IDIS e BNDES promovem debate sobre Fundos Patrimoniais no Rio de Janeiro

Em parceria com o BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento, realizaremos, no Rio de Janeiro, o lançamento do livro “Fundos Patrimoniais Filantrópicos – Sustentabilidade para Causas e Organizações”. Um ano após a aprovação da Lei 13.800/2019, que regulamenta os fundos patrimoniais no país, reuniremos especialistas para debater avanços, oportunidades e desafios. O evento é gratuito com vagas limitadas. As inscrições pode ser feitas aqui.

Data: 13 de fevereiro, das 9h30 às 12h30
Local: Auditório do BNDES – Av.República do Chile,100, Rio de Janeiro

Agenda (atenção: alteração realizada em 04/02)

09h30: Credenciamento e recepção

10h00: Boas-vindas e histórico dos Fundos Patrimoniais no Brasil
Gustavo Montezano, Presidente do BNDES
Paula Fabiani, Diretora-Presidente do IDIS
Andrea Hanai, Gerente de Projetos do IDIS

10h50: A experiência dos Fóruns de Endowments Culturais
Ricardo Levisky, Fundador e Presidente da Levisky Legado

11h15: Aspectos jurídicos dos Fundos Patrimoniais
Priscila Pasqualin, sócia do PLKC Advogados
Izabela Algranti, advogada da Área Jurídica do BNDES

11h40: Envolvimento e interesse do BNDES
Luciane Gorgulho, Chefe do Departamento de Desenvolvimento Urbano, Cultura e Turismo do BNDES
Fabricio Brollo, Gerente do Departamento de Desenvolvimento Urbano, Cultura e Turismo do BNDES

12h05: Oportunidades em processos de privatização e concessões
Paula Fabiani, Diretora-Presidente do IDIS

12h30: Encarramento do evento e distribuição do livro

Ao final do evento, serão distribuídos exemplares para os presentes. Organizado pelo IDIS e com o publicado com o apoio do Banco Santander, o livro reúne dezenas de artigos, e contou com a participação dos especialistas do BNDES Fabrício Brollo, Izabela Algranti, e Luciane Gorgulho.

Pesquisa do IDIS é destaque em matéria do Jornal Nacional sobre doação e solidariedade

O dado que chamou atenção e que estimulou a matéria é que, no Brasil, mais pobres doam proporcionalmente à renda três vezes mais do que os mais ricos. Esta foi uma das revelações do no Country Giving Report de 2017, pesquisa realizada pela CAF – Charities Aid Foundation, instituição sediada no Reino Unido e representada no Brasil pelo IDIS.

Exibida em dezembro de 2019 pelo Jornal Nacional, a reportagem traz exemplos de como essa solidariedade se expressa no dia a dia. Paula Fabiani, nossa diretora-presidente, foi uma das especialistas que compartilhou seu ponto de vista.

Veja aqui: Pesquisa aponta que os que ganham menos são proporcionalmente mais solidários.

Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos completa 1 ano

Ao longo deste primeiro ano, houve intensa mobilização em torno do tema, com regulamentações específicas que permitem colocar o mecanismo em prática. O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), por exemplo, lançou a Portaria de Fundos Patrimoniais e Endowments para CT&I e assinou os primeiros termos de apoio institucional do MCTIC a fundos patrimoniais. A Secretaria Especial de Cultura também acenou para a discussão do tema dentro do grupo oficial destacado para escrever as novas instruções normativas da Cultura. No período, foram criadas duas organizações gestoras – a Gestora de Fundo Patrimonial Rogerio Jonas Zylbersztajn e a da PUC-Rio, que lançou o primeiro Fundo Patrimonial Endowment de uma universidade brasileira. Ainda que com adesão tímida, a tendência é de crescimento – há pelo menos 6 outras iniciavas a ponto de serem finalizadas nos termos da Lei. Entre elas, Unicamp; MAR – Museu de Arte do Rio; Museu Judaico; e Instituto CORE de Música, todas apoiadas pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

A legislação brasileira para os Fundos Patrimoniais Filantrópicos é bastante robusta, exigindo regras claras de gestão e governança para o uso dos recursos em projetos e organizações. “A Lei criou um arcabouço legal capaz de atrair doações de longo prazo, trouxe segurança jurídica aos doadores e, de modo geral, isso tudo vem sendo analisado atentamente pelas organizações”, explica a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Desde 2012 o IDIS lidera um importante debate sobre a regulamentação dos endowments no Brasil, mecanismo que tem se mostrado, há décadas, exitoso para mobilizar recursos filantrópicos em países como Estados Unidos, França Inglaterra e Índia. Em 2018 lançou a Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, um grupo multissetorial que exerceu papel fundamental na articulação entre sociedade civil e governo, que levou à aprovação da Lei.

Esse grupo, hoje composto por mais de 70 organizações, ainda cobra a regulamentação dos Fundos Patrimoniais em causas específicas e é bastante atuante em Brasília, em uma ação coordenada de advocacy. Apresentou o conceito de Filantropização via Privatização ao Ministro da Justiça Sérgio Moro e terá representantes, por exemplo, no grupo citado da Secretaria Especial da Cultura.

Com o objetivo de levar conhecimento e pautar a opinião pública sobre o tema, o IDIS realizou e participou de eventos e seminários sobre os Fundos Patrimoniais e, em dezembro de 2019, lançou o livro Fundos Patrimoniais Filantrópicos: sustentabilidade para causas e organizações, no qual são abordados aspectos jurídicos, gestão dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, captação de recursos e os legados que podem ser preservados, com o objetivo de orientar todos os interessados no tema, desde filantropos a organizações do terceiro setor e organizações gestoras.

Em vigor desde 4 de janeiro de 2019, a Lei 13.800/19 estabeleceu os Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil, ou endowments, fundos criados para receber doações destinadas a sustentar causas ou organizações específicas. São importantes porque preservam o patrimônio doado para garantir que sempre gere recursos para causas de interesse público e contribuem para custear a operação de organizações no longo prazo.

 

Você sabe qual é a sua causa?

 

Por Andréa Wolffenbüttel*

 

Muitas pessoas me procuram dizendo que querem fazer algo para ajudar a transformar a sociedade, para melhorar as condições de vidas dos mais necessitados, para contribuir com um mundo melhor, mas não sabem por onde começar.

Costumo responder que é natural ter esse tipo de dúvida. Afinal, os problemas são muitos, são grandes e variados. Por outro lado, nossos recursos, quase sempre, são poucos diante de tanta complexidade.

Por isso mesmo, é importante pensar antes de fazer uma doação ou um trabalho voluntário, para conseguir produzir a maior diferença possível com essa contribuição.

Quando dou essa resposta, normalmente as pessoas pensam que estou me referindo a fazer a maior diferença na vida dos beneficiários, mas estou dizendo fazer a maior diferença na vida do doador.

É isso mesmo… doar ou fazer trabalho voluntário é uma via de mão de dupla. Ganha quem recebe, mas também ganha, e muito, quem faz. Ganha satisfação, ganha sentido de completude, ganha gratidão, ganha mais um propósito na vida.

Então costumo orientar a pessoa a pensar sobre o que ela quer transformar no mundo. O que faz sentido para ela? Ajudar quem está doente? Limpar os rios? Ensinar alguém a trabalhar para que consiga um emprego? Qual é a sua causa?

Quanto mais alinhada a doação ou o trabalho voluntário estiver com quem o faz, maior será a satisfação, o empenho e o senso de responsabilidade.

E todos esses elementos vão se refletir na transformação provocada por aquela doação, seja ela de dinheiro, tempo, bens, conhecimento, etc.

Quando uma pessoa tem uma causa, ela fica sempre atenta ao que está acontecendo e se preocupa em encontrar as melhores oportunidades para atuar. Ela cuida mesmo daquele tema e se sente fazendo parte (dos problemas e das soluções).

Se você é uma dessas pessoas que quer mudar o mundo mas não sabe o que fazer, te apresento o www.descubrasuacausa.net.br. Depois de completar um teste rápido e divertido, você saberá quais são as causas que mais te sensibilizam e conhecerá organizações para as quais pode doar ou fazer trabalho voluntário.

Se não estiver pronto para nada disso, lá você também poderá se informar melhor sobre suas causas, até se sentir maduro para colocar a mão na massa.

Que tal fazer esse teste agora no final do ano e entrar 2020 com uma causa no coração?

Feliz ano novo para você!!!!

__

Andréa Wolffenbüttel é Diretora de Comunicação do IDIS

 

Trilhando caminhos comuns para fomentar um ambiente favorável para Filantropia na América Latina e Caribe

Por Andrea Hanai*

São Paulo foi palco do segundo encontro regional da WINGS (Worldwide Initiatives for Grantmaker Support) para a América Latina e o Caribe, em outubro de 2019, com uma reunião de dois dias que visava promover aprendizado, construir capacidade regional e definir uma agenda conjunta para fomentar um ambiente regional mais favorável à filantropia. Como co-chair do Latin American and the Caribbean Affinity Group, tive a oportunidade de contribuir para a agenda da reunião e, neste momento, sinto-me lisonjeada por descrever minhas percepções acerca dos encontros e suas principais conclusões.

O encontro foi uma jornada envolvendo a compreensão mútua entre os participantes, a intenção de analisar de forma crítica o campo da filantropia na região e a humildade de questionarmos a nós mesmos, enquanto discutíamos os desafios (e oportunidades) de desenvolver conjuntamente um ambiente regional favorável para a filantropia.

Estes três aspectos – compreensão, intenção e humildade – de forma natural se tornaram os princípios para nosso trabalho coletivo, enunciado na Declaração Coletiva da LAC Affinity Group da WINGS, que convidamos a todos a ler e compartilhar.

Iniciamos a reunião compartilhando visões e buscando tendências em comum no campo do fomento à filantropia e cultura de doação na região. O grupo identificou que articular os três setores em torno do bem comum é uma responsabilidade que as organizações de suporte, como o IDIS, empreendem com crescente dificuldade e este tema foi recorrente em nossas discussões.

No entanto, se as parcerias intersetoriais vêm sendo já há algum tempo o mecanismo mais celebrado para a promoção do desenvolvimento sustentável, por que articulá-las representa um desafio tão grande na América Latina e Caribe?

Surpreendentemente, o grupo concluiu que esse desafio não está tão comumente (como pensaríamos) relacionado à falta de recursos ou soluções, mas sim aos aspectos relacionais de se tentar reunir parceiros tão diversos. As barreiras para a construção de parcerias intersetoriais incluem a dificuldade de combinar as motivações, as linguagens e as culturas dos diversos setores; a competição entre as partes com visões diferentes; o desafio de chegar a um acordo acerca de estratégias de gestão e monitoramento; os obstáculos perenes da política e; a complexidade crescente de encontrar agendas comuns.

Segundo os participantes, o avanço das parcerias intersetoriais requer das organizações de apoio esforços conscientes para a construção de relacionamentos com novos modelos de organizações da sociedade civil, redes, alianças, coalizões, etc. Avançar também demanda que cada setor compreenda seu próprio papel e, sem julgamentos prévios, entenda os papéis dos outros setores, percebendo as diferentes perspectivas e funções como fortalecedoras das parcerias.

Sobre este assunto, o grupo expressou preocupação em relação à falta de compreensão da sociedade civil na América Latina e Caribe acerca de seu próprio papel, o que enfraquece sua representatividade e engajamento nos meios emergentes de cooperação intersetorial.

O grupo concluiu que nós, como organizações de suporte, temos um papel fundamental na simplificação e difusão da narrativa sobre os benefícios sociais de uma sociedade civil ativa e engajada, ao mesmo tempo em que fortalecemos a cultura de doação e solidariedade na região. Vale mencionar que a reunião proporcionou aos participantes ferramentas teóricas e práticas de advocacy e comunicação, que certamente contribuirão para essa missão.

Em conclusão, reconhecendo e acolhendo os diversos perfis, necessidades, interesses e experiências de seus membros, a WINGS foi capaz de promover um encontro no qual essa diversidade, ao invés de representar uma dificuldade para o desenvolvimento de um trabalho coletivo, enriqueceu e aprofundou as conversas e produziu resultados coletivos significativos. Dessa forma, o segundo encontro regional da WINGS para a América Latina e o Caribe não só atingiu seus próprios objetivos, como também serviu como um ótimo exercício de construção de relacionamentos, que teremos que continuar a praticar em níveis locais e regionais, para assim fortalecermos um ambiente favorável para a prosperidade do nosso setor. Com compreensão, intenção e humildade.

*Andrea Hanai é Gerente de Projetos no IDIS

Equipe IDIS participa de capacitação em processos de facilitação

Promover o consenso, encontrar propósitos comuns, identificar questões críticas em um projeto, estimular a reflexão, quebrar o gelo. Em seu dia a dia, a equipe do IDIS muitas vezes se encontra em situações nas quais é preciso facilitar atividades em grupo. A necessidade surge tanto em projetos próprios do IDIS, como aconteceu no encontro de diagnóstico do ‘Diálogos de Investidores Sociais com o Poder Público’, quanto em trabalhos de consultoria, quando lideramos processos de planejamento estratégico ou avaliação de impacto, por exemplo. As situações são inúmeras e neste fim de ano, decidimos dar uma atenção especial a esta competência.

O parceiro escolhido para nos apoiar nesta iniciativa foi a Electi Educacional, organização com foco em formar facilitadores da aprendizagem ativa e do desenvolvimento das Competências Socioemocionais. Uma agenda especial foi desenvolvida para o time do IDIS, ao longo de 4 dias, mesclando teoria, prática e muitos momentos para reflexão. Entre os pilares da metodologia apresentada, questões como planejamento, presença ativa, leitura de grupos e fluxo de energia.

A expectativa era alta, e o balanço foi bastante positivo! A equipe encerra o mês com uma compreensão mais ampla sobre esse universo, sensível para as particularidades das experiências e com um amplo repertório de ferramentas.

Ainda que indiretamente, os encontros contribuíram também para o fortalecimento dos vínculos entre a equipe. “De maneira leve e muitas vezes divertida, o treinamento da Electi contribuiu para a integração do time, proporcionando momentos de compartilhamento de histórias, e para nossa capacitação como facilitadores, com momentos de aprendizado e reflexão.” comenta a Sophia Góes, analista na área de projetos do IDIS.

“Mesmo para quem não trabalha na área de projetos/consultoria, a capacitação foi bastante enriquecedora porque nos ensinou a conduzir melhor as interações comuns, que acontecem constantemente nos ambientes de trabalho.”, avaliou Andréa Wolffenbüttel, diretora de Comunicação.

 

Especialistas que articularam a regulamentação dos Fundos Patrimoniais lançam livro

Os textos foram escritos por quatro dos maiores especialistas sobre o tema, que trabalharam ativamente pela aprovação da Lei dos Fundos Patrimoniais – Paula Jancso Fabini e Andrea Hanai, do IDIS Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social, Priscila Pasqualin, do PLKC Advogados, e Ricardo Levisky, da Levisky Legado. Articulistas também contribuíram com seus pontos de vista.

Juntos compilaram os principais temas desde os aspectos jurídicos, passando pela regulamentação e falando ainda da gestão dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, da captação de recursos e dos legados que podem ser preservados, com o objetivo de orientar todos os interessados no tema, desde filantropos a organizações do terceiro setor e organizações gestoras.

O livro, disponível aqui para download e compra,  foi lançado em dezembro, em um coquetel com a presença dos autores e dos filantropos e apoiadores da causa José Luiz Setúbal, Patrícia Villela Marino e Teresa Bracher.

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

Na mesma semana, Paula Fabiani e Priscila Pasqualin estiveram em Brasília com a Deputada Federal Bruna Furlan e com o Senador Rodrigo Cunha. Entregaram a eles o recém-lançado livro sobre Fundos Patrimoniais Filantrópicos e discutiram a importância de incentivos fiscais à doação para fundos de todas as causas. Esta iniciativa integra a agenda de advocacy da Coalizão pelo Fundos Filantrópicos, liderada pelo IDIS.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são um instrumento que contribui para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos, de distintas causas de interesse público. São instituídos, em sua maioria, com o compromisso de perpetuar o valor recebido como doação, repassando apenas seus rendimentos para a organizações ou projeto a que se destina.

Em janeiro de 2019, foi sancionada a Lei 13.800/19, um marco para a evolução dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil, daí a urgência e importância dos aprofundamentos propostos.

SOBRE O LIVRO: Fundos Patrimoniais Filantrópicos: sustentabilidade para causas e organizações; São Paulo, novembro de 2019

Autores: Paula Jancso Fabiani e Andrea Hanai (IDIS), Priscila Pasqualin (PLKC Advogados) e Ricardo Levisky (Levisky Legado)

Articulistas: Aline Viotto Gomes (GIFE), Ana Claudia Andreotti (GIFE), Augusto Jorge Hirata (FGV), Diego de Carvalho Martins (Fundo Amigos da Poli), Dora Silvia Cunha Bueno (APF / Cebraf), Eduardo Pannunzio (FGV Direito), Fabrício Brollo (BNDES), Izabela Goulart Algranti (BNDES), Laís de Figueiredo Lopes (Szazi, Bechara, Storto, Reicher e Figueiredo Lopes Advogados), Luciana Guaspari de Orleans e Bragança (Banco Santander), Luciane Gorgulho (BNDES), Marcos Kisil (IDIS), Renata Carvalho Beltrão Cavalcanti Biselli (Banco Santander), Rodrigo Hubner Mender (Instituto Rodrigo Mendes)

Este livro foi publicado com o apoio do Banco Santander.

Se interessa pelo tema? Conheça também o trabalho desenvolvido pela Coalização pelos Fundos Filantrópicos, liderada pelo IDIS.

Descubra Sua Causa 2.0 desembarca no Dia de Doar, ampliada e com novos parceiros

Além de descobrir a sua causa, você pode doar na hora, de forma simples e segura, escolher um trabalho voluntário ou apenas conhecer mais sobre o tema

A campanha Descubra Sua Causa, do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, completa um ano e passa a reunir, numa mesma plataforma, outros parceiros que, juntos, irão encurtar caminhos entre o entendimento da causa, a doação ou o trabalho voluntário, e, com isso, ajudar a fomentar ainda mais a cultura de doação.

Com um teste simples, leve e fácil, a plataforma ajuda o brasileiro a se conectar às causas com as quais mais se identifica e a conhecer organizações que pode apoiar. Desde saúde, educação e meio ambiente, até promoção da inclusão e diversidade e geração de trabalho e renda. Basta responder a perguntas ligadas a temas do dia-a-dia, tais como: qual manchete de jornal te deixa mais feliz ou para qual lugar você viajaria agora.

FAÇA O TESTE AQUI.

Nessa segunda fase, o Descubra Sua Causa agora reúne IDIS, as plataformas de doação BSOCIAL e SIMBIOSE SOCIAL, esta última especializada em doações a projetos incentivados, o portal de voluntariado ATADOS e a CATRACA LIVRE, que será responsável por produzir conteúdos exclusivos sobre causas.

“Montamos o time dos sonhos e conseguimos gerar ainda mais facilidade para as pessoas conseguirem se engajar com ONGs e projetos. Com isso, damos mais um passo para o fortalecimento da cultura de doação no Brasil”, explica a presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Ampliar a transparência e segurança foram fatores levados em consideração nesta nova etapa. Agora, todas as organizações indicadas para doação passaram por um processo de validação.

“É muito bom termos essa parceria com o IDIS e a oportunidade de participar da campanha demonstra a confiança no trabalho que desenvolvemos e comprova que nossa ferramenta está segura, rápida, transparente e leva o recurso para organizações que transformam e impactam”, explica Maria Eugênia Duva Gullo, co-fundadora da plataforma BSocial.

“A iniciativa do IDIS para o Dia de Doar e a junção deste time dos sonhos representa uma grande oportunidade de visibilidade e impacto para o setor filantrópico. Vivemos uma realidade onde a cultura de doação no Brasil ainda é muito modesta; quando olhamos especificamente para as doações de pessoa física em leis de incentivo, menos de 0,1% das pessoas que poderiam direcionar imposto para projetos sociais o fazem. Acreditamos que juntando os parceiros certos e organizações sociais sérias e de alto impacto, podemos mudar esta realidade”, comenta Mathieu Anduze, co-fundador da Simbiose Social.

Outro ponto contemplado com o Descubra Sua Causa 2.0 é o desejo das pessoas de fazer trabalho voluntário. Esse foi mais um avanço na plataforma. “Havia muita demanda por parte das pessoas e não tínhamos como fazer essa ponte e agora isso fica viável e bem mais simples”, completa Paula.

O Atados, uma das principais plataformas de voluntariado do País, conecta pessoas às oportunidades de fazer trabalho voluntário em causas sociais com as quais se identificam e têm sinergia com a campanha do IDIS. Organizações, movimentos e coletivos sociais anunciam vagas de voluntariado. Feito o teste e descobrindo a causa, a pessoa é direcionada para uma página do atados.com.br onde são apresentadas ONGs que atuam na causa escolhida e que aceitam trabalho de voluntários. Daniel Assunção, fundador do Atados, completa: “Para se engajar em uma ação voluntária é necessário identificação com a causa e o ‘Descubra sua Causa’ facilita essa conexão. Com essa parceria os voluntários conseguem identificar realmente qual ação voluntária é perfeita para cada perfil. Como na rede Atados temos mais de 400 vagas abertas, o teste facilita o caminho para se tornar um voluntário.”

Àqueles que se interessam pelo tema, mas ainda têm dúvidas sobre o que fazer, têm a oportunidade de conhecer mais sobre cultura de doação e as causas que são importantes para si, contribuindo ao informar sua rede e disseminar as notícias.

Nesse ponto, a Catraca Livre se junta ao time, tendo recentemente lançado seu novo posicionamento – Catraca Causando – que vem reforçar sua missão de empoderar as pessoas através de conteúdos e ações práticas que impactam positivamente na vida dos cidadãos. O portal produzirá matérias especiais relacionadas a causas e também compartilhará o teste com sua audiência. Isso ajudará a esclarecer dúvidas e fazer com que os internautas tenham mais informações para dar o próximo passo. “Ao unir forças com o IDIS, queremos trazer mais contexto, informação e direcionamento para as pessoas que querem causar a diferença no mundo. O quiz Descubra Sua Causa, na visão da Catraca Causando, vai ajudar a despertar o espírito solidário e ativista que existe em cada um de nós.” – afirma Marcos Dimenstein, diretor executivo da Catraca Livre.

Dia de Doar: Versão brasileira do Giving Tuesday, é um movimento global para promover a doação. É uma mobilização que promove um país mais generoso e solidário, por meio da conexão de pessoas com causas. Acontece sempre na terça-feira subsequente à Black Friday, desde 2012, e neste ano será no dia 3 de dezembro. O lançamento do Descubra Sua Causa 2.0 foi planejado para acontecer próximo à data, se apresentando como um meio fácil e prático para todos que desejam se engajar no Dia de Doar.

 

SOBRE O DESCUBRA SUA CAUSA

O ‘Descubra Sua Causa’ é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social para fortalecer a cultura de doação. Por meio de um teste, as pessoas são estimuladas a refletirem e identificarem suas causas. A partir daí são indicados caminhos para doação e realização de trabalho voluntário, além de notícias sobre os temas de interesse. As conversas são mantidas nos perfis exclusivos da campanha no Facebook e Instagram, com a produção de conteúdos próprios. São parceiros institucionais do projeto ATADOS, BSOCIAL, CATRACA LIVRE e SIMBIOSE SOCIAL. Saiba mais em www.descubrasuacausa.net.br / www.facebook.com/descubrasuacausa/ / www.instagram.com/descubrasuacausa/

 

Evelyn Ioschpe: a face de um Terceiro Setor digno e confiável

Por Marcos Kisil*

Com profundo pesar recebi a notícia da morte de Evelyn. Parceira e amiga de muitos anos desde nosso encontro num grupo de filantropos que buscavam organizar e viabilizar o papel único que a filantropia pode, e deve ter, em criar uma sociedade justa e sustentável.

Corria os anos 90, deixamos os anos de chumbo da ditatura militar, vivíamos uma nova Constituição, tínhamos eleito democraticamente o Presidente Color. Nossa geração vivia um momento muito especial de esperança e de necessidade de participação num novo Brasil.

Porém, a história pátria começa a dar sinais de que os sonhos de muitos são sufocados pelos desejos ignóbeis de poucos.

Assim, num momento de construção da sociedade civil, onde a participação voluntária da cidadania passa a se manifestar por meio de novas organizações que querem ser livres da tutela de governos, nascendo sob o guarda-chuva de ONGs, eis que a sociedade se dá conta da mazela que ocorria na então Fundação Legião Brasileira de Assistência, LBA.

LBA foi criada como um órgão de assistência às famílias necessitadas em geral, em 1942. A LBA tinha como presidentes as primeiras-damas do governo federal, e vinculada ao Ministério da Ação Social do governo Collor.

Em 1991, sob a gestão de Rosane Collor, então primeira dama, foram feitas diversas denúncias de esquemas de desvios de verbas da LBA, como uma compra fraudulenta de 1,6 milhão de quilos de leite em pó. Para este desvio se usavam ONGs no estado de Alagoas.

Como neste momento nosso grupo de filantropos se reuniam informalmente desde 1989, e o escândalo projetava uma sombra sobre todas organizações sem fins lucrativas e não governamentais, tomamos a decisão de nos formalizarmos numa estrutura associativa que veio a se constituir como GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas. E, para tanto, foi instituído um Código de Ética que deveria ser aceito por toda associado que quisesse aderir a nova organização, e que representava um manifesto a favor da probidade, seriedade e transparência que deveria se ter com o uso de recursos em prol do desenvolvimento sustentado.

De maneira natural, e por aclamação, Evelyn foi eleita para ser a primeira presidente do Conselho do GIFE. Tive a honra de ser escolhido seu vice-presidente, e assim acompanhar as difíceis decisões que se impunham para tornar realidade a nova organização.

Dessa maneira passei a disfrutar do convívio da socióloga, jornalista, curadora de artes e cidadã Evelyn Ioschpe.

Então, Evelyn era a presidente da Fundação Ioschpe e do Instituto Arte na Escola.

Posteriormente, já como membro do Conselho da Fundação pude acompanhar o interesse e empreendedorismo da Evelyn em expandir o programa Formare, em que o ensino técnico profissionalizante é realizado dentro da própria fábrica, tendo funcionários voluntários como professores de jovens aprendizes. Criado em 1988, hoje o programa é reconhecido pelo MEC e não se restringe ao ambiente da Ioschpe-Maxxion, sendo aplicado em mais de 50 empresas, da Nívea à Duratex; e já formou mais de 10 mil alunos. A outra iniciativa da Fundação é o Instituto Arte na Escola, voltado para a melhoria do ensino de arte do ensino público por meio da formação de professores. Através de parcerias com universidades de todo o país, a iniciativa já beneficiou 13 mil professores.

Evelyn tinha uma frase que orientou seu pensamento e ação tanto nas ações pessoais como institucionais, seja na Fundação, seja no GIFE, seja nas diferentes entidades que serviu como executiva ou como conselheira:

“Todas as pessoas que têm vocação para o terceiro setor são as que se dão conta de que a vida delas pode transformar a vida de outras pessoas. ”

Transformar as vidas das pessoas era uma motivação que transbordava de sua pessoa. E dizia,

“Entrar para o terceiro setor foi onde eu consegui, na verdade, expressar o meu desejo de mudança, de dar minha contribuição. Queremos ajudar a formar indivíduos mais conscientes, que tenham uma visão mais sólida e mais crítica, para que possam ser cidadãos mais plenos e mais participantes. ”

Assim possibilitou em suas palavras o que esperava de uma organização social, incluindo o GIFE:

 “A visão que tínhamos era de que se havia um trabalho profissional sendo feito, não podíamos mais pensar em atender diretamente a uma determinada população, mas tínhamos que desenhar uma maneira da nossa ação ser multiplicadora”

Neste sentido cumpre reconhecer dois programas que fizeram parte das ações iniciais do IDIS: o Programa de Trainee GIFE, instrumento para apoiar os associados na capacitação de seus quadros mais jovens, e o lançamento do livro 3° Setor – Desenvolvimento Social Sustentado

Este livro, organizado pela Evelyn, constitui ainda a introdução mais prática que existe no Brasil, ao tema do Terceiro Setor, ONGs. Organizações da Sociedade Civil etc. Redigiram capítulos do livro pesquisadores como Lester Salamon, provavelmente o estudioso hoje mais informado sobre o assunto, outra excelente autora como Peggy Dulany, bem como autores brasileiros como Ruth Cardoso, Rubens Cesar Fernandes, Joaquim Falcão, e outros tantos companheiros de jornada da Evelyn, no qual estou incluído.

A construção deste livro é, em larga medida, a construção de um pensamento que, se ao final da leitura parece unívoco, é de fato pluralista e, no entanto, surpreendentemente afinado.

Lançado em 1997, a obra nasceu da realização do III Encontro Ibero-Americano do Terceiro Setor, em setembro de 1996 no Rio de Janeiro, que teve a participação do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), que discutiu o conceito “Terceiro Setor”, suas formas e limites. E aqui encontramos outra importante contribuição da Evelyn para o nosso setor: crença na importância de diálogos entre pensadores do setor, fomentando e participando de encontros nacionais e internacionais.

Um desses encontros foi o Encontro Internacional de Associações que reuniam organizações doadoras de recursos (IMAG) em Oaxaca, México, em 1998. Este encontro reuniu líderes de filantropia de 25 países para se engajarem em programas de aprimoramento de suas ações em prol dos filantropos associados às suas organizações. A reunião mostrou a necessidade da criação de uma rede de associações para ser um centro de informação e conhecimento, propulsor de iniciativas que fizessem da filantropia um instrumento de crescimento e desenvolvimento social. Representando o Brasil estava Evelyn como ativa participante das ideias discutidas e concluídas no encontro. Em 2000, foi então criado a organização WINGS – Worldwide Initiatives in Grantmaking Support. Neste momento, sendo Presidente do Conselho do GIFE, tive a honra se ser co-fundador desta nova organização, e ser membro de seu primeiro conselho. Mais, uma vez tendo a Evelyn como parceira e amiga.

Hoje o WINGs conta como uma rede de mais de 100 associações filantrópicas e organizações de apoio em 40 países ao redor do mundo, cujo objetivo é fortalecer, promover e liderar o desenvolvimento da filantropia e do investimento social. Juntos, os membros da WINGS e os participantes da rede representam mais de 100.000 entidades filantrópicas de todas as regiões, mobilizando bilhões de dólares.

Assim, de maneira singela quero aqui prestar homenagens a esta líder do nosso setor que nos deixa. Testemunhei seu engajamento e participação em diferentes momentos de criação e desenvolvimento da sociedade civil, seus exemplos de cidadã preocupada com uma sociedade equânime e solidária, preocupada com o destino de crianças e adolescentes, contribuinte para a teoria e prática do investimento social privado.

Devo também a Evelyn outro importante ensinamento: o que significa a expressão Tzedaká. Mandamento judaico sobre a responsabilidade em construir a justiça social. É a obrigação de doar algo de si, trabalho ou conhecimento ou recursos materiais. E como encontramos no Maimônides, a forma mais elevada é dar um presente, empréstimo ou parceria que irá resultar no receptor ser autossustentável, em vez de viver com o auxílio dos outros, ou seja “não dar o peixe e sim ensinar a pescar”. Assim, agiu a minha amiga Evelyn em sua vida.

* O Dr. Marcos Kisil é o fundador do IDIS e atualmente membro do Conselho Deliberativo.

Recursos não Tradicionais para Fundos Patrimoniais de OSCs

Fundos patrimoniais (endowments) são estruturas que recebem e administram bens, majoritariamente recursos financeiros, que são investidos com os objetivos de preservar o valor do capital principal no longo prazo. Isso ocorre inclusive contra perdas inflacionárias, gerando resgates recorrentes e previsíveis para sustentar financeiramente um determinado propósito, uma causa ou uma entidade de interesse público ou coletivo, sem fins lucrativos.

Ao estruturar fundos dessa natureza, as organizações se tornam menos dependentes de novas doações e patrocínios, alcançam maior estabilidade financeira e asseguram sua viabilidade operacional, permitindo que cresçam de forma sustentável.

Em países desenvolvidos, os fundos patrimoniais existem há mais de século, como o da Rockefeller Foundation e o Carnegie Endowment for International Peace.

No Brasil, um dos obstáculos encontrados, além de nossa pequena tradição em relação ao assunto, é a falta de uma legislação específica que facilite sua criação, e o uso de incentivos fiscais.

Porém, após muitos anos de um esforço coletivo realizado pela COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS, o governo federal sancionou a Lei 13.800/19, conhecida como Lei dos Fundos Patrimoniais, em 4 de janeiro de 2019. Ela garante significativa amplitude temática para utilização dos recursos de fundos patrimoniais, possibilitando que sejam destinados para instituições que atuam em diversas áreas como educação, cultura, tecnologia, pesquisa e inovação, meio ambiente, entre outras.

A legislação buscou estabelecer certas diretrizes no que diz respeito à governança aplicável aos fundos patrimoniais, sem, contudo, estabelecer diferenciações entre fundos destinados a apoiar instituições públicas e privadas. Nesse tocante, o texto legal criou a figura das organizações gestoras de fundos patrimoniais (associações ou fundações privadas), estabelecendo requisitos específicos acerca da sua forma de organização interna, incluindo a existência obrigatória de um Comitê de Investimentos, com profissionais registrados na CVM.

Contudo, a sanção presidencial foi acompanhada por vetos importantes, especialmente a supressão da previsão de benefícios fiscais referentes ao imposto de renda de doadores, pessoas física ou jurídica, que aportassem recursos em fundos patrimoniais. A justificativa foi no sentido de que a criação de tais benefícios não observou requisitos da legislação orçamentária e financeira.

A retirada de benefícios aos doadores cria um obstáculo evidente para o êxito dos fundos patrimoniais, que figuram como mecanismo voltado para estimular o aumento do investimento social e a cultura de doação no país. Esses vetos devem ser analisados pelo Congresso Nacional, sendo possível sua rejeição por maioria absoluta dos membros de cada Casa.

Ainda assim, a aprovação da Lei é um fato positivo, especialmente para as entidades da sociedade civil, que poderão ser amplamente beneficiadas pelos fundos patrimoniais na realização de suas atividades em defesa de interesses sociais. A nova lei é particularmente importante por conferir maior segurança jurídica a potenciais doadores, assegurando a individualização e separação entre os patrimônios do fundo e das instituições apoiadas, ainda que haja dúvidas acerca dos entraves que a estrutura de governança prevista pela lei pode representar na criação e no funcionamento dos fundos patrimoniais, na prática.

 

Pesquisa sobre Fundos Não Tradicionais

Sob a liderança do Prof. Lester Salamon, professor da Johns Hopkins University, um grupo de especialistas em filantropia e investimento social privado passou a buscar mecanismos alternativos para a constituição de fundos patrimoniais de organizações da sociedade civil (OSCs).

Por ser um projeto complexo em seu desenho e implantação, foi dividido em fases desde 2012, com estimativa para término em 2022. A primeira fase foi chamada de “Conceitual” para aclarar o significado dos fundos não tradicionais que pudessem ser de alcance global. Ela foi composta por reuniões presenciais ou à distância com o objetivo de revisar os textos produzidos pelos participantes. A segunda fase foi a de “Identificação do Universo” de casos com base no conceito dos fundos não tradicionais. De maneira progressiva e com a ajuda de colaboradores em diversos países, foram identificados aproximadamente 580 casos, que de acordo com suas características foram classificados em grupos que atendem os mesmos critérios de uso de recursos disponibilizados. Por exemplo, casos resultantes da privatização de ativos públicos, de troca de dívidas (debt swap), de punições pecuniárias da justiça para pessoas e empresas, de recursos de corrupção identificados e devolvidos de contas no exterior, de acordos de ajuste de conduta e de leniência.

Na terceira fase, foram identificados em cada grupo os casos que deveriam ser aprofundados. Nesse sentido, o conhecimento adquirido poderia ser orientado para situações similares em circunstâncias políticas e econômicas das diferentes sociedades e estados nacionais. Essa é fase em que o projeto está atualmente. Os achados do estudo em suas fases “Conceitual” e de “Identificação do Universo” já foram publicados, e os casos estão sendo progressivamente selecionados, estudados, sistematizados e publicados durante o período restante do projeto.

Fundos patrimoniais que resultaram de privatizações conduzidas pelos governos demonstram que os bens não pertencem apenas ao Estado, mas também à sociedade. Nesse sentido, a pergunta central é: um bem público pode ser objeto de uma transação de privatização sem a participação da sociedade? Quais são os limites do Estado para agir como único proprietário do bem?

(Conheça também o livro ‘Filantropização via Privatização’, do professor Lester Salamon, publicado pelo IDIS no Brasil)

 

O exemplo alemão

Um bom exemplo do potencial de recursos não tradicionais para a criação e o crescimento de fundos patrimoniais para OSCs é a história da empresa Volkswagen. Apoio importante para a sustentação da máquina de guerra da Alemanha durante o período nazista, ao final do conflito, a empresa se encontrava em território alemão controlado pelos ingleses.

Acreditando no papel que o complexo industrial deveria ter na redemocratização e no reerguimento da nação então destruída, o governo inglês estimulou a criação da Fundação Volkswagen, organização independente da empresa, com um Conselho Curador representativo da sociedade e do governo.

A Fundação se tornou proprietária da empresa com o compromisso de vender suas ações para cidadãos alemães. Os recursos obtidos com a venda criaram um fundo patrimonial para apoiar e promover a ciência na Alemanha. Hoje, a Fundação tem € 2,6 bilhões (US$ 3 bilhões) em ativos e uma longa história de substancial concessão de subvenções e doações para o desenvolvimento científico e tecnológico, que repôs a Alemanha na liderança econômica mundial. A Volkswagen permanece uma empresa independente e uma das líderes do mercado mundial de automóveis.

Dentro dos casos já identificados, foi possível encontrar diferentes tipos de recursos não tradicionais. Os mais prevalentes utilizaram parte dos recursos de processos de privatização/concessão de empresas ou participação pública em empresas que passaram para a iniciativa privada. Alguns utilizaram parte da receita de loterias, esportiva ou não. Outros utilizaram recursos advindos de licenças para a exploração de depósitos minerais, incluindo petróleo. E há ainda os que resultaram de trocas de contratos de dívidas internacionais (debt swap) em que o cedente de recursos autoriza que parte da amortização da dívida pode ficar no país endividado desde que os recursos sejam destinados a fundos patrimoniais de OSCs.

 

O caso brasileiro

Assim, deveríamos perguntar: por que não se aplicou esse modelo na privatização da Vale? Ou da Eletropaulo? Ou da Companhia Siderúrgica Nacional? Também poderíamos estender a pergunta para o universo das concessões dos portos, aeroportos, rodovias e outras.

Diferentemente do que muitos imaginam, a privatização é um processo relativamente comum no Brasil desde a década de 1980, mas o país apenas ingressou nessa era, de fato, a partir dos anos 1990. Ao todo, foram privatizadas mais de 100 empresas, que, até 2005, geraram uma receita de 95 bilhões de dólares, o que, corrigindo para valores de 2013, equivale a 143 bilhões de dólares.

Embora o processo de privatização tenha tido leis específicas nos governos Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, nenhum deles contemplou a sociedade civil como destinatária de parte dos recursos auferidos.

Já nos governos Lula e Dilma, o processo de privatização arrefeceu por razões ideológicas, e várias empresas e setores foram retirados do Plano Nacional de Desestatização. Além disso, o Estado agregou empresas ao seu portfólio, como é o caso da incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC) e do Banco do Estado do Piauí (BEP) ao Banco do Brasil.

Em contrapartida, como reação à profunda crise financeira e econômica enfrentada pelo governo brasileiro depois de sua reeleição, a presidente Dilma Rousseff anunciou, em junho de 2015, um novo pacote de medidas do Programa de Investimento em Logística (PIL). Esse programa pode atingir até R$ 198 bilhões em concessões e outorgas feitas pelo governo à iniciativa privada, especialmente nas áreas de Portos (R$ 37,4 bilhões), Aeroportos (R$ 8,5 bilhões), Ferrovias (R$ 86,4 bilhões) e Rodovias (R$ 66,1 bilhões). Infelizmente, não houve nenhuma palavra ou aceno para que parte desses recursos seja distribuída para OSCs.

A venda de ativos ou privatização de serviços públicos é vista como uma das alternativas para obter recursos extras a fim de reduzir os rombos das contas públicas, aliviar as despesas e também aumentar o volume de investimentos em infraestrutura.

Se durante o governo Dilma tínhamos uma previsão de R$ 198 bilhões, no governo Bolsonaro trabalha-se com a estimativa de R$ 127,4 bilhões em investimentos ao longo dos próximos anos, considerando apenas 87 projetos com maiores chances de acontecer, de acordo com o próprio governo. Desse total, R$ 113,6 bilhões são de projetos federais, R$ 9,6 bilhões de estaduais e R$ 4,2 bilhões de municipais. O atual governo trabalha com o valor de R$ 142 bilhões em privatizações. Tirar esses projetos do papel, no entanto, não depende apenas de decisão política, mas também da capacidade de elaboração de estudos técnicos e de estruturação de modelagem que garanta o interesse de investidores. Em média, projetos de desestatização costumam levar, no mínimo, de um ano e meio a dois para chegar à fase de assinatura.

Para poderem ser levados a leilão, os projetos antes precisam passar por uma série de etapas, incluindo audiências públicas, análise de tribunal de contas e, dependendo do ativo, aprovação do Legislativo e mudança de lei. Isso se ao longo de todo o trâmite também não surgirem ações na Justiça pedindo mudanças ou simplesmente o impedimento da licitação.

De acordo com informações colhidas pelo projeto americano, a média de recursos que poderia ser destinada para fundos patrimoniais da sociedade civil gira em torno de 15% do valor do ativo. Isso implicaria em quase R$ 20 bilhões para o setor social. A importância desses recursos para organizações sociais pode ser demonstrada pelo caso envolvendo entidades como as Santas Casas de Misericórdia.

Esses hospitais filantrópicos são responsáveis por 74% dos leitos oferecidos pelo SUS. Portanto, são essenciais para o atendimento oferecido aos brasileiros. Até maio de 2015, tinham acumulado uma dívida de R$ 21,5 bilhões e chegaram à beira da falência, fechando suas portas para a população. De acordo com as evidências, a maior razão dessa dívida foi a diminuição da participação do governo federal no financiamento do SUS.

Se 15% dos recursos gerados pelas futuras privatizações e concessões contemplassem essas organizações, aproximadamente R$ 20 bilhões poderiam ser direcionados para fundos patrimoniais de Santas Casas. Isso representa que renderiam aproximadamente R$ 1,2 bilhão/ano, já descontados os efeitos da inflação. E seguramente seriam direcionados em benefícios às organizações, à comunidade e, especialmente, aos pacientes atendidos.

 

Outros recursos não tradicionais

No caso do Brasil, os recursos não tradicionais incluem aqueles oriundos de outras fontes e que se tornaram mais frequentes à medida que a Operação Lava Jato avançou. Assim, instrumentos como termos de ajuste de conduta, acordos de leniência, retorno de recursos encontrados em contas bancárias no exterior resultantes de corrupção, penalidades pecuniárias e multas para empresas corruptas passaram a ser fontes de recursos que poderiam ser importantes para a sociedade civil. Podem-se juntar a eles os recursos apreendidos que resultaram de crimes como tráfico de drogas, contrabando e arrecadação de jogos ilegais, que passaram a fazer parte não só do mundo legal punitivo, mas também da linguagem do cidadão comum ao entender que a sociedade foi prejudicada e deve ser aquinhoada com parte desses recursos.

Esse esforço depende também do universo regulatório e de dispositivos legais, exigindo a participação de escritórios de advocacia, promotores públicos e juízes, representantes de organizações interessadas e visitas periódicas a autoridades públicas para conhecer os avanços necessários.

Com relação aos recursos mobilizados devido à Operação Lava Jato, até o início de 2019 houve um retorno ao governo federal de R$ 12,3 bilhões, e os condenados devem pagar R$ 40,3 bilhões pelos danos causados. Já para os acordos de leniência, esperam-se R$ 27,6 bilhões. E sabemos que esses casos representam uma simples amostragem do tamanho dos recursos não tradicionais que poderiam contribuir para os fundos patrimoniais.

Em síntese, as ideias e casos apresentados aqui devem ser analisados pela sociedade brasileira junto às autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário e aos investidores que buscam aproveitar as oportunidades de recursos oriundos das privatizações/concessões, bem como as ações de ressarcimento que estão sendo efetuadas pelo sistema judicial. Talvez, assim, tenhamos novos instrumentos para criar uma sociedade mais justa e sustentável com uma participação eficaz e efetiva de organizações sociais como parceiros da res publica.

 

Por Marcos Kisil, fundador do IDIS e atualmente membro do Conselho Deliberativo. O artigo foi originalmente publicado na revista Rede Filantropia, em 06 de setembro de 2019

IDIS recebe especialista em Filantropia Comunitária e visita organizações em diferentes regiões do Brasil

Filantropia Comunitária é um dos temas caros ao IDIS desde sua fundação, e o ano de 2019 pode ser considerado um marco na nossa atuação nesta área, pois foi quando iniciamos o desenho do ‘Programa de Desenvolvimento da Filantropia Comunitária’, em parceria com a Mott Foundation. Sua intenção é fomentar o surgimento de Fundações Comunitárias no País, bem como fortalecer e consolidar as já existentes. Para apoiar este processo, recebemos, em outubro, Alina Porumb, consultora romena com extensa experiência no tema, e que desenvolveu um programa similar em seu país entre 2005 e 2015. Por muito anos, esteve também à frente da ‘ARC – Association for Community Relations’, uma organização que apoiou o surgimento de Fundações Comunitárias na Romênia.
Além de compartilhar com a equipe do IDIS suas vivências e realizar atividades de imersão no tema, Alina fez uma série de visitas a organizações brasileiras que atuam no campo da Filantropia Comunitária, sempre acompanhada por alguém da equipe do IDIS, abarcando parcialmente a diversidade de realidades que encontramos no Brasil.

 

Redes da Maré (RJ)

A visita à organização Redes da Maré, no Rio de Janeiro, realizada com Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, ampliou o conhecimento acerca da difícil e complexa realidade dos 140 mil moradores das 16 favelas do Complexo da Maré e dos corajosos e inspiradores projetos realizados pela organização, com foco na melhoria da qualidade de vida e garantia de direitos da população. Um dos pontos debatidos com Eliana Sousa Silva, Diretora da Redes da Maré, foi a possibilidade de se criar uma Fundação Comunitária neste território, como um meio de atrair recursos de longo prazo para financiamento destes e outros projetos de desenvolvimento local.

 

Tabôa (BA)

A Tabôa é uma organização social que fomenta iniciativas de base comunitária e empreendimentos socioeconômicos em Serra Grande, no sul da Bahia. Essa visita já estava cercada de expectativas pela já reconhecida atuação da organização na região, pelas belezas naturais locais, pelas saborosas diferenças gastronômicas, pela riqueza cultural e pelas mais recentes notícias da chegada do vazamento de óleo, que atingiu diversas localidades no nordeste e sudeste, às praias de Serra Grande. Na visita, realizada com André Lara, gerente de projetos do IDIS, as expectativas foram atingidas. Eles se impressionaram ao ver a mobilização da população local unindo forças em projetos de seu interesse, ao ver habilidades gastronômicas e culturais potencializadas e transformadas em oportunidade de negócio e geração de renda, ao ver de perto o poder de transformação que o engajamento e a organização coletivas podem ter. Ao mesmo tempo, sentiram na pele o impacto brutal de não poder entrar no mar, comer peixes ou mesmo caminhar pelas praias sem estar calçado devido à contaminação por óleo. As raízes da Filantropia Comunitária, que prevê este empoderamento coletivo para resolver problemas em comum estão também direcionadas para a questão ambiental. Voltaram tocados, mas confiantes de que esta mobilização pode despertar também um apoio estrutural e efetivo do poder público.

 

ICOM – Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (SC)

O ICOM é uma Fundação Comunitária com 14 anos de atuação. A organização incentiva o engajamento de empresas e indivíduos na prática do investimento social e apoia as organizações da sociedade civil da região. Mariane Nunes, Gerente Executiva, recebeu Alina a Raquel Altemani, gerente financeira no IDIS, e compartilhou a história, as conquistas e os desafios atuais do ICOM. Se aprofundou também na história de como o Instituto implementou a metodologia Vital Signs – uma forma participativa de reunir indicadores sobre o desenvolvimento social de territórios com o apoio e colaboração de representantes da sociedade civil e do setor público e gerar conhecimento sobre os avanços e prioridades locais. O ICOM integra a rede ‘Ibero American Network of Community Foundation’, focada no fortalecimento e troca de experiências entre Fundações Comunitárias da América Latina, Portugal e Espanha.

 

Fundação Tide Setubal (SP)

A dupla Alina e Raquel também visitou o Galpão ZL, um espaço voltado para a promoção do empreendedorismo periférico e de negócios de impacto social na Zona Leste da capital paulista mantido pela Fundação Tide Setubal. Os representantes da organização, Guiné e Andrelissa, as acompanharam em uma estimulante conversa sobre a busca de justiça social e desenvolvimento sustentável de periferias urbanas. A Fundação tem como missão contribuir para o enfrentamento das desigualdades socioespaciais das grandes cidades, e, para isso, promove a articulação de diversos atores, como representantes da sociedade civil, empresas, poder público, instituições de pesquisa. A atuação por mais de 10 anos da Fundação Tide Setubal no território de São Miguel Paulista, sempre pautada pela valorização dos ativos e talentos locais e por um processo atento de escuta e colaboração, permitiu que a organização desenvolvesse metodologias de engajamento comunitário e gerasse muito conhecimento sobre tema, tornando-se uma referência no País e contribuindo para levar os aprendizados para outros territórios, ampliando ainda mais seu potencial de impacto.

 

Se interessa pelo tema? Conheça a publicação ‘Filantropia Comunitária: terreno fértil para o desenvolvimento social’

IDIS é uma das 100 melhores ONGs do Brasil

Com muita alegria e orgulho o IDIS recebeu a notícia de que foi reconhecido como uma das 100 melhores ONGs do Brasil. Em sua terceira edição, o Prêmio, promovido pelo Instituto Doar, considera cinco grandes temas ligados à transparência e à gestão para avaliar as organizações inscritas: causa e estratégia de atuação; representação e responsabilidade; gestão e planejamento; estratégia de financiamento e comunicação; e prestação de contas.

Em 2019, o Prêmio Melhores ONGs bateu recorde de participantes. Foram 757 inscrições completas, 12% a mais do que no ano anterior e quantidade quase 44% superior à registrada em 2017. Todas as regiões do Brasil foram contempladas. De acordo com pesquisa conduzida pelo IBGE, existem hoje cerca de 300 mil organizações sociais formalmente registradas no Brasil.

O Prêmio também selecionou destaques dentro de algumas categorias, de acordo com causas e geografia. Neste ano, foi escolhida como Organização do Ano a Associação Peter Pan, de Fortaleza, Ceará.  Parceiros recentes do IDIS também foram contemplados. Os destaques nas categorias Cultura e Educação foram, respectivamente, a Santa Marcelina Cultura e o CEAP, para os quais realizamos projetos de avaliação de impacto.

“Estamos vivendo um momento em que a credibilidade das organizações sociais é colocada em xeque. Como setor, precisamos nos organizar para mudar esse cenário. Mostrar à sociedade o impacto que geramos é fundamental, assim como dar luz às práticas de transparência e gestão. Neste sentido, o Prêmio Melhores ONGs tem grande valor” destaca Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS. E complementa: “No Brasil, há muitas organizações que se sobressaem e para nós é uma honra estar entre as 100 mais uma vez”.

A missão do Instituto Doar é ampliar a cultura de doação no Brasil e ao realizar esta seleção, acredita que dá luz às organizações mais preparadas para receber voluntários e doações de indivíduos. Melhores ONGs 2019 é uma iniciava do Instituto em parceria com a Rede Filantropia e O Mundo que Queremos, com o apoio do Programa VOA da AMBEV, do Instituto Humanize e da Fundação Toyota.

Tendências e Desafios da Avaliação de Impacto no Brasil

O que é Avaliação de Impacto?

Estudos de Avaliação de Impacto ganham cada vez mais importância entre filantropos e investidores sociais pelo mundo todo. É crescente também a preocupação das organizações em mensurar o impacto de seus projetos e programas e doadores estão interessados em verificar se seus recursos estão alocados em iniciativas que trazem benefícios efetivos à sociedade.

Mas o que é impacto e como mensurá-lo? Este artigo traz uma perspectiva sobre o tema a partir da experiência do IDIS.

Consideramos impacto a mudança social produzida por um programa ou projeto. Enquanto resultados se relacionam com as conquistas concretas, que, em geral, representam o alcance e a amplitude da iniciativa, o impacto pode ter uma natureza mais subjetiva – relacionado à ideia de transformação social. Quando mensuramos o impacto de um programa, ponderamos o quanto este muda a vida das pessoas envolvidas. Ou seja, é uma prática reflexiva que visa buscar evidências para identificar se uma iniciativa tem alcançado as transformações sociais que estabeleceu como objetivos.

Há diversos motivos pelos quais a Avaliação de Impacto é uma ferramenta estratégica valiosa. Ela fornece às organizações dados e evidências que permitem refletir sobre as abordagens adotadas e oferecem suporte para o processo de tomada de decisão. Ademais, torna possível analisar a relação de causalidade entre as intervenções e os impactos percebidos, identificando fatores que são fundamentais para impulsionar as transformações, outros que não contribuem de forma tão direta e, ainda, limitadores e fatores que criam obstáculos. Assim, estudos de Avaliação de Impacto vão muito além da mensuração – permitem também refletir sobre estratégias para potencializar as transformações desejadas. Por fim, estudos avaliativos têm o potencial de fortalecer o diálogo com investidores e com o setor público, auxiliando organizações a manterem um relacionamento transparente com doadores, reivindicarem melhorias nas políticas públicas e negociarem a ampliação de programas sociais efetivos.

Estudos de Avaliação de Impacto não apenas monitoraram resultados, adentram profundamente na relação de causa e efeito entre as atividades de um programa e os desdobramentos na vida das pessoas. Isso pode ser uma atividade complexa, especialmente em programas que trabalham com questões abstratas como empoderamento ou habilidades sociais. Mesmo quando esse tipo de impacto é perceptível, pode ser muito desafiador mensurá-lo e traduzi-lo em termos objetivos e quantitativos.

 

O que é SROI e por que ele é útil?

O ‘SROI – Social Return on Investment’, ou Retorno Social sobre Investimento, é um protocolo de avaliação que propõe uma análise comparativa entre o valor dos recursos investidos em um projeto ou programa e o valor social gerado para a sociedade com essa iniciativa. Para isso, aplica diversas técnicas para estimar o valor intangível de ativos que não podem ser comprados ou vendidos.

O SROI é uma ferramenta poderosa de mensuração, que transcende a monetarização do impacto social. Ainda que a relação custo-benefício (ou retorno sobre o investimento) seja o que geralmente atrai a atenção dos investidores sociais, que veem a possibilidade de uma avaliação objetiva e financeira sobre o uso de seus recursos, este processo não deve ser considerado somente um índice. Cada uma de suas etapas é capaz de revelar informações pertinentes sobre o projeto ou programa e gerar insights que favorecem a tomada de decisão e a busca por impactos cada vez maiores e mais consistentes.

Um aspecto chave desse protocolo é seu foco na percepção do beneficiário – o envolvimento dos stakeholders é um dos princípios da SROI, o que significa que o impacto social deve ser avaliado a partir do ponto de vista daqueles que estão diretamente envolvidos no projeto social. Ademais, esse método favorece a integração de dados qualitativos e quantitativos. O primeiro fornece uma visão mais clara sobre a natureza do impacto do projeto por meio de depoimentos dos públicos envolvidos. A abordagem quantitativa, por outro lado, proporciona um trabalho com amostras estatisticamente significativas que mensuram a intensidade das mudanças percebidas.

 

A demanda por avaliação de impacto e SROI no Brasil

Apesar da demanda crescente por Avaliação de Impacto no Brasil, trata-se de prática ainda pouco desenvolvida. Seus conceitos são frequentemente mal utilizados ou pouco claros e organizações enfrentam dificuldades em definir os indicadores. Por exemplo, muitas declaram que mensuram seu impacto, quando na verdade estão mensurando seus resultados, informando o número de pessoas ou famílias atendidas, por exemplo. Evidentemente, analisar os resultados da organização é muito importante e deve ser feito regularmente. Contudo, avaliar impacto é um processo mais profundo e uma oportunidade de refletir sobre como um projeto pode gerar valor social a seus beneficiários e à sociedade como um todo.

O desafio é ainda maior quando consideramos o SROI especificamente. A monetização do impacto é uma tarefa desafiadora, devido à falta de bases de dados de estimativas financeiras no País (instrumento bastante desenvolvido em outros países). Portanto, quando são definidos os valores das estimativas, muitas vezes é necessário coletar dados de fontes primárias, porque praticamente não há dados secundários disponíveis para sustentar as pesquisas.

É muito necessário disseminar conhecimento sobre esse assunto no Brasil, enfatizando a importância de avaliar o impacto de projetos e programas sociais, mesmo com os desafios e limitações envolvidos neste processo. Mensurar o impacto pode nem sempre resultar em conclusões precisas, mas, recomendamos sempre trabalhar com estimativas viáveis (construídas e analisadas com responsabilidade e critérios) do que trabalhar sem nenhum tipo de evidência sobre as consequências das suas intervenções.

Certamente ainda iremos amadurecer e evoluir nessa temática. Por isso, no IDIS, vamos além da realização de trabalhos de consultoria. Procuramos disseminar conceitos e práticas, por meio de publicações, de cursos, do compartilhamento de relatórios de projetos realizados e da participação em eventos.

 

Qual horizonte enxergamos para a Avaliação de Impacto?

Esperamos que, no futuro, avaliar o impacto seja parte integrante do processo de concepção e planejamento de projetos sociais e programas. Tanto organizações sociais, quanto filantropos e investidores sociais, precisam reconhecer o quão essencial é esta prática e devem trabalhar juntos para fortalecê-la e disseminá-la.

Também esperamos que a Avaliação de Impacto influencie as políticas públicas, revelando o valor de projetos para o desenvolvimento social e contribuindo para a ampliação de sua escala. Para ilustrar esse potencial, destacamos um exemplo. Em 2016, o IDIS conduziu a avaliação do Retorno Social sobre Investimento – SROI de um projeto dedicado à primeira infância na região da Amazônia (conheça o relatório aqui). O resultado positivo evidenciado pelo estudo – a notável mudança social que o projeto provia aos seus beneficiários – ofereceu argumentos irrefutáveis para que o projeto se tornasse uma política pública, beneficiando uma parcela significativamente maior da população e contribuindo para a melhoria da vida de mais crianças. Iniciativas como essa poderiam ser ainda mais regulares caso houvesse uma cultura de avaliação de impacto em organizações brasileiras – não apenas nas organizações privadas, mas também nos programas mantidos pelo setor público.

Novas ferramentas tecnológicas podem contribuir para o futuro da Avaliação de Impacto, reduzindo seu custo e tempo necessário para coleta de dados e aumentando a precisão dos estudos. A coleta e análise de dados poderá se tornar mais fácil, rápida e permitirá a mensuração de mudanças sociais no longo prazo. A tecnologia permitirá que a sociedade tenha maior acesso a informações relevantes sobre soluções, podendo, assim, aprender mais rapidamente com experiências prévias, e, com isso, ampliar os benefícios àqueles que mais precisam.

Quer saber mais sobre Avaliação de Impacto? Conheça nossa publicação Avaliação de Impacto Social – metodologias e reflexões.

Para perguntas e comentários, entre em contato conosco por meio do comunicacao@idis.org.br

Adaptação deste artigo foi publicada também no blog da Social Value International.

Oportunidade para gerente de gestão e avaliação de projetos e programas sociais

Temos uma nova oportunidade para profissionais com experiência na área de Investimento Social. O IDIS está apoiando um de seus parceiros a encontrar uma nova pessoa para compor sua equipe. Trata-se de um Instituto com foco no desenvolvimento integral de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Sua forma de atuação é baseada no fortalecimento de organizações que já atuam nessa causa, agindo, portanto, como financiador e estimulando que os projetos e programas já existentes ampliem cada vez mais seu impacto social.

A organização, localizada na cidade de São Paulo, está em busca de um profissional que se dedique ao monitoramento e avaliação de impacto dos projetos e programas que ela apoia, e que também participe das discussões sobre o modelo e sobre as estratégias de atuação da organização.

O IDIS será responsável pela condução do processo de seleção e da escolha dos três candidatos finalistas, sendo a decisão final uma escolha da organização contratante. O nome do Instituto será revelado aos candidatos selecionados durante a entrevista.

Objetivos

O candidato será responsável pela estratégia e pela execução dos processos de monitoramento e avaliação de impacto dos projetos, programas e organizações apoiadas, garantindo que o escopo acordado está sendo cumprido, analisando as prestações de conta apresentadas, e oferecendo suporte às organizações para o desenvolvimento de estudos de avaliação de impacto que gerem evidências sobre as transformações sociais alcançadas pelas iniciativas.

Deverá, ainda, participar das discussões internas a respeito das decisões estratégicas do Instituto, contribuindo para sua gestão e desenvolvimento dentro do setor, apoiando os relacionamentos institucionais e consolidando parcerias.

Principais Atribuições e Responsabilidades

  • Estudar e compreender a estratégia de atuação dos projetos e organizações atualmente apoiados pelo Instituto.
  • Apoiar no processo de validação e seleção de novas potenciais organizações a serem apoiadas no futuro pelo Instituto.
  • Elaborar o modelo de prestação de conta e avaliar as informações recebidas das organizações apoiadas.
  • Criar e manter os processos internos de monitoramento e avaliação de impacto dos projetos apoiados, alertando para desvios ou riscos não previstos e mensurando a efetividade dos projetos apoiados para o alcance dos objetivos estratégicos do Instituto.
  • Participar de reuniões periódicas da equipe, direção e estrutura de governança do Instituto com o objetivo de manter o alinhamento com o planejamento estratégico e missão do Instituto.
  • Promover o desenvolvimento, aprendizagem e compartilhamento de conhecimento técnico na sua área de atuação com a equipe do Instituto para aprimorar a performance individual e coletiva do time.
  • Representar o Instituto em eventos e reuniões, sempre que necessário.
  • Zelar pela ética e valores institucionais.

Requisitos do Cargo 

Instrução e Experiência

Formação superior completa complementada com cursos de pós-graduação ou MBA e experiência mínima de 5 anos na área de Investimento Social. 

Conhecimentos específicos

  • Conhecimento de estratégias de investimento social privado, preferencialmente com foco em Educação.
  • Habilidades comportamentais para conduzir o relacionamento com as organizações apoiadas financeiramente pelo Instituto, bem como com outros parceiros do Instituto e outros financiadores do setor.
  • Conhecimento teórico e experiência prévia em Monitoramento e Avaliação de Impacto de projetos e programas sociais.
  • Informática e nível avançado no idioma inglês.

Competências:

Iniciativa, liderança, planejamento, organização, capacidade para solucionar problemas, empreendedorismo, foco em resultados, relacionamento interpessoal e habilidade de planejamento e gestão de pessoas e recursos. 

Orientações para participação no processo seletivo:

  • Enviar um e-mail com o título “Oportunidade de contratação em Parceiro do IDIS”
  • Anexar seu CV
  • Incluir as seguintes informações no corpo do e-mail: disponibilidade para início, pretensão salarial e a justificativa sobre seu interesse nesta oportunidade.
  • Endereço para envio: portalidis@idis.org.br
  • Data limite para envio: 15/11/2019

Criação da primeira organização gestora é marco para agenda de Fundos Patrimoniais no Brasil

Foram mais de sete anos de trabalho de advocacy até a sanção da lei que regulamenta os fundos patrimoniais filantrópicos no Brasil. Depois de apenas cinco meses surgiu o primeiro fundo patrimonial estruturado conforme as orientações na nova legislação. Trata-se da Gestora de Fundo Patrimonial Rogerio Jonas Zylbersztajn, que leva o nome do filho de Raikel Zylbersztajn, que morreu prematuramente, deixando um patrimônio considerável. Sua mãe decidiu, então, legar toda a herança de Rogerio para a filantropia.

Priscila Pasqualin, sócia do PLKC Advogados e parceira do IDIS no advocacy pela regulamentação dos fundos patrimoniais, ajudou a família Zylbersztajn na constituição desse fundo e conta como foi a experiência.

Pergunta: Você participou do trabalho de advocacy pela regulamentação dos fundos patrimoniais por muitos anos e agora teve a oportunidade de participar também da estruturação do primeiro fundo patrimonial constituído conforme a legislação. Como foi essa experiência?

Foi gratificante apoiar D. Raikel a encontrar na filantropia um caminho para lidar com o luto e com o sofrimento. Com o Fundo Patrimonial ela poderá homenagear de forma perene o filho, empresário carioca que deixou, em vida, sua marca na cidade. Agora, o legado dele continuará, através das iniciativas filantrópicas realizadas pela Organização Gestora de Fundo Patrimonial Rogerio Jonas Zylbersztajn. Mas por que um fundo patrimonial? Sua origem judaica, cultura que tem em sua essência a ideia de legado, juntamente com a vontade de imprimir na filantropia a mesma seriedade, profissionalismo e ousadia que caracterizaram a carreira empresarial do filho, fez com que o conceito do Fundo Patrimonial fosse facilmente abraçado pela D. Raikel e pelos amigos de Rogério, que se dispuseram a conduzir essa empreitada.

Pergunta: Qual a principal diferença entre um fundo patrimonial constituído antes da Lei 13.800/19 e outro que obedece às exigências da nova legislação?

A principal diferença está na garantia efetiva ao doador de que o patrimônio doado estará protegido, de fato, no longo prazo, de forma a sempre gerar recursos para a causa apoiada, aliado a regras de governança e transparência que prezam pelo profissionalismo e pela excelência da atividade filantrópica. Os fundos patrimoniais constituídos de acordo com a Lei 13.800/19 não podem ser utilizados para outros fins, seja para arcar com uma contingência da instituição seja por decisão dos dirigentes da instituição de utilizar os recursos no curto prazo, como pode acontecer com os fundos constituídos antes da Lei. Além disso, é a estrutura adequada para que um Fundo Patrimonial apoie instituições públicas, algo que era difícil no Brasil.

Pergunta: Qual foi o principal aprendizado obtido nessa experiência de estruturar um fundo patrimonial de acordo com a nova legislação?

Pude testar e comprovar, na prática, que a lei trouxe a estrutura de governança adequada para cumprir o desejo maior do doador de perenizar o patrimônio e de garantir o investimento profissional adequado para que ele gere rendimentos e beneficie as causas apoiadas. Além disso, no evento de lançamento, em que participaram várias potenciais instituições apoiadas, ficou claro que o fundo patrimonial contribuirá com o aprimoramento da gestão dessas instituições e seu planejamento de longo prazo.

Pergunta: O que você tem a dizer para outras famílias ou organizações que estejam interessadas em constituir seus próprios fundos patrimoniais?

O fundo patrimonial é uma excelente ferramenta para deixar um legado relevante na sociedade em benefício das causas que sejam do apreço da família ou da organização. Além disso, por ser um veículo de sustentabilidade financeira de longo prazo, ele estimula a excelência no uso dos recursos e, portanto, amplia o impacto dos projetos filantrópicos ou públicos apoiados. A possibilidade do fundo patrimonial beneficiar as instituições públicas nos permite, como sociedade, cuidar, como nosso, dos bens, equipamentos e instituições públicas, independente da volatilidade política. Isso tudo, com a proteção do patrimônio da família dos riscos da operação das instituições filantrópicas, que receberão os recursos do fundo patrimonial para realizar os projetos, com a possibilidade de influenciar positivamente seu impacto e acompanhar seus resultados.

Se interessa pelo tema? Conheça a trajetória do IDIS na ação de advocacy pelos Fundos Patrimoniais aqui.

Confira os vídeos do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais de 2019

“Força das Comunidades” foi o tema do 8º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado em setembro de 2019 pelo IDIS. Ao longo de 10 horas de programação, foram realizadas doze sessões e todas elas serão disponibilizadas no canal do IDIS no YouTube.

O evento, exclusivo para convidados, reuniu mais de 300 participantes, entre filantropos, representantes de empresas, institutos, fundações e governos, e 52 palestrantes. Com um tema complexo e importante como esse, o Fórum buscou reunir pontos de vista locais e globais e diferentes experiências para estimular a reflexão acerca do papel dos cidadãos e as soluções que geram o bem comum.

Escolhemos as atividades melhor avaliadas pela audiência para iniciar a divulgação dos conteúdos. Inscreva-se em nosso canal e receba notificações quando os demais estiverem disponíveis.

Sessão Dinâmica: Precisamos mobilizar todo mundo; com Edgard Gouveia, Game Master na Epic Journey

Inclusão, diversidade e equidade: forças de mudança em nossas comunidades

Com Flávia Regina de Souza Oliveira, Sócia de Mattos Filho Advogados; Marcos Panassol, Sócio e Líder de Capital Humano da PwC Brasil; Maíra Liguori, Diretora do Think Olga; Mariana Almeida, Superintendente da Fundação Tide Setúbal; e moderação de Mafoane Odara, Gerente no Instituto Avon.

• Empresas com propósito e comprometidas com a sustentabilidade

Com Juliana Azevedo, Presidente na Procter & Gamble Brasil; Matthew Govier, Diretor Executivo da Accenture Strategy; Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work Brasil; e moderação de Gabriella Bighetti, CEO da United Way Brasil. Essa sessão teve o apoio da BNP Paribas Asset Management.

• Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2019

Em poucos minutos, imagens e depoimentos dos organizadores, palestrantes, parceiros e participantes.

Realizado desde 2012, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.000 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Esta é uma iniciativa conjunta do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e do Global Philanthropy Forum (GPF). Neste ano, contou com a parceria institucional da United Way. Também comprometidos, a Fundação Telefonica Vivo foi a parceira ouro do projeto, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, a Fundação Mott e o Santander, parceiros prata, e o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e o escritório de advocacia Mattos Filho, parceiros bronze.

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

IDIS 2020: Catalisador de Iniciativas

Pensar sobre aonde se quer chegar e planejar as atividades e recursos necessários para atingir os objetivos de forma coerente e sustentável é o que recomendamos a todos nossos parceiros, e no IDIS, não poderíamos fazer diferente. Em outubro, iniciamos nosso processo de planejamento estratégico para 2020.

Usando como base o plano trienal, desenvolvido em 2017, envolvemos toda a equipe do IDIS, que olhou para os resultados alcançados e projetos desenvolvidos neste ano, e traçou o plano para concretizar nosso novo posicionamento – IDIS: CATALISADOR DE INICIATIVAS. Por meio dele, reforçamos nosso compromisso com a idealização e o implementação de iniciativas que promovam o Investimento Social Privado no Brasil. Gerar e disseminar conhecimento, influenciar e representar o setor e idealizar, estruturar e implantar projetos próprios, passam a ser, dessa forma, nossos principais pilares de atuação.

Entre os principais projetos para o próximo ano, estão o fortalecimento da cultura de doação, por meio da campanha Descubra Sua Causa; a agenda dos Fundos Patrimoniais, com o avanço do trabalho de advocacy desempenhado na Coalização pelos Fundos Filantrópicos; a valorização da cultura de avaliação; e a promoção de parcerias intra e intersetoriais para a resolução de problemas sociais complexos. Ações específicas serão realizadas também no sentido de qualificar e ampliar a Filantropia Familiar e a Filantropia Comunitária. Seguiremos apoiando iniciativas de famílias, empresas, institutos e ONGs, por meio de atividades de consultoria, em todas as fases de seu investimento – do planejamento estratégico, passando pela gestão das doações, até a avaliação de impacto; e provendo o único Fórum no Brasil destinado exclusivamente a filantropos e investidores sociais.

Aspectos relacionados à comunicação institucional e gestão também foram discutidos. Para dar mais concretude ao novo posicionamento, foi planejada a atualização da marca. Especificamente em relação à sustentabilidade, avançamos no plano de constituição de um Fundo Estruturante, lançado na celebração dos 20 anos do IDIS, em setembro de 2019.

O planejamento, que ainda será validado por nosso Conselho Deliberativo, traça o caminho que seguiremos no próximo ano. Acreditamos na força do investimento social privado para criar um futuro mais justo e solidário, melhorando a vidas das pessoas. Por um 2020 com mais impacto!

Brasil é um dos países com os maiores desafios para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Social Progress Index 2019 mostra que o mundo não atingirá as metas até 2073 e o Brasil está regredindo ao invés de avançar

Em 2015, os líderes mundiais presentes na ONU se comprometeram ao plano desafiador de construir um futuro inclusivo e sustentável para as pessoas e para o planeta – os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs), uma mudança definitiva na qualidade de vida mundial até 2030. A realidade, no entanto, contraria essa promessa. De acordo com o recém-lançado levantamento do Social Progress Index (Índice de Progresso Social), o mundo não atingirá as metas dos ODSs até, no mínimo, 2073 e o Brasil está regredindo ao invés de avançar.

A boa notícia do Social Progress Index 2019 – uma mensuração detalhada sobre a verdadeira qualidade de vida das pessoas a partir unicamente de indicadores sociais e ambientais – é que o mundo como um todo está melhorando. Desde 2014, quando o Índice foi lançado, temos visto evolução. Há mais pessoas nas universidades e houve grandes avanços no acesso à informação a partir da maior penetração de telefones celulares. Temos visto melhorias constantes na redução da fome, ganhos na prevenção de doenças e na universalização do acesso à água e saneamento básico. No entanto, o mundo não progrediu em aspectos relacionados à segurança, à educação e questões relacionadas à inclusão estão estagnadas. Mais alarmante ainda, o mundo está retrocedendo no que tange direitos individuais.

Isso significa que, globalmente, não estamos progredindo rápido o bastante para atingir os ODSs. No ritmo atual, estamos, na melhor hipótese, 43 anos atrasados para atingir as metas para 2030. Se as mudanças climáticas não forem devidamente abordadas, o atraso será ainda maior, ou talvez nem atingiremos as metas. Alguns países, como Nepal e Etiópia, estão conquistando avanços rápidos. Porém, na maioria dos países emergentes como China, Paquistão, Bangladesh, Nigéria e as Filipinas, o progresso está lento demais. Da mesma maneira, boa parte do mundo abastado está progredindo vagarosamente. É vergonhoso como os países que estariam mais próximos de atingir as metas da Agenda 2030 e os que mais tem recursos para isso estejam indo tão mal.

Os outliers, ou pontos fora da curva, mais significativos, que representam os maiores empecilhos ao desenvolvimento sustentável, são aqueles países que estão regredindo. Apenas quatro estão nesse grupo desvantajoso: Nicarágua e Sudão do Sul, que enfrentam crises políticas profundas e não surpreendem tanto, conjuntamente a Estados Unidos e Brasil. A queda nos rankings de progresso social dos Estados Unidos é nítida desde 2014. Os EUA se posicionam atualmente como apenas 26 no mundo, atrás da República Tcheca e Estônia.

 

POSIÇÃO DO BRASIL NO SOCIAL PROGRESS INDEX

O Brasil ocupa a posição 49 no ranking mundial do Social Progress Index – um pouco atrás da Romênia (45) e um pouco à frente do México (55) e de outros países do BRICS (Rússia ocupa a posição 62, África do Sul, 73, e Índia, 102). No entanto, o que preocupa no Brasil é sua mudança de direção. O Brasil caiu 5 posições desde 2014, enquanto o México, por exemplo, subiu 6 e quase cessa a diferença entre os dois.

Por que então será que o Brasil presencia uma queda (-0,72) em sua nota no Social Progress Index desde 2014? Os principais fatores são o declínio em Direitos Individuais, desde liberdade de expressão até direitos de propriedade para mulheres, e Inclusão, que considera discriminação contra minorias e baixa equidade de gênero. O Brasil também está estagnado, ou presenciando quedas menores, em questões como segurança, acesso à eletricidade, qualidade na educação e saúde. Os poucos pontos favoráveis estão no avanço ao acesso à água e saneamento, penetração dos telefones celulares e o aumento no ingresso a universidades.

A retração evidenciada no Brasil em relação ao avanço social é ainda mais entristecedora, pois já foi um dos países que melhor usava seus recursos para servir à população. Mesmo hoje, a 49ª posição no ranking de progresso social do País, excede sua colocação no ranking do PIB, no qual ocupa o 65º lugar. Nas décadas recentes, o Brasil fez um progresso significativo na redução da pobreza e combate à exclusão. O Brasil poderia, e deveria, ser o líder no cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – o mundo hoje precisava desse tipo de liderança.

__

Por Michael Green, CEO do Social Progress Imperative. O artigo foi desenvolvido com exclusividade para o IDIS.

Quase metade da população mundial já ajudou um desconhecido, aponta estudo divulgado pelo IDIS

O World Giving Index, estudo global com 10 anos realizado junto a 1,3 milhão de pessoas em 126 países revela que, apesar do fortalecimento da cultura de doação, vem sendo registrada uma tendência de queda neste comportamento, principalmente em alguns dos lugares mais ricos do mundo, como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Irlanda e Holanda.

Esta edição do Ranking Global de Solidariedade, que celebra uma década de coleta de dados, foi produzida pela Charities Aid Foundation (CAF), instituição com sede no Reino Unido, e que no Brasil é representada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

Conheça aqui os resultados da pesquisa.

O levantamento, encomendado ao Instituto Gallup, analisou dados agregados de cada país ao longo de 10 anos (2009-2018) e tem como base respostas de três perguntas: 1) se o entrevistado ajudou um desconhecido, 2) se contribuiu financeiramente para organizações da sociedade civil e 3) se doou tempo como voluntário para uma organização.

Sete dos dez países mais solidários estão entre os mais ricos do mundo, com os Estados Unidos na liderança, mas a lista dos dez primeiros também inclui nações menos ricas, como Mianmar (2º lugar), Sri Lanka (9º. Lugar) e Indonésia (10º lugar). A Nova Zelândia (3º lugar) é o único país que aparece no top 10 das três perguntas, ajudando um desconhecido, contribuindo financeiramente para uma ONG e doando tempo como voluntário.

 

O relatório identificou ainda os 10 países mais solidários ao longo da década, juntamente com os 10 menos generosos e os que tiveram a melhor e a pior performance no período. Indonésia, Quênia, Singapura, Malásia, Iraque, África do Sul, Haiti, Ruanda, Bósnia e Emirados Árabes foram os países que mais cresceram no Ranking. Já Polônia, Turcomenistão, Filipinas, Letônia, República Tcheca, Azerbaijão, Mauritânia, Camboja, Afeganistão e Marrocos os que mais caíram.

A América do Sul apresenta um quadro com múltiplas tendências, com um número considerável de países onde os entrevistados afirmam ajudar um desconhecido – isso acontece inclusive em países que sofreram ​​conflitos e crises recentes, como Venezuela e Equador. Quanto ao Brasil, apareceu na posição 74 no ranking global, e no 8o lugar entre as noções da América do Sul + México. A ajuda a desconhecidos foi a variável de melhor desempenho no país, que revelou apenas 28% da população envolvida em uma ou mais ação solidária.

Para a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, cada país enfrenta desafios únicos e, por isso, as soluções precisam ser buscadas localmente. “Na América Latina, continuamos vendo a disposição das pessoas a doarem e trabalhamos para que a sociedade civil crie um melhor ambiente para essa cultura de doação.”  Na visão de Fabiani o trabalho com os jovens é essencial: “São eles que vão estabelecer como será a filantropia e a doação no futuro”.

Alguns destaques do estudo:

  • Em todo o mundo, mais de 2,5 bilhões de pessoas ajudaram um desconhecido na última década, o equivalente a 48% da população mundial
  • Entre os 10 países com população mais doadora em dinheiro, em pelo menos 4 deles, doam com motivação religiosa
  • 1 entre cada 5 adultos no mundo fizeram trabalho voluntário nos últimos 10 anos, com o Sri Lanka relatando a maior taxa de voluntariado do mundo
  • As pessoas de Mianmar são as que mais provavelmente doaram dinheiro para caridade. (Os budistas praticantes representam 90% da população, 99% deles seguidores do ramo Therevada da religião que exige doações)

O lançamento da pesquisa aconteceu no dia 15 de outubro de 2019. Comentaram os resultados Graziela Santiago, Coordenadora de Conhecimento no GIFE, e João Paulo Vergueiro, Diretor Executivo da ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos.

Veja aqui a apresentação completa, com o recorte brasileiro.

 

Conheça aqui os resultados da pesquisa.

 

World Giving Index completa uma década com evento exclusivo

O World Giving Index, pesquisa anual promovida pela CAF – Charities Aid Foundation e conduzida pelo Gallup junto a 1,5 milhão de pessoas em 125 países, completa 10 anos. Os resultados serão revelados no dia 15 de outubro, em um evento no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo. Além da apresentação de Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, comentarão a pesquisa, Graziela Santiago, Coordenadora de Conhecimento no GIFE, e João Paulo Vergueiro, Diretor Executivo da ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos.

O ranking global de solidariedade considera a participação das populações em três quesitos: ajuda a desconhecidos, contribuição financeira para organizações da sociedade civil e doação de tempo como voluntário para uma organização.

O evento é aberto ao público.  As inscrições devem ser feitas pelo email  comunicacao@idis.org.br. Será possível também acompanhar a cobertura ao vivo em nosso canal do Twitter (@IDIS_Noticias).

Data: 15 de outubro, das 9h às 11h

Local: Centro Ruth Cardoso – Rua Pamplona, 1005, Jardim Paulista. São Paulo – SP

Convite World Giving Index 10 anos

 

 

Força das Comunidades – Protagonismo, Mobilização e Transformação

 

Comunidades. Pessoas unidas pela geografia, ligadas pelo território que ocupam. Coletivos que se formam a partir de afinidades, ideais, interesses, causas. A tecnologia potencializando e dando escala às conexões.

O poder transformador está em estabelecer um percurso de dentro para fora, ou seja, a partir da demanda da comunidade surgem iniciativas e soluções próprias que favorecem o bem comum – e que podem contar com apoios externos, desde que conectados com os interesses e prioridades do grupo. Cidadãos assumem o controle de suas histórias e exercem sua cidadania. Mais do que nunca, é preciso reconhecer a força das comunidades e criar condições para que possam florescer.

Esse fenômeno cresce no Brasil e na América Latina, especialmente nesse momento de turbulência, desconfiança e preocupação com o ambiente democrático. O indivíduo experimenta sua capacidade de mobilização para gerar mudanças. Paradoxalmente, não se trata de um movimento individual. A sociedade civil e suas comunidades se fortalecem quando governos, filantropos e investidores sociais, tanto familiares quanto corporativos, olham para elas e as ouvem. Pensam suas ações com elas e não para elas. A boa notícia é que há um desejo genuíno para que esta aproximação aconteça e há muitos exemplos positivos e inspiradores.

A Primavera X propõe uma gincana para jovens, que realizam mutirões comunitários em prol do cuidado com a água em todo o Brasil. A LALA – Latin American Leadership Academy vai além, e oferece um programa de desenvolvimento de liderança a jovens que querem fazer a diferença em suas comunidades. Empresas se comprometem com causas, se engajam em torno de temas como diversidade, igualdade e equidade – mudam práticas internas, influenciam suas cadeias de outros segmentos, apoiam organizações da sociedade civil. Governos criam programas que consideram e estimulam os saberes e protagonismo locais e estabelecem mecanismos regulatórios, como a recente Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, no Brasil, que favorece a sustentabilidade de longo prazo de instituições. As petições promovidas por meio da plataforma Change.org permitem com que demandas da sociedade cheguem a tomadores de decisões. Segundo a organização, 25.000 petições são realizadas por mês no mundo todo e a cada uma hora, uma delas é vitoriosa, seja alterando uma lei, uma prática corporativa ou uma decisão de alguém com poder institucional e impactando diretamente a vida de milhares ou milhões de pessoas.

Não por acaso, neste setembro, escolhemos o tema ‘Força das Comunidades’ para o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, evento anual promovido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, que reuniu mais de 300 filantropos, representantes de empresas, institutos, fundações e governos. Mais do que um dia para troca de conhecimentos e experiências, foi um chamamento. Para construirmos um futuro mais justo e solidário, é preciso que todos façam a sua parte. É preciso acreditar na força das comunidades, protagonistas de suas histórias, capazes de mobilizar pessoas e recursos e de provocar a transformação social que desejamos ver. Vamos juntos?

 

Por Luisa Gerbase de Lima, Gerente de Comunicação no IDIS em artigo originalmente publicado no blog Giro Sustentável, da Gazeta do Povo, em 20 de setembro de 2019. O IDIS é parceiro do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável e contribui mensalmente com histórias relacionadas ao Investimento Social Privado.

IDIS: 20 anos acreditando na força do investimento social privado

Em setembro de 2019 o IDIS completa 20 anos de história, de dedicação, de aprendizados e de conquistas. Neste mês, iniciamos uma celebração que se estenderá ao longo do ano e que incluirá novos projetos, o lançamento de uma nova marca e a criação de um fundo estruturante para a promoção da filantropia brasileira. O aniversário foi brindado em um coquetel com alguns dos parceiros, colegas e amigos que fizeram e fazem parte de nossa trajetória. Veja aqui as fotos.

Nossas principais realizações e depoimentos de parceiros foram reunidos na publicação especial IDIS 20 anos, que convidamos todos a ler. Em um vídeo, destacamos os principais marcos.

O IDIS nasceu do sonho de um dos mais importantes profissionais do terceiro setor brasileiro. Marcos Kisil, ou Doutor Marcos Kisil como é comumente chamado devido a sua formação médica, idealizou e criou uma organização capaz de gerar conhecimentos e aplicar técnicas para apoiar investidores sociais, ampliando as relações entre estes e os empreendedores sociais. Fundou o IDIS em 1999, uma organização sem fins lucrativos que tem a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto.

Muitos ouviram o chamado do Marcos e se uniram a este sonho. Ao longo dos anos, passaram pelo IDIS centenas de pessoas entre colaboradores, voluntários, conselheiros, clientes e parceiros que juntos contribuíram para a construção de um Brasil mais justo e solidário, ampliaram seus conhecimentos e suas ambições de transformar o mundo à sua volta e aos quais também homenageamos.

O Brasil e o mundo mudaram muito nesses últimos 20 anos e o ecossistema do investimento social privado também. Estamos presenciando a emergência de uma filantropia conectada, aberta e ágil, somando forças com a filantropia tradicional, que tem uma valiosa experiência acumulada a oferecer. Sempre queremos acompanhar e entender as transformações. Nossos debates vão desde como levar projetos à escala, como viabilizar parcerias com empresas e o poder público, até blockchain na cultura de doação, crowdfunding, finanças sociais, venture philanthropy e outros mecanismos para a promoção da cultura de doação e da transformação social.

Gostamos de nos enxergar como um catalisador de iniciativas de investimento social privado.  Buscamos novos caminhos para ampliar nossa força positiva na sociedade, dialogando com os protagonistas do investimento social privado e outros atores que podem colaborar com agendas de impacto social, como os governos, as organizações multilaterais e os indivíduos. Esperamos que nossa história inspire outras histórias, e que seja um trampolim para o futuro. Nós seguimos sonhando.

Está só começando!

 

#FórumIDIS 2019: Força das Comunidades – Protagonismo, Mobilização e Transformação

O 8º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais foi realizado pelo IDIS em setembro de 2019. A edição reuniu mais de 300 participantes, entre filantropos, representantes de empresas, institutos, fundações e governos, e 52 palestrantes. Representantes de países como EUA, México, Colômbia, Nigéria e Reino Unido ajudaram a enriquecer o diálogo. (Veja aqui o álbum de fotos do evento.)

“Força das Comunidades” foi o tema escolhido para dar tônica ao encontro. Deu-se foco ao poder transformador das comunidades, que está em estabelecer um percurso de dentro para fora e a partir da demanda dos grupos, encontrar soluções próprias que favorecem o bem comum. Durante o Fórum, trouxemos exemplos, apresentamos desafios. Refletimos acerca do papel dos cidadãos, que assumem o controle de suas histórias e exercem sua cidadania.

As 12 sessões e 15 mesas temáticas promovidas ao longo do dia buscaram dar conta da complexidade do assunto, abordando aspectos diversos. A Primavera X propõe uma gincana para jovens, que realizam mutirões comunitários em prol do cuidado com a água em todo o Brasil. A LALA – Latin American Leadership Academy vai além, e oferece um programa de desenvolvimento de liderança a jovens que querem fazer a diferença em suas comunidades. Empresas se comprometem com causas, se engajam em torno de temas como diversidade, igualdade e equidade – mudam práticas internas, influenciam suas cadeias e também outros segmentos, apoiam organizações da sociedade civil. Governos criam programas que consideram e estimulam os saberes e protagonismo locais e estabelecem mecanismos regulatórios, como a recente Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, no Brasil, que favorece a sustentabilidade de longo prazo de instituições. As petições promovidas por meio da plataforma Change.org permitem com que demandas da sociedade cheguem a tomadores de decisões. Segundo a organização, 25.000 petições são realizadas por mês no mundo todo e a cada uma hora, uma delas é vitoriosa, seja alterando uma lei, uma prática corporativa ou uma decisão de alguém com poder institucional e impactando diretamente a vida de milhares ou milhões de pessoas.

O Fórum tradicionalmente convida empreendedores que compartilharam suas trajetórias e visões acerca do investimento social privado e do tema proposto. Estiveram presentes Carlos Wizard, presidente do Grupo Sforza, empresário que fez carreira na área de franquias e que, em outubro do ano de 2018, se mudou para Boa Vista, em Roraima, para liderar um grande programa de acolhimento de refugiados venezuelanos. Eduardo Fischer, codiretor presidente da MRV Engenharia e do Instituto MRV, um dos empresários mais importantes no ramo da construção civil e membro da família fundadora, levou para o Fórum a experiência do projeto Escola Nota 10, que já implantou mais de 170 escolas de alfabetização, de inclusão digital e profissionalizantes em seus canteiros de obras.

O painel final reuniu três grandes mulheres catalisadoras da filantropia no mundo. Jane Wales, fundadora do Global Philanthropy Forum, Mosun Layode, CEO do African Philanthropy Forum e Paula Fabiani, CEO do IDIS e responsável pela edição brasileira do evento, dividiram o palco e compartilharam reflexões sobre conquistas e também sobre os desafios que temos a superar.

Mais do que nunca, acreditamos ser preciso reconhecer a força das comunidades e criar condições para que possam florescer. As conversas foram ricas, e preparamos uma cobertura especial, trazendo os destaques da agenda. Conheça:

Com Agustin Landa, Vice-presidente de Desenvolvimento da Universidade de Monterrey (México); Brian Gallagher, Presidente & CEO da United Way Worldwide (EUA); Nick Deychakiwsky, Diretor de Programas da Fundação Mott (EUA); e moderação de Paula Fabiani, Diretora-presidente do IDIS.

Com Sir John Low, CEO da CAF (UK); María Carolina Suárez Visbal, Assessora Sênior do IVPC – International Venture Philanthropy Center (Colômbia); Selma Moreira, Diretora-Executiva do Fundo Baobá; e moderação de Renata Biselli, Gerente de Investimento Social do Banco Santander.

Com Juliana Azevedo, Presidente na Procter & Gamble Brasil; Matthew Govier, Diretor Executivo da Accenture Strategy; Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work Brasil; e moderação de Gabriella Bighetti, CEO da United Way Brasil. Essa sessão teve o apoio da BNP Paribas Asset Management.

Com Flávia Regina de Souza Oliveira, Sócia de Mattos Filho Advogados; Marcos Panassol, Sócio e Líder de Capital Humano da PwC Brasil; Maíra Liguori, Diretora do Think Olga; Mariana Almeida, Superintendente da Fundação Tide Setúbal; e moderação de Mafoane Odara, Gerente no Instituto Avon.

Com Carlos Wizard Martins, empreendedor, fundador do Grupo Sforza e filantropo; Eduardo Fischer, codiretor presidente da MRV Engenharia e do Instituto MRV; e moderação de Eliane Trindade, editora da Folha de S.Paulo

Com Edgard Gouveia, Game Master na Epic Journey

Com Diego Ontaneda, CEO & cofundador da LALA – Latin American Leadership Academy (Colômbia); Fernando Gallo, Gerente de Políticas Públicas no Twitter Brasil; Lucas Pretti, Diretor Global de Produtos da Change.org Foundation; Maria Antônia Carvalho Dezidério, Alumni da LALA – Latin American Leadership Academy; e moderação de Américo Mattar, Diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo.

Com Bernardo Guillamon, gerente do escritório de alianças estratégicas do BID (USA); Filipe Sabará, fundador da Arcah & presidente do Fundo Social do Estado de São Paulo; Jorge Iván Ríos Rivera, subsecretário de educação de Medellin (Colômbia); e moderação de Jamie McAuliffe, Senior Fellow do Aspen Institute.

Com Jacqueline Connor, diretora de impacto da Enuma (EUA); Paulo Zuben, Diretor Artístico-Pedagógico da Santa Marcelina Cultura; José Marcelo Zacchi, secretário geral do GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas; e moderação de Raquel Altemani, Gerente de Projetos do IDIS.

Com Jane Wales, presidente e CEO do Global Philanthropy Forum & World Affairs Council (EUA); Mosun Layode, CEO do African Philanthropy Forum (Nigéria); Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS; e moderação de José Ferrão, presidente da rede internacional da United Way Worldwide.

 

Realizado desde 2012, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.000 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Esta é uma iniciativa conjunta do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e do Global Philanthropy Forum (GPF). Neste ano, contou com a parceria institucional da United Way. Também comprometidos, a Fundação Telefonica Vivo foi a parceira ouro do projeto, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, a Fundação Mott e o Santander, parceiros prata, e o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e o escritório de advocacia Mattos Filho, parceiros bronze.

Veja aqui o álbum de fotos do evento. 

#FórumIDIS: Comunidades em um mundo em transformação

* Conteúdo inspirado em sessão da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em setembro de 2019. Palestrantes: Agustin Landa, Vice-presidente de Desenvolvimento da Universidade de Monterrey (México); Brian Gallagher, Presidente & CEO da United Way Worldwide (EUA); Nick Deychakiwsky, Diretor de Programas da Fundação Mott (EUA); e moderação de Paula Fabiani, Diretora-presidente do IDIS. Saiba mais aqui.

 

Com o tema ‘Força das Comunidades’, o painel de abertura do 8º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais trouxe a experiência e o trabalho de organizações internacionais junto às suas comunidades. A moderadora foi a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Brian Gallagher, CEO da United Way Worldwide, traçou um panorama de nossos tempos, destacando a globalização econômica, a intensificações da migração e das mudanças demográficas e a tecnologia digital como fatores relacionados aos desafios sociais que hoje enfrentamos. Segundo ele, a riqueza que hoje circula no mundo é imensa, mas é preciso captar esses recursos e distribuí-los para diminuir a desigualdade. “Como vamos resolver isso?”, pergunta Brian. Uma das respostas que ele sugere é que os doadores precisam fazer parte da comunidade e atuar em consonância com seus objetivos. Chama atenção também ao papel do Estado,  posto que um ponto nevrálgico em muitos países são as políticas tributárias para incentivar a filantropia e melhorar a distribuição de riquezas.

“A filantropia comunitária tem como base a confiança”. Com essas palavras, o diretor de programas da Mott Foundation, Nick Deychakiwisky, começou sua explanação. Nick explicou o conceito ainda pouco conhecido no Brasil, e mostrou que organizações bem-sucedidas são aquelas que têm estruturas claras de governança e são inclusivas. A confiança acaba sendo maior quando a instituição investe de acordo com as demandas da comunidade. “É importante conectar os conhecimentos da comunidade, criar lideranças para facilitar o diálogo e ser um facilitador para a implementação de suas necessidades”, concluiu.

(Saiba mais sobre Filantropia Comunitária aqui)

O vice-presidente de desenvolvimento da Universidade de Monterrey, no México, Agustín Landa, explica que, na América Latina, existem hoje apenas 46 organizações de filantropia comunitária e fala dos desafios relacionados à captação de recursos. “É preciso ter diferentes vozes. Precisamos encontrar o equilíbrio entre entender o doador e fazer o trabalho com as comunidades”.  Por fim, reforça a importância da academia e dos pesquisadores. “Precisamos de conhecimento sobre nós! O que queremos mudar e como mudar”. Alerta que sem isso colocamos em risco nosso futuro.

Assista à sessão na íntegra:

Veja aqui o álbum de fotos do evento. 

#ForumIDIS: Sustentabilidade de longo prazo para causas e comunidades

* Conteúdo inspirado em sessão da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social em setembro de 2019. Palestrantes: Sir John Low, CEO da CAF – Charities Aid Foudation (UK); María Carolina Suárez Visbal, Assessora Sênior do IVPC – International Venture Philanthropy Center (Colômbia); Selma Moreira, Diretora-Executiva do Fundo Baobá; e moderação de Renata Biselli, Gerente de Investimento Social do Santander. Saiba mais aqui.

 

Os desafios para captar recursos e a gestão de fundos patrimoniais filantrópicos estiveram em debate no painel ‘Sustentabilidade de longo prazo para causas e comunidades’. Contou com a participação de Sir John Low, CEO da CAF – Charities Aid Foudation (UK); María Carolina Suárez Visbal, assessora sênior do IVPC – International Venture Philanthropy Center (Colômbia); e Selma Moreira, diretora-executiva do Fundo Baobá, tendo como moderadora Renata Biselli, Gerente de Investimento Social do Santander.

(Saiba mais sobre Fundos Patrimoniais aqui

Renata lançou o desafio, questionando: “O que podemos fazer diferente por nossas organizações sociais?”.

Sir John Low destacou que entre os desafios que as causas e comunidades enfrentam na busca de financiamentos está o fato de que o processo pode exigir muitos recursos das organizações, que já trabalham com margens pequenas. “É difícil pensar a longo prazo. Não há dúvidas de que os fundos filantrópicos, que já existem há anos, podem ser o que é preciso para ir além. Por meio deles é possível garantir que o capital será usado somente com propósitos sociais”, ponderou o CEO da CAF.

Selma explicou que o Fundo Baobá foi criado de forma a ter sustentabilidade a longo prazo. “Nossa expectativa é gerar o maior fundo de equidade racial fora dos Estados Unidos”. A diretora-executiva conta que apesar de ser um desafio pensar a governança, o mecanismo fez toda a diferença na estratégia do Baobá, que já apoiou mais de 100 projetos em oito anos. Para Selma, o grupo é capaz de fazer uma leitura das demandas da sociedade porque está muito próximo da comunidade que atende, mantendo uma escuta ativa. Ela defende a união de todos para garantir uma sociedade mais segura e acessível em relação à distribuição de recursos para causas: “Nós falamos de viver em plenitude, sobre ser e estar. Dialogamos sobre como a violência afeta especialmente o jovem negro. Entendemos que para mudar e criar uma sociedade mais inclusiva para todos, todo mundo tem que fazer parte. Temos que construir pontes”.

Para Maria Carolina, do IVPC, é preciso que as pessoas que participam das causas e comunidades refletiam sobre o que estão fazendo, para fazer melhor. “Precisamos descobrir como ser mais rigorosos na prestação de contas, na transparência, sempre tendo em consideração que a primeira coisa é o impacto social”. Ela considera essencial que a filantropia apoie também ONGs que não são rentáveis financeiramente e sugere lançar um olhar para a experiência mundial, pegando exemplos de modelos que já funcionam na Europa, na África e na Ásia.

Assista à sessão na íntegra:

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

#ForumIDIS: Empresas com Propósito e comprometidas com a Sustentabilidade

 

* Conteúdo inspirado em sessão da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social em setembro de 2019. Palestrantes: Juliana Azevedo, Presidente na Procter & Gamble Brasil; Matthew Govier, Diretor Executivo da Accenture Strategy; Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work Brasil; e moderação de Gabriella Bighetti, CEO da United Way Brasil. Saiba mais aqui.

 

Se há alguns anos falava-se em responsabilidade social empresarial, hoje vemos organizações dando um passo além e refletindo sobre seu propósito e abraçando causas de interesse social. A mudança de postura reverbera na percepção de investidores, no engajamento de funcionários e na forma como a marca é reconhecida e valorizada por consumidores.

De acordo com o diretor executivo da Accenture Strategy, Matthew Govier, este é um tema que ganha cada vez mais espaço no meio empresarial. “Todos querem um projeto de impacto que tenha relação com a estratégia da companhia”. A organização, além de fazer recomendações sobre a atuação de seus clientes, também faz a lição de casa internamente. A Accenture criou o projeto Skills to Succeed, assumindo globalmente o compromisso de apoiar 3 milhões de pessoas até 2020. Entre as ações estão a capacitação de jovens de baixa renda, cursos de aprendizado virtual e voluntariado.

A presidente da Procter & Gamble Brasil, Juliana Azevedo, compartilhou a visão da empresa, que pretende unir crescimento com propósito. “Buscamos impacto na nossa cadeia produtiva. Temos uma agenda que trata de ética, inclusão, impacto nas comunidades, diversidade e sustentabilidade que se tornou uma realidade por estar ligada ao plano de negócios”, disse Juliana. Acrescenta que hoje a integração do propósito com a estratégia é visível também na comunicação das marcas. “A indústria deve usar sua voz para gerar discussões e mudar a sociedade. Temos uma responsabilidade muito grande”. Em sua apresentação trouxe como exemplo o compromisso da marca Always com o desenvolvimento da confiança das meninas.

Ruy Shiozawa, presidente do Great Place to Work Brasil, por sua vez, falou bastante da relação entre propósito e gestão de pessoas. “Empresas devem ser inclusivas e ter diversidade nos seus quadros, envolver as famílias dos colaboradores e a comunidade em suas ações”, explica Ruy. Não adianta, segundo ele, ter uma visão imediatista e unilateral para se obter um bom resultado nas ações. “Quando se trabalha em conjunto, o bolo é maior e os resultados melhores para todos”, conclui.

Assista à sessão na íntegra:

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

#ForumIDIS: Inclusão, diversidade e equidade: forças de mudança em nossas comunidades

* Conteúdo inspirado em sessão da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social em setembro de 2019. Palestrantes: Flávia Regina de Souza Oliveira, Sócia de Mattos Filho Advogados; Marcos Panassol, Sócio e Líder de Capital Humano da PwC; Maíra Liguori, Diretora do Think Olga; Mariana Almeida, Superintendente da Fundação Tide Setúbal; e  moderação de Mafoane Odara, Gerente no Instituto Avon. Saiba mais aqui.

 

Novos tempos demandam novas estratégias e o atual momento exige que a diversidade, a inclusão e a equidade estejam na pauta das empresas, organizações e entidades. Este foi tema da sessão ‘Inclusão, diversidade e equidade: forças de mudança em nossas comunidades’, moderada pela gerente do Instituto Avon, Mafoane Odara. “Diversidade é uma questão de escolha e de poder. E quem tem o poder é que vai conseguir mudar o que estamos vivendo”, provocou Mafoane.

Marcos Panassol, sócio e líder de capital humano da PwC, contou que por lá a diversidade é observada desde os valores, integra a estratégia da empresa, é vista como uma expressão de vantagem competitiva, mas revela que o maior desafio é transformar a diversidade em realidade – e avisa: “É a parte que vai impactar as pessoas”. Por isso, citou exemplos práticos da implantação no cotidiano. Em relação à diversidade de gênero, explicou que mais de 50% dos colaboradores são mulheres, mas que esse índice é ainda menor quando se observa os níveis mais altos da carreira. “Criamos programas para melhorar isso”, conta o líder de capital humano da PwC, que comentou ainda a dificuldade que enfrentam em atrair negros e pessoas com deficiência. “Estamos implementando ações específicas em relação à raça. Quanto às pessoas com deficiência, conseguimos mudar nos últimos três anos, passando de 3% para 10% dos colaboradores”. Para evoluir em relação à diversidade & inclusão, além de implantar a estratégia a partir do processo de contratação, a PwC também coloca essas questões a seus fornecedores. “É uma questão de escolha, de prioridades. Investimos tempo e recursos para sermos uma empresa inclusiva em sua totalidade”.

Flávia Regina de Souza Oliveira, sócia de Mattos Filho Advogados, contou que o escritório percebeu que havia poucas mulheres e negros entre seus colaboradores. Para mudar esse quadro, a equipe criou um programa e apostou em um ambiente mais agradável. O segundo passo foi o programa de afinidades LGBTQ+. “Não que não existissem LGBTQ+s no escritório, mas eles eram ‘transparentes’. Percebemos quanto essas pessoas viviam angustiadas e hoje elas podem se declarar abertamente. O que importa é a qualidade intelectual dos profissionais”. O escritório de advocacia também desenvolveu um programa para dar mais oportunidades a pessoas com deficiências que atuam no local e agora há um trabalho voltado à inclusão religiosa.

Maíra Liguori, diretora do Think Olga, falou sobre o sucesso da campanha contra assédio desenvolvida pelo Think Olga, a ‘Chega de Fiu-Fiu’, que possibilitou pautar uma conversa com a sociedade sobre o que é assédio em local público, questionando ações de assédio que não eram vistas como tal. Ela disse ainda que a diversidade permeia tudo o que eles realizam, dando o tom dos trabalhos. “Diversidade é uma jornada, não tem começo, meio e fim. É uma coisa perene, que precisa continuar na sociedade. É inevitável que as empresas e organizações passem por isso em algum momento. É inteligente que entrem nessas discussões o mais rapidamente possível. Diversidade não é um tsunami que vai passar. Vai ficar e impactar todo mundo”.

Para Mariana Almeida, superintendente da Fundação Tide Setubal, é preciso desenvolver alternativas para ampliar a diversidade com estratégias que envolvam a compreensão de posições e escolhas das pessoas e a partir daí apoiar a transformação. Ela compartilhou alguns dos achados da pesquisa Conservadorismo e as Questões Sociais, a qual revela que hoje a informação e a conscientização não estão chegando às pessoas e que é preciso investir em comunicação e melhorar a percepção de que todos ganhariam com a diversidade.

Assista à sessão na íntegra:

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

#ForumIDIS: Filantropos compartilham pontos de vista acerca do investimento social

 

* Conteúdo inspirado em sessão ‘Em conversa com…’ da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social em setembro de 2019. Palestrantes: Carlos Wizard Martins, empreendedor, fundador do Grupo Sforza e filantropo; Eduardo Fischer, codiretor presidente da MRV Engenharia e do Instituto MRV; e moderação de Eliane Trindade, editora da Folha de S.Paulo. Saiba mais aqui.

 

Há um ano Carlos Wizard Martins, empreendedor, fundador do Grupo Sforza e filantropo, está com a esposa atuando na linha de frente, em Roraima, para ajudar refugiados venezuelanos. Eduardo Fischer, codiretor presidente da MRV Engenharia e do Instituto MRV, conhece de perto as dificuldades de uma das indústrias que mais sofre com os problemas de educação no Brasil, a da construção civil. Moderados pela editora da Folha de S.Paulo, Eliane Trindade, os dois ajudaram a lançar um olhar mais amplo a esses cenários em uma conversa descontraída durante o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2019.

Eduardo Fischer destacou que desde cedo a MRV entendeu que seu papel passa por tentar ajudar o problema da educação no país e essa consciência motivou as ações da empresa e do instituto, como a implantação do ‘Escola Nota 10’, programa que leva escolas a canteiros de obras. Atualmente, há 1.200 voluntários, que não apenas participam dos projetos que a MRV incentiva, como também apresentam projetos próprios. O desafio, acredita Fischer, é conseguir atender toda a demanda existente. “Acho que estamos no caminho certo, mas na velocidade errada, o que nos angustia”. Aos filantropos, ele deixa sua mensagem: “Somos omissos com a sociedade que nos deu tanta coisa. Cada vez mais temos que deixar de ser omissos, nos envolver, estimular pessoas a se envolverem. Envolva-se e logo verá a diferença que isso faz. Eu me pergunto que Brasil estou deixando para o meu filho. Não é o que eu queria deixar, mas ainda há tempo”.

Wizard contou que mais de 4 milhões de venezuelanos já deixaram seu país de origem, tornando essa a maior crise migratória depois da Síria. E chama atenção: “Está acontecendo no nosso quintal. As pessoas não estão saindo por opção, mas por sobrevivência. Quinhentas pessoas cruzam a fronteira por dia e precisamos de um programa de acolhimento. Muitos chegam com a roupa do corpo, há mães com crianças no colo. Abrigo não é solução. Sinto que temos o dever e a obrigação de acolher esses refugiados. O Brasil é um país de imigrantes, que vinham muitas vezes só com a roupa do corpo e com esperança”, ressalta. “Acho que Deus foi muito generoso comigo, com minha família, construímos um império nesse país e hoje temos capacidade de ajudar e, o mais importante, é estar na linha de frente desse movimento”. Wizard criou a plataforma Brasil do Bem, para fazer a ponte entre refugiados e pessoas que podem ajudar, receber, acolher e dar estrutura para que eles se estabeleçam no país.

Assista à sessão na íntegra:

 

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

#ForumIDIS: Juventude mobilizada para salvar o mundo

* Conteúdo inspirado em sessão dinâmica da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social em setembro de 2019, conduzida por Edgard Gouveia, game master na Epic Journey. Saiba mais aqui.

“Temos 10 anos para salvar a biosfera”. Com esse alerta, Edgard Gouveia, game master na Epic Journey, começou de forma animada sua apresentação. Gouveia seguiu com o chamamento: “Precisamos mobilizar todo mundo. Para isso, precisamos da melhor versão de todos.”.

Foi também com um chamamento que ele conseguiu mobilizar jovens por todo Brasil para cuidar do meio ambiente. A Primavera X propõe uma gincana em prol do cuidado com a água.

Gouveia conta que criou missões: eles deveriam reunir um grupo, escolher um manancial próximo da sua região que precisasse de recuperação, ver o que seria necessário para recuperar o ambiente, criar uma campanha e promover um mutirão pare realizar a limpeza.

O game master revela que ficou impressionado com o engajamento dos jovens, que gravaram diversos vídeos para divulgar as ações, postaram nas redes sociais, fizeram grandes campanhas de mobilização. “No final de uma semana, jovens do Brasil inteiro estavam falando: Eu quero salvar o meio ambiente. Tivemos 2 mil vídeos”.

Ele diz ainda que o United World Colleges gostou e levou a ideia para sua ação global – agora, 17 escolas estão participando do game. “Os jovens pediram mais e agora vão jogar com outros países. Os escoteiros do Brasil também entraram e querem levar para o mundial. Nós temos 50 milhões de escoteiros no mundo. Com 50 milhões, a gente muda a biosfera em sete anos”, comemora.

A sessão, apresentada de forma leve e divertida, foi impactante e estimulou todos a refletirem sobre o poder de cada um de agir e gerar transformações no mundo.

Assista à sessão na íntegra:

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

#ForumIDIS: O poder da liderança: tecnologias digitais e mobilização social

Conteúdo inspirado em sessão da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social em setembro de 2019. Palestrantes: Diego Ontaneda, CEO & cofundador da LALA – Latin American Leadership Academy (Colômbia);  Fernando Gallo, Gerente de Políticas Públicas no Twitter Brasil; Lucas Pretti, Diretor Global de Produtos da Change.org Foundation; Maria Antônia Carvalho Dezidério, Alumni da LALA – Latin American Leadership Academy; e moderação de Américo Mattar, Diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo. Saiba mais aqui.

 

Quem se lembra das previsões futuristas do desenho animado ‘OS JETSONS’? Carros voadores, clonagem de pessoas, bronzeamento artificial, robôs. Hoje, muita coisa ainda não é realidade, mas a tecnologia impacta a vida de milhares de pessoas. Abrindo o painel sobre o tema, o moderador Américo Mattar, diretor-presidente da Fundação Telefonica Vivo, lançou o desafio: “Como vamos preparar a liderança jovem dentro deste cenário interconectado? Como podemos usar essa tecnologia em prol das comunidades?” Esse foi o fio condutor das conversas.

Fernando Gallo, gerente de políticas públicas no Twitter Brasil, cujo principal propósito é servir à conversa pública saudável, ouvir as pessoas e as discussões em tempo real, ressalta: “O Twitter permite que todos tenham vozes, vários movimentos importantes surgiram com uma #, de várias naturezas, inclusive de ajuda humanitária”, disse, lembrando também que é importante refletir sobre esses impactos para que sejam maiores e mais frequentes.

A Change.org é uma plataforma de abaixo-assinados online que tem hoje mais de 300 milhões de usuários no mundo, e que hospeda além de petições individuais, campanhas viabilizadas por meio de organizações. De acordo com o diretor global de produtos da Change.org Foundation, Lucas Pretti, são mais de 20 milhões de usuários no Brasil, que participam criando, compartilhando e assinando petições. “Precisamos ir além, esse é o nosso desafio. Recentemente criamos um template para unir as pessoas em torno de causas, por exemplo, a proteção da Amazônia. Estamos tentando juntar pessoas, no mundo todo, em torno de uma mesma petição”, explica Lucas.

Diego Ontaneda, CEO e cofundador da LALA – Latin American Leadership Academy, da Colômbia, concordou com os demais palestrantes que é preciso ouvir as demandas e agir a partir delas, mas provoca: “Como resolver o problema de uma comunidade em Lima e ao mesmo tempo o de um grupo em outro país, com problemas talvez até maiores? É preciso escolher apenas um único problema?”. A LALA achou a resposta nos jovens, desenvolvendo a capacidade e a vontade de mudar o mundo e as suas comunidades. Por meio dessas jovens lideranças, consegue dar suporte ao mesmo tempo a causas diversas, sem se restringir a um único território.

Maria Antônia Carvalho Dezidério, uma das jovens apoiadas pela LALA, compartilhou seu depoimento. Com 19 anos, nordestina e ativista das causas racial e das mulheres, declarou “Todo mundo dizia que eu era muito jovem! Mas eu não tenho tempo!”.  Ela encontrou a LALA numa rede social, ganhou bolsa de estudos, criou uma loja online com as roupas que fazia para pagar suas despesas e hoje tem projetos transformadores na região periférica de Salvador, onde mora. Ao final, deixou o recado: “Você precisa entender a sua comunidade para que ela te ouça também”.  Recado que acabou sendo um dos temas mais falados durante o 8º Fórum de Filantropos e Investidores Sociais.

 

Assista à sessão na íntegra:

 

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

#ForumIDIS: Novos modos de colaboração: da parceria ao ecossistema

* Conteúdo inspirado em sessão da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social em setembro de 2019. Palestrantes: Bernardo Guillamon, gerente do escritório de alianças estratégicas do BID (USA); Filipe Sabará, presidente do Fundo Social do Estado de São Paulo; Jorge Iván Ríos Rivera, subsecretário de educação de Medellin (Colômbia); e moderação de Jamie McAuliffe, Senior Fellow do Aspen Institute. Saiba mais aqui.

 

Ações que têm bons resultados motivam a criação de novas ideias e iniciativas. Com essa perspectiva, foi realizada a sessãoNovos modos de colaboração: da parceria ao ecossistema’, que abordou experiências intersetoriais e os ganhos exponencias possíveis por meio delas.

Jamie McAuliffe, senior Fellow do Aspen Institute, abriu a apresentação citando exemplos de ações bem-sucedidas, como o Programa Kids School com alunos da Tanzânia que não liam nem identificavam números e depois passaram a conseguir ler palavras, frases completas e fazer operações matemáticas.

Bernardo Guillamon, gerente do escritório de alianças estratégicas do BID (USA), comentou diversas iniciativas da organização, como o Fundo de Água, que envolve 17 países, e o Programa Reciclagem Inclusiva, promovido com catadores e que possibilita colocar os produtos no mercado a preços melhores, além de fomentar a formalização. “Nossos programas atuais, se comparado com 10 anos atrás, são bem mais abertos para parceiros”.

Filipe Sabará, presidente do Fundo Social do Estado de São Paulo, contou sua trajetória, compartilhando uma iniciativa sua ainda na juventude: aos 13 anos ele começou a acolher pessoas em situação de rua na região em que morava e as levava para sua casa, até que se tornou um projeto maior, nascendo a Arcah. Hoje, à frente do Fundo Social, promove a Praça da Cidadania. “O grande desafio é saber como contribuir na raiz dos problemas de maneira efetiva. Em São Paulo, empresas e empregos estão centralizados e faltam oportunidades na periferia”. Com o propósito de alavancar a economia e oportunidades locais, surgiu o programa. Hoje aposta em escolas de qualificação, na promoção do empreendedorismo com crédito mais barato, oferece microcrédito para a criação na periferia de negócios, como padarias, lanchonetes e restaurantes. Filipe também citou a importância da capacitação, por meio de uma escola de gastronomia que ensina a alavancar o negócio de maneira rápida,  e do ensino relacionado à moda, construção, programação básica e mecânica.

Jorge Iván Ríos Rivera, subscretário de Educação de Medellin, Colômbia, trouxe a experiência de sua gestão, explicando que enfrenta ‘problemas de uma cidade enorme’, apesar de Medellín ter apenas 2 milhões de habitantes. “Com um modelo de gestão intersetorial, com empresas e universidades, vamos resolvendo os problemas da cidade. Colocamos no centro da discussão o fato de ser uma cidade complexa, com indicadores complicados e que o governo não pode resolver tudo sozinho”, ressalta Jorge. Ele conta que foi uma experiência enriquecedora, com vários exemplos de renovação urbanística. “O indicador que mais conseguimos reduzir foi número de homicídios. Em 1992, Medellín foi considerada a cidade mais violenta do mundo. A cada 100 mil habitantes, tínhamos 307 homicídios. Nascer era um presente, existir era uma oportunidade. Hoje, de cada 100 mil habitantes, temos 78 homicídios – claro que esses ainda nos doem. Conseguimos essas conquistas graças às alianças, a um tripé importante: estado, empresas e organizações. Sozinhos não conseguiríamos. Problemas reais precisam de soluções reais”.

Assista à sessão na íntegra:

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

#ForumIDIS: Avaliação de Impacto e a construção da Confiança

* Conteúdo inspirado em sessão da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social em setembro de 2019. Palestrantes: Jacqueline Connor, Diretora de Impacto da Enuma – EUA; Paulo Zuben, Diretor Artístico-Pedagógico da Santa Marcelina Cultura; José Marcelo Zacchi, Secretário Geral do GIFE, Grupo de Institutos, Fundações e Empresas; e moderação de Raquel Altemani, Gerente de Projetos do IDIS. Saiba mais aqui.

 

A avaliação de impacto tem se mostrado uma ferramenta eficaz para organizações de diferentes tipologias – empresas, fundações, institutos e outras organizações da sociedade civil. Nesta sessão, foi destacado seu papel na otimização das transformações sociais e sua contribuição para a construção da confiança.

O diretor artístico-pedagógico da Santa Marcelina, Paulo Zuben, compartilhou sua experiência. Os programas desenvolvidos pela instituição têm como objetivo desenvolver um ciclo completo de formação musical integrado a um projeto de inclusão sociocultural, promovendo a formação de pessoas para a vida e para a sociedade. Uma pesquisa com os alunos mostrou mais de 90% de satisfação. Interessante, mas não suficiente. Era necessário mostrar resultados mais objetivos para os financiadores do projeto.

“Em 2017 o IDIS começou a nos ajudar com o SROI (Retorno Social sobre Investimento), metodologia que permite monetizar o impacto social. Foi uma fase de amadurecimento e convencimento e uma decisão pioneira. Será que traz mesmo resultado? Para nossa felicidade, vimos que, para cada R$ 1,00 investido, o retorno era de R$ 6,56”, contou Paulo. A decisão de realizar a avaliação de impacto foi crucial e fez com que o programa da Santa Marcelina escapasse dos cortes no orçamento das verbas de cultura do governo estadual.  “O retorno do investimento foi comprovado, e isso garantiu a nossa sobrevivência”, comemorou.

(Saiba mais sobre Avaliação de Impacto aqui)

Jacqueline Connor, diretora de impacto da Enuma, organização americana com foco em educação, ressaltou como é importante analisar o impacto do que é feito. Segundo ela, é preciso avaliar os problemas, contextualizá-los dentro das comunidades e gerar impacto. Cita que é importante saber aonde se quer chegar, e então definir como medir esses resultados. “A transparência é fundamental em todo o processo com nossos parceiros e a avaliação tanto quantitativa como qualitativa é de suma importância”, explicou Jacqueline.

O secretário geral do GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, José Marcelo Zacchi, concorda que a avaliação de impacto pode ajudar a gerar uma maior transparência e confiança. “Difundir boas práticas são requisitos para a criação de confiança”, afirma. Lembra também que o impacto causado é de várias naturezas – social, econômica e política. Sobre a última, segundo sua avaliação, existe ainda uma resistência sobre o papel das ONGs que não será superado apenas com a avaliação de impacto, ainda que este seja um dos pilares.

Assista à sessão na íntegra:

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

#ForumIDIS: Filantropia de Impacto: aonde chegamos e aonde queremos chegar

* Conteúdo inspirado em sessão da 8ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social em setembro de 2019. Palestrantes: Jane Wales, Presidente e CEO do Global Philanthropy Forum & World Affairs Council (EUA); Mosun Layode, CEO do African Philanthropy Forum (Nigéria); Paula Fabiani, Diretora-presidente do IDIS; e moderação de José Ferrão, Presidente da Rede Internacional da United Way Worldwide. Saiba mais aqui.

 

O painel que encerrou o Fórum de Filantropos e Investidores Sociais reuniu três grandes mulheres, catalisadoras da filantropia no mundo. Jane Wales, fundadora do Global Philanthropy Forum, Mosun Layode, CEO do African Philanthropy Forum e Paula Fabiani, CEO do IDIS e responsável pela edição brasileira do evento, dividiram o palco e compartilharam suas reflexões sobre conquistas e desafios que temos de superar.

A presidente do IDIS, Paula Fabiani, falou sobre o avanço do setor na colaboração ao redor de temas comuns ao poder público. Há muita expectativa, segunda ela, em relação a dados, eficiência,  resultados e impacto. “O Brasil despertou para a necessidade de mostrar que todos têm o seu papel na filantropia, seja como indivíduo, empresa, instituição social ou governo”.

Na África, a doação estratégica é fundamental para o crescimento de muitos países. Mosun Layode destacou que a sociedade africana tem uma forte base nas comunidades e há um apetite grande para a colaboração. “A ajuda externa tem diminuído, mas por outro lado, africanos com boas posições começam a assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento dos países no continente”, pontuou. Mosun disse ainda que as ONGs estão refinando suas estratégias de atuação junto às comunidades para terem sucesso.

Jane Wales enxerga três barreiras para a solução de nossos principais desafios sociais: o declínio da confiança nas democracias em diversas partes do planeta, a relativa fragilidade da sociedade civil e o fato de apesar de haver mais dinheiro doado, isso é feito por um número reduzido de doadores. “A classe média deixou de doar. Horas de voluntariado são maiores, mas com um número menor de voluntários! ”. Jane ressalta também o papel de governos responsáveis, que saibam lidar com as crises e questões que afetam a filantropia e a solidariedade.

O moderador, José Ferrão, presidente da Rede Internacional da United Way Worldwide, ponderou a importância do trabalho em conjunto. “Como países e comunidades, devemos trabalhar juntos”.

Assista à sessão na íntegra.

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

IDIS cria novas estratégias para incentivar a filantropia familiar

O IDIS vai trabalhar, de forma mais direta e simplificada, com famílias de alta renda para estimular essa parcela da sociedade a ampliar o investimento social no Brasil.

As estratégias englobam realização de encontros, lançamento de publicações e criação de produtos voltados para os diferentes perfis de famílias.

O primeiro produto é o IDIS Experience, concebido para famílias que ainda não fazem investimento social, mas gostariam de fazer. Em um curto espaço de tempo, elas poderão ter uma experiência completa de filantropia, partindo de um diagnóstico sobre a vocação daquela família, como ela poderia atuar e a identificação de um projeto social no qual investir.

O segundo produto é o IDIS Strategy, pensado para famílias que já fazem algum tipo de filantropia, mas gostariam de fazê-lo de forma mais estratégica e transformadora. No final da experiência, a família recebe um Plano de Ação completo, totalmente elaborado de acordo com suas características, além de indicações de organizações com potencial para estabelecer parcerias e um portfólio de projetos sociais alinhados com perfil da família.

O terceiro produto, IDIS Endowment, é destinado a famílias que estão em um estágio mais maduro de investimento social e se preocupam com o legado que deixarão em prol da ou das causas escolhidas. O IDIS propõe a estruturação de um fundo patrimonial filantrópico, que garanta recursos perenemente. É realizado um estudo para identificar o formato que mais atende aos desejos dos instituidores e posteriormente concebida toda a parte jurídica, de governança e política de investimento e resgate.

Para impulsionar esse campo de atuação, o IDIS trouxe a consultora associada, Ruth Goldberg, especializada em filantropia familiar.

“Vamos lançar publicações, produtos e oferecer assessoria, com objetivo de qualificar e propulsionar a atuação das famílias, de forma estratégica e direcionada a gerar impacto positivo para a sociedade”, explica Ruth, que trabalha com a filantropia familiar há mais de 15 anos e atuou junto a governos, empresas, associações, fundações e institutos sempre na área de cidadania e desenvolvimento social.

Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, explica a relevância da iniciativa: “Para nós, é muito importante o contato e o trabalho junto as famílias porque sabemos que os valores familiares são o berço e a inspiração primeira da filantropia”. Desde sua fundação, o IDIS atua junto à famílias. A Fundação André a Lúcia Maggi, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, o Instituto Ayrton Senna e o Instituto Conceição Moura são alguns exemplos desta experiência.

Por que doadores privados não dão dinheiro para o setor público?

Por Marcos Kisil*

Neste momento de minguados recursos públicos para manter o funcionamento de serviços essenciais para a sociedade brasileira, surge a pergunta: por que os doadores privados não doam para organizações públicas? Existem várias razões. A primeira, e talvez a mais importante, é a dificuldade do Estado brasileiro, por meio de Executivo e Legislativo, em entender o que representa a filantropia ou o investimento social privado para o desenvolvimento sustentável.

Em uma sociedade democrática e capitalista é sempre esperado que ocorra a liberdade para exercício da livre iniciativa econômica, mas também a livre iniciativa para apoiar as necessidades de áreas como educação, saúde, cultura, meio ambiente. Para tanto, os países que entenderam essa necessidade produziram um marco legal que estimula a doação e o aparecimento de uma cultura de doação. O recurso não precisa ser canalizado a uma estrutura do Estado, mas sim servir à res publica desde a ação de cidadãos, como iniciativas de organizações da sociedade civil que atuem em setores específicos. Essas ações, muitas vezes, vêm em apoio à definição e implementação de políticas públicas essenciais, como é a criação de creches e melhoria da educação básica.

No caso brasileiro, encontramos muitas vezes um não entendimento por parte dos governantes, explícito ou não, sobre o papel das ONGs e dos projetos, financiados com recursos privados. Vide o atual entendimento sobre as organizações não governamentais na questão ambiental. Em países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Austrália essa participação cidadã é bem-vinda e estimulada por marco legal.

Uma segunda questão está na interpretação limitada da Constituição de 1988. Todos os capítulos sociais se iniciam com a frase: direito do cidadão, dever do Estado. Normalmente se faz uma leitura ideológica de que o Estado deve ser o único provedor de saúde, educação, cultura. Neste sentido, a cidadania não floresce e os serviços passam a ser uma exigência a ser cumprida pelo Estado. Essa ação reivindicatória leva muitas vezes a uma demora nas ações necessárias, com o deterioro da situação original.

Uma terceira razão está na existência do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação, conhecido como ITCMD. Este é um imposto absolutamente ilógico, que mistura transmissão de bens por causa mortis, onde o direito à propriedade de bens se dá no interior de relações interpessoais, com doação para entidades de benefício público, como as Santas Casas. Por sua vez, pune aquelas entidades que, mercê de um esforço de captação de recursos do setor privado, têm de pagar ao Estado tributo em que o Estado não é incentivador e, muito menos, produtor da riqueza que gerou a doação. E quando de maneira limitada define valores de isenção baixos, demonstra que a intenção é realmente cobrar o tributo.

Assim, chegamos a uma quarta razão, que não deixa de ser resultado das anteriores: o modelo institucional e de incentivos que adotamos simplesmente não favorece o desenvolvimento da filantropia. Ele incentiva que as pessoas esperem que o Estado resolva seus problemas. Um exemplo: no Brasil, o abatimento para pessoas físicas é limitado a 6% do Imposto de Renda a pagar. Nos EUA, é possível abater de 30% a 50%.

Vivemos ainda com a tutela do Estado sobre a doação que se pode deduzir do Imposto de Renda por meio de incentivos fiscais. O governo entende o recurso dos incentivos como forma de suprir o orçamento de diferentes ministérios e programas. E essa posição explica, por exemplo, os recentes vetos da Presidência à nova lei dos “fundos de endowment” ou fundo patrimonial para que se tivesse incentivo fiscal para sua criação nas organizações sociais.

A justificativa para um fundo patrimonial é bem simples: uma poupança de longuíssimo prazo, destinada a crescer, ano a ano, da qual a instituição retira parte dos rendimentos para seu custeio. E para que isso aconteça há a necessidade de ter os incentivos fiscais que estimulem os doadores. Somente em 2018 a Michigan State University (MSU) recebeu doações de US $ 2,9 bilhões, de acordo com The Chronicle of Higher Education. Naquele mesmo ano, a Penn State University recebeu US$ 4,2 bilhões e a Ohio State, US$ 5,2 bilhões.

Em resumo, necessitamos urgentemente de uma maior atenção dos poderes públicos federais e também dos governos estaduais, para que percebam o papel do recurso privado em apoiar as causas públicas. Não se trata de uma questão ideológica. Nossa legislação ainda é muito tímida em reconhecer importância e transcendência das doações.

*Marcos Kisil é professor titular da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e fundador do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Artigo originalmente publicado no Jornal O Estado de S.Paulo em 30 de agosto de 2019.

Coalizão liderada pelo IDIS cobra do governo regulamentação dos Fundos Patrimoniais voltados à cultura

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multisetorial liderado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e que reúne mais de 70 organizações, encaminhou ao Ministério da Cidadania e à Secretaria da Cultura uma carta pedindo urgência na regulamentação dos Fundos Patrimoniais que beneficiem a causa da cultura.

A Lei 13.800, de 4 de janeiro de 2019, que regulamentou os Fundos Patrimoniais Filantrópicos no país, trouxe benefício fiscal para as doações de propósito específico a projetos culturais, que por enquanto não pode ser colocado em prática. “A regulamentação é urgente para alavancar a criação ou a ampliação de Fundos Patrimoniais voltados à cultura, em especial neste momento de redução de gastos públicos e drástica diminuição de recursos a essa área”, menciona o documento.

Como já acontece nos Estados Unidos e em diversos países europeus, os Fundos Patrimoniais voltados para as instituições culturais, públicas ou privadas sem fins lucrativos, são uma importante fonte de sustentabilidade de longo prazo, garantindo recursos mesmo em períodos de crise econômica. Na carta encaminhada o IDIS, em nome da Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, solicita “a priorização, por parte do Ministério da Cidadania e da Secretaria de Cultura, da regulamentação desse importante benefício fiscal”. Vale mencionar que a Coalizão apoia os incentivos fiscais para todas as causas e continua trabalhando junto ao Congresso Nacional para ampliação de tais incentivos para além da cultura.

Leia a carta na íntegra:

CARTA ABERTA AO MINISTÉRIO DA CIDADANIA E À SECRETARIA DA CULTURA

A Lei 13.800, de 4 de janeiro de 2019, art. 13, § 9º, que regulamentou os Fundos Patrimoniais Filantrópicos, trouxe o benefício fiscal previsto na Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991, para as doações de propósito específico a Fundos Patrimoniais que beneficiem a causa da cultura.

As organizações da área da cultura, porém, não conseguem exercer o direito que lhes foi conferido pela Lei 13.800, pois ainda não houve a regulamentação deste incentivo fiscal, por parte da Secretaria da Cultura, com o estabelecimento de orientações para a apresentação de projetos culturais.

A regulamentação é urgente para alavancar a criação ou a ampliação de Fundos Patrimoniais voltados à cultura, em especial neste momento de redução de gastos públicos e drástica diminuição de recursos a essa área.

Os Fundos Patrimoniais voltados para as instituições culturais, públicas ou privadas sem fins lucrativos, são uma importante fonte de sustentabilidade de longo prazo para as referidas instituições, garantindo a elas recursos, mesmo em período de crise econômica, como este que o Brasil passa atualmente.

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e a Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, apoiam os incentivos fiscais para todas as causas e estão trabalhando junto ao Congresso Nacional para ampliação de tais incentivos para além da cultura. Porém, como a Lei 13.800/19 já prevê incentivos para a cultura, solicitamos a priorização, por parte deste Ministério e desta Secretaria, da regulamentação desse importante benefício fiscal concedido ao setor por referida Lei.

São Paulo, 26 de agosto de 2019

COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS (www.idis.org.br/coalizao)
Quem somos nós

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos é grupo multisetorial composto por mais de 70 membros, entre organizações, empresas e pessoas que apoiam a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no país. Foi lançada em junho de 2018, e é liderada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

Organizações integrantes da Coalizão pela Fundos Filantrópicos

Coordenação
IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Apoio Jurídico
PLKC Advogados

Apoio Institucional
APF Associação Paulista de Fundações
CEBRAF Confederação Brasileira de Fundações
GIFE Grupo de Institutos, Fundações e Empresas
Humanitas 360
Levisky Negócios e Cultura

Participantes
ABCR
Acaia Pantanal
ACTC Casa do Coração
Arredondar
ASEC – Associação pela Saúde Emocional de Crianças
Associação Acorde
Associação Amigos do Mon. (Museu Oscar Niemeyer)
Associação Amigos do Museu Nacional – SAMN
Associação dos Antigos Alunos da PUC-Rio
Associação Samaritano
Baluarte Cultura
CEAP
Cesnik, Quintino e Salinas Advogados
CIEDS
Demarest Advogados
Fehosp
Figueira Fundo Patrimonial
Fundação Darcy Vargas
Fundação Educar DPaschoal
Fundação Gerações
Fundação José Luiz Egydio Setúbal
Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira
Fundação OSESP
Fundação Stickel
GRAACC
Grupo Tellus
Insper
Instituto Akatu
Instituto Apontar
Instituto Arlindo Ruggeri
Instituto Ayrton Senna
Instituto Cyrela
Instituto de Tecnologia Social
Instituto Doar
Instituto Ethos
Instituto Jatobás
Instituto Norte Amazônia de Apoio ao Terceiro Setor – INATS
Instituto Phi
Instituto Reciclar
Instituto Sabin
Instituto Sol
Instituto SOS Pantanal
Instituto Sou da Paz
ISE Business School
Koury Lopes Advogados
Liga Solidária
Lins de Vasconcelos Advogados Associados
Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. Quiroga Advogados
Parceiros Voluntários
Rede de Filantropia para a Justiça Social
Rubens Naves Santos Jr Advogados
Santa Marcelina Organização Social de Cultura
Sistema B
SITAWI Finanças do Bem
Szazi, Bechara, Storto, Rosa, Figueiredo Lopes Advogados
Visão Mundial
Wright Capital Wealth Management

‘Descubra Sua Causa’ tem salto de visibilidade

No mês de agosto, a Descubra sua Causa, campanha do IDIS para fortalecer a cultura de doação, conquistou novos horizontes. Depois de atingir a marca de 120 mil testes realizados, lançou perfis próprios no Facebook e no Instagram para falar sobre causas. Queremos chamar a atenção para desafios sociais, ambientais, entre outros, com os quais as pessoas podem contribuir ao fazer doações ou trabalhos voluntários em organizações sociais.

Nessa caminhada, contamos com grandes parceiros!

A 89FM – a Rádio Rock, divulgou o spot de rádio da campanha em sua programação. A CCP – Cyrela Commercial Properties, compartilhou anúncios no site, mídias sociais, painéis físicos e eletromídia em Shoppings de quatro capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia. Também abraçou a ‘Descubra sua Causa’ o Instituto Bandeirantes, responsável por incentivar, implementar, promover e monitorar ações sociais e educativas junto às empresas do Grupo Bandeirantes em todo o país. Ao longo de 30 dias, a campanha foi divulgada em espaços na programação dos canais de TV, rádios e mídias sociais do Grupo, levando a campanha a todo o Brasil.

Essa grande onda solidária que temos causado chamou a atenção da imprensa. Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, foi uma das entrevistadas do programa ‘Conversa com Bial’, cujo tema foi cultura de doação (saiba mais aqui) e também falou sobre o assunto na BandNews TV!

A Força das Comunidades invade o Fórum de Filantropos

 

No próximo dia 12 setembro, cerca de duas centenas de investidores sociais vão se reunir em São Paulo para conversar, trocar experiências, analisar conjunturas e conhecer tendências, mas sobretudo para debater como a força das comunidades tem se mostrado uma fonte de inspiração para a solução de problemas sociais e um polo de atração para filantropos.

Tudo isso vai acontecer durante a oitava edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que tem como tema transversal ‘A Força das Comunidades’.

Para contribuir com a discussão, virão filantropos familiares, como Carlos ‘Wizard’ Martins, conhecido por ter fundado a rede de escolas de idiomas Wizard, e que, desde o final do ano passado, se mudou para Roraima para ajudar os refugiados venezuelanos.

Também estará Eduardo Fischer, presidente da MRV Engenharia e do Instituto MRV, para falar sobre o investimento social da empresa e sobre a filantropia da família.

Grandes instituições estrangeiras estarão presentes, como Fundação Mott, Global Philanthropy Forum, Aspen Institute, Charities Aid Foundation e BID, assim como representantes de empresas que se destacam por suas atuações sociais ou ambientais, como Procter&Gamble, Accenture e Twitter.

Como não poderia deixar de ser, haverá muito espaço para as iniciativas sociais, tais como United Way, parceira do IDIS na organização do evento, Fundo Baobá, Fundação Tide Setúbal, Gife e Santa Marcelina Cultura.

Conheça a programação completa do Fórum aqui.

A oportunidade de juntar todas essas pessoas que, trabalham pela transformação da nossa realidade e da de outros países, só é possível graças aos apoiadores que compreendem a importância desse tipo de iniciativa.

Fundação Telefônica-Vivo
Fundação José Luiz Egydio Setúbal
Banco Santander
Charles Stewart Mott Foundation
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
Mattos Filho Advogados

A todos eles, nosso muito obrigado!

IDIS conversa com Bial

O Conversa com Bial, um dos talkshows mais assistidos do Brasil, no dia 26 de agosto, teve Cultura de Doação com tema. Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, foi uma das entrevistadas, ao lado de Rodrigo Pipponzi, fundador da Editora MOL, e Tammy Allersdorfer, superintendente de Desenvolvimento Institucional do GRAACC.

Confira a entrevista completa:

O poder transformador da filantropia, o perfil do doador brasileiro, as barreiras que devemos derrubar para aumentar a doação, a conquista da Lei dos Fundos Patrimoniais, o potencial da microdoação e casos de sucesso foram alguns dos assuntos abordados.

A Cultura de Doação é um tema especialmente caro ao IDIS. Países onde a doação faz parte da cultura, e atravessa os estratos sociais, são também aqueles onde encontramos as empresas e famílias mais engajadas em causas e onde há as maiores taxas de investimento social privado.

Em 2016, adotamos o fortalecimento da cultura de doação como um dos pilares de nossa atuação. Realizamos a Pesquisa Doação Brasil, a primeira que detalhou o perfil do doador no País. Identificamos as barreiras para que o volume crescesse e, em dezembro de 2018, lançamos a plataforma Descubra Sua Causa, um teste online que estimula as pessoas a refletirem e indica organizações as quais podem fazer doações de acordo com seus interesses.

Neste mês, a campanha ganhou páginas próprias nas redes sociais Facebook e Instagram. E temos certeza que a visibilidade gerada pelo Conversa com Bial, vai contribuir muito para a divulgação da causa da Cultura de Doação.

Quer assistir apenas alguns trechos? Selecionamos alguns aqui:

Paula Fabiani reflete sobre cultura de doação no Brasil

Paula Fabiani explica que há uma diferença entre filantropia e caridade

Paula Fabiani fala sobre a nova lei de fundos patrimoniais

Rodrigo Pipponzi e Paula Fabiani falam sobre responsabilidade social entre a nova geração

Juntos podemos transformar o mundo!

O FUTURE-SE pode ser mais simples e eficiente

Por
Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS; e Priscila Pasqualin, sócia do PLKC Advogados*

O Governo Federal colocou em consulta pública o Programa FUTURE-SE, que pretende criar alternativas inovadoras de parceria com a iniciativa privada em prol das universidades públicas, visando “fortalecer a autonomia financeira dos Institutos Federais de Ensino Superior” no país.

O Programa apresenta três eixos louváveis: Gestão, governança e empreendedorismo; Pesquisa e inovação e; Internacionalização. O tema tem movimentado a opinião pública. O prazo para manifestações se encerra no dia 30 de agosto, e mais de 14 mil sugestões de mudança foram recebidas. Entre as críticas ao programa estão a falta de clareza sobre as competências e limites das Organizações Sociais e uma potencial ameaça à autonomia universitária. Um aspecto importante, entretanto, não tem sido considerado: a oportunidade criada pela Lei nº 13.800, ou a ‘Lei dos Fundos Patrimoniais’, recém aprovada pelo Presidente da República, em 4 de janeiro de 2019.

Essa Lei foi desenvolvida com base nas boas práticas internacionais aplicáveis aos ‘Endowments’, como também são conhecidos os Fundos Patrimoniais, um dos pilares de excelência e sustentabilidade de longo prazo de universidades estrangeiras como Harvard, Yale ou Oxford. Ela apresenta contornos de governança e gestão, que também pautam o programa FUTURE-SE, como obrigação de transparência e independência, habituais nas práticas do mercado financeiro.

A referida Lei traz o conceito do Fundo Patrimonial, que é o conjunto de ativos de natureza privada instituído para constituir fonte de recursos de longo prazo, a partir da preservação do principal e do resgate dos rendimentos para financiar atividades das instituições apoiadas. Neste modelo, há uma estrutura segura e sólida para a gestão dos recursos, prevendo três figuras: a da Organização Gestora de Fundo Patrimonial, cuja responsabilidade exclusiva é de captar e gerir os fundos patrimoniais, para a destinação às instituições apoiadas; a Instituição Apoiada, que pode ser a universidade pública ou a IFES – Instituições Federais de Ensino Superior; e a Organização Executora, cuja função é exatamente fazer a execução financeira dos projetos pactuados com a universidade pública ou IFES, inclusive as atividades previstas no programa FUTURE-SE.

É de extrema relevância manter a segregação de papeis prevista na Lei dos Fundos Patrimoniais, que garante a preservação do patrimônio, pois o protege de eventuais passivos e contingências da organização executora dos projetos.

Ao constituir um Fundo Patrimonial e implementar uma gestão transparente, é possível gerar segurança aos grandes doadores e atrair recursos privados, que devem ser investidos no mercado financeiro, ou em outros ativos, com o objetivo de gerar rendimentos e resgates periódicos a serem destinados às instituições apoiadas. Os rendimentos do Fundo Patrimonial podem, perfeitamente, serem aplicados nos projetos de pesquisa realizados nas universidades apoiadas. A Lei traz ainda a possibilidade de o Fundo Patrimonial direcionar seus rendimentos para programas de bolsa e capacitação da equipe da universidade, o que pode incluir a internacionalização e o incentivo ao intercâmbio científico com universidades estrangeiras. Ou seja, a Lei dos Fundos Patrimoniais atende a todos os objetivos do Programa FUTURE-SE e traz ainda outros benefícios.

Os mecanismos de atração do capital privado pelo Programa FUTURE-SE dessa forma, poderiam ser regulamentados, com a criação de mecanismos legais complexos que permitam a contribuição do capital privado às universidades, à luz da Lei dos Fundos Patrimoniais, que já traz os instrumentos propícios para a captação e gestão desses recursos, com segurança e boas práticas de governança. Ao invés de criar novos mecanismos, seria mais econômico fortalecer os Fundos Patrimoniais para que um dia possamos ter, no Brasil, universidades que sejam verdadeiros polos de conhecimento, pesquisa e inovação, tal como vemos em países no exterior.

__

* Artigo originalmente publicado no Estadão Política – Blog do Fausto Macedo 

Se interessa pelo tema? Saiba mais no site da Coalização pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos: www.idis.org.br/coalizao/

IDIS participa do Festival Blast U

‘Como empresas podem contribuir para fortalecer a cultura de doação no Brasil’ foi o tema da mesa da qual Paula Fabiani, diretora presidente do IDIS, participou no Festival BlastU, no dia 14 de agosto. Ao lado de Rodrigo Pipponzi, diretor executivo da Editora Mol, e Rafael Marques, supervisor de responsabilidade social da Globo e coordenador do programa Criança Esperança, debateu os desafios desta jornada.

Rafael Marques, que moderou a conversa, destacou que o Brasil ocupa a posição 122 no World Giving Index (Índice Global de Solidariedade).

Paula compartilhou a experiência do IDIS no apoio técnico às empresas para investimento social e apresentou a campanha Descubra Sua Causa, a resposta do IDIS para fomentar a #CulturaDeDoação no Brasil. Trata-se de um teste que estimula a reflexão a respeito de causas e que depois indica organizações que atuam com aquele propósito e podem receber doações. Qualquer pessoas pode fazer o quiz, e empresas podem desenvolver versões em ambientes fechados para descobrir o que move seus colaboradores e apoiar, junto com eles, as causas que fazem sentido para todos.

Rodrigo Pipponzi, da Editora Mol, compartilhou os 12 anos de experiência no Terceiro Setor e apresentou o modelo de microdoação, no qual se baseia sua atividade.

Entre as recomendações para as empresas, destacaram a escolha de causas conectadas aos negócios e o engajamento de todas as pessoas da companhia.

A transparência em relação ao destino e ao impacto gerado pelas doações foi o ponto crucial apresentado para aumentar a confiança das pessoas que desejam doar. As novas gerações são mais exigentes e as empresas e as OSCs precisam se adaptar.

Fomentar um ambiente regulatório favorável e oferecer melhores incentivos fiscais que facilitem a jornada filantrópica foram algumas das sugestões apresentadas para engajar também grandes doadores.

Ao longo de dois dias, o Blast U reuniu líderes de Inovação, Empreendedorismo, Impacto e Criatividade no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo.

Instituto Cyrela lança edital com apoio do IDIS

Guiados pela crença de que os espaços importam e que ambientes de qualidade podem influenciar positivamente uma ação social, o Instituto Cyrela criou, em 2015, o Programa RenovAção, um edital que tem como objetivo transformar espaços de instituições que realizam um relevante trabalho social. Neste ano, selecionará uma instituição social atuante no município de São Paulo (SP), e que faça atendimento direto a crianças e adolescentes de 6 a 14 anos. Ela será premiada com até R$ 100 mil para tirar do papel um projeto de construção ou reforma de espaços. O período de inscrições vai de 1 a 25 de agosto.

Em sua quinta edição, o programa RenovAção já premiou 9 organizações sociais. Especialista em investimento social privado, o IDIS atua como apoiador técnico do RenovAção desde sua concepção. É responsável pela elaboração do regulamento do concurso, pelo recebimento das inscrições, pela gestão da banca examinadora de seleção dos finalistas e ainda pelo monitoramento da aplicação do recurso recebido pela organização vencedora. “Inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto é nossa missão e é gratificante ver organizações assumindo compromissos de longo prazo com uma causa”, comenta Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

O regulamento do edital e as orientações para inscrição estão disponíveis no site do Programa RenovAção – www.programarenovacao.org.

Paula Fabiani participa do Ford Fellowship

Ford Fellows 2019

 

Com a missão de estimular o desenvolvimento humano nas comunidades onde está presente, há dezoito anos, a Ford criou o Fellowship Internacional, um programa para capacitar e apoiar lideranças transformadoras com atuação no Terceiro Setor. Paula Fabiani, nossa diretora-presidente, foi uma das 12 selecionadas para a edição 2019 (conheça aqui o grupo completo) e agora integra uma rede global com 357 pessoas de 74 países. Sobre sua participação, comenta:“É um grande privilégio fazer parte desta rede incrível de pessoas que transformam o mundo!”

No início de julho, a nova turma de fellows participou de um encontro em Salvador. Na agenda, sessões para discutir os desafios do Terceiro Setor e o papel das lideranças, workshops com especialistas e também momentos para a troca de conhecimentos, quando Paula falou sobre gestão de pessoas, construção de confiança e avaliação de impacto. Na manhã dedicada ao compartilhamento de conquistas e desafios, Paula apresentou a campanha Descubra Sua Causa, iniciativa do IDIS para fortalecer a cultura de doação. O cenário político e o combate à corrupção foram discutidos com a participação de Guilherme France (Transparência Internacional) e Ricardo Martins (Pacto Pela Democracia).

A atuação da Ford, a história da empresa, o compromisso com a sustentabilidade e com o fortalecimento de comunidades foi também abordado no encontro, que incluiu uma visita à planta da montadora em Salvador e a alguns dos projetos apoiados na cidade.

Em uma semana intensa de atividades, o grupo se fortaleceu e se uniu. Durante as noites, os jantares foram momentos para integração e também para encontros e conversas com alumnis do programa e outras pessoas que estão revolucionando o Terceiro Setor em Salvador. “Cada participante tinha um projeto único e conhecimentos diferentes para partilhar, e assim, nossos olhares sobre os diversos problemas do país foram ampliados, como as possibilidades de nos apoiarmos nos desafios que enfrentamos e nas causas. Nos sentimos mais fortes juntos!” destaca Fabiani.

Veja aqui mais fotos do encontro.

Sobre o Ford Fellows

O Fellowship Internacional Ford Motor Company da 92Y é um programa intensivo e gratuito de liderança, de cinco dias, projetado para cultivar os líderes transformadores sociais e de organizações da sociedade cvil em todo o Brasil. Com base em quase duas décadas de “fellowships” internacionais, o Fellowship Internacional da Ford tem oficinas de liderança, discussões em grupo e oportunidades para que os participantes se conectem e colaborem na mobilização de suas comunidades e no fortalecimento da capacidade de todo o setor.

Este Fellowship anual é financiado pelo Ford Motor Company Fund e organizado pela organização 92Y para fornecer capacitação e apoio aos líderes comunitários envolvidos no setor sem fins lucrativos. Até hoje, 345 indivíduos de 74 países participaram do Fellowship Internacional, que está em sua décima oitava edição. Saiba mais em https://www.92yfordfellowship.com.br/pt/home.

IDIS recebe diretor internacional da CAF

 

Responsável por fortalecer e catalisar a filantropia e o engajamento cívico nos países que integram a rede Global Alliance – além do Brasil, Austrália, Bulgária, Canadá, Índia, Estados Unidos, Rússia, África do Sul e Inglaterra, sede da organização -, Mapstone se reuniu com a equipe do IDIS, com parceiros, representantes do governo, empresas e sociedade civil.

“Foi uma semana intensa. Aprendi muito com as experiências do IDIS no Brasil e conheci mais profundamente o trabalho que conseguiu a regulamentação dos Fundos Patrimoniais no país. Para a CAF, esse progresso torna o ambiente propício para uma filantropia mais eficaz e estamos ansiosos para apoiar ainda mais” comentou Mapstone.

Com visão abrangente, oportunidades de parcerias e colaboração dentro da rede da CAF e com outras organizações locais e globais foram identificadas, em um movimento para ampliar o impacto das ações do IDIS. O fortalecimento da cultura de doação, tema prioritário para a CAF, também foi abordado. No IDIS, a maior ação neste sentido, é a campanha Descubra Sua Causa. O teste, que estimula as pessoas a refletirem sobre causas e as conecta a organizações sociais para as quais podem fazer doações, foi tema de mais de uma reunião e poderá ser exportado a outros países da rede.

Durante sua visita, Mapstone participou também de uma reunião especial do Conselho Deliberativo do IDIS, na qual assumiu a presidência Luiz Sorge (CEO do BNP Paribas Asset Management Brasil), foram integrados dois novos conselheiros , Alex Pinheiro (Diretor e Sócio da Somos Educação) e Luciana Tornovsky (Sócia do Demarest Advogados) substituindo duas conselheiras históricas do IDIS, a ex-presidente Maria Lúcia de Almeida Prado e Silva (Sócia do Demarest) e Zilda Knoploch (Fundadora e Diretora da Enfoque).

A Global Alliance é uma rede dinâmica e bastante ativa. Além de visitas como essas, há encontros semestrais entre os CEOs dos nove escritórios da rede e uma série de atividades online. “Ficamos sempre entusiasmados ao final dessas visitas. A Global Alliance está realmente comprometida em aumentar e qualificar as doações no mundo e a colaboração e a troca de conhecimentos são potencializadas nestes momentos”, expressa Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

Qual é o impacto que você causa no mundo?

Por Raquel Altemani, gerente de projetos no IDIS

Uma das tendências no campo do investimento social é o aumento do interesse das organizações em avaliarem o impacto social de seus projetos e programas.

Afinal, o que é avaliação de impacto e por que uma organização deveria recorrer a esse tipo de estudo? A avaliação de impacto é um processo realizado para descobrir se o projeto realmente provocou a mudança que pretendia. Não é para medir o que foi feito, mas sim as consequências do que foi feito. Por exemplo, um programa de atendimento a gestantes viabiliza várias consultas de pré-natal, mas seu objetivo final é promover a saúde da mãe e do bebê. Portanto, o seu impacto não será avaliado pela quantidade de consultas de pré-natal feitas, senão pelos indicadores de saúde das mães e bebês atendidos. Um programa de contraturno escolar oferece aulas de reforço para alunos em condições de vulnerabilidade. Seu impacto não será avaliado pela quantidade de aulas de reforço que foram dadas, senão pela evolução do desempenho escolar dos estudantes.

Nesse sentido, a avaliação de impacto pode ser entendida como um processo de reflexão. Assim como na nossa vida paramos para refletir sobre as consequências de nossas escolhas e sobre o quanto nossas decisões têm nos aproximado ou afastado de nossos objetivos, os estudos de avaliação de impacto buscam responder as mesmas dúvidas para os programas sociais.

Muitos esforços e recursos são investidos para que um programa seja implementado e mantido e, para não navegar em águas escuras, é preciso criar mecanismos para verificar se as transformações sociais desejadas estão de fato sendo alcançadas. A avaliação de impacto permite identificar eventuais erros de estratégia e realizar ajustes para potencializar o impacto que queremos criar no mundo. Programas sociais são organismos vivos e devem ser permanentemente aprimorados ao longo de sua trajetória com base no processo de aprendizagem das organizações que os mantêm e nas mudanças na própria realidade e contexto do país. Abordagens que funcionavam há cinco anos podem não surtir o mesmo efeito hoje. Portanto, é preciso criar momentos de reflexão estruturada para entender o que está funcionando da maneira que esperamos e o que pode ser aprimorado para termos o maior impacto social possível a partir dos recursos disponíveis.

Além da satisfação de saber o quanto sua atividade transformou a realidade, quanto mais uma organização dispõe de evidências concretas e objetivas para compartilhar sobre as mudanças positivas geradas pelo seu trabalho, maior é a sua capacidade de atrair investidores e parceiros que podem potencializar e aumentar a escala do impacto que se busca obter.

No entanto, mesmo com o ganho de espaço e visibilidade dos estudos de avaliação de impacto entre as organizações, a grande maioria das notícias sobre programas sociais ainda se restringem a informações sobre o número de pessoas atendidas, o número de famílias alcançadas, o número de jovens formados, como mencionei no início do texto. Esses são apenas os ‘resultados’. Os estudos de avaliação de impacto aprofundam a análise bem além dos resultados, explorando as relações de causa e consequência entre as atividades de determinado projeto ou programa social e todos os desdobramentos, diretos e indiretos, de curto prazo ou de longo prazo, que acontecem na vida das pessoas a partir de sua participação na iniciativa.

Isso pode ser bastante complexo, sobretudo em programas que trabalham aspectos intangíveis e abstratos, como, por exemplo, a autoestima, a capacidade de sociabilização, a disposição para sonhar e traçar objetivos e tantos outros. Ainda que sejam impactos facilmente percebidos, são elementos difíceis de se traduzir em números. No entanto, existem várias organizações ao redor do mundo que se dedicam a desenvolver metodologias para traduzir e mensurar impactos intangíveis em indicadores concretos. Uma delas é a organização britânica Social Value*, que há mais de 10 anos se dedica a estabelecer técnicas para mensurar o valor de elementos não comercializáveis, ou seja, métodos para estimar o valor que pessoas atribuem a coisas que não podem ser compradas ou vendidas.

Independentemente dos desafios envolvidos, identificar, mensurar e analisar os impactos de programas sociais é sempre uma medida positiva e recomendável. Entender as transformações decorrentes dos esforços realizados, além de muito gratificante, é uma ferramenta fundamental para a gestão e a tomada de decisão dentro das organizações.

 

Se interessa pelo tema? Leia também a publicação Avaliação de Impacto Social – metodologias e reflexões.

* http://www.socialvalueuk.org/

Artigo originalmente publicado no blog Giro Sustentável, da Gazeta do Povo, em 18 de julho de 2019. O IDIS é parceiro do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável e contribui mensalmente com histórias relacionadas ao Investimento Social Privado.

Doação e Cidadania: como pensa e age o doador brasileiro

O artigo a seguir integra o Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi), organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A edição, composta por onze artigos, está dividida em três partes – ‘O que sabemos sobre as Organizações da Sociedade Civil?’, ‘Trabalho nas OSCs: avanços e desafios’ e ‘Sustentabilidade das OSCs: estratégias e limites’. Conheça aqui o relatório completo.

Por Andréa Wolffenbüttel, Diretora de Comunicação no IDIS

INTRODUÇÃO

Uma sociedade civil forte pressupõe uma vasta gama de organizações que representem os anseios, necessidades, temores e problemas da população. Que consigam ser porta-vozes da sociedade junto ao governo e iniciativa privada. E que trabalhem, de forma independente, na defesa dos direitos individuais e coletivos, e na busca de soluções para a promoção do bem comum.

Para ter realmente voz na mesa de negociações junto aos demais tomadores de decisão, essas organizações, comumente conhecidas pela sigla ONG (organização não governamental), precisam de independência financeira, operacional e ideológica, que lhes permita fazer propostas, exigir garantias e recusar condições sem temer por sua própria sobrevivência.

Essa independência só será verdadeira se ela contar com fontes de financiamento variadas, constantes e confiáveis. Em outras palavras, se ela tiver doadores, fiéis, não relacionados entre si, que garantam sua operação e demonstrem confiança no trabalho desenvolvido pela organização.

Portanto, a figura do doador tem um papel relevante no cenário de uma sociedade saudável, plural e democrática, mas não se sabe, ao certo, se os indivíduos, de um modo geral, têm consciência dessa responsabilidade. Para descobrir é preciso estudar. São necessárias pesquisas qualitativas e quantitativas, o que, em um país das dimensões do Brasil, representa um gasto considerável com o qual poucas ONGs teriam condições de arcar.

Não é de surpreender, então, que a primeira pesquisa de abrangência nacional a tentar entender o comportamento doador do brasileiro tenha vindo de fora do país. Trata-se do World Giving Index, uma pesquisa anual, realizada por iniciativa da Charities Aid Foundation (CAF), uma organização britânica de promoção à filantropia. Essa pesquisa trouxe os primeiros números objetivos sobre o brasileiro como indivíduo solidário e será tema da próxima seção.

Em 2015, seis anos após o aparecimento do World Giving Index, foi feita a mais ampla pesquisa sobre doação individual no Brasil, cobrindo todo o país. Ela foi liderada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), uma organização social brasileira, igualmente promotora da filantropia, que representa a britânica Charities Aid Foundation na América do Sul. Esse levantamento chamado Pesquisa Doação Brasil é tratado na segunda seção.

Inspirada pela Pesquisa Doação Brasil, a Charities Aid Foundation decide, em 2017, fazer investigações mais detalhadas sobre o comportamento dos doadores nos países onde mantem seus principais escritórios de representação, incluindo o Brasil. Essa terceira pesquisa chamada Country Giving Report ocupa uma posição intermediária entre as duas anteriores, em termos de abrangência, e será apresentada na terceira seção deste artigo.

Adotando metodologias diversas e amostras diferentes, as três pesquisas apresentam fotografias do doador brasileiro sob vários ângulos. A penúltima seção traz quadros comparativos que tentam explicar as características de cada uma. Por fim, a reflexão sobre os diferentes dados e os desafios que ainda temos para conhecer mais a fundo o doador brasileiro é conteúdo abordado na Conclusão.

1. WORLD GIVING INDEX – 2009

A mais antiga e sistemática pesquisa sobre o comportamento doador da população brasileira é o World Giving Index (WGI), traduzido no Brasil para Índice Global de Solidariedade. Optou-se por essa tradução não literal porque, como veremos a frente, o índice considera outras iniciativas além da doação de recursos e a tradução fiel, que seria Índice Global de Doação, poderia conduzir a interpretações errôneas.

O World Giving Index é uma pesquisa de frequência anual, promovida pela Charities Aid Foundation (www.cafonline.org), também conhecida como CAF. Trata-se de uma organização inglesa de promoção à filantropia, fundada em 1924 pelo governo britânico e que se tornou independente em 1974. A CAF possui uma rede internacional de escritórios presentes em nove países cobrindo os cinco continentes. No Brasil, a CAF é representada pelo IDIS (www.idis.org.br).

O processo operacional da pesquisa WGI é conduzido pelo Instituto Gallup, abrangendo de 140 a 155 países, variando devido a conflitos ou problemas que, eventualmente, dificultem ou impeçam o acesso a determinadas localidades. O Brasil consta em todas as edições da pesquisa. A quantidade de entrevistados total da WGI gira em torno de 150 mil pessoas, o que permite estimar o comportamento de mais de 90% da população mundial.

A metodologia da pesquisa WGI é bastante simples, de modo a ser aplicada com a mesma objetividade nos diferentes países com culturas e realidades distintas, e também tornar possível a comparação entre os resultados de cada um. Ela mede, basicamente, o percentual da população que, no mês anterior à entrevista, realizou as seguintes ações:

1. Ajudou um desconhecido;
2. Doou dinheiro para uma organização;
3. Fez trabalho voluntário.

Após obter os três percentuais, ela faz a média aritmética deles, resultando no Índice Global de Solidariedade daquele determinado país. Portanto, o Índice pode variar de 0 a 100 por cento, sendo 0 quando ninguém no país realizou alguma dessas ações no mês anterior à entrevista, e 100 quando toda a população realizou as três ações no mesmo período.

A primeira edição da pesquisa WGI foi lançada em setembro de 2010, trazendo resultados referentes ao ano de 2009. Na ocasião, o Brasil apareceu em 76º lugar, em uma lista de 153 países. 49% dos brasileiros haviam afirmado ter ajudado a um desconhecido, 25% declararam ter doado para uma organização, e 15% disseram ter feito trabalho voluntário. É interessante notar que, ao longo dos anos, o tamanho das parcelas se manteve proporcional, ou seja, ainda que a classificação do país suba ou desça, é sempre maior a quantidade de pessoas que ajudou a um desconhecido, seguida das que doaram dinheiro e, por último, com um contingente menor, aquelas que fizeram trabalho voluntário. Essa ordem demonstra claramente o nível de engajamento exigido para cada uma das iniciativas.

Fonte:World Giving Index 2009

Na primeira edição do WGI, a 76ª posição era uma condição confortável para o Brasil, pois estava em 5º lugar na América do Sul, logo abaixo da Argentina e acima de Peru e Uruguai. Também era o primeiro colocado entre os países do BRICS, grupo formado pelas economias em ascensão, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A divulgação do primeiro WGI reafirmou a vocação doadora dos países de cultura anglo-saxã, que ocuparam seis das dez primeiras posições do ranking.

Desde então, oito novas edições do WGI foram realizadas e o desempenho brasileiro variou significativamente. O melhor resultado foi registrado em 2015 quando o Índice do Brasil chegou a 34, o que lhe garantiu a 68ª posição no ranking global. O pior ocorreu dois anos depois, na mais recente pesquisa WGI publicada, na qual o país ficou na 122ª posição com um Índice de 23.


Fonte: World Giving Index, 2015 e 2017

A pesquisa WGI não oferece nenhum tipo de análise que contribua para o entendimento das oscilações no comportamento das pessoas, apenas consolida as respostas recebidas e faz as projeções para toda a população dos países. Porém, no caso do Brasil, vale a pena fazer algumas reflexões.

Entre 2009, ano da primeira pesquisa, e 2017, ano da última pesquisa divulgada, o país passou por três eleições presidenciais e um processo de impeachment, e presenciou uma avassaladora onda de protestos em 2013, que ecoou por alguns anos. Enfrentou uma das maiores, senão a maior, crise econômica de sua história, e viu toda uma geração de políticos e profissionais, dos três poderes, ser soterrada sob uma montanha de escândalos de corrupção. É de se esperar que essa sequência de acontecimentos tenha efeitos significativos sobre a condição e, sobretudo, a disposição das pessoas para a solidariedade.

Nesse período, os níveis de confiança dos brasileiros nas instituições desceram a marcas impressionantes. O noticiário expôs diariamente as denúncias de desonestidade dos agentes do governo, envolvendo diretamente grandes empresas e usando, com frequência, organizações da sociedade civil como fachada legal para operações ilícitas. A pesquisa de confiança global Trust Barometer, divulgada anualmente pela agência de comunicação Edelman (www.edelman.com.br), mostrou que, em apenas um ano, de 2016 para 2017, o grau de confiança dos brasileiros nas instituições caiu 18 pontos percentuais, colocando o país entre os seis mercados nos quais a desconfiança mais aumentou de um ano para o outro. Esse, seguramente, é um elemento que minou a disposição dos brasileiros de contribuir com organizações da sociedade civil, seja com recursos, seja com trabalho voluntário.

2. PESQUISA DOAÇÃO BRASIL – 2015

A mais completa e abrangente pesquisa sobre o comportamento doador do brasileiro é a Pesquisa Doação Brasil, liderada pelo IDIS, realizada nos anos de 2015 e 2016, trazendo dados referentes a 2015. Essa pesquisa surgiu especificamente para responder a perguntas mais complexas como, por exemplo, quais as motivações que levam o brasileiro a doar ou a não doar, como a população enxerga as organizações do terceiro setor e quais suas causas prediletas, entre outras. Além disso, também se propôs a, pela primeira vez, estimar o volume financeiro total das doações realizadas por indivíduos no Brasil, portanto, desconsiderando o investimento social de empresas, institutos e fundações.

Para garantir que o levantamento fosse capaz de responder às principais dúvidas do universo das organizações sociais que dependem de doações, o IDIS optou por um processo coletivo de concepção da pesquisa, do qual participaram cerca de vinte entidades, entre organizações da sociedade civil, empresas e academia. O resultado do trabalho colaborativo foi um questionário com 52 perguntas, que pode ser solicitado ao IDIS pelo email comunicacao@idis.org.br.

A Pesquisa Doação Brasil começou com uma etapa qualitativa, na qual foram formados dez grupos focais, com oito participantes cada, nas cidades de Porto Alegre, Recife e São Paulo. O objetivo dessas conversas foi permitir que a equipe do Instituto Gallup, responsável pela condução dos trabalhos, pudesse entender melhor o contexto, aprofundar-se no tema e obter mais subsídios para a posterior etapa quantitativa, que entrevistou 2.230 pessoas.

A pesquisa demonstrou que, em 2015, dois terços da população brasileira havia se envolvido em algum tipo de doação, seja dinheiro, bens ou tempo (em forma de trabalho voluntário). A prática mais comum é a doação de bens, adotada por 62% dos brasileiros, seguida por doação de dinheiro, com 52%, e do trabalho voluntário, com 34%. Os dados foram bastante surpreendentes para quem supunha que no Brasil não havia uma cultura de doação.

O levantamento das características demográficas mostrou que a região mais doadora é a Nordeste, que as mulheres costumam doar mais que os homens e que ter uma religião influencia positivamente as doações. A prática da doação aumenta com a idade e com a renda, porém tem um leve decréscimo quando a renda familiar mensal supera os 15 salários mínimos. O nível de escolaridade tem um efeito curioso, sendo mais presente a doação entre os que têm até o ensino fundamental e nos que têm ensino superior, e sendo menos frequente no grupo dos que possui até ensino médio. Os resultados da pesquisa podem ser consultados em www.idis.org.br/pesquisadoacaobrasil. A partir desses dados é possível traçar o perfil mais provável do doador brasileiro.

Fonte: Pesquisa Doação Brasil, IDIS, 2015

Além do perfil doador, a Pesquisa Doação Brasil também mapeou as características das doações. E concluiu que 66% dos doadores fazem doações 12 vezes ou mais por ano, o que os coloca na condição de doadores recorrentes, o tipo mais importante para as organizações porque garante uma renda mensal. A partir dos valores declarados pelos entrevistados, foi possível estimar o valor médio doado pelos brasileiros. Essa quantia varia de R$ 240 a R$ 480 por ano, o que representa uma média mensal entre R$ 20 e R$ 40 reais. Essa média permitiu a projeção do total doado pelos indivíduos em 2015. O montante seria de R$ 13,7 bilhões, equivalente a 0,23% do PIB do mesmo ano.

Porém, talvez a maior contribuição da pesquisa tenha sido a investigação sobre o que motiva os doadores a contribuir com as organizações da sociedade civil. Ao responder espontaneamente quase metade dos doadores (49%) afirmou que o que os leva a fazer doações é a solidariedade com os mais necessitados. Já, ao serem convidados a escolher entre diversas razões, 89% dos doadores disseram que são levados a doar porque isso os faz sentir-se bem. É curiosa essa mudança de postura, porém, percebe-se que ambas as respostas têm um forte componente emocional, indicando que a doação é um ato que nasce de uma motivação subjetiva ‘do coração’.

Ao selecionar as causas que mais os sensibilizam, os doadores se concentraram nas seguintes respostas: Saúde, Crianças, Combate à Fome e à Pobreza, e Idosos. As escolhas indicam certa confusão entre causa e público beneficiário, e mostram uma clara preferência pelos problemas presentes no cotidiano da população, enquanto outras questões mais complexas e distantes, como proteção do meio ambiente, por exemplo, quase não são mencionadas.
Outra característica importante da Pesquisa Doação Brasil é que ela é a única a investigar e traçar também o perfil dos não doadores.

Fonte: Pesquisa Doação Brasil, IDIS, 2015

Também vale a pena destacar as principais motivações apresentadas pelos não doadores para não contribuírem com as OSCs. Ao responderem espontaneamente explicam que não dispõem de dinheiro, que não há uma razão específica, que não confiam nas organizações que pedem doações ou que nenhuma causa os sensibiliza. Já quando são colocados diante de várias alternativas, as mais escolhidas são que resolver os problemas sociais é responsabilidade do governo, que não confiam nas organizações que pedem doações, que não têm dinheiro e que têm medo de se comprometer com uma doação periódica e não poder cumprir. É interessante observar que as duas alternativas que permanecem entre as quatro primeira colocadas são a falta de dinheiro e a desconfiança nas organizações. Mais uma vez, o problema da falta de confiança nas instituições aparece como obstáculo às doações.

3. COUNTRY GIVING REPORT – 2016

Ao perceber como a divulgação dos resultados da Pesquisa Doação Brasil provocou discussões e reflexões no campo do investimento social privado e das organizações da sociedade civil no Brasil, a Charities Aid Foundation (CAF) decidiu produzir pesquisas semelhantes nos países onde se encontram seus principais escritórios.

A pesquisa ganhou o nome de Country Giving Report, isto é, Relatório de Doação do País, e em sua primeira edição foi realizada na África do Sul, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Índia Reino Unido e Rússia. A CAF declarou a intenção de repetir anualmente esta pesquisa.

Ao contrário do World Giving Index, o Country Giving Report cobre as ações realizadas nos doze meses anteriores à entrevista, o que proporciona um panorama mais consistente do comportamento dos doadores.

No caso específico do Brasil, os resultados se referem ao período de agosto de 2016 até julho de 2017, e para entender melhor os dados é importante saber que, diferentemente do World Giving Index e da Pesquisa Doação Brasil, as entrevistas para o Country Giving Report foram feitas via questionário on-line, o que exclui do grupo investigado aqueles que não têm acesso à internet. Na ocasião 34% dos brasileiros não tinham acesso à internet, de acordo com levantamento da ‘We are Social & Hootsuite 2017’ . Também é preciso destacar que o Country Giving Report considerou como doação os recursos destinados a templos e igrejas, enquanto a Pesquisa Doação Brasil não os contabilizou como doações a organizações da sociedade civil.

Os resultados do Brazil Giving Report foram ainda mais otimistas do que os da Pesquisa Doação Brasil e é possível entender esse efeito já que há uma parcela da população que não integrou o grupo de entrevistados – os que não têm acesso à internet – e também por ter incluído doações para templos e igrejas.

A pesquisa constatou que mais de dois terços das pessoas pesquisadas havia doado dinheiro no período investigado (68%), seja doando a uma organização social, igreja ou organização religiosa. O apoio às organizações religiosas era a causa mais popular, com cerca de metade das pessoas pesquisadas fazendo doações dessa natureza (49%). A quantia típica (mediana) doada pelos que fizeram doações naqueles 12 meses foi de R$250 e doar dinheiro diretamente na sede/escritório de uma organização social foi a forma de doação mais comum (37%). Mais da metade dos pesquisados (52%) fez trabalho voluntário nos últimos 12 meses, e “ter mais dinheiro” foi o fator mais citado pelos pesquisados como incentivo a doar mais nos 12 meses seguintes, com cerca de seis em cada dez (59%) dizendo que isso seria um grande estímulo.

Um ponto interessante do Country Giving Report é que ele fez o cruzamento entre características do doador e o valor doado. O levantamento mostrou que o grupo com renda familiar anual acima de R$50 mil é o mais propenso a ter realizado alguma atividade de solidariedade (doar dinheiro, bens ou tempo) nos últimos 12 meses, com 86% respondendo afirmativamente em comparação com 71% dos que têm renda familiar anual inferior a R$10 mil. Porém, as pessoas de mais baixa renda tendem a doar mais, proporcionalmente à sua receita, do que aqueles de alta renda. Enquanto os que ganham acima de R$ 100 mil por ano doam, em média, 0,4% de sua renda, aqueles que ganham menos de R$ 10 mil por ano doam, em média, 1,2% de sua renda.

A doação média do brasileiro é de R$ 250 por ano, mas existe uma diferença significativa entre homens e mulheres. Para as mulheres, esse valor é de R$ 200, enquanto para os homens, ele sobe para R$ 350. Porém como há mais mulheres do que homens doando, conforme indicou a Pesquisa Doação Brasil, a média tende a cair.

Em termos de adesão a causas, o Brasil Giving Report identificou que os brasileiros preferem, em primeiro lugar, as causas religiosas, seguida de crianças e de ajuda aos pobres. Quando se trata das motivações para doar, a maior delas é o fato da doação fazer com que se sintam bem, indicaram 51% dos entrevistados, enquanto 41% afirmaram se preocupar com a causa para a qual doam. Considerando que essas foram respostas estimuladas, elas corroboram o apurado pela Pesquisa Doação Brasil, ao perguntar pelas motivações usando a mesma metodologia.

4. COMPARAÇÕES

As três principais pesquisas dedicadas ao perfil do doador brasileiro apresentam algumas diferenças que devem ser levadas em consideração antes de qualquer análise comparativa conforme apresentadas no quadro a seguir.


Fonte: elaboração da autora

Dois fatores influenciaram a definição das características para cada uma delas. O primeiro é o orçamente disponível para sua realização. Esse quesito foi determinante para definir o tipo de entrevista, considerando que levantamentos presenciais são mais caros do que aqueles realizados por telefone, que, por sua vez, são mais caros do que aqueles feitos via internet.

Outro elemento importante na definição da metodologia e do conteúdo das pesquisas foi a necessidade de adequação a diferentes realidades nacionais. O World Giving Index e o Country Giving Report são aplicados em diversos países e precisam adotar critérios e conteúdos neutros o suficiente para não sofrerem com as mudanças de cultura. Já a Pesquisa Doação Brasil foi concebida por uma organização brasileira para ser aplicada especificamente dentro do país, o que deu liberdade maior a seus realizadores.

Isso posto, apresentamos abaixo quadros com as principais vantagens e desvantagens de cada pesquisa.

Fonte: elaboração da autora

CONCLUSÃO

Devido às diversas diferenças expostas no capítulo anterior, não é possível fazer comparações quantitativas diretas entre as três pesquisas, mas elas apontam para valores e tendências muito semelhantes.

A primeira coisa a chamar a atenção é que a maior delas, a Pesquisa Doação Brasil, foi realizada em um ano especialmente generoso, já que 2015 foi quando o Brasil bateu seu recorde histórico de classificação no ranking mundial do World Giving Index. Como o período que se seguiu a 2015 no Brasil foi turbulento e marcado por profunda e prolongada crise econômica, política e moral, tudo indica que os números apresentados pela Pesquisa Doação Brasil podem não se repetir em sua próxima edição, que deverá cobrir o comportamento dos brasileiros em 2020.

Outra coisa que chama a atenção é a sensibilidade dos brasileiros. Estudando as séries históricas do World Giving Index, observa-se sempre que a demonstração mais frequente de solidariedade dos brasileiros é a ‘ajuda a um desconhecido’. Isso demonstra que quando o brasileiro testemunha e percebe a necessidade diante de si, ele se mobiliza. Porém, ações que exigem mais planejamento, tais como doação para uma organização social ou trabalho voluntário, ainda não são tão frequentes.

Trata-se de um doador instintivo, que se move mais pelo que ‘os olhos veem e o coração sente’ do que pelo estímulo racional de realizar uma transformação da realidade. A etapa qualitativa da Pesquisa Doação Brasil trouxe a indicação clara de que os brasileiros enxergam a ajuda ao próximo como uma ação mais do ser humano do que do cidadão. “Aquilo que eu queria que fizessem comigo, eu faço com os outros” é uma afirmação comum entre os entrevistados.

Percebe-se a mesma característica quando o brasileiro é questionado sobre as causas de sua preferência. As causas mais populares são aquelas mais facilmente percebidas pelos sentidos, tais ‘saúde’’ e ‘combate à fome e à pobreza’. Também aparecem, em ambas as pesquisas que cobrem esse item, as ‘crianças’ como uma causa importante. E surpreende que a ‘educação’, considerada por muitos como o mais importante instrumento de transformação de uma sociedade não conste sequer entre as cinco causas mais populares.

Isso mostra que temos um espaço grande para trabalhar e disseminar o conceito de causa com o intuito de mobilizar novos doadores. Também é preciso mobilizar as organizações sociais para que comuniquem melhor sua função e os resultados de seus trabalhos, para (re)conquistar a confiança dos cidadãos brasileiros.

As três pesquisas juntas representam um salto de qualidade, dado nos últimos três anos, no conhecimento sobre o doador brasileiro, porém, ainda não temos dados maduros porque nossos números não foram submetidos a comprovações ao longo dos anos.

Duas lacunas grandes ainda precisam ser preenchidas. Primeiro uma nova estimativa do valor total por indivíduos no Brasil, já que a projeção de R$ 13,7 bilhões, feita pela Pesquisa Doação Brasil pode não estar mais nesse patamar. E em segundo lugar, recortes por gênero, faixa de renda, local de residência e escolaridade, por exemplo, que sirvam de ferramenta de trabalho para aqueles que se dedicam a levantar os recursos necessários para a sobrevivência e o bom desempenho das organizações da sociedade civil no Brasil.

PARA SABER MAIS

Entre as diversas publicações indicadas na Bibliografia, existem duas de especial interesse para quem quer saber mais sobre o estado da cultura de doação no Brasil, pois trazem conteúdo mais reflexivo do que quantitativo. O primeiro deles é a publicação da Pesquisa Doação Brasil, que além de apresentar os resultados do levantamento, também contém artigos que analisam os dados sob diferentes pontos de vista. O olhar psicanalítico, o olhar de uma especialista em pesquisas e o olhar de um acadêmico do campo do Terceiro Setor. Esses três textos, além de outras reflexões dos profissionais envolvidos na realização da pesquisa ajudam a ampliar o conhecimento trazido pelos números.

O segundo é o relatório Perspectivas para a Filantropia Global: O Poder Transformador da Doação da Classe Média. Trata-se de um trabalho que projeta o futuro, propondo uma ação no presente para que esse futuro seja alcançado. É muito interessante por se basear em dados concretos e por trazer um pequeno trecho especificamente dedicado à realidade brasileira, fazendo recomendações para que o engajamento da classe média na cultura de doação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EDELMAN TRUST BAROMETER 2018. Disponível em edelman.com.br/propriedades/trust-barometer-2018/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

GIVING REPORT 2017 BRASIL. Disponível em www.idis.org.br/country-giving-report-2017-brasil/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

PERSPECTVAS PARA A FILANTROPIA GLOBAL: O PODER TRANSFORMADOR DA DOAÇÃO DA CLASSE MÉDIA. Disponível em www.idis.org.br/perspectivas-para-a-filantropia-global-o-poder-transformador-da-doacao-da-classe-media/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

PESQUISA DOAÇÃO BRASIL – PUBLICAÇÃO. Disponível em www.idis.org.br/pesquisa-doacao-brasil/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

PESQUISA DOAÇÃO BRASIL – RESULTADOS. Disponível em www.idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2010. Disponível em www.cafonline.org/about-us/publications/2010-publications/world-giving-index Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2011. Disponível em www.cafonline.org/about-us/publications/2011-publications/world-giving-index-2011 / Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2012. Disponível em www.cafonline.org/about-us/publications/2012-publications/world-giving-index-2012 / Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2013. Disponível em www.cafonline.org/about-us/publications/2013-publications/world-giving-index-2013 / Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2014. Disponível em www.idis.org.br/caf-world-giving-index-2014/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2015. Disponível em www.idis.org.br/caf-world-giving-index-2015/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2016. Disponível em www.idis.org.br/publicacoes/world-giving-index-2016/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2017. Disponível em www.idis.org.br/world-giving-index-2017/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2018. Disponível em www.idis.org.br/world-giving-index-2018/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

 

IDIS busca consultor de avaliação de impacto social

No IDIS, um de nossos pilares de atuação, é o suporte para o investidor social na tomada de decisões estratégicas e táticas. Apoiamos tanto quem está começando na área social quanto o investidor que pretende qualificar suas ações sociais. Buscamos um profissional para atuar como consultor nos projetos de apoio técnico relacionados à avaliação de impacto social, cade vez mais valorizada por nossos parceiros.

Saiba mais sobre a oportunidade.

Requisitos

  • Formação superior completa (preferencialmente em Economia, Administração e Estatística).
  • Desejável pós-graduação (latoou stricto sensu) em Administração, Administração Pública, Sustentabilidade, Gestão do Terceiro Setor ou áreas afins.
  • Experiência de, no mínimo, três anos em estudos de avaliação de impacto social, incluindo coleta e análise de informações qualitativas e quantitativas.
  • Experiência de, no mínimo, cinco anos em projetos socioambientais, investimento social privado, responsabilidade social, sustentabilidade ou áreas afins.
  • Capacidade de relacionamento interpessoal e
  • Capacidade de comunicação oral e escrita.
  • Experiência em condução de grupos focais com crianças, jovens e adultos.
  • Capacidade de sistematizar e analisar dados qualitativos e quantitativos.
  • Disponibilidade para viagens.

Funções 

  • Realizar visitas de campo em projetos e programas sociais (pode envolver viagens)
  • Realizar entrevistas individuais e sistematizar o conteúdo da conversa em relatórios qualitativos.
  • Conduzir grupos focais e sistematizar o conteúdo do encontro em relatórios qualitativos.
  • Elaborar questionários quantitativos para coleta de dados e monitorar o recebimento das respostas.
  • Analisar estatisticamente os resultados obtidos com questionários quantitativos.
  • Elaborar relatórios com análises e conclusões do estudo de Avaliação de Impacto Social.

Interessados devem enviar um e-mail para portalidis@idis.org.br (“CONSULTOR DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL” no assunto do e-mail) contendo:

  • CV
  • Pretensão salarial
  • Texto em word com a resposta para a seguinte pergunta: “Qual é relevância de um estudo de Avaliação de Impacto para projetos e programa sociais e quais são os desafios para sua realização?”

Coalizão pelos Fundos Filantrópicos pede esclarecimento sobre tributação federal de Organizações Gestoras Fundos Patrimoniais

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por organizações da sociedade civil e outras instituições, solicitou esclarecimentos sobre benefícios fiscais para Organizações Gestoras de Fundos Patrimoniais (OGPF) na Lei 13.800/19 que regulamenta os fundos filantrópicos no Brasil. Em carta aberta apresentada ao Ministério da Economia e à Receita Federa, a Coalizão solicita o reconhecimento da imunidade a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às causas da Educação, Saúde e Assistência Social, e também o reconhecimento da isenção a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às demais causas de interesse público.
Conheça na íntegra a carta aberta apresentada ao ministério da Economia e receita federal apresentada pela Coalização pelos Fundos Filantrópicos, um movimento coordenado pelo IDIS Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social.

 

CARTA ABERTA AO MINISTÉRIO DA ECONOMIA E RECEITA FEDERAL
Ref: Tributação federal das Organizações Gestoras Fundos Patrimoniais (OGFP)

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por organizações da sociedade civil e outras instituições abaixo-assinadas, vem manifestar publicamente a necessidade de esclarecimento na Lei 13.800/19, sem as quais, a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil não alcançará seu potencial de contribuição para a sociedade.
Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são instrumentos que contribuem para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos que trabalham por causas, como educação, saúde, assistência, cultura, direitos humanos, meio ambiente e esportes, entre outras causas de interesse público. Organizações se tornam menos dependentes de novas doações e patrocínios, alcançam maior estabilidade financeira e asseguram sua viabilidade operacional, permitindo que se estruturem e desenvolvam suas atividades de forma sustentável e contínua, realizando transformações importantes em áreas estratégicas.
Com a finalidade de atingirmos maior adesão à lei, solicitamos esclarecimento sobre o reconhecimento da imunidade a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às causas da Educação, Saúde e Assistência Social (art. 12, Lei 9.532 e art. 13, III MP 2.158-35) e reconhecimento da isenção a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às demais causas de interesse público (art. 15, Lei 9.532 e , art. 13, IV, MP 2.158-35). Os tributos abrangidos são: IRPJ IOF, ITR, PIS, COFINS e CSLL. Para as instituições de educação e assistência social, a imunidade do IRPJ alcança o IRRF.
Além disso, é importante esclarecer que a OGFP pode investir financeiramente, de acordo com a Lei 13.800, sem impedimento ao exercício de seu direito à imunidade ou isenção.
Por fim, nos colocamos à disposição para qualquer contribuição que se faça necessária no processo, inclusive na redação das modificações no texto da lei.
São Paulo, 11 de março de 2019
COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS (www.idis.org.br/coalizao)

Primeira edição do ‘Diálogos do Poder Público com Investidores Sociais’ incentiva o desenvolvimento de parcerias para a solução de desafios nas áreas de Saúde e Desenvolvimento Social

No Brasil, muitas vezes percebemos distanciamento e falta de articulação entre instâncias governamentais e organizações da sociedade civil, em especial os investidores sociais privados. Para contribuir com a transformação dessa realidade, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, criou o programa ‘Diálogos do Poder Público com Investidores Sociais’, com o apoio da Fundação José Egydio Setúbal. “Fortalecer a confiança e trabalhar em cooperação são importantes aspectos para o desenvolvimento do país” justifica Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.


A primeira atividade desta primeira edição do ‘Diálogos’, que teve como foco as áreas de Saúde e Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, aconteceu no dia 27 de junho e consistiu em um encontro entre representantes do Governo e da Sociedade Civil, incluindo investidores sociais, organizações sem fins lucrativos, especialistas e acadêmicos. Compartilharam seus desafios o Presidente do Fundo Social do Estado de São Paulo, Filipe Sabará, que apresentou o programa Praça da Cidadania, a Secretária Estadual do Desenvolvimento Social, Celia Parnes, e o coordenador de regiões de saúde da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, Dr. Osmar Mikio Moriwaki. Os 50 convidados presentes foram, então, estimulados a identificar sinergias de atuação e gerar propostas para trabalho conjunto. Entre os temas identificados estão a qualificação da cobertura vacinal e a segurança alimentar.

A iniciativa prevê ainda mais 3 etapas. A próxima será um diagnóstico profundo, a ser produzido em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir das ideias geradas no encontro inicial. A partir do diagnóstico, será elaborado um plano de ação que permita colocar em prática a solução prevista. “Este programa nasce com a intenção de ser replicado em outras áreas e em outros municípios e estados. A experiência vai gerar aprendizados para que possamos alcançar o impacto que queremos ver” completa Fabiani. Toda a experiência, por fim, será registrada em uma publicação a ser compartilhada com o público.

O evento de lançamento teve apoio institucional do Centro Ruth Cardoso, do GIFE e da Charities Aid Foundation (CAF).

Ação de advocacy do IDIS para a regulamentação dos Fundos Patrimoniais no Brasil é destaque em publicação global

Em junho de 2019, a ‘WINGS – Worldwide Initiatives for Grantmaker Support’ lançou o relatório ‘Estudos de Casos de Impacto: Estimulando um ambiente promotor da filantropia e da sociedade civil’. Nesta coleção, ilustra como organizações de apoio à filantropia implementaram estratégias de sucesso para promover um ambiente propício para que a sociedade civil e a filantropia prosperem. Por meio de oito casos de diferentes países, a WINGS dá luz a experiências que muitas vezes permanecem nos bastidores. A publicação também apresenta artigos especializados do International Center for Not-for-Profit Law (ICNL), Forus e CIVICUS. Apesar dos desafios de encolhimento do espaço para a sociedade civil ou falta de ambiente fiscal favorável, essas organizações são criativas e têm um enorme impacto positivo. Nesse sentido, o relatório é tanto uma fonte de inspiração quanto um chamamento à ação.

A experiência de advocacy do IDIS no âmbito da regulamentação dos Fundos Patrimoniais no Brasil é uma das histórias apresentadas. Aqui, trazemos o conteúdo na íntegra, em português. O relatório completo está disponível no site da WINGS.

Visão geral

Até recentemente, não havia legislação que apoiasse a criação de Fundos Patrimoniais Filantrópicos (Endowments) no Brasil. Consequentemente, poucos estímulos existiam e havia apenas um pequeno número de fundos dessa natureza para apoiar Organizações da Sociedade Civil (OSCs). A existência de uma lei para os Fundos Patrimoniais se mostrava relevante para o desenvolvimento deste mecanismo no país. Para isso, em parceria com outras organizações, o IDIS liderou um movimento de advocacy com uma forte produção de conhecimento local, reunindo instituições e profissionais em torno desta causa. Oito anos após o início deste processo, em janeiro de 2019, uma lei foi finalmente promulgada.

Dada a importância dos Fundos Patrimoniais para o crescimento da filantropia em muitos países, esta conquista deve proporcionar um grande impulso à cultura de doação do Brasil.

Contexto

Apesar de Fundos Patrimoniais serem um mecanismo bem conhecido e usualmente aplicado em países da Europa ou América do Norte, eles estão apenas começando a serem implantados em outros lugares.

Alguns dos maiores Endowments do mundo podem ser encontrados nos Estados Unidos e no Reino Unido. Exemplos dos mais relevantes são a ‘Fundação Bill e Melinda Gates’, com um patrimônio avaliado em mais de US $ 50 bilhões, o fundo patrimonial da Universidade de Harvard, avaliado em mais de US$ 37 bilhões e o fundo da Wellcome Trust, avaliado em mais de US$ 30 bilhões.

Nas economias emergentes, essa também emerge como uma tendência com exemplos como a ‘Fundação Mohammed Bin Rashid Al Maktoum’, nos Emirados Árabes Unidos, com US $ 10 bilhões, e na Índia, a ‘Fundação Azim Premji’, que soma US$ 21 bilhões.

No Brasil, até 2019, não havia legislação que regulamentasse esse tipo de mecanismo, ainda que houvesse alguns poucos fundos estabelecidos, como da Fundação Bradesco e da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, ambas ligadas a uma instituição financeira quando fundadas. Até então, não havia um ambiente legal favorável à criação de Fundos Patrimoniais Filantrópicos, tornando a alternativa pouco atraente a investidores.

Realizações

Para mudar este cenário, o IDIS, representante da Charities Aid Foundation (CAF) no Brasil, assumiu o tema como prioritário em sua agenda e buscou criar uma rede de apoio para o desenvolvimento de uma lei nacional de Fundos Patrimoniais. Os pilares inovadores deste movimento incluem uma estratégia dupla de educação e de advocacy. Neste sentido, o IDIS adotou as ações-chave listadas:

1. Lançamento do livro “Fundos Patrimoniais – Criação e Gestão no Brasil”, em 2012, com o apoio da Fundação Vale e da Fundação Ford. Foi o primeiro livro a abordar esse assunto no Brasil e continua sendo uma referência para organizações, filantropos, acadêmicos, gestores de fundos e reguladores.

2. Criação de grupo de estudos e realização de encontros, que resultaram na elaboração de uma proposta de lei para Fundos Patrimoniais Filantrópicos, com base nas melhores práticas internacionais. Entre 2012 e 2013, o IDIS criou o Grupo de Estudos de Endowments com o GIFE, a Endowments do Brasil e o JP Morgan. O grupo contou com 90 membros, entre advogados, executivos do Terceiro Setor, promotores públicos, acadêmicos, entre outros.

3. Desenvolvimento de publicações sobre Fundos Filantrópicos. Em 2016, em parceria com a Levisky Negócios & Cultura e PLKC Advogados, com patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, o IDIS lançou uma série de guias sobre o tema – 1. ‘Conceitos e benefícios dos Endowments como mecanismo de financiamento à cultura’; 2 – ‘Orientações e informações ao poder público: aspectos de regulação e tributação’; 3 – ‘Orientações práticas para implementação de Endowments em instituições culturais’. Também foi traduzido um livro importante sobre filantropia e doações – ‘Filantropização via Privatização’ (PtP) – de autoria do professor Lester M. Salamon, da Universidade John Hopkins, além da produção de diversos artigos sobre o tema.

4. Criação de estratégia de advocacy com parceiros da sociedade civil e do setor privado ligados à filantropia. O grupo definiu princípios fundamentais para uma boa legislação que beneficiaria as OSCs, a filantropia e os investidores sociais. Estes incluíram:

  • Ampla abrangência, contemplando diversas causas sociais e organizações sem fins lucrativos que podem constituir Fundos Patrimoniais Filantrópicos
  • Existência de incentivos fiscais
  • Regras de governança e transparência baseadas nas melhores práticas internacionais

5. Reuniões com representantes do Congresso e autoridades governamentais em vários departamentos, incluindo a Secretaria Geral da Presidência, representantes da Câmara dos Deputados, Senado Federal, BID, BNDES, Ministério da Educação, Cultura e Economia. Ao longo de seis anos, o IDIS sediou eventos e promoveu diálogos que resultaram em 11 projetos de Lei no Congresso Nacional que buscavam regulamentar os Fundos Patrimoniais no Brasil.

6. Criação e coordenação da Coalizão de Fundos Filantrópicos, fortalecendo as etapas finais do movimento pela regulamentação dos endowments. Lideradas pelo IDIS e com assessoria jurídica do PLKC Advogados, organizações relevantes se uniram como apoiadoras do movimento: Associação Paulista de Fundações (APF), Cebraf, GIFE, Humanitas 360 e Levisky. Com a adesão de mais de 60 organizações, a Coalizão foi lançada no Congresso Nacional em 2018.

Desafios

O caminho que levou à aprovação da legislação foi longo e imprevisível e o IDIS precisava estar preparado e, ao mesmo tempo, ser flexível. Em 2018, por exemplo, uma infeliz catástrofe – o incêndio que destruiu mais de 90% dos arquivos do Museu Nacional do Brasil –, foi um catalisador para a ação do governo. Michel Temer, presidente na época, assinou uma Medida Provisória para garantir que museus, universidades, outras instituições públicas e organizações sem fins lucrativos possam se beneficiar da criação de Fundos Patrimoniais, melhorando sua sustentabilidade no longo prazo. O IDIS, em nome da Coalizão, divulgou uma nota pública declarando apoio à medida e destacando a importância da inclusão de todas as causas e organizações sociais na abrangência da Lei.

O sucesso de uma ação de advocacy depende, em grande parte de agilidade organizacional. Identificar representantes-chave do governo que poderiam impulsionar a iniciativa é muito importante, mas a capacidade de responder rapidamente a oportunidades que surgem no processo com alternativas concretas, é crucial. Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS esteve sempre diretamente envolvida e foi realizado um investimento dedicado ao tema nos últimos 3 anos para contribuiu com o sucesso da estratégia.

O que foi alcançado

No início de 2019, oito anos depois do início da atuação do IDIS, o governo brasileiro aprovou a Medida Provisória, transformando-a na Lei 13.800, a “Lei dos Fundos Patrimoniais”.

  • A regulamentação impulsionará a criação de Fundos Patrimoniais, em especial as OSCs culturais, como museus e orquestras, que se beneficiarão de incentivos fiscais.
  • Liderada pelo IDIS, a coalizão se mostrou uma forte estratégia com a adesão de cada vez mais apoiadores da sociedade civil. O tema tornou-se um compromisso fundamental da sociedade civil, a coalizão hoje conta com mais de 70 parceiros e apoiadores para a causa representantes de todos os setores.
  • A Lei estabelece as bases para um impacto de longo prazo. Se as maiores fortunas do Brasil doassem 1% de seus ativos para fundos patrimoniais, teríamos US $ 1,2 bilhão destinado a causas.

Aprendizados

  • As organizações devem estar atentas a eventos externos que podem gerar oportunidades de apoio político – neste caso, a tragédia do incêndio em um museu;
  • Conquistar a aprovação de uma nova lei leva tempo. Uma ação de advocacy bem-sucedida depende de agilidade e perseverança, assim como de disponibilidade ao longo do processo para responder a eventos e oportunidades à medida que surgem;
  • Construir uma base sólida de conhecimento, com referências internacionais, é importante;
  • Criar uma ampla coalizão foi o aspecto crítico inovador que levou ao sucesso.

 

*Estudo de caso originalmente publicado no WINGS – Worldwide Initiatives for Grantmaker Support: Impact Case Studies: Promoting an enabling environment for philanthropy and civil society