira plenária, ‘Esperançar em tempos de mudanças climáticas’, destacou como iniciativas filantrópicas têm atuado em múltiplas frentes no enfrentamento à crise climática. Com olhares nacionais e internacionais, as experiências apresentadas colocaram as comunidades no centro das decisões e reforçaram o papel das doações na construção de futuros sustentáveis.

Em seguida, a plenária ‘Empresas semeando transformações’ convidou a audiência a refletir sobre como a filantropia empresarial pode gerar respostas consistentes e estruturantes para os desafios socioambientais.

A mesa ‘Reverberando impactos: a geração de valor na cadeia filantrópica’ abordou como a filantropia gera valor não apenas para a sociedade, mas também para as empresas.

Outro destaque foi o debate sobre o exercício da filantropia familiar no Brasil. A partir do estudo ‘Caminhos para uma atuação mais ampla e estratégica da filantropia familiar no Brasil’, a sessão ‘Cultivando futuros: caminhos para a filantropia familiar no Brasil’ convidou à reflexão sobre como engajar novos filantropos, ampliar o volume doado e expandir os capitais mobilizados, fortalecendo o campo de forma mais estruturada, acolhedora e colaborativa.

Encerrando a programação da manhã, os participantes desfrutaram de um coquetel seguido de um almoço temático: cada mesa tinha um anfitrião que propunha um tema de conversa. Foram 18 opções de temas para aprofundar reflexões sobre as mais diversas questões.

Após o almoço, foi hora de refletir! O palco recebeu David Kyuman Kim, fundador e diretor da Being Human, para uma fala sobre o que significa ser humano.

A tradicional entrevista ‘Em conversa com…’ foi com Tania Haddad Nobre, presidente do conselho deliberativo do Insper. Com muita transparência, Tania compartilhou como sua trajetória na filantropia é marcada pela dedicação de tempo, recursos e trabalho — e, sobretudo, por um compromisso genuíno com o coletivo.

O Fórum seguiu com uma sessão especial sobre a Websérie Transformando Territórios, que trouxe representantes das organizações participantes do programa ao palco. A série apresenta 14 histórias reais de impacto local, protagonizadas por Fundações e Institutos Comunitários (FICs) que conectam lideranças, recursos e saberes para transformar realidades com consistência e propósito.

Em sintonia com esse tema, a mesa ‘Territórios e Comunidade: sonhar e transformar’ destacou experiências que valorizam a cultura, a economia local, a cooperação e a escuta como ferramentas de transformação.

No painel “Esperançar e não esperar: monitoramento para a construção de pontes”, os debatedores refletiram sobre ferramentas e níveis ideais de acompanhamento, e sobre como dados, confiança e equilíbrio de poder entram nessa equação.

A programação contou ainda com a participação dos vencedores de 2024 do Prêmio Empreendedor Social, da Folha de S.Paulo e da Fundação Schwab, que apresentaram suas iniciativas e propósitos de atuação. O painel teve mediação de Eliane Trindade, editora do prêmio.

A mesa ‘Inovações e tecnologia: da distopia à utopia’ apresentou experiências práticas que mostram como a tecnologia pode fortalecer a atuação de gestores públicos, impulsionar mudanças estruturais e promover uma cultura avaliativa voltada à transformação social.

Por fim, a plenária de encerramento ‘Interdependência e resiliência: o esperançar é coletivo’ reuniu lideranças de destaque em seus setores e países, que reforçaram a importância da colaboração entre diferentes atores e perspectivas para promover um futuro mais justo e próspero.

“Certamente enfrentamos enormes desafios, mas vimos ao longo do dia de hoje como isso não nos paralisa. Como disse Paulo Freire, que cunhou o termo ESPERANÇAR, ‘não sou esperançoso por pura teimosia, mas por imperativo existencial e histórico’. O dia de hoje celebrou os sonhos e a teimosia de pessoas que agem na busca de um mundo mais justo e sustentável”, comentou Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

Confira a gravação do evento na íntegra:

realização e apoio

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é uma iniciativa conjunta do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e do Global Philanthropy Forum (GPF). Apoio master da Fundação Bradesco, Fundação Itaú, Fundação Sicredi e Movimento Bem Maior; apoio ouro da Fundação ArcelorMittal e Fundación MAPFRE Brasil ; apoio prata da Mott Foundation ; e apoio bronze da Fundação Bracell, Fundação Grupo Volkswagen, Fundação José Luiz Setúbal e Instituto Sicoob; e apoio institucional do UNICEF Brasil.

A Alliance magazine e a Stanford Social Innovation Review Brasil são parceiras de mídia do evento. Sediada na Inglaterra, a maior revista de filantropia do mundo fEZ a cobertura do evento e transmitiu em inglês ao vivo em seu canal do Youtube.

FÓRUM BRASILEIRO DE FILANTROPOS E INVESTIDORES SOCIAIS

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em nosso canal do YouTube estão disponíveis listas com as gravações de todas as edições. Confira!

Investimento Social Privado também é para os pequenos

Artigo publicado originalmente na Revista Problemas Brasileiros

Por Paula Fabiani, CEO do IDIS

Construir uma sociedade mais justa passa, necessariamente, pelo fortalecimento da responsabilidade social corporativa. Nesse contexto, o Investimento Social Privado (ISP) surge como uma ferramenta essencial para canalizar recursos para causas socioambientais e gerar impacto positivo. E embora ainda persista a ideia de que apenas grandes empresas têm estrutura para isso, o ISP também é possível — e necessário — para Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs).

Essa é uma das reflexões da quarta edição do relatório Perspectivas para a filantropia no Brasil, do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS). O estudo destaca o envolvimento crescente de MPMEs em ações de ISP, desmistificando a lógica de que filantropia corporativa é território exclusivo de grandes corporações.

Baixe o Perspectivas para a filantropia 2025:

Captcha obrigatório

Há bons exemplos nesse cenário. A Métrica.Social, pequena empresa de tecnologia, aderiu ao movimento Compromisso 1% — iniciativa do IDIS e do Instituto MOL —, comprometendo-se a doar, em até dois anos, 1% de seus lucros para causas socioambientais. Já a Braúna, empresa de fruticultura do norte de Minas Gerais, estruturou a sua estratégia de ISP com o apoio do IDIS e estabeleceu a meta de investir até 25% de seus lucros no desenvolvimento da comunidade local.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as MPMEs respondem por mais de 55% dos empregos formais e cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Ainda assim, a atuação dessas empresas no ISP é pouco mapeada e incentivada. O Compromisso 1% surge como um instrumento potente para ampliar a participação desse segmento, convidando empresas de diferentes portes a destinarem 1% de seu lucro líquido anual para organizações da sociedade civil.

Além disso, mudanças no cenário regulatório — como a Resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a legislação europeia Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) — devem estimular ainda mais o engajamento das MPMEs, especialmente as inseridas em cadeias produtivas globais.

Mais do que impacto social, o ISP é também estratégia de posicionamento de marca, fortalecimento de vínculos e geração de valor compartilhado. Independentemente do tamanho, toda empresa pode (e deve) fazer parte dessa transformação.

Dia da Filantropia na COP30 | Parcerias Inovadoras para um Futuro Sustentável

Evento traz ao centro dos debates a relevância do capital filantrópico para o financiamento climático alinhado à justiça socioambiental

 

A filantropia e o capital de impacto terão espaço de destaque na COP30, em Belém. No dia 17 de novembro será realizado o Dia da Filantropia, encontro gratuito que reunirá investidores socioambientais de empresas, fundações e institutos empresariais e independentes, além de representantes da sociedade civil organizada para debater o papel do capital privado para acelerar soluções climáticas. O evento acontece na Casa Balaio, no bairro de Nazaré, das 14h30 às 18h30, mediante inscrição prévia. Tradução simultânea será disponibilizada.

Vai para a COP30? Reserve a data e faça sua inscrição clicando aqui

Promovido por CAF – Charities Aid Foundation, GIFE, IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, Latimpacto, Sitawi e WINGS, e com apoio da RD Saúde organizações nacionais e internacionais que atuam diretamente para o fortalecimento do campo filantrópico, o encontro propõe uma imersão em novas dinâmicas de filantropia. A programação conta com palestrantes de diferentes países e apresentará experiências práticas e inspiradoras de atores engajados no enfrentamento dos desafios ambientais contemporâneos.

Para Paula Fabiani, CEO do IDIS, o evento irá evidenciar como a filantropia pode multiplicar seu impacto e afirma que “O avanço da agenda climática não resulta apenas de acordos internacionais e políticas públicas. Ele requer uma ação coordenada entre diferentes setores da sociedade, mobilização de recursos estratégicos e colaboração contínua.

Serão debatidas estratégias que vão desde o apoio à adaptação de comunidades e à reconstrução pós-desastres, até a mobilização por justiça climática, desenvolvimento socioambiental, inovação tecnológica, transição energética e políticas públicas equitativas.

Por dentro dos impactos da reforma tributária no terceiro setor

No final de 2023, foi promulgada a Emenda Constitucional que estruturou a Reforma Tributária. As novas regras do sistema tributário afetam não apenas as operações das empresas, mas também têm um impacto significativo nas organizações da sociedade civil e na prática da filantropia no país. A reforma tributária traz uma série de alterações que devem aumentar a arrecadação do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD).

Mas o que isso significa para o futuro do terceiro setor? Quais são, efetivamente, as mudanças? A ‘Aliança pelo fortalecimento da Sociedade Civil’, iniciativa liderada pelo Instituto Beja e que tem a participação do IDIS, tem atuado para incidir sobre o assunto, promovendo um ambiente regulatório mais favorável às doações no Brasil..

Fique por dentro do assunto aco1mpanhando nossa curadoria de conteúdo e notícias, com atualizações a cada novo passo.

Impact Minds 2025: conexões, cultura e impacto

Por Fabio Lupo, gerente de prospecção e parcerias no IDIS

Representando o IDIS, participei do ImpactMinds: Collective Makers, promovido pela Latimpacto, que reuniu em Medellín, Colômbia, mais de 700 pessoas de diversos países e organizações comprometidas com o fortalecimento do ecossistema de impacto na América Latina. O evento proporcionou um espaço de trocas e aprendizados, onde os desafios sociais da América Latina estiveram em evidência.

Delegação brasileira na Impact Minds 2025

Logo no primeiro dia, os participantes foram convidados a conhecer a cidade por meio de visitas a bens culturais, comunidades e organizações locais. Escolhi o roteiro que incluía o Museu de Antioquia, onde tive a oportunidade de conhecer os bastidores da instituição, seus programas educativos e visitar a exposição de Fernando Botero. As doações do artista foram fundamentais para o reconhecimento e relevância do museu, evidenciando o poder transformador da filantropia cultural.

Marcos Manoel, Diretor de Projetos do IDIS, que também participou do evento, escolheu a visita à Comuna 13 – uma das regiões mais emblemáticas de Medellín, marcada por um passado de violência, mas que hoje é símbolo de transformação social, arte urbana e resistência comunitária. A visita proporcionada pelo evento permitiu aos participantes conhecer iniciativas locais, murais de grafite que contam a história da comunidade e projetos que promovem inclusão e desenvolvimento.

Ao longo dos dias seguintes, participei de painéis e oficinas que abordaram temas centrais para o avanço do investimento social privado e dos negócios de impacto. Um dos destaques foi a discussão sobre o destravamento de finanças para iniciativas que geram impacto socioambiental positivo. A complexidade do tema foi abordada sob diferentes perspectivas – desde o papel das finanças híbridas e dos instrumentos inovadores, até os desafios regulatórios e culturais que ainda limitam o fluxo de capital para soluções transformadoras.

Outro ponto recorrente nas conversas foi a importância de investidores sociais confiarem nas organizações que apoiam, reconhecendo-as como especialistas nas causas e conhecedoras dos contextos em que atuam.

O evento também foi marcado por uma forte conexão com a cultura colombiana. A generosidade, o calor humano e a receptividade dos anfitriões criaram um ambiente acolhedor, que favoreceu o diálogo e a construção de pontes entre diferentes atores para o enfrentamento das desigualdades na América Latina.

O encerramento do ImpactMinds contou com a participação da líder indígena brasileira Vanda Witoto, que discursou sobre ancestralidade, território e resiliência. Foi também anunciado que a próxima edição do evento acontecerá em Manaus, Amazonas, em 2026 – uma escolha simbólica e estratégica, que coloca o bioma amazônico no centro das discussões sobre resiliência climática e justiça socioambiental.

A participação do IDIS no ImpactMinds reafirma nosso compromisso com o fortalecimento do ecossistema de impacto na América Latina e com a busca por soluções que promovam justiça social, equidade e sustentabilidade. Voltamos com ideias renovadas, parcerias em potencial e a certeza de que, juntos, podemos destravar caminhos para um futuro mais justo e inclusivo.

A comunicação como ponte (e barreira) para doações

Artigo publicado originalmente na Sociedade Viva

por Luisa Lima e Marina Negrão, respectivamente gerente e coordenadora de comunicação e conhecimento no IDIS

Doar é um gesto que nasce da confiança. Confiança na causa, na organização e, cada vez mais, na mensagem que chega até o doador. A Pesquisa Doação Brasil 2024, iniciativa do IDIS, realizada pela Ipsos, revela que, mais do que solidariedade espontânea ou capacidade financeira, a decisão de contribuir está ligada à credibilidade das instituições e à segurança de que o recurso doado será bem utilizado.

Os números demonstram que 81% dos brasileiros afirmam que a confiança é determinante para doar, mas apenas 30% acreditam que a maioria das ONGs seja confiável. Esse contraste não é exclusivo da pesquisa de 2024, acompanha o setor, entre pequenas melhoras e pioras, desde a primeira edição que foi realizada em 2015. Nesta mais recente edição, porém, algo curioso aconteceu. Entre os não doadores, pela primeira vez, a falta de confiança despontou como um dos principais motivos do porquê não doam, reduzindo o percentual de pessoas que respondem o clássico ‘não doo por falta de recursos financeiros’.

O que esse cenário nos revela é o nosso grande desafio como setor: conquistar legitimidade aos olhos da sociedade. Se de um lado há disposição em ajudar, de outro existe desconfiança sobre a aplicação dos recursos e sobre a efetividade do impacto.

É nesse ponto que a comunicação se mostra decisiva. Mais do que pedir doações, é importante demonstrarmos como os recursos são usados, quais resultados foram alcançados, quem foi beneficiado, qual o impacto que o trabalho das ONGs gera para causas e públicos menorizados e, o principal, fazer com que esses recados cheguem ao doador.

 

A FORÇA DAS REDES SOCIAIS E A MÍDIA COMO ALIADA

As redes sociais têm um papel importante na difusão de informações, mas o cerne está em como as organizações comunicam, pois é a percepção de seriedade e transparência que garantem que a sensibilização se converta em apoio efetivo e recorrente.

Nesse sentido, as organizações podem investir em comunicação, inclusive com estratégias específicas e diferentes para as redes que mais influenciam na decisão de doar que, segundo a pesquisa, são Instagram (85%) e Facebook (36%). É interessante também que a organização conheça o público com quem quer falar, pois isso pode também influenciar em onde e como comunicar. Entre pessoas de 18 a 29 anos, por exemplo, a influência do Instagram para a prática de doação sobre de 85% para 91%. Já entre aqueles com 50 anos ou mais, o Facebook dispara de 36 para 70 pontos percentuais.

Quando pensamos na imprensa, um dado inédito dessa edição demonstra que 49% das pessoas já deixaram de doar ao verem uma notícia negativa sobre o assunto na mídia. Por outro lado, a influência das campanhas em veículos tradicionais de mídia na decisão de doar saltou de 10% para 20%.

Nesse caso, há uma responsabilidade compartilhada. Se de um lado as organizações estão trabalhando duro para se comunicarem com mais transparência e clareza, é necessário que a imprensa dê maior visibilidade a histórias de impacto positivo e inclua a doação na pauta pública relevante, a tratando com responsabilidade e cuidado.

 

E QUAL O NOSSO PAPEL NESSE CONTEXTO?

Sendo a falta de confiança nas ONGs um problema estrutural, ele demanda soluções também estruturais. É necessário termos ações multisetoriais, coordenadas e pensadas a partir das parcerias entre vários atores da sociedade.

Organizações estruturantes do terceiro setor, como o próprio IDIS, que promovem a cultura de doação em seu dia a dia de atuação, têm um papel fundamental em ampliar o conhecimento sobre o trabalho exemplar realizado por ONGs e sua contribuição para a redução das desigualdades. A contribuição vem a partir de produção de dados, campanhas de engajamento, advocacy, ferramentas inovadoras e tantas outras frentes que fomentem a reflexão e debate sobre o tema. Em 2018, lançamos a plataforma Descubra sua Causa, hoje sob gestão do Instituto MOL, oferecendo caminhos fáceis e seguros para doação.

A responsabilidade, claro, também se estende a outros atores. O poder público pode valorizar o papel crucial das organizações sociais e aprimorar mecanismos de compliance; empresas podem engajar colaboradores e clientes com campanhas de conscientização e a indicação de ONGs pré-validadas, dentre tantas outras ações.

 

UMA DÉCADA DE ANÁLISES

A trajetória da Pesquisa Doação Brasil desde 2015 mostra como a comunicação vem ganhando espaço na cultura de doação. Na primeira edição, o foco principal foi mapear quem doa e quanto doa, dados que antes não existiam. Olhando para a edição de 2024, vemos alguns dados voltarem ao patamar de como estávamos há 10 anos atrás, outros evoluírem significativamente, entre boas e más notícias que a nova edição nos trouxe, é importante nos atentarmos em como o debate acerca da cultura de doação amadureceu de lá para cá.

Doar é um ato cidadão. É acreditar que aquela contribuição pode, de fato, transformar realidades. E para que esse acreditar seja perene, é preciso confiança. Uma confiança que começa na forma como as organizações se comunicam e se consolida quando os resultados falam por si.

IDIS apresenta renovação no corpo de conselheiros

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, organização pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil e comprometida com a promoção da filantropia, passou recentemente por uma renovação em seu corpo de conselheiros, reafirmando seu compromisso com a governança. 

Como parte dessa renovação, passam a integrar o Conselho Deliberativo Cristina Schachtitz, especialista em comunicação estratégica e ex-vice-presidente de comunicação corporativa e de crise da Edelman; Luiz Fernando Figueiredo, filantropo, ex-diretor do Banco Central e atual chairman da Jive Investments; e Rodolfo Avelino, professor do Insper e especialista na área de tecnologia da informação e transformação digital.

Liderança do IDIS reunida com novos conselheiros da organização

 

Além disso, a partir do segundo semestre de 2025, o Conselho Deliberativo terá nova presidência, com Maria José de Mula Cury, sócia da PwC Brasil, assumindo a liderança. Françoise Trapenard, mentora de executivos e ex-presidente da Fundação Telefônica Vivo, ocupará a vice-presidência. Ambas trazem sólida trajetória em liderança e gestão, com forte alinhamento aos valores e à missão do IDIS.

“A renovação no Conselho reflete nosso compromisso contínuo com a excelência na governança e com a pluralidade de visões. A chegada de profissionais com trajetórias sólidas e complementares fortalece nossa missão de promover o investimento social estratégico e amplia nossa capacidade de gerar impacto positivo na sociedade”, afirma Paula Fabiani, CEO do IDIS.

O processo de composição do conselho é conduzido com rigor e tem como premissa garantir a continuidade da missão institucional, ao mesmo tempo em que incorpora olhares e experiências que fortalecem a atuação do IDIS diante de novos desafios.

Para conferir a composição completa dos conselhos, acesse aqui.

Capacitação gratuita em Inteligência Artificial para ONGs começa com webinar no dia 22 de outubro

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, com suporte do Google.org e apoio técnico do Canal SabIAr lança o IA.3 – Inteligência Artificial para o Terceiro Setor, programa gratuito que capacitará organizações sociais em todo o Brasil no uso estratégico e ético da inteligência artificial.

A primeira atividade da jornada será o webinar formativo, no dia 22 de outubro, das 9h30 às 12h, aberto a todas as ONGs interessadas. O encontro apresentará conceitos básicos da tecnologia, ferramentas úteis e exemplos práticos de aplicação no Terceiro Setor, tornando o conteúdo acessível e aplicável no dia a dia das organizações. A participação é gratuita e ilimitada por organização, mediante inscrição.

Clique aqui para se inscrever!

Além do webinar, o IA.3 contará com outras etapas ao longo dos três anos de duração do programa:

  • Capacitação intensiva: capacitação com 30 horas, ao longo de 4 meses, combinando aulas online ao vivo, conteúdos assíncronos e atividades práticas. A primeira turma com início em 2026, a segunda em 2027. Entre os meses de outubro e novembro haverá uma chamada pública que selecionará 250 organizações.
  • Encontro presencial e mentorias: representantes das 30 organizações com melhor aproveitamento de cada turma de capacitação intensiva, participarão de um encontro presencial de dois dias, em São Paulo, com todas as despesas pagas, para aprofundamento do uso de IA em suas causas, construção de soluções concretas, troca de experiências e fortalecimento de redes de colaboração. Ele está previsto para acontecer no segundo semestre do ano da formação. Também serão oferecidas seis meses de mentorias individualizadas, contribuindo para que as organizações superem desafios de implementação.

 

Além disso, visando acompanhar a diversidade de aplicações e a contribuição do uso de novas tecnologias para organizações do Terceiro Setor, o projeto adotará uma metodologia robusta de avaliação experimental, comparando as organizações participantes da formação com organizações não participantes, que irão receber a formação em um segundo momento.

A avaliação permitirá  a produção de um estudo inédito com exemplos práticos do impacto do uso da IA, com dados quantitativos e qualitativos, a ser lançado em evento com lideranças e especialistas ao final do programa.

Pesquisa Doação Brasil 2024 disponibiliza gráfico interativo para cruzamento de dados

O site da Pesquisa Doação Brasil 2024 ganhou novas funcionalidades. Agora, é possível cruzar informações sobre o comportamento do doador brasileiro com dados demográficos em uma plataforma interativa, além de realizar o download das bases de dados.

Os usuários podem selecionar variáveis de interesse e gerar gráficos personalizados com os resultados. Para acessar, basta entrar no site da pesquisa e clicar na seção ‘Gráficos Interativos’. Você também pode acessá-lo diretamente aqui.

Assista também ao lançamento da Pesquisa Doação Brasil 2024:

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REALIZADORES E APOIADORES

SOBRE a PESQUISA DOAÇÃO BRASIL

Pesquisa Doação Brasil foi criada com o propósito de mapear, de forma aprofundada, as percepções, atitudes e práticas de doação entre os brasileiros, com foco especial nas contribuições monetárias. O estudo investiga os fatores que impulsionam ou dificultam o ato de doar, oferecendo uma leitura abrangente do comportamento do doador individual no país. Desde sua primeira edição, que refletiu o ano de 2015, a pesquisa se consolidou como a principal fonte de dados sobre a cultura de doação no Brasil, com novas edições sobre 2020, 2022 e 2024. Ao longo desse percurso, ela vem contribuindo para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de mobilização de recursos, oferecendo subsídios valiosos para políticas públicas, iniciativas do terceiro setor e ações institucionais que visam tornar a cultura de doação no Brasil mais sólida, consciente e sustentável.

Um retrato da alfabetização e da desigualdade no Brasil

Artigo originalmente publicado na Folha de S.Paulo, 22/08/2025

Estudo do Instituto Ayrton Senna e IDIS demonstrou que para cada R$1 investido em programas de alfabetização, são gerados R$18,56 em benefícios para a sociedade  

Por Daiane Zanon, Gerente Sênior de Dados, Avaliação e Monitoramento no Instituto Ayrton Senna

Gabriela Cáceres, Gerente de Avaliação e Monitoramento no Instituto Ayrton Senna

e Denise Carvalho, Gerente Sênior de Monitoramento e Avaliação no IDIS 

A educação é uma das ferramentas mais poderosas para reduzir desigualdades. Mas, no Brasil, esse caminho ainda está longe de ser uma realidade para todos. Um estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) revelou que entre as crianças pertencentes à metade mais pobre da população, apenas 10,8% conseguem alcançar o grupo dos 25% mais ricos na vida adulta. Essa baixa mobilidade social está diretamente ligada ao acesso desigual à educação, especialmente nos primeiros anos escolares. 

O resultado do Indicador Criança Alfabetizada, recentemente divulgado pelo Ministério da Educação, mostra que apenas 59% dos alunos estão alfabetizados ao final do 2º ano do Ensino Fundamental. Isso significa que quase metade das crianças brasileiras não desenvolve, no tempo adequado, as habilidades básicas de leitura e escrita. E quando a alfabetização falha no início da trajetória, os prejuízos se acumulam: o aluno passa a ter mais dificuldade para acompanhar os conteúdos, corre maior risco de repetência e abandono e se afasta das oportunidades que a escola deveria garantir. 

Entre os mais afetados estão os estudantes em atraso escolar – um grupo numeroso e frequentemente deixado para trás. Embora a taxa de distorção idade-série nos anos iniciais tenha caído pela metade na última década (de 14% para 7%), ela ainda é quase o dobro nas escolas públicas em comparação às privadas. Essa desigualdade também fica evidente na forma como cada criança é apoiada ao enfrentar dificuldades. Uma criança de família com maior renda, ao ter problemas na escola, costuma contar com aulas de reforço e apoio em casa. Já uma criança em situação de vulnerabilidade, muitas vezes segue adiante sem aprender, acumulando frustrações que comprometem toda a sua trajetória escolar e de vida. 

Um exemplo é o de Ronaldo Lima Santos, de Itabaiana (SE), egresso do programa Se Liga, desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com a rede pública local. Aos nove anos, ele vendia frutas com o pai, tinha muita dificuldade para ler e escrever e já acumulava uma série de reprovações. Sentia-se inferior aos colegas e evitava ir à escola. Foi ao entrar no programa de recomposição de aprendizagem que sua trajetória começou a mudar: passou a ter aulas adaptadas às suas necessidades, recuperou a autoestima, aprendeu a ler e escrever e seguiu em frente. 

Em um depoimento gravado na época, Ronaldo dizia: “Eu me olhava no espelho e me achava um menino bruto, idiota. Agora me olho no espelho e vejo um menino inteligente, sabido.”

Hoje, já adulto, ele é empreendedor, tem autonomia financeira e movimenta a economia local. Sua história é um lembrete potente de como a alfabetização pode transformar não só a trajetória escolar, mas a forma como a criança se enxerga e sonha com o futuro. 

E os dados mostram o quanto esse tipo de intervenção vale a pena. Um estudo do IDIS, encomendado pelo Instituto Ayrton Senna, aponta que cada R$ 1 investido em programas de recomposição da aprendizagem para alunos em atraso escolar gera R$ 18,56 em benefícios para a sociedade. A Avaliação de Análise Custo-Benefício (ACB) compara os benefícios sociais, econômicos e ambientais gerados por uma iniciativa, com os recursos investidos para sua implementação. Essa comparação tem como base a análise de uma série de evidências para responder, principalmente, três perguntas: qual a transformação social, econômica ou ambiental provocada pelo investimento; qual o valor econômico (ou estimativa) das transformações geradas; e por quanto tempo as transformações serão percebidas. A partir desta análise, portanto, é possível perceber que os programas como o Se Liga e o Acelera Brasil, desenvolvidos em parceria com redes públicas de ensino, conseguem virar o jogo na educação, oferecendo apoio adequado e de qualidade. 

Para romper o ciclo da desigualdade, é preciso colocar as crianças que mais precisam no centro das políticas públicas. Garantir o direito à aprendizagem – inclusive para quem já está em atraso escolar – é um investimento que beneficia a todos. O Estado economiza com repetência e abandono, e os estudantes ganham mais chances de concluir os estudos, acessar boas oportunidades e contribuir para o desenvolvimento do país. 

Por outro lado, as perdas de uma educação falha são imensas. O estudo “Consequências da violação do direito à educação”, desenvolvido pelo Insper em 2021, estima que cada jovem que não conclui a educação básica representa um prejuízo de R$ 395 mil para a sociedade. Somando todos os jovens que devem evadir a escola, o custo pode passar de R$ 220 bilhões — o equivalente a 3,3% do PIB nacional e mais de quatro vezes o investimento necessário para garantir uma trajetória regular de escolarização. 

Mas, no fim das contas, o impacto de garantir a aprendizagem adequada vai muito além dos números. Ele está na história de cada criança que, ao aprender a ler e escrever, começa a acreditar em si mesma. Ronaldo é a prova disso. E sua trajetória nos lembra que milhões de outras crianças ainda esperam por essa mesma chance. 

Como a agenda de sustentabilidade pode ser alavancada por meio do Investimento Social Privado?

Empresas que investem socialmente, de forma estratégica, colhem resultados que vão muito além do impacto social: ganham em reputação, inovação e sustentabilidade.

Yasmim Araujo Lopes, Analista de Projetos no IDIS

A agenda ESG se caracteriza pela incorporação de critérios sociais, ambientais e de governança no negócio. Hoje, é reconhecida como uma estratégia na agenda das empresas, com papel central de mitigar riscos não financeiros e garantir negócios mais resilientes e sustentáveis a longo prazo, em equilíbrio com a sociedade.

Evidências já mostram o valor promissor dessa agenda. Em momentos críticos, como a pandemia de Covid-19, as carteiras de investimento ESG tiveram menor volatilidade, demonstrando que esses ativos oferecem maior resiliência e reforçam a sustentabilidade das empresas em momentos de crise. O Panorama da Sustentabilidade Corporativa 2025, elaborado pela Amcham em parceria com a Humanizadas, revelou que 76% das empresas já adotam práticas sustentáveis, embora 52% ainda estejam no estágio inicial e, para 72% delas, a sustentabilidade já faz parte da estratégia de negócios.

Apesar dos avanços, ainda existem barreiras para consolidar a agenda ESG. Entre os principais desafios estão comprovar os resultados financeiros da sustentabilidade e engajar a liderança, apontados por 58% e 54% das empresas, respectivamente.

Acontece que, a Agenda ESG articulada ao Investimento Social Privado pode fortalecer um conceito ainda mais amplo: a sustentabilidade.

Confira também ‘ESG, RSC e ISP: o que significa e como as siglas se relacionam’

 

Como alavancar a sustentabilidade corporativa no Brasil?

Diante de um cenário em que a maioria das empresas ainda está nos estágios iniciais da sustentabilidade e enfrenta desafios para demonstrar valor e engajar lideranças, é preciso definir caminhos que impulsionem boas práticas e gerem resultados para o negócio.

O Panorama de Sustentabilidade Corporativa analisou 15 práticas-chave, avaliando cada uma delas a partir de dois eixos: impacto (financeiro e social) e esforço de implementação. O estudo resultou em uma matriz de priorização que ajuda empresas a entenderem por onde começar e quais ações podem trazer retorno mais rápido.

Entre essas práticas, o apoio a projetos sociais e o voluntariado corporativo apareceram como quick wins. Isso significa que são iniciativas de fácil execução, com custos relativamente baixos e resultados perceptíveis em curto prazo.

 

O papel do Investimento Social Privado

Integrado à Responsabilidade Social Corporativa, o Investimento Social Privado (ISP) é a alocação voluntária e estratégica de recursos por parte das empresas para gerar um impacto socioambiental positivo, tendo como abordagem um olhar mais estratégico e orientado a resultados, baseado em dados e evidências, com foco na criação de valor de longo prazo para a sociedade e para o negócio.

Da mesma maneira que a Amcham e a Humanizadas apontaram o apoio a projetos sociais e ao voluntariado como práticas que alavancam a sustentabilidade corporativa, o estudo Investimento Social Privado: Estratégias que alavancam a Agenda ESG, do IDIS, identificou, a partir da análise do desempenho das empresas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), a correlação existente entre boas práticas de ISP e a sustentabilidade empresarial.

O levantamento analisou o triênio 2022-2024 das empresas que fazem parte do indicador e, durante o período avaliado, a prática de Investimento Social Privado manteve-se entre os dez tópicos com maior correlação com a nota do ISE B3, evidenciando que empresas com bom desempenho em ISP também se destacam em sustentabilidade. 

 

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Fica evidente que realizar apoio e investimentos em projetos socioambientais promove a sustentabilidade corporativa. Entretanto, é necessário investir estrategicamente, engajando a liderança e considerando o próprio negócio como público do ISP.

Quando o Investimento Social Privado está alinhado à estratégia da empresa, ele promove o engajamento da liderança e garante a continuidade dos programas, evitando que as iniciativas se percam ao longo do tempo. Também fortalece o sentimento de pertencimento entre colaboradores, que passam a se envolver mais com as causas apoiadas, e amplia o reconhecimento da empresa por parte de comunidades, organizações sociais e até do poder público.

Além disso, o investimento social estratégico gera outros benefícios, como a melhora da reputação da empresa, o fortalecimento da relação com clientes, a abertura para novas parcerias e inovações em soluções sociais e ambientais e a ampliação da capacidade de influência em agendas políticas e institucionais.

 

O IDIS na agenda de sustentabilidade e ESG

Em 2023, foi oficializada a criação de uma célula ESG no time de consultoria do IDIS, oferecendo apoio técnico a empresas que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. 

Entre os serviços oferecidos estão: 

  • Diagnóstico, planejamento e definição de planos de ação para alinhar o investimento social à estratégia ESG e de sustentabilidade;
  • Desenho estratégico com base em Teoria da Mudança (TdM), arquitetura de atuação e metodologias complementares;
  • Pesquisas, estudos e benchmarking sob medida, adaptados ao contexto e às necessidades da organização;
  • Facilitação de workshops, treinamentos e programas de capacitação para engajamento e fortalecimento institucional;
  • Estruturação de planos de monitoramento e avaliação, com definição de indicadores e métricas para reporte integrado e consistente;
  • Mensuração e alinhamento do valor gerado pelo investimento social, destacando benefícios para a sociedade e para o negócio.

 

Conheça alguns dos nossos cases: Ação da cidadania, BTG Pactual, Ella Impacta, Instituto Alpargatas e Brametal e saiba como o IDIS pode apoiar sua empresa na conexão entre propósito e sustentabilidade corporativa.

Confira aqui outros conteúdos sobre Agenda ESG e ISP. 

REFERÊNCIAS

AMCHAM, Humanizadas. Panorama Sustentabilidade Corporativa, 2025. Disponível em: <https://mkt.amcham.com.br/materiais/panorama-sustentabilidade-2025.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2025.

B3, Sistema B. Negócios responsáveis: Um olhar para o futuro. Conexões de Valor, São Paulo, 2025. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OdorlwbCqVw>. Acesso em: 11 jun. 2025.

Comunita. Reflexões e Tendências do ISC: Caminhos para o engajamento da alta liderança empresarial no investimento social corporativo. Comunitas, 2025. Disponível em: <https://comunitas.org.br/publicacao/reflexoes-e-tendencias-do-isc-caminhos-para-o-engajamento-da-alta-lideranca-empresarial-no-investimento-social-corporativo/>. acesso em: 22 jul. 2025.

COUTINHO, Leandro de Matos. O Pacto Global da ONU e o desenvolvimento sustentável. In: R. BNDES, Rio de Janeiro, v. 28, n. 56, p. 501-518, 2021. Disponível em: <https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/22029/1/13-BNDES-Revista56-PactoGlobalONU.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2025.

FABIANI. Rethinking strategic corporate philanthropy: the donation chain approach. Tese de doutorado, FGV, 2024. Disponível em: <https://repositorio.fgv.br/items/7c8143ee-9098-44b7-a8f0-b519131e5854>. Acesso em: 01 jul. 2025.

IDIS. Investimento Social Privado: Estratégias que alavancam a Agenda ESG, 2024a. Disponível em: <https://www.idis.org.br/estudo-aponta-correlacao-entre-boas-praticas-de-investimento-social-privado-e-agenda-esg/>. Acesso em: 11 jun. 2025.

IDIS. O que é ESG e como ele se relaciona com o Investimento Social Privado?, 2024b. Disponível em: <https://www.idis.org.br/o-que-e-esg-e-como-ele-se-relaciona-com-o-investimento-social-privado/#:~:text=Antes%20de%20mais%20nada%2C%20%C3%A9,que%20circundam%20a%20atividade%20empresarial.%E2%80%9D>. Acesso em: 11 jun. 2025.

PAGOTTO, et al., Entre o público e o privado caminhos do alinhamento entre o investimento social privado e o negócio. São Paulo: GVces, 2016. Disponível em: <https://sinapse.gife.org.br/download/entre-o-publico-e-o-privado-caminhos-do-alinhamento-entre-o-investimento-social-privado-e-o-negocio>. Acesso em: 11 jun. 2025.

 

O monitoramento como caminho para diversidade e inclusão

Artigo originalmente publicado no Nexo, 02/08/2025

Por Ana Paula Otani, analista de monitoramento e avaliação do IDIS

Diversidade e inclusão são expressões que ecoam cada vez mais nos discursos institucionais de empresas privadas, governos e organizações da sociedade civil. Mas até que ponto esses princípios se traduzem, de fato, em práticas cotidianas? Transformar a agenda em experiências efetivas exige mais do que boas intenções: requer método, intenção e, sobretudo, monitoramento.

Mesmo quando não aparecem nomeadas como causas centrais ou eixos programáticos, diversidade e inclusão com frequência atravessam iniciativas de outras pautas, como educação, cultura, esporte ou meio ambiente, influenciando a definição de seus públicos, territórios e formas de atuação. No entanto, a simples declaração de compromisso com esses princípios não garante que práticas consideradas inclusivas não acabem, sem perceber, incorrendo em exclusão. Isso porque múltiplos fatores subjetivos, contextuais e estruturais moldam a forma como diferentes grupos vivenciam uma intervenção, sem muitas vezes serem percebidos.

É justamente nesse sentido que o monitoramento pode ser um instrumento importante para organizações que defendem a diversidade e inclusão como prática. Originalmente concebido para medir resultados e aprimorar políticas e programas, o monitoramento, assim como a avaliação de impacto, deixou de ser apenas uma ferramenta técnica de prestação de contas, podendo também atuar como instrumento de combate às desigualdades.

Monitorar é lançar luz sobre: quem está sendo excluído? Quem demonstra resistência ou insatisfação com determinadas iniciativas? E, sobretudo, por quê? De modo que rotas possam ser corrigidas a tempo.

Para isso, é fundamental que a intenção da diversidade e inclusão se manifeste desde o planejamento, na definição de objetivos claros, na escolha de públicos-alvo e no estabelecimento de indicadores de modo que um plano de monitoramento relevante e sensível às desigualdades seja elaborado.

Mais do que descrever o público de interesse, é fundamental que sua definição oriente estratégias de mobilização e comunicação, com a escolha clara dos marcadores de diversidade a serem priorizados para garantir a participação de perfis diversos. Esse cuidado permite formular perguntas que aprofundem o compromisso com a equidade. Em um programa de empregabilidade para mulheres, por exemplo, é importante ir além da taxa geral de inserção no mercado e investigar: qual a proporção de mulheres negras e brancas empregadas? Pessoas com deficiência têm acesso pleno às atividades? Moradoras de periferias enfrentam barreiras de transporte? Sem uma investigação, empecilhos que perpetuam desigualdades se mantêm inalterados, mesmo em iniciativas que buscam promover a inclusão.

Outro ponto fundamental é a existência de uma base de dados estruturada sobre os participantes de uma iniciativa, um grande desafio para muitas organizações. Dados dispersos, registros incompletos e sistemas que não se integram comprometem a capacidade de ter uma base de dados organizada e atualizada que permita não apenas acompanhar os participantes durante e após o projeto, mas avaliar as desigualdades na forma como diferentes grupos vivenciam a iniciativa. Com essas informações, as organizações conseguem tomar decisões mais embasadas e promover ajustes ao longo da implementação da iniciativa para promover, sempre que possível, uma vivência mais equitativa para diferentes perfis de participantes.

Além disso, quando se trata de diversidade, é necessário um cuidado adicional. Marcadores identitários como raça, gênero, dentre outros, devem sempre ser autodeclarados e jamais presumidos. Preservar a autonomia das pessoas sobre sua identidade é um compromisso para qualquer iniciativa. Respeitar como cada indivíduo se reconhece e se posiciona diante da sociedade não é apenas uma questão ética, mas parte central do processo de inclusão.

Diferentemente do que muitos pensam, o monitoramento não se resume somente a números. Ouvir as histórias, contextos e percepções dos beneficiários amplia a compreensão do impacto real de uma iniciativa. Conversas, entrevistas e grupos focais revelam nuances que os dados quantitativos não mostram, ajudando a identificar engajamentos e evitar que participantes sejam deixados de lado. Esse acompanhamento atento fortalece vínculos e, quando há abandono, permite investigar as causas e aprimorar as ações, tornando as iniciativas mais acolhedoras e eficazes.

Essa escuta deve alcançar também as equipes gestoras dos projetos e programas. Quando diversidade e inclusão deixam de ser temas isolados e passam a integrar metas institucionais claras, elas se tornam compromissos compartilhados em todas as esferas de uma organização. Isso exige diálogo e capacitação contínua para que a equipe possa refletir sobre suas próprias práticas e desafios, dando espaço para a construção de um ambiente proativo, onde todos estão dispostos a identificar e corrigir falhas internas que poderiam reproduzir exclusões.

Finalmente, tudo isso se reflete na avaliação de impacto, cuja demanda cresce, mas que, sem monitoramento contínuo e dados confiáveis, resulta em análises frágeis e enviesadas. Para garantir que os efeitos positivos alcancem a todos, é preciso enxergar o todo — o que exige método, trabalho e compromisso com o que não se vê à primeira vista.

Falar de diversidade e inclusão em projetos socioambientais sem investir em monitoramento é correr o risco de não enfrentar as desigualdades existentes ou até mesmo de reforçá-las. Monitorar vai além de contar participantes ou preencher planilhas, é um processo de aprendizado contínuo que possibilita ajustar e melhorar intervenções para alcançar seu potencial, assumindo responsabilidade pelos seus efeitos, sejam eles intencionais ou não.

Apesar de muitas vezes ser pouco visibilizado por ser uma atividade intermediária, o monitoramento precisa ser valorizado como prática estratégica, afinal, é o que conecta a intenção com os resultados de uma intervenção. Quando integrado à cultura organizacional, ajuda a tornar a inclusão uma prática efetiva, gerando mudanças reais na vida dos beneficiários e, consequentemente, na sociedade. Todos se beneficiam.

No fim das contas, é isso que nos permite ser mais honestos e ter coragem para refletir: nossas práticas são tão inclusivas quanto nossos discursos?

Pesquisa Doação Brasil 2024 é destaque na mídia de todo o país

Fortemente influenciada pelo contexto socioeconômico e situações emergenciais, o cenário da doação no Brasil apresenta um novo padrão. A nova edição da Pesquisa Doação Brasil revela práticas de doação mais criteriosas, aumento nos valores doados e maior exigência quanto à transparência de instituições beneficiadas.

Evento de lançamento da Pesquisa Doação Brasil 2024. Foto: André Porto

Desde sua primeira edição, que refletiu o ano de 2015, a pesquisa se consolidou como a principal fonte de dados sobre a cultura de doação no Brasil, com novas edições sobre 2020, 2022 e 2024.

A nova edição foi destaque em diferentes veículos jornalísticos do país. Confira e acesse alguns:

TV Cultura

Jornal Hoje (Rede Globo)

Globonews

TV Aparecida

Veja

CBN

Diário do Noroeste

Observatório do Terceiro Setor

Rede Filantropia

Podcast Impacto na Encruzilhada

Monitor Mercantil:

Vídeo do evento de lançamento:

 

Transformando urgência em oportunidade: fortalecendo as doações emergenciais para um impacto de longo prazo

Por Patricia Mcllreavy, CEO do Center for Disaster Philanthropy (CDP)*
*Com sede nos Estados Unidos, mas com atuação internacional, o CDP tem apoiado os esforços de recuperação das enchentes no Rio Grande do Sul realizados pela Fundação Gerações, Retomada e AVSI Brasil

É crescente no Brasil a vulnerabilidade a desastres climáticos. Ocupando a 50ª posição entre 171 países no Índice Global de Risco Climático de 2025, a população brasileira tem enfrentado chuvas torrenciais seguidas de enchentes e deslizamentos de terra, ondas de calor severas, secas, além de incêndios florestais devastadores.

Felizmente, quando os desastres acontecem, os brasileiros respondem com generosidade, doando tempo, talentos e recursos. A Pesquisa Doação Brasil 2024 aponta que metade da população fez doações em resposta a emergências no ano passado, sendo que 60% dessas doações em dinheiro foram destinadas a locais fora do seu próprio estado. Isso demonstra não apenas solidariedade nacional, mas um instinto profundo de agir, mesmo quando a necessidade está distante de casa.

No entanto, diante dessa generosidade, surge uma pergunta: como podemos canalizar o poder das doações imediatas também para a prevenção e a recuperação de longo prazo?

No Center for Disaster Philanthropy, que lidero, reconhecemos que os três principais motivadores para doações em desastres — além da empatia — são a escala da crise, a cobertura da mídia e a proximidade. Também entendemos como os desastres e os riscos que os causam agravam vulnerabilidades pré-existentes e podem gerar maior destruição e uma recuperação mais prolongada.

As doações emergenciais imediatas, especialmente para desastres menores ou que recebem pouca atenção, muitas vezes refletem a carga emocional do momento. Essa generosidade instintiva é poderosa: as doações para alívio imediato são mobilizadas rapidamente, mas tendem a diminuir à medida que o foco da mídia muda ou os esforços de recuperação se prolongam.

No entanto, a recuperação não é uma linha do tempo nem uma fase — é uma abordagem. Ela exige mais do que reconstruir estruturas ou restaurar sistemas: requer o enfrentamento das causas profundas das vulnerabilidades, investimento em saúde mental e a capacitação das comunidades para liderarem suas próprias soluções. À medida que os desastres relacionados ao clima se tornam mais frequentes e intensos, a recuperação torna-se ainda mais complexa. O segredo para uma recuperação bem-sucedida está em uma preparação eficaz, financiamento flexível e contínuo, e um compromisso com a equidade que permita às comunidades não apenas retornar ao que eram, mas avançar rumo ao que podem ser.

Os dados da Pesquisa Doação Brasil iluminam perspectivas de avanço. Embora apenas 10% dos doadores emergenciais digam doar exclusivamente em contextos de desastre, 40% também doam em outros contextos. Isso representa uma oportunidade. Se mesmo uma parcela desses doadores, que já contribuem em momentos não emergenciais, for incentivada a investir na recuperação contínua e na preparação, o potencial de impacto sustentável é enorme.

A confiança, no entanto, é a barreira que precisamos enfrentar. Apenas 30% dos brasileiros acreditam que a maioria das ONGs é confiável, e quase metade parou de doar após se deparar com notícias negativas. Transparência, prestação de contas e narrativas envolventes são fundamentais, não apenas para captar recursos nas primeiras semanas, mas para conquistar a confiança do público nos meses e anos seguintes. Os doadores querem ajudar; mas também querem entender para onde vai seu dinheiro e qual diferença ele faz.

Os próprios doadores estão nos apontando o caminho: investir em uma sociedade civil local forte. Apoio flexível (incluindo despesas operacionais gerais) ajuda as ONGs a desenvolverem sistemas financeiros, práticas de prestação de contas e capacidades de comunicação necessários para receber recursos e relatar impactos programáticos. As organizações mais próximas das comunidades afetadas são também as mais capacitadas para oferecer soluções, mas precisam de recursos antes, durante e depois dos desastres. Ao encarar a recuperação como algo que vai muito além da emergência imediata, conseguimos ver as oportunidades que temos para investir em uma recuperação equitativa e de longo prazo.

Não podemos impedir todos os desastres, mas podemos construir sistemas que tornem nossa resposta mais equitativa e eficaz. Isso começa com o reconhecimento de que emergências não são apenas momentos de perda; são momentos de escolha. Vamos doar apenas uma vez, ou vamos doar de forma a construir algo duradouro?

A mídia a serviço da cultura de doação

*Por Vinicius de Oliveira Barrozo, analista sênior de valor social na Globo

É inegável que, historicamente, a mídia exerce impacto na relação da sociedade com as causas sociais. Quando o assunto é cultura de doação, os meios de comunicação, principalmente a TV aberta com seu massivo alcance de público, são capazes de gerar grandes mobilizações através do estímulo à solidariedade e à empatia, sentimentos que despertam a conscientização sobre a necessidade do outro. E ainda, o trabalho da mídia pode ser um potente combustível para que o desenvolvimento dessa cultura seja acelerado.

A Pesquisa Doação Brasil mostrou que a procura por informações se tornou uma das peças-chave na trajetória da doação: 83% dos entrevistados afirmam que gostam de estar bem-informados sobre as organizações antes de doar. Nesse sentido, a mídia, em geral, tem potencial de ser uma forte aliada da cultura de doação, já que dentre as redes que mais impactaram a decisão de doar no ano passado, campanhas, anúncios, programas na TV, rádio, revistas etc., figuram em terceiro lugar, após as redes pessoais do doador, com um aumento expressivo em relação à edição de 2022.

Considerando o valor de uma boa comunicação a serviço de brasileiros que precisam de ajuda, é fundamental a atenção na construção de narrativas positivas que superem estigmas sobre a doação. Isso porque, por outro lado, a pesquisa destacou que quase metade dos doadores brasileiros (49%) afirma que já deixou de fazer alguma doação ao ver notícias negativas na mídia sobre o assunto. É fundamental o cuidado para que o caminho da mensagem, mesmo que negativa, ainda seja capaz de contribuir para que o doador se sinta informado em tom de alerta, sem que isso enfraqueça o estímulo a futuras doações, mas reforçando o olhar atento para a boa reputação de uma organização como um dos seus principais motivadores. Na pesquisa de 2024, a confiança na instituição apoiada aparece como importante fator para doar (81%), o que confirma a relevância da cautela no comportamento do doador.

Entretanto, para não-doadores, a desconfiança cresce. Com aumento de mais de 15 pontos percentuais na comparação com a pesquisa anterior, a falta de transparência é o segundo motivo para não doar, após as condições financeiras. Vale ressaltar que, aqui, também é essencial refletir sobre como as organizações podem expressar mais  clareza de seus processos e informações através de seus canais de comunicação disponíveis. Para a mídia, isso resultaria em mais insumos na construção de narrativas inspiradoras, que podem até mesmo atrair não-doadores e ajudar a reverter o quadro de desconfiança para esse perfil.

Mas, construir confiança e clareza para mobilizar é desafiador. Segundo a Pesquisa, apenas 30% dos entrevistados acreditam que a maioria das ONGs é confiável e somente 33% acham que elas deixam claro o que fazem com o dinheiro. Credibilidade é uma palavra que precisa caminhar permanentemente com os esforços de comunicação. Em 2020, durante a pandemia do coronavírus, a Globo criou a plataforma ParaQuemDoar para unir quem quer doar a quem precisa receber. Era uma maneira de dar visibilidade ao trabalho das principais organizações sociais frente ao cenário. O apoio da área de Compliance da Globo e da Benfeitoria, foi também a forma encontrada para dar confiança ao público de que o dinheiro iria diretamente para organizações de referência e com boa reputação.

De lá pra cá, a Globo vem ampliando seu engajamento e o ano de 2024 foi particularmente de grande aprendizado. Se na pesquisa, dentre as causas que mais receberam doações, as situações emergenciais ocupam o segundo lugar, num crescimento de 17 pontos percentuais em relação ao ano de 2022, isso tende a se conectar, por exemplo, com a contribuição da ParaQuemDoar que, durante as enchentes no Rio Grande do Sul, convidou o brasileiro a doar através de uma plataforma segura e chancelada por uma marca de mídia já reconhecida como a Globo. Apenas em maio de 2024, 34 milhões de reais foram arrecadados para as vítimas no Sul.

É inquestionável que nas situações mais críticas o potencial do doador brasileiro se eleve. Mas, e quando a comoção nacional diminui e outros assuntos passam a ganhar visibilidade? De que a maneira também a confiança e clareza das informações pela mídia também pode contribuir para tornar a cultura de doação regular da mesma maneira quando exerce um forte impacto nas emergências? É hora de a mídia se perceber como aliada constante no desenvolvimento da cultura de doação, dando visibilidade ao trabalho de organizações sociais, gerando transformação e promovendo um país mais solidário.

Comunicação e confiança: os ativos invisíveis do engajamento

*Por Beatriz Waclawek, gerente de investimento social no Movimento Bem Maior

Apesar dos avanços do terceiro setor brasileiro, a cultura de doação ainda passa por instabilidades Em tempos de desinformação, sobrecarga de causas e alta rotatividade de apoio, a confiança passou a ser o eixo central da decisão de quem doa. O que determina essa confiança? E qual o papel da comunicação nesse processo?

Em 2024, no Movimento Bem Maior (MBM), observamos entregas estratégicas e robustas das organizações apoiadas pela nossa carteira. O Instituto Rodrigo Mendes, por exemplo, formou secretarias municipais de educação, contribuindo diretamente para a homologação de decretos e leis de inclusão de estudantes com deficiência. O Estímulo lançou o primeiro fundo de apoio a empreendedores afetados por desastres climáticos no Rio Grande do Sul, arrecadando cerca de R$722 milhões. A Ação da Cidadania sediou a reunião ministerial do G20, consolidando uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. O Todos Pela Educação reuniu os prefeitos eleitos das maiores cidades do país para pactuar compromissos com a educação pública.

Tais exemplos confirmam o que o campo social já sabe – e o que nem sempre é visível fora dele: as OSCs brasileiras vêm gerando resultados de grande valor. As entregas são técnicas, os métodos amadureceram, os resultados estão mais nítidos e a articulação política evoluiu. O desafio, hoje, está menos na capacidade de execução e mais em como essa entrega é percebida por quem doa.

A Pesquisa de Doação Brasil 2024 do IDIS evidencia esse ponto. O número de brasileiros que doam caiu de 84% para 78% entre 2022 e 2024. Os dados mostram que as doações estão mais seletivas, com uma baixa confiança estrutural nas organizações, no qual 83% buscam informações antes de doar, e 49% já deixaram de doar após notícias negativas. O novo perfil de doador é mais exigente e criterioso, concentrado nas classes médias e altas, e menos fiel na constância no apoio (49% dos doadores mantêm o apoio à mesma organização vs 69% em 2015). A pesquisa demonstra que confiança se tornou um critério central.

Por outro lado, a doação institucional, aquela que considera quem doou dinheiro para organizações sociais, campanhas e iniciativas aumentou de 36% para 43% e bateu recorde de volume: R$24,3 bilhões, o maior montante já estimado pela série histórica. O tíquete médio aumentou, especialmente entre pessoas com mais renda e escolaridade. Em meio a isso, observamos um Brasil marcado por desastres climáticos sem precedentes, envelhecimento populacional, instabilidade política e hiperconexão digital. Tais cenários afetam o imaginário coletivo e, por consequência, a cultura de doação. Em relação às pesquisas de 2020 e 2022, os dados de 2024 se aproximam de 2015, indicando certa retração, maior exigência de transparência e demanda por vínculos de confiança.

Diante das entregas de qualidade e de relevância do setor, exemplificadas no início pelas organizações da carteira do MBM, notamos um descompasso entre a percepção da sociedade sobre o campo social e o impacto positivo gerado no país. Se a entrega está acontecendo e o resultado é real, por que não reverbera na opinião pública?

Nesse quesito, a comunicação e transparência deixam de ser ferramentas satélites e passam a ser ativos centrais para a sustentabilidade do setor. Qual o caminho, então? Talvez seja começar pelo fortalecimento institucional, união de vozes e por uma comunicação mais estratégica.

Recentemente, o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) publicou um artigo sobre o papel do jornalismo local na construção de uma sociedade bem-informada e democrática, garantindo acesso a informações confiáveis. Talvez estejamos diante de uma oportunidade de revisitar a estratégia coletiva de narrativas do terceiro setor para nos unirmos e refletirmos porque tais estratégias não refletem em comunicações assertivas para a sociedade. Como gerar mais reconhecimento social? Precisamos, quem sabe, de uma coalizão de comunicação que represente o setor?

Quem trabalha no campo sabe o valor que ele gera. Mas se a sociedade não reconhece esse valor, então temos uma lacuna, e uma oportunidade.

A cultura de doação é sensível ao contexto, mas moldada pela confiança. E confiança se constrói com presença e escuta ativa. Transparência não é planilha: é relação. Engajamento não é só recorrência financeira, é quando quem doa sente que faz parte de algo maior. Eis minha interrogação final: o que, unidos, podemos fazer de maior?

Dez anos da Pesquisa Doação Brasil e a descoberta da cultura de doação brasileira

*Por Andréa Wolffenbüttel, consultora técnica da Pesquisa Doação Brasil

Quando cheguei ao IDIS, há dez anos, recebi uma missão desafiadora: realizar uma pesquisa que revelasse quantos brasileiros doavam e quanto doavam. Dito assim, parece simples. Mas ninguém havia feito isso antes — e as dúvidas eram muitas.

Havia quem defendesse que o foco deveria estar em quem não doa, para entender como conquistar esse público. Outros achavam mais importante compreender o doador, para estabelecer um diálogo mais eficaz e fidelizar as doações. Além disso, havia questões conceituais importantes: deveríamos considerar apenas doações em dinheiro? Ou também incluir doações de bens e trabalho voluntário?

Essas eram apenas algumas das perguntas que nos rondavam em um cenário sobre o qual pouco se sabia. O que hoje parece evidente — que os brasileiros são solidários, que a maioria faz doações, que há certo desconforto em falar sobre o ato de doar e uma desconfiança presente na relação entre doadores e organizações —, na época era desconhecido. A impressão predominante era de que a cultura de doação no Brasil ainda era incipiente.

Quando recebemos os resultados da primeira edição da Pesquisa Doação Brasil, ficamos surpresos: 77% dos brasileiros haviam feito algum tipo de doação em 2015. Mais da metade (52%) havia doado dinheiro e 43% contribuído com organizações sociais, campanhas ou grupos organizados. A reação da equipe foi de incredulidade. Pedimos ao Instituto Gallup, responsável pela coleta e análise dos dados na época, que reprocessasse os resultados. Achávamos que havia algum erro. Mas não havia.

Temíamos que os dados fossem questionados — como, de fato, foram. Ainda assim, o tempo se encarregou de dar perspectiva. A segunda edição da pesquisa, que analisou o comportamento dos doadores em 2020, um dos anos mais dramáticos da nossa história recente, veio confirmar tendências. Depois, veio a terceira. E agora, dez anos depois, lançamos a quarta edição da Pesquisa Doação Brasil, com resultados muito próximos aos da primeira.

O que se confirma é que a Pesquisa Doação Brasil foi um verdadeiro divisor de águas. Não apenas revelou a cultura de doação no país, como também contribuiu para fortalecê-la, ao lançar luz sobre comportamentos, motivações e barreiras que antes viviam no escuro.

Cultura de doação, recorrência e confiança: o que revelam os dados da Pesquisa Doação Brasil 2024?

*Por Fernando Nogueira, Diretor Executivo da ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos), e Vivian Fasca, Membro do Comitê Coordenador do Movimento por uma Cultura de Doação (MCD) e Diretora de Marketing e Fundraising da Plan International Brasil

É sempre momento de celebrar quando chega uma nova edição da Pesquisa Doação Brasil. Em especial, por vários motivos. Para começo de conversa, há muitas boas notícias, como o aumento do valor doado pelos brasileiros, a melhoria de vários indicadores, a expressão da solidariedade brasileira em tempos de emergências. Além disso, é fundamental termos cada vez mais dados de qualidade sobre o setor social. Finalmente, muitos vivas à pesquisa por sua regularidade e constância. Facilita análises de tendências de bases históricas, além de sinalizar um amadurecimento institucional do IDIS, dos investidores que acreditam nesta ideia e do ecossistema de filantropia brasileira.

Este artigo é fruto de uma leitura dos dados da pesquisa pela lente da Cultura de Doação. Se queremos um Brasil cada vez mais doador, é fundamental termos iniciativas como esta que tragam dados e nos ajudem a ver tendências, avanços e desafios.

A partir do olhar da cultura de doação, escolhemos focar em dois aspectos: a recorrência das doações e a questão da confiança. Sabemos que são fatores fundamentais para um Brasil mais doador. Se a doação for vista, cada vez mais, como prática cotidiana, será natural que a frequência das doações aumente. E confiança é um consenso na literatura acadêmica: é fator decisivo na motivação das doações. Os dados revelados pela pesquisa mostram razões para otimismo, mas também alertas que precisam de atenção para quem trabalha no setor social.

 

Doações recorrentes: de novo esse assunto?

Doações recorrentes de indivíduos, especialmente com frequência mensal, são essenciais para que o volume de recursos financeiros arrecadados seja suficiente para contribuir para a sustentabilidade financeira de organizações da sociedade civil. Por outro lado, um volume maior de brasileiras e brasileiros doando todos os meses dinheiro para causas socioambientais, demonstra que a cultura de doação está mais madura e permeia hábitos e valores das pessoas.

Portanto, o achado da Pesquisa Doação Brasil 2024 sobre a redução do volume de pessoas dispostas a doar mensalmente para a mesma organização, caindo de 44% em 2022 para 39% em 2024, é motivo de reflexão. Essa queda vem acompanhada de outro dado importante: a prática de doar para as mesmas organizações, ano após ano, está em declínio, com apenas 49% afirmando manter esse padrão, contra 55% em 2020 e 69% em 2015.

Entre os fatores para explicar a queda na fidelização às instituições, a Pesquisa identificou que os doadores brasileiros estão mais cautelosos e criteriosos, buscando decisões mais embasadas para escolher as organizações que merecem receber suas doações, muitas vezes cancelando suas doações por falta de confiança, transparência ou clareza por parte dessas mesmas instituições. Se por um lado, isso pode ser compreendido como maior maturidade do doador institucional brasileiro, aquele que doa dinheiro, também revela o quanto o distanciamento e desconhecimento em relação, especialmente às organizações da sociedade civil, desperta um grau alto de desconfiança.

Isso é um indicador de quanto ainda é preciso avançar na promoção da cultura de doação, fortalecendo e aproximando as organizações da sociedade civil que atuam no país da população brasileira em geral, reforçando o ato de doar como parte do exercício de cidadania, ao mesmo tempo em que as próprias organizações precisam reforçar, em seus canais de comunicação, informações claras e transparentes sobre sua atuação e impacto, e sobre como utilizam os recursos financeiros que recebem. Apesar da queda das doações institucionais mensais, observou-se na Pesquisa que doações feitas com intervalos maiores, por exemplo, de 6 em 6 meses aumentaram. Este dado somado ao crescimento das doações emergenciais, que representaram 74% das motivações para doar em 2024, num ano recheado de emergências, como a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, indica que pode estar havendo competição na carteira dos doadores brasileiros entre o comprometimento contínuo com uma causa/uma organização e as várias emergências que acontecem ao longo do ano. Como estamos em tempos de intensificação da crise climática, que provavelmente tornará as emergências do clima mais frequentes, este pode não ser um dado pontual de 2024.

Será necessário acompanhar este comportamento nos próximos anos, para compreender as preferências dos doadores institucionais brasileiros em relação às doações recorrentes de dinheiro. Em alguns países, os doadores institucionais dão preferência a doações pontuais repetidas vezes ao longo do ano, o que podemos chamar de doações ocasionais, mas evitam se comprometer com a doação todos os meses. E em alguns casos, o valor doado anualmente atinge valores altos, mesmo sem a frequência mensal. Isso exige também uma abordagem diferente por parte das organizações, realizando campanhas contínuas com o pedido de doação.

 

Confiança: desconfiamos que isso é importante…

Apesar da maioria dos brasileiros reconhecer a importância das ONGs e sentir-se bem ao doar, ainda há muito espaço para aumento na cultura e na prática da doação. Esta nova edição da Pesquisa Doação Brasil reforça o quanto a confiança é um dos fatores-chave na consolidação desta cultura. Quem confia mais, tem mais tendência a doar. Mas o outro lado também é verdadeiro: quem confia menos, doa menos.

A confiança como motivadora da doação aparece de muitas formas. Pode se revelar nos critérios e cuidados para fazer a doação: as razões mais citadas para fazer uma doação se relacionam a conhecer bem a causa e a organização beneficiada.

Pode aparecer também como os motivos que mais influenciaram em uma decisão de doação. Não surpreende que igrejas, grupos comunitários, família, amigos ou vizinhos sejam citados como os grupos de maior influência. Não por acaso, são os grupos nos quais tendemos a depositar nossa maior confiança.

 

A desconfiança como razão para não doar também tem muitas facetas

Só 30% acreditam que a maior parte das ONGs é confiável. Similar à edição anterior, mas muito abaixo dos 41% da edição de 2020 – e também muito abaixo do que gostaríamos. Quanto maior a renda do potencial doador, maior a desconfiança em relação às ONGs e ao uso dos recursos.

33% afirmam que as ONGs deixam claro o que fazem com os recursos que recebem. Quando perguntado de forma mais específica, se o respondente confiaria no uso do seu dinheiro doado, a desconfiança aumenta mais ainda, pulando para 46%. Esse número vem subindo de forma lenta e consistente desde a primeira edição.

A Pesquisa também destaca um subgrupo: homens adultos (entre 30 e 50 anos) são os que mais desconfiam das ONGs, enquanto mulheres, jovens e idosos tendem a ter uma visão mais favorável. Esse dado parece estar alinhado ao de outras pesquisas feitas no Brasil e no mundo sobre a polarização política e a descrença na sociedade civil entre pessoas com esse perfil, e merece atenção especial em futuros estudos.

Finalmente, a pesquisa aprofunda o olhar para não-doadores. Em 2024, a falta de confiança e transparência chegou à liderança para este grupo, como razão para não doar (citada por 38% dos respondentes), praticamente empatada com a falta de condições financeiras (37%). A tendência é preocupante: a desconfiança como motivo de não doação passou de 12% das citações em 2020 para os atuais 38%!

Mas nem tudo parece perdido. Perguntados se algo os faria voltar a doar, 69% se mostraram dispostos, o maior número nas últimas três edições. Entre as principais condições para voltar a ser doador, 3 das 4 respostas mais citadas envolve algum aspecto ligado à confiança (saber como o dinheiro será usado, conhecer uma organização em que confie, transparência / prestação de contas).

 

Reflexões finais

Os resultados da Pesquisa Doação 2024 chegam num contexto desafiador para a promoção da cultura de doação no País e para o aperfeiçoamento das práticas de captação de recursos pelas organizações da sociedade civil.

Estamos diante de um cenário com mudanças significativas na filantropia internacional com redução de recursos e maior competição junto aos financiadores institucionais, ainda sem observar crescimento significativo do investimento social privado brasileiro e de doações corporativas, para além do aporte em projetos incentivados, que recebem recursos via leis de incentivo fiscal.

Nesse contexto, o copo parece meio vazio com o dado geral da Pesquisa Doação de 2024, indicando queda na proporção de brasileiros que doaram em 2024: 78%, ante 84% em 2022, patamar similar ao de 2015.

Por outro lado, para compensar este contexto desafiador, a Pesquisa Doação 2024 apresenta o copo meio cheio com dados animadores, como o crescimento do percentual de doadores institucionais brasileiros, os que doam dinheiro para causas. 43% da população brasileira manifestou ter doado dinheiro em 2024, o maior percentual registrado desde 2015.

O crescimento também do valor médio doado para R$ 1.180, ante R$ 833 em 2022 é também boa notícia, registrando uma mediana de R$ 480 por doador, em 2024, ante R$ 300 em 2022. Esses dados nos mostram que, apesar de termos uma estrada pela frente para tornar a doação entre brasileiras e brasileiros parte fundamental da nossa cultura, estamos evoluindo e temos um potencial imenso a ser explorado em várias dimensões nos próximos anos.

Juntos pelo Rio Grande do Sul: a força da solidariedade em situações emergenciais

*Por Murilo Nogueira, diretor administrativo & financeiro da Fundação Bradesco

A solidariedade continua sendo um valor profundamente enraizado na sociedade brasileira. Segundo a Pesquisa Doação Brasil, desenvolvida pelo IDIS, 82% da população acredita que situações emergenciais justificam a doação de recursos, e 50% dos brasileiros afirmam ter doado com esse objetivo em 2024. O ano foi marcado por dez eventos climáticos extremos, sendo três considerados sem precedentes, como as chuvas no Rio Grande do Sul, a maior tragédia climática da história do país, e as severas secas na Amazônia e no Pantanal.

Com mais de 68 anos de atuação, a Fundação Bradesco é o maior projeto de investimento social privado do Brasil, promovendo educação gratuita e de qualidade para quem mais precisa. Mantém uma rede de 40 escolas próprias, presentes em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, atendendo a mais de 42 mil alunos, por ano, na Educação Básica regular. Histórias reais e milhares de vidas impactadas: é assim que a Fundação reafirma, todos os dias, sua convicção de que só a educação transforma.

Com base nesse compromisso institucional, a Fundação Bradesco estruturou sua atuação emergencial no Rio Grande do Sul, a partir de três pilares: articulação, escuta e cuidado. Presente no estado com três unidades escolares em Bagé, Gravataí e Rosário do Sul, a Fundação mobilizou seus públicos de influência para atuar com
rapidez e efetividade.

A campanha “Juntos pelo Rio Grande do Sul” mobilizou colaboradores da sede da Fundação, das escolas Osasco I e II e da Organização Bradesco em uma ampla rede solidária. Como resultado, foram arrecadadas cinco toneladas de donativos, entre roupas, produtos de higiene e mantimentos, enviados diretamente às regiões atingidas. A Escola Fundação Bradesco de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, assumiu papel central na operação, tornando-se o ponto de recebimento e distribuição das doações provenientes de diversas localidades do País, inclusive por meio de aviões particulares.

A estrutura da unidade foi adaptada para armazenar e organizar os donativos, garantindo agilidade na entrega às comunidades mais afetadas. Esse movimento foi viabilizado pelo engajamento dos colaboradores locais e pela atuação coordenada de toda a rede. A resposta incluiu ainda um aporte financeiro de R$ 1 milhão ao governo gaúcho, contribuindo para as ações emergenciais no território. Internamente, os colaboradores das unidades locais receberam medidas de apoio, como antecipação do 13º salário, suporte psicológico e acompanhamento social, ações que garantiram acolhimento em um momento de extrema vulnerabilidade.

Nas salas de aula, a empatia também esteve presente. Mais de 1.500 cartas escritas por estudantes de todo o Brasil foram enviadas às famílias afetadas, levando palavras de conforto e esperança — um gesto simbólico que reforça o papel educativo da solidariedade.

A cultura de doação no Brasil é cíclica e tende a reagir às crises: caiu durante a pandemia, retomou em 2022 e voltou-se fortemente às emergências climáticas em 2024. A Pesquisa Doação Brasil também aponta que o atual cenário de baixa confiança e incerteza econômica tem levado a população a adotar posturas mais críticas e seletivas em relação às doações. Em contraste, a Fundação Bradesco mantém, há mais de sete décadas, um legado de compromisso contínuo com a transformação social, sustentado por uma gestão responsável e pela solidez de um modelo institucional que alia visão de longo prazo, sustentabilidade financeira e impacto real. Com investimentos anuais na ordem de R$ 1,5 bilhão e mais de R$ 10 bilhões aplicados na última década, a Fundação reafirma que a confiança se constrói com consistência, transparência e entrega real de valor à sociedade.

Diante desse cenário, a atuação coordenada, transparente e sensível da Fundação Bradesco reafirma a importância da integridade institucional e da confiança como base para mobilizações efetivas. A experiência no Rio Grande do Sul trouxe aprendizados valiosos — da logística solidária à escuta ativa — e reforçou o papel estratégico das instituições educacionais em tempos de crise.

Agora e no futuro, a Fundação continuará atuando com propósito em causas sociais estruturantes e em situações emergenciais, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, resiliente e empática.

Cooperar é somar: Quando a solidariedade vira estratégia de transformação

*Por Romeo Balzan, superintendente de cooperativismo na Fundação Sicredi

Em 2024, o Brasil foi sacudido por uma sucessão de desastres climáticos que deixaram cicatrizes profundas no território e no coração do País. As enchentes no Rio Grande do Sul não foram apenas uma tragédia — foram um grito de alerta. Um chamado urgente para entrarmos em ação. E foi exatamente isso que o Sicredi fez. No epicentro da maior crise climática da história gaúcha, escolhemos estar onde sempre estivemos: ao lado das pessoas. Transformamos presença em ação, e ação em esperança. Mostramos que cooperar não é apenas um valor — é uma estratégia de transformação. Em um país onde metade da população respondeu com doações em 2024, e onde cresce a expectativa de que empresas sejam parte da solução, o Sicredi escolheu liderar pelo exemplo. Escolheu agir. Escolheu cooperar.

 

Solidariedade que se organiza, cooperação que se multiplica

A campanha “1 + 1: Cooperar é somar” foi mais do que uma iniciativa de arrecadação. Foi um convite à empatia ativa e à ação coletiva. Cada real doado por associados, colaboradores e comunidade foi dobrado, gerando um efeito multiplicador de solidariedade. O resultado foi uma mobilização histórica que movimentou R$ 25,4 milhões em doações, com contribuições da comunidade, da Fundação Sicredi e das cooperativas.

Mas a cooperação não parou por aí. Outro R$ 1,3 milhão foi doado por parceiros nacionais e internacionais, um valor também intermediado pela Fundação Sicredi, ampliando o alcance das ações emergenciais.

E, em uma terceira frente de apoio, as Centrais e Cooperativas do Sicredi destinaram mais de R$ 17,1 milhões diretamente às comunidades, com foco especial em  colaboradores e escolas participantes dos programas de educação. Além disso, por meio dos Fundos Institucionais do Sicredi, foram direcionados mais de R$ 48,7
milhões ao apoio das regiões atingidas.

No total, os esforços do Sicredi somaram mais de R$ 92 milhões em apoio direto às comunidades e cooperativas afetadas. Cada centavo, um gesto de cuidado. Cada entrega, uma ponte entre o trauma e a reconstrução. É a cooperação fazendo a diferença real na vida das pessoas.

 

Quando a reputação se constrói com ação

A Pesquisa Doação Brasil 2024 revelou um dado poderoso: 70% dos doadores emergenciais valorizam e se lembram das empresas que doaram. E mais: 48% acreditam que é responsabilidade das empresas agir em emergências, enquanto 46% acham que elas ainda fazem pouco.

O Sicredi escolheu fazer mais. Mobilizou sua rede, seus fundos, seus parceiros e sua comunidade. Transformou capilaridade em logística humanitária. E, acima de tudo, mostrou que reputação não se constrói com marketing — se constrói com coerência.

 

Confiança se conquista com presença

Em um país onde apenas 31% da população confia que as ONGs deixam claro o que fazem com os recursos, a transparência virou um ativo estratégico. A Fundação Sicredi assumiu a gestão dos recursos com rigor, rastreabilidade e foco nas reais necessidades locais. Cada ação foi pensada para gerar impacto com responsabilidade. Cada entrega, uma reafirmação de confiança.

 

O cooperativismo como infraestrutura social de confiança

A crise de 2024 não apenas testou estruturas — ela revelou vocações. A do Sicredi sempre foi clara: ser um agente de transformação social. A experiência reforçou a importância de protocolos de resposta, mas também de algo mais profundo: uma cultura de solidariedade institucionalizada.

A solidariedade é um valor do cooperativismo, fazendo parte do DNA das cooperativas, sendo ela um ingrediente essencial da atuação local do Sicredi.

A Pesquisa Doação Brasil também mostrou que 45% dos brasileiros atribuem grande responsabilidade às empresas na solução de problemas sociais e ambientais — número que cresce entre os mais escolarizados e com maior renda. Isso nos desafia a ir além da filantropia pontual. A construir estratégias de impacto social com visão de longo prazo.

 

E o futuro? Ele começa agora.

O futuro que queremos não se constrói apenas com planos — ele começa com escolhas. E diante das enchentes no Rio Grande do Sul, o Sicredi em nível nacional se uniu em apoio aos associados e comunidades atingidas. Mais do que uma resposta emergencial, foi reafirmar um posicionamento claro sobre o tipo de sociedade que queremos construir. Uma sociedade próspera, onde a cooperação seja o instrumento de conexão entre pessoas, empresas, poder público e demais entes sociais presentes nas localidades.

Em meio ao caos, fomos ao encontro de quem precisava. Agimos com empatia, estratégia e coragem. Cada gesto e recurso mobilizado, foi uma afirmação de que é possível fazer diferente. Reafirmamos, com ações concretas, nosso compromisso com um Brasil mais justo, resiliente e sustentável — onde empresas não apenas doam, mas se envolvem, se responsabilizam e se transformam junto com as comunidades. Porque aqui no Sicredi não é só dinheiro, é ter com quem contar.

World Giving Report é destaque na Folha de S.Paulo

A população de países de menor renda é, proporcionalmente, mais generosa em suas doações do que a de nações mais ricas, revela uma World Giving Report 2025, pesquisa realizada com 50 mil pessoas em 101 países.

Realizada pela CAF (Charities Aid Foundation) – que no Brasil é representada pelo IDIS – o levantamento mostrou que, globalmente, quase dois terços (64%) das pessoas fizeram algum tipo de doação em dinheiro em 2024. O World Giving Report foi destaque em matéria na Folha de S.Paulo.

O resultado foi uma surpresa, com países onde há mais incentivos culturais e fiscais à filantropia, como os Estados Unidos, mal posicionados, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Confira a matéria completa aqui.

 

Baixe também o World Giving Report 2025 (disponível apenas em inglês):

Captcha obrigatório

População de países pobres é mais generosa que a de nações ricas, mostra ranking global de doações

World Giving Report apresenta dados inéditos que avalia a proporção da renda destinada a doações em 101 países

O World Giving Report 2025, nova pesquisa da britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS, apresenta pela primeira vez um indicador que mede a generosidade dos países com base na proporção da renda destinada a doações – sejam elas para organizações, pessoas em situação de vulnerabilidade ou motivos religiosos. Segundo o relatório, o Brasil ocupa a 48ª posição, com a média de 0,93% da renda dos brasileiros sendo destinada a causas socioambientais – um resultado acima da média sul-americana, que ficou em 0,73%.

A pesquisa ouviu mais de 50 mil pessoas em 101 países para entender a solidariedade em escala global e refere-se à doações realizadas ao longo de 2024. Um dos principais achados do estudo é que, proporcionalmente, os países mais pobres são os que mais doam: a média global nesses foi de 1,45% da renda, mais que o dobro dos 0,7% registrados em países considerados mais ricos. No continente africano, esse percentual chega a 1,54%, enquanto na Europa é de apenas 0,64%.

A Nigéria lidera o ranking global de generosidade, com cidadãos destinando 2,83% de sua renda para causas de benefício público. Em contraste, três países do G7 estão entre os que menos doam proporcionalmente: França (0,45%), Alemanha (0,39%) e Japão (0,16%). Os Estados Unidos, por sua vez, chegou à 0,97%, ocupando a 46ª posição, empatados com Singapura.

Baixe a publicação completa (disponível apenas em inglês):

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A confiança nas organizações e o papel do governo

Em um momento em que organizações sociais em todo o mundo enfrentam dificuldades financeiras, as pessoas dizem que estariam mais dispostas a doar se tivessem mais dinheiro (45%), se soubessem mais sobre como seu dinheiro seria usado (36%) e sobre o impacto que a instituição poderia ter (35%).

Outro destaque apresentado, indica que, globalmente as pessoas são mais generosas quando seus governos incentivam a doação. Quando isso ocorre, as pessoas também tendem a confiar mais nas instituições e vê-las como mais importantes para a sociedade.

No caso brasileiro, embora os níveis de confiança em organizações sociais estejam um pouco acima da média global (o país registra 10 pontos em uma escala de 15, enquanto a média global é de 9,2), ainda estão aquém do seu pleno potencial, indicando que há um espaço significativo para melhorias. No Brasil, ainda, as pessoas tendem a priorizar em suas doações organizações locais e nacionais em detrimento a instituições internacionais. Essa preferência pode estar relacionada ao desejo de ter maior compreensão e proximidade com as causas e organizações apoiadas.

“A generosidade não está necessariamente ligada à riqueza ou à segurança, mas à percepção de necessidade – frequentemente direcionada àqueles mais próximos. Em tempos desafiadores, há muito o que aprender sobre a força da conexão e a compaixão entre cidadãos, estejam eles ao nosso lado ou do outro lado do mundo.” afirma Neil Heslop, CEO da Charities Aid Foundation.

 

Confira outros destaques do World Giving Report no site clicando aqui.

 

Detalhes do cenário brasileiro de doação

Para entender melhor o cenário brasileiro da cultura de doação, o IDIS lança, no dia 6 de agosto, a Pesquisa Doação Brasil 2024 – o mais amplo e pioneiro estudo sobre os hábitos do doador individual no país. Em sua quarta edição, a pesquisa trará uma atualização completa dos dados sobre o comportamento tanto de quem doa quanto de quem não doa. Como novidade, esta edição contará com um capítulo especial dedicado a analisar como situações emergenciais impactam a cultura de doação no Brasil.

O lançamento é gratuito e está com inscrições abertas por meio do link.

Publicação sobre filantropia familiar do IDIS é destaque na mídia

O Brasil vive um paradoxo: enquanto o número de milionários e bilionários no país cresce, o volume de doações realizadas por famílias ricas parece estagnado e muito aquém de seu potencial. Para entender o cenário e identificar meios de mudar essa realidade, o IDIS lança a publicação Caminhos para uma Atuação Mais Ampla e Estratégica da Filantropia Familiar no Brasil’, resultado de entrevistas, dados inéditos e contribuições de especialistas e filantropos atuantes.

Há avanços, sem dúvida. O número de indivíduos, famílias e empresas pertencentes ao 0,1% mais rico da população, os detentores de patrimônio acima de 26 milhões de reais, que destinam recursos para a filantropia vem aumentando na última década.

A Veja Negócios publicou uma matéria destacando a publicação e o potencial de doação dos brasileiros. Confira aqui.

A publicação também foi destaque no jornal Estado de Minas, que abordou o descompasso entre a crescente concentração de renda e o volume de doações realizadas no país. O estudo lançado pelo IDIS aponta caminhos para fortalecer o ecossistema filantrópico brasileiro. Confira a matéria completa!

“A filantropia familiar tem um enorme potencial transformador, especialmente em contextos de alta desigualdade como o nosso. Com esta publicação, queremos inspirar mais famílias a se engajarem de forma contínua, estratégica e conectada aos desafios sociais do Brasil”, afirma Paula Fabiani, CEO do IDIS.

A publicação também foi destaque em outros veículos. Acesse:

Folha de S. Paulo

Observatório do Terceiro Setor

Inova Social

Impacta Nordeste

IDIS lança publicação com perfil de filantropos e propostas para ampliar a Filantropia Familiar no Brasil

Novo mapeamento propõe caminhos para aumentar o número de doadores, o volume de recursos doados e o impacto social gerado pelas famílias de alto patrimônio

O Brasil vive um paradoxo: enquanto o número de milionários e bilionários no país cresce, o volume de doações realizadas por famílias ricas parece estagnado e muito aquém de seu potencial. Para entender o cenário e identificar meios de mudar essa realidade, o IDIS lança a publicação Caminhos para uma Atuação Mais Ampla e Estratégica da Filantropia Familiar no Brasil’, resultado de entrevistas, dados inéditos e contribuições de especialistas e filantropos atuantes. 

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O lançamento oficial ocorreu durante um evento no escritório do IDIS, em São Paulo, que reuniu representantes de organizações que atuam diretamente no ecossistema da filantropia familiar. A manhã contou com a apresentação dos principais achados e do mapa gráfico, que inspiraram contribuições dos próprios participantes sobre como levar as propostas à prática.

“Em momentos decisivos, especialmente diante de demandas emergenciais, pessoas detentoras de altos patrimônios fazem doações. O desafio está em canalizar essa energia para ações estruturantes e de longo prazo. Há, sem dúvida, espaço não só para envolver novas famílias e indivíduos em atividades filantrópicas, mas também para ampliar o volume e o impacto de quem já doa”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS

 

Panorama: potencial expressivo, impacto ainda tímido

O estudo apresenta um retrato da filantropia familiar, no mundo e no Brasil. Nesta modalidade, existe uma forte influência de valores individuais e familiares, muitas vezes um desejo de deixar um legado ou retribuir à sociedade aquilo que foi conquistado, além de maior propensão ao risco e uma liberdade maior para a escolha de causas do que o investimento social praticado por empresas.

Entre as tendências globais observadas, movimentos como o Giving Pledge e o Generation Pledge têm impulsionado o compromisso público de portadores de grandes fortunas com a doação de parte relevante de seus patrimônios. Em maio de 2025, por exemplo, Bill Gates anunciou a intenção de doar praticamente toda a sua fortuna, estimada em cerca de US$108 bilhões, nos próximos 20 anos.

O panorama brasileiro foi detalhado com a realização de entrevistas com especialistas e de um levantamento online, que teve a participação de 35 filantropos e filantropas com práticas, em sua maioria, já bastante estruturadas e com doações anuais expressivas – 40% indica doar um volume superior a R$ 5 milhões por ano. 

A amostra revelou que embora a educação – incluindo educação básica, profissional e técnica – lidere como a causa mais citada, a filantropia familiar no Brasil pode estar ampliando seu escopo e se abrindo para temas mais sensíveis e estruturalmente desafiadores. Tópicos como meio ambiente e sustentabilidade mobilizam 26% dos respondentes, enquanto 17% demonstram interesse por iniciativas voltadas à incidência em políticas públicas. O combate à fome e à redução das desigualdades também aparece entre as causas prioritárias, com 14% das menções. Há também exemplos de famílias envolvidas com temas como segurança pública, fortalecimento da democracia e a descriminalização das drogas.  

O mapeamento identificou, ainda, que a decisão sobre as doações costuma ser compartilhada dentro do núcleo familiar. Cônjuges participam das escolhas em 65% dos casos, seguidos por filhos, com 59%, e irmãos, com 49%. Esses dados demonstram que a prática da doação frequentemente emerge de um processo coletivo, sustentado por vínculos afetivos, valores compartilhados e desejo de legado. Por outro lado, para as questões de gestão e execução administrativas, 65% indicam contar com apoio de profissionais especialistas no assunto.

Entre os principais obstáculos mapeados pelo estudo, estão a percepção de falta de capacidade das organizações da sociedade civil entregarem impacto social de forma eficiente – um fator mencionado por 20% dos respondentes. Além disso, 17% apontaram a ausência de incentivos fiscais adequados para doações de pessoas físicas como um freio para a expansão da prática. Outro entrave é a falta de conhecimento sobre causas e instituições a serem apoiadas, mencionado por 3%, além do receio com segurança pessoal e patrimonial – uma preocupação bastante presente entre famílias de alta renda da América Latina.

 

Como tornar a filantropia familiar mais ampla e estratégica no Brasil

O estudo aponta três caminhos complementares para a expansão da filantropia familiar e identifica ações em curso e as lacunas, propondo uma ação coordenada e com mais colaborações. O mapa estratégico, que apresenta práticas que podem ser realizadas para o atingimento de um novo patamar, foi construído com a participação de filantropos atuantes.

 

Um convite à ação

Para o IDIS, o lançamento do estudo marca um novo capítulo na filantropia brasileira.

“A mudança não depende de um ator isolado. Requer o engajamento de todos os envolvidos no ecossistema: filantropos, consultores, advogados, contadores, comunicadores, gestores de OSCs e formuladores de políticas públicas. O que propomos é um convite à ação coordenada, com metas claras e estratégias conjuntas”, destaca Felipe Insunza Groba, gerente de projetos no IDIS. 

O contexto atual – marcado por desigualdades profundas, crises socioambientais e institucionais e uma crescente urgência por soluções sistêmicas – demanda uma nova geração de filantropos dispostos a atuar com intenção e estratégia. “O Brasil tem um enorme potencial de transformação socioambiental por meio da filantropia familiar. Mas para isso, é preciso mudar a chave: sair da lógica da doação pontual ou resposta emergencial e construir uma atuação contínua, articulada e orientada a gerar impactos positivos”, complementa Groba. 

 

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A iniciativa contou com apoio da Fundação Itaú, Instituto Beja, Movimento Bem Maior e Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Reportagem do Valor Econômico destaca impacto de cortes dos EUA em ONGs brasileiras e traz análise de Paula Fabiani

Em matéria publicada no jornal Valor Econômico, foram abordados os efeitos dos cortes orçamentários promovidos pelo governo dos Estados Unidos em repasses internacionais destinados a projetos humanitários. A redução já afeta diretamente operações no Brasil, como as do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que perdeu metade de seu orçamento para atuação no país.

A reportagem ouviu especialistas e representantes do terceiro setor, entre eles Paula Fabiani, CEO do IDIS. Ela comentou os reflexos da medida no ambiente filantrópico brasileiro e destacou a insegurança vivida por instituições financiadas por fundações norte-americanas.  Paula também ressaltou a necessidade de fortalecer a captação local de recursos e reduzir a dependência de financiamentos externos.

Leia a matéria na íntegra no site do Valor Econômico aqui.

Crise em Harvard mostra como fundos patrimoniais blindam universidades

Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS e especialista em fundos patrimoniais

O recente embate entre a Universidade de Harvard e o governo dos Estados Unidos, que culminou no congelamento de US$ 2,2 bilhões em financiamento federal anunciado por Donald Trump, lançou luz sobre a importância estratégica dos fundos patrimoniais, os chamados endowments. Diante de pressões políticas, Harvard pôde manter sua autonomia e posição de destaque global graças ao maior fundo patrimonial universitário do mundo, com um patrimônio de US$ 53 bilhões (R$ 288 bilhões). O episódio expõe, de maneira eloquente, como os endowments são instrumentos poderosos de proteção institucional e autonomia universitária – um aprendizado especialmente valioso para países como o Brasil.

No contexto brasileiro, os fundos patrimoniais ainda engatinham, mas mostram sinais de avanço. Desde a promulgação da Lei nº 13.800/2019, que regulamenta a constituição e gestão de fundos patrimoniais filantrópicos, o número de iniciativas ligadas a universidades saltou de oito para 39. Segundo o Monitor de Fundos Patrimoniais, lançada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, o país soma hoje 122 endowments ativos, com um patrimônio total de R$ 157,3 bilhões. Deste montante, R$ 156,5 milhões estão vinculados a instituições de ensino superior – uma fatia ainda pequena, que representa cerca de 1% do total.

Embora modestos em comparação aos padrões internacionais, esses números indicam uma transformação em curso. Universidades públicas como USP, Unicamp, ITA e Unesp já estruturaram seus próprios fundos, voltados ao apoio de programas de pesquisa, ciência e tecnologia, extensão universitária e políticas de permanência estudantil. Esses recursos, administrados com governança e transparência, são uma resposta concreta aos frequentes cortes orçamentários que afetam o ensino superior brasileiro.

A realidade americana ilustra o potencial transformador dos endowments. De acordo com o mais recente relatório do Conselho para o Avanço e Apoio ao Ensino Superior (CASE), instituições de ensino superior nos EUA arrecadaram US$ 61,5 bilhões em contribuições voluntárias em 2024, um aumento de 3% em relação ao ano anterior, ajustado pela inflação. Quase metade das doações foi destinada a bolsas de estudo e assistência financeira a estudantes – refletindo o papel central que os fundos patrimoniais desempenham na democratização do acesso à educação.

Por aqui, a construção dessa cultura é o grande desafio. Ainda há desconhecimento sobre os mecanismos de funcionamento dos fundos patrimoniais, resistência à doação por parte do setor privado e poucos incentivos fiscais. Avançar exige vontade política, articulação entre governo, iniciativa privada e sociedade civil, e, sobretudo, o fortalecimento da cultura de doação.

A boa notícia é que os primeiros resultados começam a aparecer. Segundo o IDIS, o número de fundos patrimoniais mais do que dobrou desde 2021 e 72% dos ativos totais estão alocados em instrumentos financeiros de baixo risco, o que demonstra prudência e amadurecimento na gestão. Em 2023, os 74 fundos patrimoniais participantes do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, relataram a destinação de R$ 3,2 bilhões para organizações socias e causas de interesse público.

A experiência de Harvard demonstra que autonomia acadêmica e liberdade institucional custam caro – e devem ser protegidas. Fundos patrimoniais são mais do que instrumentos financeiros: são garantias de resiliência para organizações que trabalham por causas públicas, como o ensino, a ciência e a inclusão. Se o Brasil quiser ter universidades mais fortes, menos vulneráveis a ciclos políticos e mais alinhadas ao futuro, precisa colocar os endowments no centro de sua estratégia de financiamento do ensino superior. A oportunidade está posta. Cabe agora consolidar o terreno fértil que começa a despontar.

Como nossa consultoria funciona na prática? Confira os destaques de 2024

Desde a nossa fundação, o IDIS oferece apoio técnico a famílias, empresas e organizações sociais interessadas em iniciar ou aprimorar seus investimentos sociais.

Em 2024, a equipe do IDIS conduziu 41 projetos, contemplando diferentes aspectos da jornada filantrópica. A nota média de recomendação (NPS) atribuída por nossos clientes foi de 9,7, em uma escala de 0 a 10, onde 10 significa a recomendação máxima.

Atuamos de forma customizada e participativa em seis frentes:

Convidamos você a conhecer mais a fundo nossos serviços e algumas dessas histórias inspiradoras que aconteceram ao longo de 2024:

 

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GOVERNANÇA

O planejamento estratégico é essencial para orientar o desenvolvimento de uma organização no longo prazo. Ele estabelece as metas e objetivos de uma empresa ou instituição, levando em consideração seu contexto, seus recursos e suas capacidades. Contribuímos nesta frente, oferecendo consultoria para a criação de novas organizações, oferecendo capacitações em investimento social e também participando de projetos de planejamento para organizações já estabelecidas, levando em consideração seu contexto, recursos e capacidades.


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

A família Ribeiro é dona da Braúna, uma empresa de fruticultura, e de outros negócios no norte de Minas Gerais. Marcos Ribeiro, fundador da Braúna, tem o sonho de investir até 25% dos lucros de seus empreendimentos em causas sociais em Jaíba e região. A consultoria do IDIS teve como objetivo alinhar a visão de impacto social da família e da empresa, além de criar uma estratégia de longo prazo para a região. Foram definidas quatro linhas de atuação, incluindo doações para projetos existentes, fortalecimento de organizações locais e adaptação de metodologias bem-sucedidas. Também foram estabelecidos critérios para selecionar e monitorar projetos sociais, contribuindo para o atingimento dos impactos desejados.

Confira a história completa.


A governança, por outro lado, está mais relacionada com a estrutura e os processos pelos quais as decisões são tomadas, os recursos são geridos e a organização é controlada. Ela se refere a como os líderes e as partes interessadas tomam decisões para atingir os objetivos organizacionais, respeitando princípios como transparência, ética e responsabilidade.

Confira nossos produtos de conhecimento sobre o tema.


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

Em 2023, a Fundação FEAC realizou um mapeamento com as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) de Campinas e identificou que 63% das respondentes tinham dificuldade para recrutar novos dirigentes ou conselheiros voluntários. O principal gargalo relatado
era de encontrar pessoas interessadas para ocuparem essas posições. Frente ao desafio identificado, contou com o apoio do IDIS para a execução de um projeto piloto que atraísse, capacitasse
e conectasse voluntários às oportunidades de atuarem como conselheiros ou dirigentes nas OSCs de Campinas.

“Estamos bem animados, não só pela importância do projeto, mas também pelo quanto toda essa metodologia que estamos implementando tem o potencial de ser uma estratégia de fortalecimento de organizações sociais. Quando olhamos para a
perspectiva da governança, vemos a importância dessa renovação, que traz outros olhares, experiências e novas áreas de conhecimento e atuação profissional para dentro do trabalho que as organizações desempenham no ecossistema social de Campinas”, Rodrigo Correia, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Organizacional e Impulsionamento do Ecossistema Socia da Fundação FEAC.

 

Feira de Governança, realizada pelo IDIS, como parte do projeto de Dirigentes Voluntários

Confira a história completa.


AGENDA ESG

Com o crescimento da importância da Agenda ESG (em tradução, ambiental, social e governança) o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais e tomadas de decisões. Há dois anos, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Os serviços incluem o desenho de programas e projetos, mapa de riscos e oportunidades, estabelecimento de comitês temáticos, alinhamento de indicadores e métricas para um report consistente.


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

A Brametal, comprometida com o fortalecimento de sua agenda ESG, buscou o apoio do IDIS para desenvolver uma estratégia de Investimento Social Privado (ISP) alinhada aos desafios da empresa e às necessidades da comunidade. O objetivo era estruturar uma atuação social mais estratégica e integrada, garantindo maior impacto e coerência com seus valores institucionais.

O IDIS conduziu um processo de análise interna e externa para mapear oportunidades e desafios, seguido de uma construção coletiva com a equipe de Responsabilidade Social da Brametal. A consultoria resultou na definição de eixos estratégicos de atuação, planejamento orçamentário, diretrizes de governança e um mapeamento de implementação, incluindo sugestões de novos programas, aprimoramento de projetos existentes e identificação de parceiros executores. Além disso, foram estabelecidos indicadores para monitoramento e avaliação dos resultados. Com essa estruturação, a Brametal passou a contar com um ISP mais estratégico e alinhado à sua visão ESG, ampliando seu impacto social de forma sustentável.

Confira a história completa.

 

O IDIS realizou a revisão estratégica do investimento social do Instituto Alpargatas, buscando revisitar seus eixos de atuação atuais e realinhá-los à estratégia corporativa do negócio, também revisitada nos anos de 2023 e 2024. Nesse contexto, foram avaliadas premissas para uma futura revisão do portfólio de projetos, envolvendo priorização de esforços em focos estratégicos e o fortalecimento de temas relevantes para o negócio, como a economia circular.

Confira a história completa.


ESTRUTURAÇÃO DE FUNDOS PATRIMONIAIS E ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA

O acesso e a gestão de recursos é essencial para a geração de transformações socioambientais. Nesta frente, contribuímos para que organizações adotem estratégias para sua sustentabilidade financeira, o que inclui aspectos relacionados à captação. A gestão desses recursos pode acontecer por meio da adoção de diferentes mecanismos. Entre nossas especialidades está o uso de fundos filantrópicos, sejam eles emergenciais ou filantrópicos.

 


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

O Brasil ocupa a quarta pior posição no ranking mundial de saúde mental, segundo revela a edição mais recente do The Mental State of the World. Globalmente, quase um bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental.

O Vertentes, ecossistema que atua na promoção, prevenção e apoio à saúde mental no Brasil, buscou o IDIS para apoio na estruturação de um fundo filantrópico que contribua para a celeridade de suas atividades e fortaleça sua estratégia de captação de recursos.

O Fundo Vertentes foi criado com base em modelagem proposta pelo IDIS e contou com a participação ativa das lideranças da organização. Sua criação, com gestão profissional e independente, possibilita o recebimento de doações e patrocínios
para o movimento, visando financiar pesquisas e apoiar o desenvolvimento de organizações e iniciativas no campo da saúde mental.

Equipe Vertentes reunida

Confira a história completa.


DESENHO/IMPLANTAÇÃO  DE PROJETOS E CAPACITAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES

Atuamos na estruturação e implementação de iniciativas sociais, com base em diagnósticos locais, benchmarks e estudos para identificar causas prioritárias. Além de desenvolver projetos estratégicos, o IDIS fortalece o relacionamento com a comunidade, capacita OSCs e promove redes de colaboração entre diferentes setores, garantindo impacto social sustentável e de longo prazo.

 


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

Buscando ampliar e fortalecer o engajamento de seus clientes corporativos em ações socioambientais, o BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina, se uniu ao IDIS para uma importante iniciativa.

O apoio técnico envolveu a realização da pesquisa ‘Investimento Social Privado em Grandes Empresas’, que analisa as ações filantrópicas de mais de 90 empresas de diversos setores. Este estudo fornece um panorama atual do Investimento Social Privado (ISP) no Brasil, destacando boas práticas e identificando oportunidades de impacto. Baixe a publicação na íntegra:

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DESENVOLVIMENTO DE EDITAIS E GESTÃO DE PORTFÓLIO

Trabalhamos junto a empresas e organizações sociais na criação de chamadas públicas que conectem iniciativas sociais com potenciais doadores ou investidores. Além disso, realizamos a gestão e acompanhamento das doações aos portfólios de
projetos apoiados, garantindo que cada iniciativa esteja alinhada aos objetivos estratégicos e ao impacto esperado.

 


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

Em linha com o desejo de estabelecer um novo pacto com a sociedade, a Vale assumiu o compromisso global de apoiar a saída de 500 mil pessoas da pobreza extrema até 2030. Entre as ações previstas, estava a constituição de um fundo filantrópico, com gestão profissional, independente e com as melhores práticas de governança, para receber aportes da Vale e de outros parceiros investidores, voltados ao fomento de iniciativas e instituições que atuam no enfrentamento à pobreza extrema.

O IDIS foi selecionado para realizar a modelagem e gestão programática e financeira do Fundo Filantrópico de Enfrentamento à Extrema Pobreza.

Após um processo inicial de modelagem e elaboração de documentos de gestão, em setembro de 2024, foi dado início às operações do Fundo. Três iniciativas de enfrentamento à pobreza extrema integram o portfólio do Fundo Filantrópico: os projetos Rede+, Voa Maracanã e Jovem Mobiliza.

Em 2025, o Fundo já tem novas iniciativas em processo de entrada, bem como o recebimento das primeiras doações de outras empresas investidoras.

 

Realizado pelo Instituto Mosaic, o Edital da Água é um projeto anual que seleciona e apoia financeiramente iniciativas de organizações da sociedade civil e instituições de ensino superior voltadas à disseminação de tecnologias sociais para a gestão eficiente da água.

O edital também promove boas práticas na gestão dos recursos hídricos, garante o acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, além de fomentar a proteção e restauração de ecossistemas aquáticos e a recuperação de nascentes.

O IDIS atua como parceiro técnico do projeto, gerenciando todas as etapas – do
planejamento à execução -, incluindo a formalização das doações, assinatura de termos de parceria, repasse de recursos e monitoramento dos projetos apoiados.

Desde 2019, mais de 16 mil pessoas, em 29 municípios de nove estados brasileiros, foram beneficiadas pelos 66 projetos contemplados pelo edital.

Na sexta edição, realizada em 2024, o edital incorporou uma nova prioridade: garantir o
acesso à água e saneamento para crianças na primeira infância (de 0 a 6 anos). Ao final do processo seletivo, que contou com a participação de especialistas do setor e lideranças da empresa, foram escolhidos 15 projetos para execução, com um investimento de mais de R$ 500 mil por parte do Instituto Mosaic.

Confira a história completa.


MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Nossa equipe trabalha com metodologias como o SROI (Social Return on Investment), protocolo de avaliação que propõe uma análise comparativa entre o valor dos recursos investidos em um projeto ou programa e o valor social gerado para a sociedade com essa iniciativa, e a Análise Custo Benefício. O IDIS também auxilia organizações a desenvolver sistemas robustos para medir o impacto de suas ações, garantindo que os resultados sejam avaliados de forma contínua, e auxiliamos na adaptação de estratégias com base nos dados coletados, sempre com foco na ampliação do impacto social.


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

As práticas de monitoramento e avaliação no contexto do investimento social privado são essenciais para as empresas melhorarem a forma como medem o sucesso de suas iniciativas e seu impacto.

Reconhecendo a importância dessas práticas, a Fundação ArcelorMittal, organização social do Grupo ArcelorMittal, buscou o apoio do IDIS para o desenvolvimento de um Plano de Monitoramento e Avaliação (M&A), com o objetivo de fortalecer a cultura avaliativa na organização. A execução do plano permitirá à
Fundação monitorar os resultados a partir de seu próximo ciclo dos projetos, além de ampliar a capacidade da organização de elaborar planos de M&A em outras frentes de atuação. Para o Programa Liga STEAM, que visa unir parceiros e fortalecer o investimento em educação no Brasil, o IDIS executou uma avaliação usando o
protocolo SROI.

Confira a história completa.

 

A educação é, sem dúvida, uma ferramenta vital para a
transformação e inclusão social. É nessa crença que se baseia a atuação do Instituto Baccarelli. A organização oferece atividades educacionais e artísticas para os jovens de Heliópolis e de mais 12 territórios na cidade de São Paulo. Com um grande número de vidas sendo impactadas, fica o desafio: como compreender objetivamente o impacto que a iniciativa gera na sociedade?

Para responder a essa pergunta, o Instituto Baccarelli procurou o IDIS para realizar uma Avaliação de Impacto SROI da iniciativa. Foi identificado que para cada R$1,00 investido pelo Instituto Baccarelli, são gerados R$3,49 na forma de benefícios sociais para a sociedade.

“Há mais de 27 anos, o Instituto Baccarelli tem impactado a comunidade de Heliópolis, transformando vidas por meio da educação, da cultura e da inclusão social. O protocolo SROI que a equipe do IDIS aplicou com tanta profundidade, sensibilidade e excelência, nos trouxe a oportunidade de tangibilizar e identificar indicadores desse impacto social,
baseados em dados e metodologia científica. Além de muito nos orgulhar com os impactos apurados nesse primeiro estudo do SROI, eles nos permitem criar um diálogo ainda mais efetivo e engajado com a sociedade, fundamental para a continuidade do trabalho do Instituto Baccarelli”, Mauricio Cruz, gerente de desenvolvimento institucional do Instituto Baccarelli.

Coral de Heliópolis, iniciativa liderada pelo Instituto Baccarelli

Confira a história completa.

Veja mais organizações com quem trabalhamos ao longo de 2024:

 

Organizações da Sociedade Civil são convidadas a participar de pesquisa global inédita

A Charities Aid Foundation (CAF), em parceria com o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, e instituições aliadas em 28 países, está conduzindo a pesquisa World Charity Landscape 2025. O projeto busca mapear a atuação de organizações da sociedade civil (OSCs) ao redor do mundo, entender seus desafios e medir seu impacto na sociedade.

O objetivo é ouvir quem está diretamente atuando no campo, e fazendo um trabalho tão importante de transformação socioambiental no nosso país.

As OSCs participantes contribuirão com uma iniciativa global, que visa fortalecer a sociedade civil internacionalmente. O questionário é anônimo e leva de 8 a 10 minutos para ser preenchido. Além disso, é possível salvar as respostas e retomá-las posteriormente.

Os resultados consolidados serão publicados em setembro de 2025.

Clique aqui e participe!
Sua contribuição é muito importante

Caso queira conhecer o questionário completo antes de responder, você pode baixar o PDF com todas as perguntas clicando aqui

Sobre a CAF
A Charities Aid Foundation (CAF) é uma organização britânica dedicada à filantropia, com mais de 100 anos de atuação. Presente em diversos países, incluindo o Brasil, por meio do IDIS, a CAF apoia doadores e investidores sociais privados a maximizar o impacto de suas doações. A rede CAF conta ainda com escritórios na Argentina, África do Sul, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Índia, entre outros.

 

IDIS agora é membro da Social Value International

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social agora integra oficialmente a Social Value International (SVI), rede global que reúne profissionais e organizações comprometidas com a mensuração e gestão do valor e impacto social. A filiação reforça o compromisso do IDIS com práticas baseadas em evidências e com a melhoria contínua da eficácia de iniciativas sociais.

A SVI promove a adoção de metodologias robustas por meio da colaboração entre seus membros e da certificação de profissionais. Há mais de 15 anos, a rede é responsável por desenvolver e disseminar o protocolo SROI (Social Return on Investment), uma das ferramentas mais reconhecidas internacionalmente para avaliação de impacto.

Segundo a própria rede, “valor social significa compreender a importância que as pessoas atribuem às mudanças em seu bem-estar e o uso dos insights que obtemos dessa compreensão para tomar melhores decisões”. Ou seja, trata-se de usar dados e evidências para fortalecer o processo decisório em organizações sociais, com foco nos efeitos reais gerados para os públicos beneficiados.

“Ser parte da Social Value International nos conecta com uma comunidade global de prática e nos coloca na vanguarda da mensuração de impacto no Brasil. Isso fortalece nossa capacidade de apoiar organizações a tomar decisões mais informadas e eficazes”, comenta Denise Carvalho, gerente sênior de Monitoramento e Avaliação do IDIS.

A CEO do IDIS, Paula Fabiani, é a única brasileira com formação completa em SROI pela SVI. Além disso, a equipe técnica do instituto passou por capacitações conduzidas pela organização, o que contribui para a excelência das avaliações realizadas.

Hoje, o IDIS é referência nacional na aplicação do protocolo SROI, com projetos realizados para instituições como Amigos do Bem, Fundação Sicredi, Gerando Falcões, Parceiros da Educação, Petrobras e Vale.

Para saber mais, conheça os projetos de Monitoramento e Avaliação realizados pelo IDIS.

MAIS SOBRE AVALIAÇÃO DE IMPACTO

Com ampla experiência e tendo a produção de conhecimento como um de nossos pilares de atuação, temos inúmeros materiais disponíveis a quem deseja se aprofundar

Avaliação de Impacto SROI

Acesse aqui.

Para saber mais sobre nossos serviços e falar com a equipe de consultoria, escreva para comunicacao@idis.org.br.

Relatório de atividades 2024: investimento social é coisa de muita gente!

Todos os dias, trabalhamos para promover um presente e futuro melhor para esta e para as próximas gerações. Sonhamos, planejamos, agimos e colaboramos na construção de um mundo mais justo, doador e solidário. Mas este foi um ano mais que especial para o IDIS.

Completamos 25 anos, uma oportunidade de celebrar nosso passado, reconhecer conquistas, aprendizados e, principalmente, as pessoas que fazem parte dessa história. Inspirados pelo tema Investimento Social é coisa de gente, guiamos nossas comemorações com uma campanha que refletiu o que há de mais essencial em nossa atuação.

Seja entre iniciativas internas ou em colaborações com outras organizações do setor, a coletividade deu propulsão à nossa atuação baseada no tripé de geração de conhecimento, consultoria e projetos de impacto. Durante esse caminho, continuamos com nossa missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto. As histórias foram reunidas em nosso Relatório de Atividades.

Acesse e baixe o Relatório de Atividades IDIS de 2024.

Conheça os destaques!

 

O IDIS em números

Nossa equipe de consultoria conduziu 41 projetos, abrangendo áreas como planejamento estratégico, agenda ESG, estruturação e gestão de fundos patrimoniais, gestão de doações e avaliação de impacto. 

Já na área de conhecimento, continuamos com nossa vocação de refletir sobre tendências, ler cenários e sistematizar conceitos e metodologias. Foram 41 novos produtos, incluindo publicações, artigos e notas técnicas lançadas e eventos. Lançamos a segunda edição do Perspectivas para a Filantropia no Brasil, realizamos mais uma edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que mais uma vez aconteceu de forma híbrida, e produzimos o estudo Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a Agenda ESG. Apoiamos o desenvolvimento, adaptação e tradução de estudos de organizações parceiras internacionais, como o World Giving Index 2024 e a pesquisa O que pensam as pessoas sobre o uso de IA por ONGs, ambas da CAF. Ao todo, recebemos 90 mil acessos aos nossos conteúdos.

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2024

Os projetos de impacto que o IDIS implementa e lidera continuaram avançando. No âmbito do programa Transformando Territórios, em parceria com a Charles Mott Foundation, tivemos como um dos focos a ampliação da rede, trazendo novos líderes e organizações para atuarem neste modelo. Atualmente, são 15 organizações participantes, presentes em dez estados brasileiros. Em setembro, reunimos todos em São Paulo, para o Encontro das Lideranças do Transformando Territórios.

Representantes das organizações participantes do Programa durante Encontro

Ao longo do ano, a Coalização pelo Fundos Filantrópicos, liderada pelo IDIS, continuou sua atuação, que envolveu diversas reuniões estratégicas e a submissão de documentos técnicos, garantindo que a discussão fosse aprofundada e priorizada na agenda legislativa. O ano foi encerrado com uma grande conquista: a aprovação do Projeto de Lei (PL) 2440/23 no Senado. Esse marco, que prevê a isenção de Imposto de Renda e Cofins sobre as receitas financeiras das organizações gestoras, reconhece o papel dos fundos como investidores no mercado. O projeto seguiu para a Câmara dos Deputados, e continuaremos a mobilizar os legisladores para dar a devida importância e celeridade à apreciação. Ainda nesta temática, lançamos mais uma edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, e demos continuidade a atualização do Monitor de Fundos Patrimoniais, acompanhando a evolução do tema no Brasil.

Neste ano, o Programa Juntos pela Saúde, iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e gerida pelo IDIS, chegou a todos os estados da região Norte e Nordeste do Brasil, contemplando mais de 130 municípios. Ao todo, pouco mais de R$113 milhões serão investidos para o fortalecimento da saúde pública nas regiões Norte e Nordeste até 2026. A partir de doações do BNDES e outros apoiadores (capital filantrópico) em uma estratégia de matchfunding, o programa beneficiará 14 projetos comprometidos com o atendimento de saúde à população usuária do SUS. Assim, 2024 se encerrou com um projeto finalizado, a conclusão de um ciclo de outro, cinco projetos em andamento e outros seis previstos para início em 2025.

 

Presença global e parcerias

Acreditamos que a pluralidade de opiniões, origens, histórias de vida e de repertório enriquecem o nosso trabalho e aumentam o nosso potencial de impacto. Por isso, em 2024, continuamos a celebrar a diversidade e investir no poder das parcerias.

Também participamos de redes temáticas, refletindo, cocriando, referendando e implementando ações. Contribuímos para o avanço de pautas relevantes para o fortalecimento do ambiente democrático, do Investimento Social Privado e da Cultura de Doação no Brasil.

Conheça os nossos parceiros institucionais e as redes das quais participamos em 2024.

 

Quem faz o IDIS

Quem constrói nossa história diariamente é quem faz parte do IDIS. O IDIS tem crescido não só em números de projetos, indicadores de impacto, eventos e parceiros, mas também em pessoas (ou querIDIS). Fechamos o ano com 53 querIDIS em nosso time, levando à criação de novos processos e políticas de pessoas.

Com modelo de trabalho híbrido, ao longo do ano, foram promovidas uma série de ações de integração, formação e troca de conhecimento. Parte dessas iniciativas foi conduzida pelo Comitê de Diversidade, composto por membros da equipe IDIS, que também coordenou a terceira edição do Censo IDIS.

Conheça todos os detalhes das atividades do IDIS ao longo de 2024 em nosso Relatório de Atividades.

Equipe do IDIS em comemoração de 25 anos

O que nos aguarda em 2025

Entramos em 2025 cheios de planos e determinação, prontos para continuar inspirando, apoiando e ampliando o impacto do investimento social privado.

Damos início às ações referentes ao nosso novo Planejamento Estratégico do IDIS, que refletirá nosso próximo triênio de atividades. Nosso foco no período será impulsionar um ecossistema de filantropia mais inovador e colaborativo, consolidando nossa posição de organização intermediária que exponencializa impacto, cuida das pessoas e executa com excelência. Entre os assuntos prioritários estarão a adoção de novas tecnologias, a gestão de riscos, a mensuração de impactos e proporcionar um ambiente interno diverso, seguro e acolhedor que induza potencialidades.

Por meio da consultoria, seguiremos apoiando investidores sociais em toda sua cadeia de doação. Os projetos de conhecimento e de impacto, seguirão ativos, com renovações. Conheça os destaques:

Em parceria com o Grupo MOL, daremos continuidade ao Compromisso 1%. Realizaremos o primeiro Encontro de Empresas Signatárias ainda primeiro semestre, e estamos em busca de mais apoiadores e signatários para essa iniciativa.

No escopo do Juntos pela Saúde, do BNDES, está prevista a expansão do programa, com sete projetos que têm previsão de início em 2025. Além disso, daremos continuidade à avaliação de impacto dos projetos já em andamento e finalizados.

No âmbito dos projetos de conhecimento, além da realização de mais um Fórum de Filantropos e Investidores Sociais e da quarta edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, realizaremos a nova edição da Pesquisa Doação Brasil, que refletirá o ano de 2024. Esta edição contará com um capítulo especial sobre a influência das doações emergenciais na cultura de doação. Para fechar, o projeto ‘Caminhos para uma atuação mais ampla e estratégica da filantropia familiar no Brasil’ vai trazer uma teoria da mudança e uma mapa estratégico para avançarmos nesta frente.

IDIS leva agenda ESG, governança e monitoramento e avaliação ao FIFE 2025

Com participantes de todo o Brasil, o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica, ou simplesmente FIFE, foi recebido em 2025 por Curitiba. Havia mais de 1.400 pessoas na capital paranaense, mobilizadas durante quatro dias para falar sobre os mais diversos temas que influenciam nosso campo e, claro, para se encontrar. Do convívio e das trocas, surgem reflexões, novas ideias, novos projetos, novas parcerias e novas amizades.

 

IDIS no FIFE 2025

Todos os anos, o FIFE abre um edital para receber propostas de atividades para compor sua programação. Neste ano, fomos selecionados para participar de três sessões.

Denise Carvalho, gerente sênior de Monitoramento e Avaliação do IDIS, conduziu a sessão ‘Monitoramento e Avaliação SROI’, apresentando projetos desenvolvidos para empresas, fundações, institutos corporativos e organizações da sociedade civil (OSCs). O SROI – Social Return on Investment (ou Retorno Social sobre Investimento) é um protocolo de avaliação que propõe uma análise comparativa entre o valor dos recursos investidos em um projeto ou programa e o valor social gerado para a sociedade por meio dessa iniciativa. Denise compartilhou diferentes exemplos de organizações de diversos tipos e portes que aplicaram a metodologia com sucesso.

“O FIFE é um espaço plural que nos permite ouvir diferentes perspectivas e refletir sobre nossos processos e práticas. Foi uma oportunidade valiosa para promover conexões, compartilhar conhecimento e fortalecer o campo do investimento social no Brasil. As discussões deste ano evidenciaram a importância de repensarmos estratégias diante dos desafios sociais contemporâneos. Falar sobre novas formas de parceria, mensuração de impacto e inovação é essencial para fortalecer o ecossistema e fomentar colaborações de longo prazo. Saímos do evento ainda mais inspirados e motivados a ampliar o impacto coletivo do setor”, comenta Denise.

Como as práticas de Investimento Social Privado (ISP) e cidadania corporativa se correlacionam com a performance em sustentabilidade empresarial? Há, de fato, sinergia entre o ISP e a Agenda ESG? E, em caso afirmativo, é possível quantificar essa influência? Para responder a essas perguntas, Marcelo Modesto, gerente de Projetos do IDIS, conduziu a sessão ‘Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a Agenda ESG’. A publicação apresentada analisa informações referentes ao Investimento Social Privado no âmbito do ISE B3 – o Índice de Sustentabilidade Empresarial da bolsa de valores do Brasil – no triênio 2022-2024.

“O que mais me chamou a atenção no FIFE foi ver de perto a diversidade e riqueza da sociedade civil organizada no Brasil. É realmente inspirador presenciar pessoas do país inteiro se reunindo para discutir e melhorar a efetividade de seu trabalho, com foco no impacto social. No contexto do investimento social corporativo, ficou claro que é preciso aprofundar o diálogo entre partes interessadas, além do estabelecimento de parcerias estratégicas, que promovam o desenvolvimento institucional de OSCs e que gerem valor compartilhado”, compartilha Marcelo.

Juliana Santos Oliveira, coordenadora de Projetos do IDIS, participou do debate ‘Matching de Governança: novas estratégias para renovação de dirigentes voluntários’, ao lado de Rodrigo Correa, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Organizacional e Impulsionamento de Empreendedores Sociais da Fundação FEAC. Eles apresentaram o projeto realizado em parceria entre o IDIS e a Fundação FEAC, que consistiu na execução de um piloto com o objetivo de atrair, capacitar e conectar voluntários a oportunidades de atuação como conselheiros ou dirigentes em OSCs de Campinas.

“O FIFE promove um encontro valioso entre organizações sociais em diferentes estágios de maturidade, o que enriquece profundamente as trocas. Os painéis vão além da exposição de conteúdos e se transformam em espaços de aprendizado coletivo, conectando teoria e prática a partir das experiências compartilhadas. Nas três sessões conduzidas pelo IDIS pudemos abordar de forma acessível e prática temas estratégicos para o desenvolvimento e fortalecimento da gestão de organizações sociais”, conta Juliana.

O FIFE é idealizado e realizado pela Rede Filantropia desde 2014. Agradecemos à organização pelo convite e parabenizamos por mais esta edição de um evento tão relevante para o nosso setor. A próxima edição acontecerá de 14 a 17 de abril de 2026, em Recife — e nós já começamos a pensar em como poderemos contribuir e, claro, aprender ainda mais.

Saiba mais no site do evento.

Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2025 destaca respostas a emergências e saúde mental no terceiro setor

O IDIS apresenta a quarta edição do relatório anual Perspectivas para a Filantropia no Brasil, explicitando movimentos relevantes para investidores sociais e outros membros do setor. Para além das reflexões acerca do cenário atual, o material apresenta iniciativas e soluções que vêm ganhando destaque e podem servir de inspiração e incentivo para novas ideias. 

Baixe a publicação completa:

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Conheça as seis perspectivas:

O levantamento, produzido com o objetivo de fortalecer e projetar o futuro da filantropia no Brasil, apresenta seis perspectivas. Entre os temas discutidos, as situações emergenciais continuam como um ponto de atenção pelo terceiro ano. A saúde mental também aparece como mais uma das prioridades, a partir da compreensão de que, quando o bem-estar mental está comprometido, isso também impacta o engajamento da sociedade civil em causas sociais. A temática de Diversidade & Inclusão é outra que surge no relatório em meio a controvérsias e ao aparente esfriamento dessa pauta no universo corporativo.

O conceito de desenvolvimento institucional das OSCs, como meio para garantir a perenidade dos impactos de projetos filantrópicos, é outro ponto abordado no relatório. Nesse contexto, são destacadas diversas frentes interligadas que possibilitam às OSCs se adaptarem e prosperarem. Além disso, o envolvimento de voluntários nas estruturas de governança das organizações tem se consolidado como uma tendência crescente no setor e, cada vez mais, o papel do voluntário deixa de ser encarado como uma ação pontual e passa a integrar de forma estruturada as práticas de governança e gestão das organizações.

Por fim, o relatório destaca a atuação de ações de ISP de pequenas e médias empresas, desmistificando a lógica de que esse tipo de investimento é só para grandes corporações. 

“Chegamos a mais um ano encarando de frente a urgência dos desafios e a complexidade das soluções. A sociedade está fragmentada, e muitos se sentem distantes da possibilidade de contribuir para a mudança. É justamente em momentos como esses que a filantropia se mostra ainda mais necessária, sendo um espaço de resistência, inovação e, acima de tudo, de esperança em ação. Este projeto é um convite para essa ação”, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS.

O perspectivas para a Filantropia no Brasil 2025 está disponível para download gratuito:

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Sobre o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Fundado em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização social independente e pioneira no apoio estratégico ao investidor social no Brasil. Tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação. 

#Conhecimento: Governança e Sucessão

Uma das frentes de atuação do IDIS é nas temáticas de Governança e Sucessão. Confira alguns dos conteúdos produzidos pelo nosso time relacionados ao tópico.

 

NOTA TÉCNICA

O amadurecimento de uma Organização da Sociedade Civil (OSC) é um processo gradual e, muitas vezes, não linear. Uma governança bem estruturada é fundamental para organizações que buscam planejar o longo prazo e, no entanto, é comum que muitas dessas organizações não consigam dedicar a atenção necessária a aspectos essenciais de governança.

Nesta Nota Técnica, propomos um framework para apoiar o processo de alocação de talentos nas diversas esferas de alta gestão das organizações.

 

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ARTIGOS

Sucessão em organizações sociais: agir antes que seja tarde
Compartilhar responsabilidades e delegar tarefas antes da efetiva sucessão é uma forma de preparar uma nova geração de líderes e construir a confiança nas suas capacidades.


Por que grupos minorizados precisam participar da governança na filantropia
É urgente que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores.


Planejando a sucessão do fundador
Qualquer mudança na liderança de organizações da sociedade civil pode ser um grande desafio, mas quando se trata da sucessão do fundador da instituição, que geralmente desempenha o papel de principal executivo, esse processo pode ser ainda mais complexo.


Compliance no Investimento Social Privado: ética e transparência em foco
Garantir a legalidade, legitimidade e segurança das informações é uma prioridade

 

CASES

Tem interesse em conhecer mais sobre nossos serviços? Entre em contato com comunicacao@idis.org.br

Como aderir ao Compromisso 1%?

O Compromisso 1% é uma iniciativa do IDIS e do Instituto MOL, com o objetivo de incentivar empresas de diversos portes e segmentos a doarem pelo menos 1% de seu lucro líquido anual para causas socioambientais.

A adesão ao movimento é simples e não envolve custos financeiros. Ela permite que as empresas demonstrem seu compromisso com a transformação socioambiental do país gerando um impacto perene e positivo.

Confira o passo a passo para aderir:

1 – Acesse o site oficial do movimento.

2 – Preencha o Formulário de Adesão, fornecendo informações básicas sobre a empresa e suas práticas de doação.

3 – Complete o Formulário de Comprovações, anexando os documentos que comprovem as doações realizadas ou a intenção de doação.

4 – Envie os formulários e documentos. A equipe de compliance do comitê gestor do Compromisso 1% e sua empresa será notificada quando a adesão for aprovada.

5 – Após a validação, a empresa receberá o Termo de Adesão para assinatura e passará a fazer parte da comunidade do Compromisso 1%.

Ao aderir ao Compromisso 1%, sua empresa contribui com a sociedade, e se junta a uma rede de organizações que comprometidas com a Agenda ESG. O processo de adesão é simples, e a adesão é uma excelente oportunidade para as empresas contribuírem ativamente para um futuro melhor. Juntas, as empresas podem se tornar agentes de transformação e fazer a diferença na vida de milhares de pessoas.

Confira também as formas de doação aceitas pelo Compromisso 1%.

Acesse o site do movimento, preencha os formulários de adesão e comprovações e assuma um compromisso com a sociedade e o meio ambiente.

1% muda o mundo!

Conheça os projetos de conhecimento do IDIS em 2025 e faça parte!

A geração e disseminação de conhecimento é um dos pilares para o atingimento de nossa missão. Por meio de publicações, notas técnicas, artigos, capacitações e eventos, inspiramos, apoiamos e ampliamos o investimento social privado e seu impacto.

E podemos ir ainda mais longe e gerar ainda mais impactos positivos se formos juntos. Confira os principais projetos de conhecimento planejados pelo IDIS para serem realizados em 2025.

 

Cultura de doação

Quarta edição do mais amplo e profundo levantamento quantitativo sobre o comportamento do doador individual no Brasil. O capítulo especial terá como foco identificar a influência das doações emergenciais sobre a cultura de doação.

Saiba mais sobre a Pesquisa Doação Brasil 2024.

Previsão para realização: agosto de 2025

Filantropia e Investimento Social Privado

14ª edição do mais importante evento voltado à comunidade filantrópica brasileira.
A programação, que inclui palestrantes nacionais e internacionais, será realizada
em formato híbrido. Em 2025, o evento está previsto para realização em setembro.

Previsão para realização: setembro de 2025

 

Retomada de agenda regional, levando conceitos, tendências e casos práticos para além do eixo Rio-São Paulo. Com o objetivo de inspirar filantropos e fortalecer comunidades filantrópicas regionais, temos a expectativa de reunir 50 convidados presencialmente em Manaus para uma manhã de debates.

Previsão para realização: agosto de 2025

 

Filantropia Familiar

O Brasil tem um grande potencial para a atuação mais estratégica da filantropia familiar. Em um workshop com filantropos atuantes, vamos criar uma teoria de mudança para o engajamento de novas pessoas, identificando motivações, as condições necessárias para a mudança e definir atividades e intervenções necessárias para isso acontecer. O resultado será sistematizado em uma publicação e divulgado amplamente.

Previsão para realização: junho de 2025

 

Fundos Patrimoniais

Ação de advocacy para influenciar positivamente o ambiente regulatório e ampliar o conhecimento da sociedade em geral acerca do mecanismo, por meio de ações de comunicação e conhecimento. Entre os projetos de destaque, o Monitor de Fundos Patrimoniais. Integra a iniciativa a Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, formada por organizações e pessoas que apoiam a criação de endowments no Brasil. O grupo, que hoje conta com mais de uma centena de signatários. O projeto acontece ao longo de todo o ano.

Como o objetivo de fortalecer a pauta e gerar dados consistentes, realizaremos a quarta edição do Anuário, com informações e análises sobre a gestão e o desempenho dos fundos patrimoniais brasileiros.

Previsão para realização: novembro de 2025

Venha conosco! Entre em contato pelo e-mail comunicacao@idis.org.br para saber mais e apoiar os projetos.

Nota técnica | Governança em organizações da sociedade civil: framework para alocação estratégica de talentos

O amadurecimento de uma Organização da Sociedade Civil (OSC) é um processo gradual e, muitas vezes, não linear. Uma governança bem estruturada é fundamental para organizações que buscam planejar o longo prazo e, no entanto, é comum que muitas dessas organizações não consigam dedicar a atenção necessária a aspectos essenciais de governança.

Um desses aspectos frequentemente negligenciados é o processo de alocação de dirigentes e conselheiros voluntários nas instâncias de alta gestão, uma tarefa que envolve desafios e complexidades.

Nesta Nota Técnica, elaborada por Felipe Insunza Groba, gerente de projetos, e Juliana Santos Oliveira, analista de projetos do IDIS, propomos um framework para apoiar o processo de alocação de talentos nas diversas esferas de alta gestão das organizações.


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Compliance no Investimento Social Privado: ética e transparência em foco

Por Luiza Helena Cordeiro, analista de projetos do IDIS

A ética e a transparência têm se tornado temas centrais nas discussões sobre governança, tanto no mundo corporativo quanto no terceiro setor. Em ambos os contextos, garantir a legalidade, legitimidade e segurança das informações é uma prioridade. No caso do investimento social privado (ISP), essa preocupação se torna ainda mais relevante, especialmente em relação ao repasse de recursos.

Certificar-se das conformidades legais e mitigar irregularidades ou riscos associados às doações são passos indispensáveis para promover ações de financiamento de projetos e organizações mais eficazes e seguras.

Independentemente da estratégia de ISP adotada, seja por meio de modalidades de grantmaking ou financiamento direto, a verificação de legalidade e riscos é uma etapa fundamental. Nesse cenário, a análise de compliance é imprescindível para garantir segurança e transparência. Além de reunir estratégias para prevenir problemas, ela fomenta um ambiente de confiança, solidariedade e justiça, permitindo que o investimento social privado cause transformações reais e positivas. 

Mas, afinal, como implementar uma análise de compliance eficiente? 

Alinhamento entre processo e estratégias

O ponto de partida para um compliance bem-sucedido é a estruturação de um processo alinhado com as estratégias de ISP do investidor. Este programa deve alinhar-se à missão, valores e estratégias da organização, criando um modelo ético e transparente e, que ao mesmo tempo, reflita no seu ‘DNA organizacional’.

Como primeiros passos, a elaboração de códigos de conduta e ética é fundamental para construção de documentos e para estabelecer princípios claros que guiem o comportamento interno e externo da organização. Para refinar esses códigos de conduta, é necessário incorporar metodologias para identificação de riscos, utilizando ferramentas específicas para mapear ameaças potenciais, tanto internas quanto externas.

Outro aspecto é a vigilância em relação às mudanças na legislação. O acompanhamento regulatório permite que as organizações estejam sempre alinhadas às normas aplicáveis. Ferramentas de monitoramento legislativo e a revisão constante de políticas internas ajudam a garantir o cumprimento dos  padrões regulatórios. 

 

Adaptação às realidades locais

No ISP, é importante considerar as especificidades das organizações beneficiadas. Um exemplo disso é o Instituto Chamex, que, com o apoio técnico do IDIS, promove o Edital Educação com Cidadania. Durante o processo de seleção, é realizada uma análise de compliance das organizações inscritas, levando em conta as limitações financeiras e estruturais enfrentadas por Organizações da Sociedade Civil (OSCs) menores. 

A prática é bem-vinda, já que um programa de compliance excessivamente rígido pode inviabilizar parcerias promissoras, prejudicando tanto o doador quanto o receptor. Por isso, é importante também adotar uma abordagem flexível, pautada nos princípios da confiança e no respeito às particularidades locais.

Essa perspectiva é reforçada pela trusted-based philanthropy, que defende a construção de relações baseadas na confiança mútua, em vez de regras excessivamente burocráticas. Como destaca o The Ethics & Compliance Initiative:
“A integridade no ambiente de trabalho não se trata de um conjunto de regras aplicáveis apenas a situações específicas, mas de algo que deve estar presente no cotidiano das operações.”

 

Engajamento e monitoramento contínuo

A implementação de um programa de compliance eficiente exige o envolvimento ativo dos colaboradores e lideranças. Treinamentos periódicos e conscientização da equipe são indispensáveis para consolidar uma cultura de transparência e integridade. 

Além disso, é essencial estabelecer mecanismos de monitoramento contínuo, como relatórios de atividades e prestação de contas, auditorias e feedbacks regulares. A organização deve adotar sistemas seguros para armazenamento e processamento de informações, garantindo a conformidade com legislações como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Políticas robustas de proteção de dados são necessárias para evitar violações, proteger informações sensíveis e mitigar riscos relacionados à privacidade. Os instrumentos garantem a conformidade das ações, como também fortalecem a confiança entre investidores e organizações beneficiadas. 

A análise de compliance, quando bem estruturada, é uma ferramenta estratégica para identificar e solucionar riscos, fortalecer parcerias e combater práticas de corrupção. Ao combinar ética, transparência e adaptação às realidades locais, o compliance contribui para a construção de um investimento social mais seguro e impactante.

O IDIS oferece apoio técnico a parceiros que desejam fomentar uma cultura organizacional baseada na confiança, monitoramento ativo e engajamento contínuo. Entendemos que é o caminho para alcançar mudanças sociais reais e sustentáveis, promovendo um ciclo virtuoso de desenvolvimento pautado na justiça e na solidariedade.

Conheça nossos serviços!

Gincana de doação engaja colaboradores do IDIS

Para celebrar o Dia de Doar, a equipe do IDIS organizou uma ‘Gincana do Bem’, com atividades voluntárias, como cursos e oficinas, oferecidas pelos próprios colaboradores para seus colegas. A participação nas atividades envolvia uma contribuição simbólica, destinada ao Fundo de Fomento à Filantropia (FFF), criado pelo IDIS para fortalecer o investimento social privado e promover a cultura da doação no Brasil.

As atividades propostas variaram de oficinas de cerâmica fria e produção de fermento natural a corridas coletivas, degustações de alimentos e um show realizado por uma banda formada pelos próprios colaboradores (foto ao lado).

A iniciativa destaca as doações como um ato que vai além do aspecto monetário, ressaltando que o valor doado ou a forma escolhida para contribuir – seja por meio de dinheiro, tempo ou conhecimentos – não são o mais importante; o essencial é realizar a doação. Além disso, a ação fortalece a cultura de doação dentro da organização. Mais de 50 colaboradores do IDIS participaram das atividades, seja como participantes ou como responsáveis pela organização.

“Contribuir com tempo e conhecimentos em atividades que reforçam a cultura de doação não só fortalece o impacto social, mas também nos conecta como equipe. Fazemos a diferença e ainda nos divertimos”, comenta Lavínia Xavier, analista de comunicação do IDIS e participante de várias das ações.

Grupo de colaboradores participantes da corrida. Para cada quilômetro percorrido, foi estabelecido um valor a ser doado para o Fundo pelo proponente da atividade.