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Comunicação e confiança: os ativos invisíveis do engajamento

*Por Beatriz Waclawek, gerente de investimento social no Movimento Bem Maior

Apesar dos avanços do terceiro setor brasileiro, a cultura de doação ainda passa por instabilidades Em tempos de desinformação, sobrecarga de causas e alta rotatividade de apoio, a confiança passou a ser o eixo central da decisão de quem doa. O que determina essa confiança? E qual o papel da comunicação nesse processo?

Em 2024, no Movimento Bem Maior (MBM), observamos entregas estratégicas e robustas das organizações apoiadas pela nossa carteira. O Instituto Rodrigo Mendes, por exemplo, formou secretarias municipais de educação, contribuindo diretamente para a homologação de decretos e leis de inclusão de estudantes com deficiência. O Estímulo lançou o primeiro fundo de apoio a empreendedores afetados por desastres climáticos no Rio Grande do Sul, arrecadando cerca de R$722 milhões. A Ação da Cidadania sediou a reunião ministerial do G20, consolidando uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. O Todos Pela Educação reuniu os prefeitos eleitos das maiores cidades do país para pactuar compromissos com a educação pública.

Tais exemplos confirmam o que o campo social já sabe – e o que nem sempre é visível fora dele: as OSCs brasileiras vêm gerando resultados de grande valor. As entregas são técnicas, os métodos amadureceram, os resultados estão mais nítidos e a articulação política evoluiu. O desafio, hoje, está menos na capacidade de execução e mais em como essa entrega é percebida por quem doa.

A Pesquisa de Doação Brasil 2024 do IDIS evidencia esse ponto. O número de brasileiros que doam caiu de 84% para 78% entre 2022 e 2024. Os dados mostram que as doações estão mais seletivas, com uma baixa confiança estrutural nas organizações, no qual 83% buscam informações antes de doar, e 49% já deixaram de doar após notícias negativas. O novo perfil de doador é mais exigente e criterioso, concentrado nas classes médias e altas, e menos fiel na constância no apoio (49% dos doadores mantêm o apoio à mesma organização vs 69% em 2015). A pesquisa demonstra que confiança se tornou um critério central.

Por outro lado, a doação institucional, aquela que considera quem doou dinheiro para organizações sociais, campanhas e iniciativas aumentou de 36% para 43% e bateu recorde de volume: R$24,3 bilhões, o maior montante já estimado pela série histórica. O tíquete médio aumentou, especialmente entre pessoas com mais renda e escolaridade. Em meio a isso, observamos um Brasil marcado por desastres climáticos sem precedentes, envelhecimento populacional, instabilidade política e hiperconexão digital. Tais cenários afetam o imaginário coletivo e, por consequência, a cultura de doação. Em relação às pesquisas de 2020 e 2022, os dados de 2024 se aproximam de 2015, indicando certa retração, maior exigência de transparência e demanda por vínculos de confiança.

Diante das entregas de qualidade e de relevância do setor, exemplificadas no início pelas organizações da carteira do MBM, notamos um descompasso entre a percepção da sociedade sobre o campo social e o impacto positivo gerado no país. Se a entrega está acontecendo e o resultado é real, por que não reverbera na opinião pública?

Nesse quesito, a comunicação e transparência deixam de ser ferramentas satélites e passam a ser ativos centrais para a sustentabilidade do setor. Qual o caminho, então? Talvez seja começar pelo fortalecimento institucional, união de vozes e por uma comunicação mais estratégica.

Recentemente, o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) publicou um artigo sobre o papel do jornalismo local na construção de uma sociedade bem-informada e democrática, garantindo acesso a informações confiáveis. Talvez estejamos diante de uma oportunidade de revisitar a estratégia coletiva de narrativas do terceiro setor para nos unirmos e refletirmos porque tais estratégias não refletem em comunicações assertivas para a sociedade. Como gerar mais reconhecimento social? Precisamos, quem sabe, de uma coalizão de comunicação que represente o setor?

Quem trabalha no campo sabe o valor que ele gera. Mas se a sociedade não reconhece esse valor, então temos uma lacuna, e uma oportunidade.

A cultura de doação é sensível ao contexto, mas moldada pela confiança. E confiança se constrói com presença e escuta ativa. Transparência não é planilha: é relação. Engajamento não é só recorrência financeira, é quando quem doa sente que faz parte de algo maior. Eis minha interrogação final: o que, unidos, podemos fazer de maior?

Dez anos da Pesquisa Doação Brasil e a descoberta da cultura de doação brasileira

*Por Andréa Wolffenbüttel, consultora técnica da Pesquisa Doação Brasil

Quando cheguei ao IDIS, há dez anos, recebi uma missão desafiadora: realizar uma pesquisa que revelasse quantos brasileiros doavam e quanto doavam. Dito assim, parece simples. Mas ninguém havia feito isso antes — e as dúvidas eram muitas.

Havia quem defendesse que o foco deveria estar em quem não doa, para entender como conquistar esse público. Outros achavam mais importante compreender o doador, para estabelecer um diálogo mais eficaz e fidelizar as doações. Além disso, havia questões conceituais importantes: deveríamos considerar apenas doações em dinheiro? Ou também incluir doações de bens e trabalho voluntário?

Essas eram apenas algumas das perguntas que nos rondavam em um cenário sobre o qual pouco se sabia. O que hoje parece evidente — que os brasileiros são solidários, que a maioria faz doações, que há certo desconforto em falar sobre o ato de doar e uma desconfiança presente na relação entre doadores e organizações —, na época era desconhecido. A impressão predominante era de que a cultura de doação no Brasil ainda era incipiente.

Quando recebemos os resultados da primeira edição da Pesquisa Doação Brasil, ficamos surpresos: 77% dos brasileiros haviam feito algum tipo de doação em 2015. Mais da metade (52%) havia doado dinheiro e 43% contribuído com organizações sociais, campanhas ou grupos organizados. A reação da equipe foi de incredulidade. Pedimos ao Instituto Gallup, responsável pela coleta e análise dos dados na época, que reprocessasse os resultados. Achávamos que havia algum erro. Mas não havia.

Temíamos que os dados fossem questionados — como, de fato, foram. Ainda assim, o tempo se encarregou de dar perspectiva. A segunda edição da pesquisa, que analisou o comportamento dos doadores em 2020, um dos anos mais dramáticos da nossa história recente, veio confirmar tendências. Depois, veio a terceira. E agora, dez anos depois, lançamos a quarta edição da Pesquisa Doação Brasil, com resultados muito próximos aos da primeira.

O que se confirma é que a Pesquisa Doação Brasil foi um verdadeiro divisor de águas. Não apenas revelou a cultura de doação no país, como também contribuiu para fortalecê-la, ao lançar luz sobre comportamentos, motivações e barreiras que antes viviam no escuro.

Cultura de doação, recorrência e confiança: o que revelam os dados da Pesquisa Doação Brasil 2024?

*Por Fernando Nogueira, Diretor Executivo da ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos), e Vivian Fasca, Membro do Comitê Coordenador do Movimento por uma Cultura de Doação (MCD) e Diretora de Marketing e Fundraising da Plan International Brasil

É sempre momento de celebrar quando chega uma nova edição da Pesquisa Doação Brasil. Em especial, por vários motivos. Para começo de conversa, há muitas boas notícias, como o aumento do valor doado pelos brasileiros, a melhoria de vários indicadores, a expressão da solidariedade brasileira em tempos de emergências. Além disso, é fundamental termos cada vez mais dados de qualidade sobre o setor social. Finalmente, muitos vivas à pesquisa por sua regularidade e constância. Facilita análises de tendências de bases históricas, além de sinalizar um amadurecimento institucional do IDIS, dos investidores que acreditam nesta ideia e do ecossistema de filantropia brasileira.

Este artigo é fruto de uma leitura dos dados da pesquisa pela lente da Cultura de Doação. Se queremos um Brasil cada vez mais doador, é fundamental termos iniciativas como esta que tragam dados e nos ajudem a ver tendências, avanços e desafios.

A partir do olhar da cultura de doação, escolhemos focar em dois aspectos: a recorrência das doações e a questão da confiança. Sabemos que são fatores fundamentais para um Brasil mais doador. Se a doação for vista, cada vez mais, como prática cotidiana, será natural que a frequência das doações aumente. E confiança é um consenso na literatura acadêmica: é fator decisivo na motivação das doações. Os dados revelados pela pesquisa mostram razões para otimismo, mas também alertas que precisam de atenção para quem trabalha no setor social.

 

Doações recorrentes: de novo esse assunto?

Doações recorrentes de indivíduos, especialmente com frequência mensal, são essenciais para que o volume de recursos financeiros arrecadados seja suficiente para contribuir para a sustentabilidade financeira de organizações da sociedade civil. Por outro lado, um volume maior de brasileiras e brasileiros doando todos os meses dinheiro para causas socioambientais, demonstra que a cultura de doação está mais madura e permeia hábitos e valores das pessoas.

Portanto, o achado da Pesquisa Doação Brasil 2024 sobre a redução do volume de pessoas dispostas a doar mensalmente para a mesma organização, caindo de 44% em 2022 para 39% em 2024, é motivo de reflexão. Essa queda vem acompanhada de outro dado importante: a prática de doar para as mesmas organizações, ano após ano, está em declínio, com apenas 49% afirmando manter esse padrão, contra 55% em 2020 e 69% em 2015.

Entre os fatores para explicar a queda na fidelização às instituições, a Pesquisa identificou que os doadores brasileiros estão mais cautelosos e criteriosos, buscando decisões mais embasadas para escolher as organizações que merecem receber suas doações, muitas vezes cancelando suas doações por falta de confiança, transparência ou clareza por parte dessas mesmas instituições. Se por um lado, isso pode ser compreendido como maior maturidade do doador institucional brasileiro, aquele que doa dinheiro, também revela o quanto o distanciamento e desconhecimento em relação, especialmente às organizações da sociedade civil, desperta um grau alto de desconfiança.

Isso é um indicador de quanto ainda é preciso avançar na promoção da cultura de doação, fortalecendo e aproximando as organizações da sociedade civil que atuam no país da população brasileira em geral, reforçando o ato de doar como parte do exercício de cidadania, ao mesmo tempo em que as próprias organizações precisam reforçar, em seus canais de comunicação, informações claras e transparentes sobre sua atuação e impacto, e sobre como utilizam os recursos financeiros que recebem. Apesar da queda das doações institucionais mensais, observou-se na Pesquisa que doações feitas com intervalos maiores, por exemplo, de 6 em 6 meses aumentaram. Este dado somado ao crescimento das doações emergenciais, que representaram 74% das motivações para doar em 2024, num ano recheado de emergências, como a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, indica que pode estar havendo competição na carteira dos doadores brasileiros entre o comprometimento contínuo com uma causa/uma organização e as várias emergências que acontecem ao longo do ano. Como estamos em tempos de intensificação da crise climática, que provavelmente tornará as emergências do clima mais frequentes, este pode não ser um dado pontual de 2024.

Será necessário acompanhar este comportamento nos próximos anos, para compreender as preferências dos doadores institucionais brasileiros em relação às doações recorrentes de dinheiro. Em alguns países, os doadores institucionais dão preferência a doações pontuais repetidas vezes ao longo do ano, o que podemos chamar de doações ocasionais, mas evitam se comprometer com a doação todos os meses. E em alguns casos, o valor doado anualmente atinge valores altos, mesmo sem a frequência mensal. Isso exige também uma abordagem diferente por parte das organizações, realizando campanhas contínuas com o pedido de doação.

 

Confiança: desconfiamos que isso é importante…

Apesar da maioria dos brasileiros reconhecer a importância das ONGs e sentir-se bem ao doar, ainda há muito espaço para aumento na cultura e na prática da doação. Esta nova edição da Pesquisa Doação Brasil reforça o quanto a confiança é um dos fatores-chave na consolidação desta cultura. Quem confia mais, tem mais tendência a doar. Mas o outro lado também é verdadeiro: quem confia menos, doa menos.

A confiança como motivadora da doação aparece de muitas formas. Pode se revelar nos critérios e cuidados para fazer a doação: as razões mais citadas para fazer uma doação se relacionam a conhecer bem a causa e a organização beneficiada.

Pode aparecer também como os motivos que mais influenciaram em uma decisão de doação. Não surpreende que igrejas, grupos comunitários, família, amigos ou vizinhos sejam citados como os grupos de maior influência. Não por acaso, são os grupos nos quais tendemos a depositar nossa maior confiança.

 

A desconfiança como razão para não doar também tem muitas facetas

Só 30% acreditam que a maior parte das ONGs é confiável. Similar à edição anterior, mas muito abaixo dos 41% da edição de 2020 – e também muito abaixo do que gostaríamos. Quanto maior a renda do potencial doador, maior a desconfiança em relação às ONGs e ao uso dos recursos.

33% afirmam que as ONGs deixam claro o que fazem com os recursos que recebem. Quando perguntado de forma mais específica, se o respondente confiaria no uso do seu dinheiro doado, a desconfiança aumenta mais ainda, pulando para 46%. Esse número vem subindo de forma lenta e consistente desde a primeira edição.

A Pesquisa também destaca um subgrupo: homens adultos (entre 30 e 50 anos) são os que mais desconfiam das ONGs, enquanto mulheres, jovens e idosos tendem a ter uma visão mais favorável. Esse dado parece estar alinhado ao de outras pesquisas feitas no Brasil e no mundo sobre a polarização política e a descrença na sociedade civil entre pessoas com esse perfil, e merece atenção especial em futuros estudos.

Finalmente, a pesquisa aprofunda o olhar para não-doadores. Em 2024, a falta de confiança e transparência chegou à liderança para este grupo, como razão para não doar (citada por 38% dos respondentes), praticamente empatada com a falta de condições financeiras (37%). A tendência é preocupante: a desconfiança como motivo de não doação passou de 12% das citações em 2020 para os atuais 38%!

Mas nem tudo parece perdido. Perguntados se algo os faria voltar a doar, 69% se mostraram dispostos, o maior número nas últimas três edições. Entre as principais condições para voltar a ser doador, 3 das 4 respostas mais citadas envolve algum aspecto ligado à confiança (saber como o dinheiro será usado, conhecer uma organização em que confie, transparência / prestação de contas).

 

Reflexões finais

Os resultados da Pesquisa Doação 2024 chegam num contexto desafiador para a promoção da cultura de doação no País e para o aperfeiçoamento das práticas de captação de recursos pelas organizações da sociedade civil.

Estamos diante de um cenário com mudanças significativas na filantropia internacional com redução de recursos e maior competição junto aos financiadores institucionais, ainda sem observar crescimento significativo do investimento social privado brasileiro e de doações corporativas, para além do aporte em projetos incentivados, que recebem recursos via leis de incentivo fiscal.

Nesse contexto, o copo parece meio vazio com o dado geral da Pesquisa Doação de 2024, indicando queda na proporção de brasileiros que doaram em 2024: 78%, ante 84% em 2022, patamar similar ao de 2015.

Por outro lado, para compensar este contexto desafiador, a Pesquisa Doação 2024 apresenta o copo meio cheio com dados animadores, como o crescimento do percentual de doadores institucionais brasileiros, os que doam dinheiro para causas. 43% da população brasileira manifestou ter doado dinheiro em 2024, o maior percentual registrado desde 2015.

O crescimento também do valor médio doado para R$ 1.180, ante R$ 833 em 2022 é também boa notícia, registrando uma mediana de R$ 480 por doador, em 2024, ante R$ 300 em 2022. Esses dados nos mostram que, apesar de termos uma estrada pela frente para tornar a doação entre brasileiras e brasileiros parte fundamental da nossa cultura, estamos evoluindo e temos um potencial imenso a ser explorado em várias dimensões nos próximos anos.

Juntos pelo Rio Grande do Sul: a força da solidariedade em situações emergenciais

*Por Murilo Nogueira, diretor administrativo & financeiro da Fundação Bradesco

A solidariedade continua sendo um valor profundamente enraizado na sociedade brasileira. Segundo a Pesquisa Doação Brasil, desenvolvida pelo IDIS, 82% da população acredita que situações emergenciais justificam a doação de recursos, e 50% dos brasileiros afirmam ter doado com esse objetivo em 2024. O ano foi marcado por dez eventos climáticos extremos, sendo três considerados sem precedentes, como as chuvas no Rio Grande do Sul, a maior tragédia climática da história do país, e as severas secas na Amazônia e no Pantanal.

Com mais de 68 anos de atuação, a Fundação Bradesco é o maior projeto de investimento social privado do Brasil, promovendo educação gratuita e de qualidade para quem mais precisa. Mantém uma rede de 40 escolas próprias, presentes em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, atendendo a mais de 42 mil alunos, por ano, na Educação Básica regular. Histórias reais e milhares de vidas impactadas: é assim que a Fundação reafirma, todos os dias, sua convicção de que só a educação transforma.

Com base nesse compromisso institucional, a Fundação Bradesco estruturou sua atuação emergencial no Rio Grande do Sul, a partir de três pilares: articulação, escuta e cuidado. Presente no estado com três unidades escolares em Bagé, Gravataí e Rosário do Sul, a Fundação mobilizou seus públicos de influência para atuar com
rapidez e efetividade.

A campanha “Juntos pelo Rio Grande do Sul” mobilizou colaboradores da sede da Fundação, das escolas Osasco I e II e da Organização Bradesco em uma ampla rede solidária. Como resultado, foram arrecadadas cinco toneladas de donativos, entre roupas, produtos de higiene e mantimentos, enviados diretamente às regiões atingidas. A Escola Fundação Bradesco de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, assumiu papel central na operação, tornando-se o ponto de recebimento e distribuição das doações provenientes de diversas localidades do País, inclusive por meio de aviões particulares.

A estrutura da unidade foi adaptada para armazenar e organizar os donativos, garantindo agilidade na entrega às comunidades mais afetadas. Esse movimento foi viabilizado pelo engajamento dos colaboradores locais e pela atuação coordenada de toda a rede. A resposta incluiu ainda um aporte financeiro de R$ 1 milhão ao governo gaúcho, contribuindo para as ações emergenciais no território. Internamente, os colaboradores das unidades locais receberam medidas de apoio, como antecipação do 13º salário, suporte psicológico e acompanhamento social, ações que garantiram acolhimento em um momento de extrema vulnerabilidade.

Nas salas de aula, a empatia também esteve presente. Mais de 1.500 cartas escritas por estudantes de todo o Brasil foram enviadas às famílias afetadas, levando palavras de conforto e esperança — um gesto simbólico que reforça o papel educativo da solidariedade.

A cultura de doação no Brasil é cíclica e tende a reagir às crises: caiu durante a pandemia, retomou em 2022 e voltou-se fortemente às emergências climáticas em 2024. A Pesquisa Doação Brasil também aponta que o atual cenário de baixa confiança e incerteza econômica tem levado a população a adotar posturas mais críticas e seletivas em relação às doações. Em contraste, a Fundação Bradesco mantém, há mais de sete décadas, um legado de compromisso contínuo com a transformação social, sustentado por uma gestão responsável e pela solidez de um modelo institucional que alia visão de longo prazo, sustentabilidade financeira e impacto real. Com investimentos anuais na ordem de R$ 1,5 bilhão e mais de R$ 10 bilhões aplicados na última década, a Fundação reafirma que a confiança se constrói com consistência, transparência e entrega real de valor à sociedade.

Diante desse cenário, a atuação coordenada, transparente e sensível da Fundação Bradesco reafirma a importância da integridade institucional e da confiança como base para mobilizações efetivas. A experiência no Rio Grande do Sul trouxe aprendizados valiosos — da logística solidária à escuta ativa — e reforçou o papel estratégico das instituições educacionais em tempos de crise.

Agora e no futuro, a Fundação continuará atuando com propósito em causas sociais estruturantes e em situações emergenciais, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, resiliente e empática.

Cooperar é somar: Quando a solidariedade vira estratégia de transformação

*Por Romeo Balzan, superintendente de cooperativismo na Fundação Sicredi

Em 2024, o Brasil foi sacudido por uma sucessão de desastres climáticos que deixaram cicatrizes profundas no território e no coração do País. As enchentes no Rio Grande do Sul não foram apenas uma tragédia — foram um grito de alerta. Um chamado urgente para entrarmos em ação. E foi exatamente isso que o Sicredi fez. No epicentro da maior crise climática da história gaúcha, escolhemos estar onde sempre estivemos: ao lado das pessoas. Transformamos presença em ação, e ação em esperança. Mostramos que cooperar não é apenas um valor — é uma estratégia de transformação. Em um país onde metade da população respondeu com doações em 2024, e onde cresce a expectativa de que empresas sejam parte da solução, o Sicredi escolheu liderar pelo exemplo. Escolheu agir. Escolheu cooperar.

 

Solidariedade que se organiza, cooperação que se multiplica

A campanha “1 + 1: Cooperar é somar” foi mais do que uma iniciativa de arrecadação. Foi um convite à empatia ativa e à ação coletiva. Cada real doado por associados, colaboradores e comunidade foi dobrado, gerando um efeito multiplicador de solidariedade. O resultado foi uma mobilização histórica que movimentou R$ 25,4 milhões em doações, com contribuições da comunidade, da Fundação Sicredi e das cooperativas.

Mas a cooperação não parou por aí. Outro R$ 1,3 milhão foi doado por parceiros nacionais e internacionais, um valor também intermediado pela Fundação Sicredi, ampliando o alcance das ações emergenciais.

E, em uma terceira frente de apoio, as Centrais e Cooperativas do Sicredi destinaram mais de R$ 17,1 milhões diretamente às comunidades, com foco especial em  colaboradores e escolas participantes dos programas de educação. Além disso, por meio dos Fundos Institucionais do Sicredi, foram direcionados mais de R$ 48,7
milhões ao apoio das regiões atingidas.

No total, os esforços do Sicredi somaram mais de R$ 92 milhões em apoio direto às comunidades e cooperativas afetadas. Cada centavo, um gesto de cuidado. Cada entrega, uma ponte entre o trauma e a reconstrução. É a cooperação fazendo a diferença real na vida das pessoas.

 

Quando a reputação se constrói com ação

A Pesquisa Doação Brasil 2024 revelou um dado poderoso: 70% dos doadores emergenciais valorizam e se lembram das empresas que doaram. E mais: 48% acreditam que é responsabilidade das empresas agir em emergências, enquanto 46% acham que elas ainda fazem pouco.

O Sicredi escolheu fazer mais. Mobilizou sua rede, seus fundos, seus parceiros e sua comunidade. Transformou capilaridade em logística humanitária. E, acima de tudo, mostrou que reputação não se constrói com marketing — se constrói com coerência.

 

Confiança se conquista com presença

Em um país onde apenas 31% da população confia que as ONGs deixam claro o que fazem com os recursos, a transparência virou um ativo estratégico. A Fundação Sicredi assumiu a gestão dos recursos com rigor, rastreabilidade e foco nas reais necessidades locais. Cada ação foi pensada para gerar impacto com responsabilidade. Cada entrega, uma reafirmação de confiança.

 

O cooperativismo como infraestrutura social de confiança

A crise de 2024 não apenas testou estruturas — ela revelou vocações. A do Sicredi sempre foi clara: ser um agente de transformação social. A experiência reforçou a importância de protocolos de resposta, mas também de algo mais profundo: uma cultura de solidariedade institucionalizada.

A solidariedade é um valor do cooperativismo, fazendo parte do DNA das cooperativas, sendo ela um ingrediente essencial da atuação local do Sicredi.

A Pesquisa Doação Brasil também mostrou que 45% dos brasileiros atribuem grande responsabilidade às empresas na solução de problemas sociais e ambientais — número que cresce entre os mais escolarizados e com maior renda. Isso nos desafia a ir além da filantropia pontual. A construir estratégias de impacto social com visão de longo prazo.

 

E o futuro? Ele começa agora.

O futuro que queremos não se constrói apenas com planos — ele começa com escolhas. E diante das enchentes no Rio Grande do Sul, o Sicredi em nível nacional se uniu em apoio aos associados e comunidades atingidas. Mais do que uma resposta emergencial, foi reafirmar um posicionamento claro sobre o tipo de sociedade que queremos construir. Uma sociedade próspera, onde a cooperação seja o instrumento de conexão entre pessoas, empresas, poder público e demais entes sociais presentes nas localidades.

Em meio ao caos, fomos ao encontro de quem precisava. Agimos com empatia, estratégia e coragem. Cada gesto e recurso mobilizado, foi uma afirmação de que é possível fazer diferente. Reafirmamos, com ações concretas, nosso compromisso com um Brasil mais justo, resiliente e sustentável — onde empresas não apenas doam, mas se envolvem, se responsabilizam e se transformam junto com as comunidades. Porque aqui no Sicredi não é só dinheiro, é ter com quem contar.

Pesquisa Doação Brasil: volume de doações individuais no brasil chega a R$24,3 bilhões em 2024

O levantamento aponta um doador mais exigente e traz um capítulo especial sobre doações para situações emergenciais 

Fortemente influenciada pelo contexto socioeconômico e situações emergenciais, o cenário da doação no Brasil apresenta um novo padrão. A nova edição da Pesquisa Doação Brasil revela práticas de doação mais criteriosas, aumento nos valores doados e maior exigência quanto à transparência de instituições beneficiadas. Em 2024, 78% dos brasileiros acima de 18 anos e com rendimento familiar superior a um salário mínimo fizeram ao menos um tipo de doação, seja de dinheiro, bens ou tempo, na forma de voluntariado.

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LANÇAMENTO

O lançamento e a divulgação dos dados da publicação aconteceram no dia 6 de agosto, em um evento híbrido: presencial em São Paulo e transmitido pelo YouTube. O encontro reuniu 53 pessoas presencialmente e já soma mais de 600 visualizações da transmissão ao vivo.

Evento de lançamento da Pesquisa Doação Brasil 2024

A programação teve início com uma contextualização do cenário brasileiro diante da temática da confiança, elemento central da pesquisa, realizada por Marcos Calliari, CEO da Ipsos. Em seguida, Rafael Pisetta, gerente de pesquisa da Ipsos responsável pela elaboração do estudo, apresentou detalhadamente os principais resultados.

Na sequência, o debate contou com a participação de Fernando Nogueira, diretor executivo da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR); Vinicius Barrozo, analista sênior de Marca e Valor Social da Globo; e Vivian Fasca, integrante do Comitê Coordenador do Movimento por uma Cultura de Doação (MCD) e diretora de Marketing e Fundraising da Plan International Brasil. A conversa foi mediada por Andréa Wolffenbüttel, consultora e coidealizadora da Pesquisa Doação Brasil, e percorreu diversos aspectos: da análise geral sobre confiança às implicações dos dados na captação de recursos e no papel de influência da mídia.

Confira a gravação do lançamento:

 

PESQUISA DOAÇÃO BRASIL 2024

O levantamento bianual é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e traz um retrato detalhado sobre a percepção e as práticas de doação dos brasileiros. A pesquisa tem como uma das principais frentes de análise o conceito da doação institucional de dinheiro, feita para ONGs, campanhas e/ou projetos socioambientais, e não considera doações de esmola, dízimo ou dinheiro para conhecidos.

“A Pesquisa Doação Brasil traz dados fundamentais para compreendermos os avanços e os desafios em relação a essa prática, e reforçam a importância de promovermos confiança nas ONGs, além de seguirmos fomentando a cultura de doação no Brasil”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

A pesquisa, realizada pela Ipsos a pedido do IDIS, tem abrangência nacional, com representatividade em todas as regiões do país, e foi realizada a partir da coleta online de 1.500 entrevistas. A margem de erro do estudo é de 2,5 p.p.

O valor estimado do volume de doações, em 2024, foi de R$24,3 bilhões, superior aos R$14,8 bilhões registrados em 2022 e corrigidos aos valores atuais. A mediana das doações individuais anuais passou de R$ 300 para R$ 480.

 

A prática se mostra mais espaçada, acontecendo menos vezes ao ano, porém mais estratégica: a maioria dos doadores afirma escolher com cuidado as causas (86%) e buscar informações antes de doar (83%). Por outro lado, 49% já deixaram de doar após notícias negativas sobre organizações, o que evidencia a importância da confiança como um ativo essencial para o setor. A fidelização também apresentou queda: apenas 49% mantêm o hábito de doar para as mesmas instituições todos os anos – em 2015, eram 69%.

O perfil do doador em 2024 revela um cenário mais equilibrado e qualificado. Homens e mulheres apresentam taxas de doação semelhantes, marcando uma nova equiparação entre os gêneros. A maior incidência está entre adultos de 30 a 49 anos — faixa etária economicamente ativa e estável — e entre pessoas com ensino superior, das quais mais da metade realiza doações (57%). A prática também está mais presente entre indivíduos com renda familiar mais elevada, com destaque para os crescimentos nas faixas entre 4 e 6 salários mínimos e acima de 8 salários mínimos.

Geograficamente, as regiões Norte, Centro-Oeste e Sul registraram maiores índices, influenciadas pela ocorrência de situações emergenciais em 2024. O estudo revela também uma mudança no ecossistema de influência: redes comunitárias e religiosas ganham mais espaço, enquanto abordagens tradicionais como ligações ou e-mails perdem efetividade.

 

CAPÍTULO ESPECIAL: DOAÇÕES EM SITUAÇÕES EMERGENCIAIS

Com eventos climáticos extremos de grande magnitude acontecidos no Brasil em 2024, como as enchentes no Rio Grande do Sul, seca na Amazônia e incêndios no Pantanal, a Pesquisa Doação Brasil traz ainda um capítulo especial sobre doações feitas para situações emergenciais. Entre os destaques, está o fato de que metade da população brasileira doou para uma emergência em 2024, com doações mais expressivas do que observado durante a pandemia, o que sugere uma maior disposição para doar em momentos de crise. Foi revelador também o fato de que 60% das doações em dinheiro para estes fins foram destinadas a locais fora do seu próprio estado, demonstrando não apenas solidariedade nacional, mas um instinto profundo de agir, mesmo quando a necessidade está distante de casa.

De acordo com Patricia McIlreavy, CEO do Center for Disaster Philanthropy (CDP), que contribuiu com a pesquisa, “As organizações mais próximas das comunidades afetadas são também as mais capacitadas a oferecer soluções, mas precisam de recursos antes, durante e depois dos desastres.” Como doadores emergenciais tendem também a doar em outras situações, McIlreavy destaca como no Brasil há um grande potencial de engajar o doador emergencial em ações mais estruturantes, que envolvem o enfrentamento às causas das vulnerabilidades e a recuperação de longo prazo.

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Outros números da pesquisa

  • Entre os comportamentos abordados pela Pesquisa – doação de dinheiro, tempo e bens, apenas o último apresentou retração. A prática foi realizada por 75% dos respondentes em 2022 e caiu para 67% em 2024, influenciando a queda da doação em geral, de 84% para 78%;
  • Penetração de doadores institucionais por faixa de renda: 54% entre 4 e 6 salários mínimos (+14 p.p. em relação a 2022), 60% entre 6 e 8 salários mínimos (+6 p.p.) e 63% acima de 8 salários mínimos (+10 p.p.);
  • Mesmo entre os brasileiros com renda de até 2 salários-mínimos, observa-se uma leve qualificação no comportamento de doação: caiu a proporção dos que doam anualmente até R$ 150 (46% para 32%) e aumentou a dos que doam entre R$ 151 e R$ 500 (37% para 46%);
  • Foi identificada uma queda de doações mensais (de 44% em 2022 para 39% em 2024) e crescimento das doações a cada 6 meses (de 9 pontos percentuais em 2022 para 12 em 2024);
  • Transição digital e logístico-financeira: com o avanço de formas práticas como PIX, adotada por 66% dos doadores institucionais, doar dinheiro se torna mais simples e direto, em detrimento das doações de bens, que exigem deslocamento, armazenamento e mediação;
  • Em 2024, a confiança na instituição aparece como motivador extremamente relevante para doar (81%). Por outro lado, a desconfiança persiste como barreira estrutural: apenas 30% acreditam que a maioria das ONGs é confiável;
  • Sobre doações emergenciais, cerca de ¼ dos Doadores Emergenciais afirmaram que deixaram de fazer outros tipos de doações para doar para emergências; somente 10% do total de respondentes da amostra doou exclusivamente para emergências em 2024;
  • 66% dos doadores que contribuíram com dinheiro para situações emergenciais em 2024 pretendem continuar doando para as ONGs, indicando um potencial de conversão de doadores emergenciais em doadores regulares;

REALIZAÇÃO E APOIO

 

SOBRE a PESQUISA DOAÇÃO BRASIL

A Pesquisa Doação Brasil foi criada com o propósito de mapear, de forma aprofundada, as percepções, atitudes e práticas de doação entre os brasileiros, com foco especial nas contribuições monetárias. O estudo investiga os fatores que impulsionam ou dificultam o ato de doar, oferecendo uma leitura abrangente do comportamento do doador individual no país. Desde sua primeira edição, que refletiu o ano de 2015, a pesquisa se consolidou como a principal fonte de dados sobre a cultura de doação no Brasil, com novas edições sobre 2020, 2022 e 2024. Ao longo desse percurso, ela vem contribuindo para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de mobilização de recursos, oferecendo subsídios valiosos para políticas públicas, iniciativas do terceiro setor e ações institucionais que visam tornar a cultura de doação no Brasil mais sólida, consciente e sustentável.

Vem aí: Webserie sobre o programa Transformando Territórios

De quem é a responsabilidade de transformar os territórios?

Todo território carrega potências que, quando reconhecidas, transformam o Brasil. Para dar visibilidade a essas potências e ampliar o conhecimento sobre a filantropia comunitária no país, o IDIS apresenta a Webserie Transformando Territórios, que traz 14 histórias reais de impacto, pertencimento e protagonismo comunitário promovidos por Fundações e Institutos Comunitários (FICs) em diversas regiões do Brasil.

O lançamento acontecerá no dia 19 de agosto, às 16h, em uma transmissão online gratuita. Para debater sobre o tema, o evento contará com um painel com a participação de Carola Matarazzo (Movimento Bem Maior), Helena Monteiro (Harvard University), Nick Deychakiwsky (Mott Foundation), Paula Fabiani (IDIS) e Samantha Jones (Associação Nossa Cidade).

INSCREVA-SE AQUI!

“Acreditamos que a filantropia comunitária pode ser um importante vetor de transformação social no Brasil. Já bem disseminado no exterior, nós tivemos que “ajaboticabar” esse modelo para nossa realidade brasileira. E o lançamento da websérie é um grande marco para o programa Transformando Territórios e todas as organizações que o integram. Com todos esses vídeos, podemos enxergar a abrangência das atuações das fundações e institutos comunitários (FICs) brasileiros e toda essa diversidade em cada um dos territórios.Essa websérie foi construída colaborativamente com as FICs, o que contribuiu para que ele se tornasse ainda mais incrível”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Paula Fabiani com lideranças das organizações durante encontro ocorrido em março

A websérie apresenta iniciativas desenvolvidas por organizações que conhecem de perto os desafios e as oportunidades de seus territórios, atuando com base no diálogo, na escuta e na mobilização comunitária. São elas:

 

  • Alagoas: Mundaú Mundo
  • Amazonas: Manauara Associação Comunitária
  • Espírito Santo: FUNDAES – Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo
  • Maranhão: Instituto Baixada Maranhense
  • Minas Gerais: Associação Nossa Cidade e JEQUI – Instituto Comunitário de Desenvolvimento e Inovação do Vale do Jequitinhonha
  • Rio de Janeiro: Fundo Comunitário da Maré e Instituto Comunitário Paraty
  • Rio Grande do Sul: Fundação Gerações
  • São Paulo: Fundo Comunitário Perifasul M’Boi Mirim, FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos e Instituto Cacimba
  • Santa Catarina: ICOM – Instituto Comunitário Grande Florianópolis
  • Sergipe: ICOSE – Instituto Comunitário de Sergipe

 

A webserie é uma realização do Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, com parceria da Charles Stewart Mott Foundation e apoio do Movimento Bem Maior.


SOBRE O TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Saiba mais sobre o programa e os participantes em www.transformandoterritorios.org.br.

Veja a programação completa do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2025

A 14° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais acontece no 1 de outubro, quarta-feira, a edição presencial, exclusiva para convidados, acontecerá na Casa Melhoramentos (R. Tito, 479 – Vila Romana, São Paulo – SP).  

Com o tema Esperançar, o evento acontecerá em formato presencial para convidados e será transmitido ao vivo a todos os interessados em acompanhar os debates.

AS INSCRIÇÕES JÁ ESTÃO ABERTAS PARA A EDIÇÃO ONLINE


Confira a ementa do evento:

Diante da complexidade da policrise mundial, é fácil sentir-se paralisado, com o horizonte do futuro encoberto pela incerteza. Mas não podemos apenas esperar. Precisamos reacender a chama de nossa humanidade resiliente, cultivar a confiança na solidariedade e em nós mesmos. Mais do que nunca, é tempo de agir, colaborar, mobilizar forças e acreditar que um mundo com mais equidade é possível. A filantropia é um farol, guiando a direção de novas alternativas e possibilidades, transformando esperança em movimento. Sigamos, com coragem para esperançar.

Nesta edição, junte-se a nós para explorar como a esperança pode e deve ser um verbo de ação a partir de histórias e práticas.

 


CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA

9h10 | Performance artística e abertura do evento

 

9h35 | O esperançar é ancestral
Daniel Munduruku

Em muitas línguas indígenas, não há uma palavra para ‘futuro’. O tempo se constrói entre o passado e o presente, e é no agora que se semeia o que virá. Aprender com os povos originários é reconhecer que pertencemos – e que pertencer implica cuidar. Seus saberes ancestrais, profundamente conectados à natureza e ao coletivo, apontam caminhos para atravessar as mudanças com respeito, colaboração e escuta. Inspirar-se nessa perspectiva é um caminho para reacender o farol da filantropia, enraizando a inovação na terra e relembrando que, para esperançar um futuro mais solidário e sustentável, é preciso primeiro pertencer.


10h
 | Esperançar em tempos de mudanças climáticas
Alice Amorim (COP30), Patricia McIlreavy (Center for Disaster Philanthropy) e Viviana Santiago (Oxfam Brasil) com moderação de Malu Nunes (Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza)

A crise climática já não é um risco futuro. É uma realidade que impacta comunidades em todo o mundo. A intensificação das emergências exige respostas ágeis, mas também visão de longo prazo para promover transições justas. Neste cenário, o Brasil se prepara para sediar a Conferência do Clima da ONU na Amazônia, região chave para o equilíbrio climático nacional e global. Do apoio à adaptação e à reconstrução, à mobilização por justiça climática, desenvolvimento socioambiental e políticas públicas equitativas, as iniciativas filantrópicas têm atuado em múltiplas frentes. Com olhares nacionais e internacionais, as experiências compartilhadas colocam as comunidades no centro das decisões e reforçam o papel das doações na construção de futuros sustentáveis. Porque o planeta exige coragem, escuta ativa e alianças plurais.

 

10h50 | Empresas semeando transformações
Fátima Lima (MAPFRE no Brasil), Murilo Nogueira (Fundação Bradesco) e Keyla Rodrigues  (Fundação Sicredi) e com moderação de Helen Pedroso (L’Oreal)

Diante de crises recorrentes e desigualdades persistentes, o setor empresarial e suas fundações são cada vez mais convocados a atuar com intencionalidade, estratégia e compromisso de longo prazo. Com raízes em territórios e ações com capilaridade para atuar nas mais diversas frentes, iniciativas empresariais têm mostrado como é possível semear transformações e trazer esperança para grupos vulnerabilizados. Convidamos a audiência a refletir como a filantropia empresarial pode gerar respostas consistentes e estruturantes – não apenas mitigando danos, mas contribuindo de forma profunda a  causas e construindo legados de impacto social positivo por gerações.

 

SESSÕES PARALELAS

11h40 | Reverberando impactos: a geração de valor na cadeia filantrópica
Aron Zylberman (Instituto Cyrela), David Saad (Instituto Natura),  Alejandro Alvarez von Gustedt (Rockefeller Philanthropy Advisors) e moderação de Thais Nascimento (GIFE)

A pandemia de COVID-19 revelou o potencial filantrópico das empresas: além de recursos financeiros, corporações possuem ativos, redes, recursos e capacidades que podem ser mobilizados para resolver problemas socioambientais. A cadeia filantrópica, ou seja o processo de apoio financeiro a organizações e projetos, ao envolver vários stakeholders ( partes interessadas) da empresa gera valor não só para a sociedade mas também para a empresa que se beneficia de maior atração e retenção de talentos, ganhos reputacionais, oportunidades de aprendizado, inovação e melhoria nas relações com a comunidade. Vamos conhecer experiências que podem ser seguidas para que mais empresas potencializem seus impactos em suas cadeias filantrópicas.

11h40 | Cultivando futuros: caminhos para a filantropia familiar no Brasil (não será transmitido ao vivo)
Carola Matarazzo (Movimento Bem Maior), Fernando Nogueira (ABCR), Marina Cançado (Converge Capital) e moderação de Márcia Kalvon (Instituto Futuro é Infância Saudável – Infinis)

Com a retração de recursos internacionais e o aumento da complexidade dos desafios globais, ganha força o fortalecimento de estruturas locais de financiamento e engajamento. A filantropia familiar, com potencial de flexibilidade, visão de longo prazo e conexão com os territórios, têm papel central nesse processo. A partir das propostas do estudo ‘Caminhos para uma atuação mais ampla e estratégica da filantropia familiar no Brasil’, esta sessão convida à reflexão sobre como ampliar e tornar essa prática mais estratégica, tornando o campo mais estruturado, acolhedor e colaborativo – entendendo que a transformação exige articulação entre filantropos, especialistas, organizações e formuladores de políticas públicas. A filantropia familiar traz esperança e ação na busca de  uma sociedade mais equitativa e sustentável.


12h30
| Almoço temático

 

14h | Humanidade: a origem da esperança
David Kyuman Kim (Being Human)

Em tempos de policrise marcados pelo medo e polarização, David Kyuman Kim nos convida a observar o horizonte e recuperar perguntas essenciais: o que significa ser humano? Por que amar, apesar do ódio? Como perdoar? Por que o outro importa? Mais do que nunca, a ousadia de esperançar se faz necessária para promover um futuro possível a todos e a plataforma Being Human nos propõe este exercício. Nesta sessão, vamos praticar a esperança como verbo de ação, provocando sobre qual seria o papel da filantropia e do investimento social na construção deste futuro com mais solidariedade, compaixão e amor ao próximo.

14h20 | Em conversa com..
Tânia Haddad (Insper)

 

14h50 | Lançamento: Websérie Transformando Territórios

 

SESSÕES PARALELAS

15h | Esperançar e não esperar: monitoramento para a construção de pontes
Ana Fontes (Rede Mulher Empreendedora), Jessie Krafft (CAF America), Letícia Born (Co-Impact) e moderação de Wesley Matheus (SMA/MPO)

Iniciar um projeto socioambiental significa desejar impactos positivos a partir de recursos limitados. O processo originalmente planejado nem sempre se mostra o melhor caminho na prática e por isso que o investimento em monitoramento tem se mostrado tão importante para facilitar o diálogo entre os envolvidos e permitir correções de rota. Um processo crítico contínuo, que nos leva a esperançar ao invés de apenas esperar por bons resultados. Mas quais as ferramentas e qual o nível ideal de acompanhamento? E como elementos como dados, confiança e equilíbrio de poder entram nesta equação?

15h | Territórios e Comunidades: sonhar e transformar (não será transmitido ao vivo)
Gleice Santana Morais (Sicoob), Tião Rocha (CPCD) e Vitor Hugo Neia (Fundação Grupo Volkswagen) com moderação de Selma Moreira (IDIS)

A força de uma comunidade está na capacidade de manter-se firme diante das adversidades e de reconstruir-se coletivamente nos momentos de necessidade. Investir em comunidades resilientes e cultivar o engajamento local, como no cooperativismo e filantropia comunitária, é fundamental para transformar realidades e cultivar o espírito de solidariedade. Conheça experiências que reconhecem o valor da cultura, da economia local, da cooperação e da escuta como ferramentas de transformação. São caminhos que mostram como a filantropia e o investimento social privado podem alavancar potências já existentes, disseminar esperança, promovendo inclusão e autonomia – sempre com respeito à sabedoria de quem conhece o território em que vive.

 

15h50 | Coffee Break

 

16h10 | Prêmio Empreendedor Social: vencedores 2024
Jorge Júnior (Trampay), Simony César (Super NINA), Valmir Ortega (Belterra Agroflorestas) e moderação de Eliane Trindade (Folha de S.Paulo)

Lançado em 2005, o Prêmio Empreendedor Social, da Folha de S.Paulo em parceria com a Fundação Schwab, reconhece anualmente empreendedores que se destacaram por colocar em prática soluções socioambientais, trazendo esperança de um futuro melhor. Conheça os vencedores da última edição, nas categorias Inovadores Sociais do Ano e Soluções que Inspiram.

 

16h40 | Inovações e tecnologia: da distopia a utopia
Camila Valverde (Fundação ArcelorMittal), Eduardo Saron (Fundação Itaú), João Abreu (ImpulsoGov) e moderação de Adriana Abdenur (Global Fund for a New Economy)

A tecnologia é uma ferramenta poderosa quando está a serviço das pessoas e das soluções que buscamos coletivamente. A inteligência artificial, plataformas de dados e metodologias digitais têm ampliado a capacidade de gerar impacto de forma estratégica, especialmente quando conectadas a políticas públicas e avaliação de impacto. Reunimos experiências que mostram como a tecnologia pode fortalecer a atuação de gestores públicos, impulsionar mudanças estruturais e promover uma cultura avaliativa voltada à transformação social. Combinando parcerias estratégicas, dados inteligentes e visão de longo prazo, o debate aponta caminhos para escalar soluções que respondam a desafios urgentes – sem perder de vista o compromisso com equidade, confiança e colaboração.

 

17h30 | Interdependência e Resiliência: o esperançar é coletivo
Felipe Bogotá (TerritoriA), Rachel Flynn (Skoll Foundation), Thuane ‘Thux’ Nascimento (PerifaConnection) e Paula Fabiani (IDIS)

O futuro que desejamos não será construído por uma única voz, organização ou território. Ele surgirá da ação coletiva, do diálogo contínuo e da coragem de transformar estruturas. Encerrando esta edição do Fórum, esta plenária nos convida a manter acesa a chama que percorreu o dia: a certeza de que esperançar é verbo de ação – e exige o movimento de cada um de nós. Requer também confiança – nas pessoas, nas redes, nos territórios – como base para uma filantropia viva, democrática e mobilizadora. É preciso descentralizar recursos, democratizar decisões, diversificar vozes e colocar no centro quem vive os desafios e constrói, todos os dias, caminhos de transformação. Esperançar, mais do que imaginar o amanhã, é ter a ousadia de começá-lo agora.

18h20 | Encerramento

 

realização e apoio

FÓRUM BRASILEIRO DE FILANTROPOS E INVESTIDORES SOCIAIS

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em nosso canal do YouTube estão disponíveis listas com as gravações de todas as edições. Confira!

 

População de países pobres é mais generosa que a de nações ricas, mostra ranking global de doações

World Giving Report apresenta dados inéditos que avalia a proporção da renda destinada a doações em 101 países

O World Giving Report 2025, nova pesquisa da britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS, apresenta pela primeira vez um indicador que mede a generosidade dos países com base na proporção da renda destinada a doações – sejam elas para organizações, pessoas em situação de vulnerabilidade ou motivos religiosos. Segundo o relatório, o Brasil ocupa a 48ª posição, com a média de 0,93% da renda dos brasileiros sendo destinada a causas socioambientais – um resultado acima da média sul-americana, que ficou em 0,73%.

A pesquisa ouviu mais de 50 mil pessoas em 101 países para entender a solidariedade em escala global e refere-se à doações realizadas ao longo de 2024. Um dos principais achados do estudo é que, proporcionalmente, os países mais pobres são os que mais doam: a média global nesses foi de 1,45% da renda, mais que o dobro dos 0,7% registrados em países considerados mais ricos. No continente africano, esse percentual chega a 1,54%, enquanto na Europa é de apenas 0,64%.

A Nigéria lidera o ranking global de generosidade, com cidadãos destinando 2,83% de sua renda para causas de benefício público. Em contraste, três países do G7 estão entre os que menos doam proporcionalmente: França (0,45%), Alemanha (0,39%) e Japão (0,16%). Os Estados Unidos, por sua vez, chegou à 0,97%, ocupando a 46ª posição, empatados com Singapura.

Baixe a publicação completa (disponível apenas em inglês):

Captcha obrigatório

A confiança nas organizações e o papel do governo

Em um momento em que organizações sociais em todo o mundo enfrentam dificuldades financeiras, as pessoas dizem que estariam mais dispostas a doar se tivessem mais dinheiro (45%), se soubessem mais sobre como seu dinheiro seria usado (36%) e sobre o impacto que a instituição poderia ter (35%).

Outro destaque apresentado, indica que, globalmente as pessoas são mais generosas quando seus governos incentivam a doação. Quando isso ocorre, as pessoas também tendem a confiar mais nas instituições e vê-las como mais importantes para a sociedade.

No caso brasileiro, embora os níveis de confiança em organizações sociais estejam um pouco acima da média global (o país registra 10 pontos em uma escala de 15, enquanto a média global é de 9,2), ainda estão aquém do seu pleno potencial, indicando que há um espaço significativo para melhorias. No Brasil, ainda, as pessoas tendem a priorizar em suas doações organizações locais e nacionais em detrimento a instituições internacionais. Essa preferência pode estar relacionada ao desejo de ter maior compreensão e proximidade com as causas e organizações apoiadas.

“A generosidade não está necessariamente ligada à riqueza ou à segurança, mas à percepção de necessidade – frequentemente direcionada àqueles mais próximos. Em tempos desafiadores, há muito o que aprender sobre a força da conexão e a compaixão entre cidadãos, estejam eles ao nosso lado ou do outro lado do mundo.” afirma Neil Heslop, CEO da Charities Aid Foundation.

 

Confira outros destaques do World Giving Report no site clicando aqui.

 

Detalhes do cenário brasileiro de doação

Para entender melhor o cenário brasileiro da cultura de doação, o IDIS lança, no dia 6 de agosto, a Pesquisa Doação Brasil 2024 – o mais amplo e pioneiro estudo sobre os hábitos do doador individual no país. Em sua quarta edição, a pesquisa trará uma atualização completa dos dados sobre o comportamento tanto de quem doa quanto de quem não doa. Como novidade, esta edição contará com um capítulo especial dedicado a analisar como situações emergenciais impactam a cultura de doação no Brasil.

O lançamento é gratuito e está com inscrições abertas por meio do link.

Riqueza e propósito: o papel da filantropia nas famílias empresárias

Texto publicado originalmente no Valor Econômico em 17/07/2025

 

COMO A TRAJETÓRIA DOS FUNDADORES INFLUENCIA A CULTURA DE DOAÇÃO E OS CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UM IMPACTO SOCIAL DURADOURO

Por Renato Bernhoeft – Fundador e Presidente do Conselho de Sócios da höft – bernhoeft & teixeira – transição de gerações, fundada em 1975 para apoiar sociedades empresariais e famílias empresárias a perpetuar seu conjunto de valores e seu patrimônio.

Há décadas me dedico a estudar a história e origem da empresa familiar no Brasil. Hoje trago uma reflexão sobre aspectos importantes e dignos de serem considerados na perspectiva do seu envolvimento com a ação filantrópica.

Um olhar para o século XX mostra que boa parte dos nossos empreendedores são imigrantes ou filhos de imigrantes, especialmente oriundos da Europa e alguns países asiáticos, como exemplo o Japão. Foram pessoas que tratavam de fugir de guerras e países com uma economia em profunda crise. Ou seja, enfrentando dificuldades e desafios marcantes em suas vidas.

Chegavam ao Brasil com poucos recursos financeiros, mas com alguma habilidade e forte disposição para empreender. Isso quando não eram usados para substituir a mão de obra escrava, – especialmente em áreas distantes dos grandes centros, – que havia conseguido sua liberdade.

Já no século XXI começaram a surgir empreendedores brasileiros, que tentavam fugir do interior do país, pela falta de oportunidades de trabalho. Boa parte se concentrou nos estados de São Paulo, Rio, Minas Gerais e alguns estados do sul do país. Um registro importante desta fase, incluindo a atual, é o crescimento de empreendedoras mulheres. Especialmente com as conquistas femininas na sua liberdade, tanto na família como no mercado de uma maneira geral. Uma parte destes empreendedores, imigrantes e migrantes, hoje constituem a elite econômica no Brasil.

Ao participar do projeto Caminhos para uma atuação mais ampla e estratégica da filantropia familiar no Brasil, a convite do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, me dei conta de como esse histórico influencia na visão de mundo dessas famílias e está conectado a suas práticas de doação.

O levantamento que integra a publicação, realizado junto a filantropos atuantes e especialistas no tema, somado a minha experiência, me levou a identificar algumas diferenças na abordagem em relação à filantropia.

Há aqueles que declaram abertamente de que a riqueza construída se destina aos seus herdeiros, para que não passem pelas dificuldades que cada um enfrentou. Focam sua sucessão apenas no aspecto patrimonial, cuja tendência é de fortes disputas entre os membros da geração seguinte. Segundo minha experiência, estes processos podem resultar em forte competição entre as futuras gerações, a ponto de destruírem totalmente o patrimônio herdado.

Outros manifestam uma visão mais ampla e consideram que o importante do que construiu, é seu legado. Para alguns, essa dimensão está restrita a oferecer uma educação de ponta a seus descendentes e à transmissão de valores. Mas há aqueles que entendem que devem distribuir os resultados de suas conquistas tanto com os seus herdeiros quanto com o país, a comunidade e aqueles que permanecem numa situação de inferioridade na economia do país.

Um dos desafios para que esta posição dos fundadores possa se prolongar às próximas gerações é de que o patrimônio sofre uma pulverização acionária, o que também tem sido acompanhado por conflitos entre os interesses dos herdeiros das gerações seguintes. Desta forma, é importante que os fundadores, e patriarcas (sejam do sexo feminino ou masculino) criem políticas e estruturas de governança onde os ganhos patrimoniais sejam também destinados a entidades filantrópicas e, paralelamente, aos seus descendentes.

Conforme revela o levantamento do IDIS, existem famílias que criaram fundações próprias de maneira que suas práticas filantrópicas sejam realizadas de forma perene e com governança bem definida. Há aquelas, inclusive, que optam pela criação de fundos patrimoniais, mecanismo que garante que o recurso destinado seguirá gerando benefícios socioambientais.

Considerando que no Brasil o estímulo oficial para apoio às entidades filantrópicas ainda é insuficiente, se torna importante também que alguns filantropos coloquem a serviço do setor seu poder de influência e redes de relacionamentos, contribuindo para um ambiente regulatório mais favorável.

Existe um amplo potencial não só para envol­ver novas famílias e indivíduos em atividades filantrópicas, mas também para ampliar o volume e o impacto de quem já doa. O trabalho inédito desenvolvido pelo IDIS e do qual tive a oportunidade de participar, apresenta um diagnóstico de onde estamos a apresenta um mapa estratégico claro para mudarmos esse panorama.

Fica aqui o convite para que, a cada dia, novas famílias se disponham a ter uma participação ativa no universo da filantropia e para que todos que se envolvem na gestão de seus patrimônios, as aconselhem nesta direção, especialmente se considerarmos que vivemos em um país extremamente injusto e socialmente desequilibrado.

 

Vitória para o Terceiro Setor: Congresso derruba veto e garante reconhecimento tributário aos Fundos Filantrópicos

Conquista fortalece o financiamento de longo prazo para causas públicas e impulsiona a cultura de doação no Brasil

No dia 17/06, o Congresso Nacional derrubou, em sessão conjunta, o veto presidencial ao inciso X do artigo 26 do Projeto de Lei Complementar 68/2024, garantindo que os Fundos Patrimoniais Filantrópicos tenham o tratamento tributário adequado no novo sistema da Reforma Tributária, assegurando que que esses fundos não são contribuintes de do IBS e da CBS — tributos que substituirão o ICMS, ISS, PIS e COFINS.

A conquista é fruto de uma ampla mobilização da sociedade civil, com protagonismo da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos e da Aliança pelo Fortalecimento da Sociedade Civil, que articulou com parlamentares, produziu estudos técnicos, participou de audiências públicas e mobilizou a sociedade em defesa da pauta.

Diferente de fundos financeiros privados, os fundos patrimoniais filantrópicos têm por finalidade custear causas públicas como saúde, educação, cultura, meio ambiente e ciência. Sua estrutura permite a geração de recursos de longo prazo e estabilidade financeira para Organizações da Sociedade Civil (OSCs), universidades, museus e centros de pesquisa.

“A derrubada do veto ao inciso X do  art. 26 da Lei do IBS e CBS (Lei Complementar nº 214/2025) foi uma conquista da sociedade civil que, democraticamente, demonstrou aos parlamentares o quanto o veto era equivocado e prejudicial ao desenvolvimento de fundos patrimoniais filantrópicos. Com o veto, os fundos patrimoniais não serão tributados pelo IBS e CBS”, diz Priscila Pasqualin, advogada e sócia do PLKC Advogados e integrante da Aliança Pelo Fortalecimento da Sociedade Civil.

Por que isso importa?

  • Garante segurança jurídica para os fundos filantrópicos. 
  • Evita a bitributação ou a taxação indevida sobre doações destinadas ao bem público. 
  • Estimula a cultura de doação estruturada no Brasil. 
  • Fortalece o papel das OSCs e de instituições públicas na promoção de direitos e políticas sociais. 

A experiência internacional comprova a importância de um ambiente tributário favorável à filantropia. Em países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, incentivos fiscais e isenções permitiram a consolidação de fundos robustos, que hoje representam mais de 2% do PIB em ativos filantrópicos.

No Brasil, essa vitória legislativa marca um avanço importante no fortalecimento do ecossistema de doação e da democracia.

“Temos mais de 120 fundos patrimoniais filantrópicos no Brasil, que destinam anualmente mais de R$ 3 bilhões para causas de interesse público. Estas causas estavam sob risco de serem penalizadas por um erro de conceituação, levando a uma tributação descabida sobre esses fundos. A derrubada desses vetos é uma vitória muito importante para o terceiro setor e para o país”, diz Andrea Hanai, consultora do IDIS e integrante da Aliança Pelo Fortalecimento da Sociedade Civil.

Zurich Seguros abre edital para apoio de projetos sociais com incentivo fiscal

Inscrições vão de 30 de junho a 3 de agosto de 2025 e priorizam iniciativas relacionadas aos eixos de atuação social da empresa.

A Zurich Seguros, com o apoio técnico do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, está com inscrições abertas para apoiar projetos sociais que se enquadrem nas leis federais de incentivo fiscal. O edital busca selecionar iniciativas conectadas aos eixos de atuação social da empresa, sendo eles: Desenvolvimento Psicossocial e Cidadania; Saúde Física e Mental; e Inclusão Social, Cultural e Ambiental. O período de inscrições vai de 30 de junho a 03 de agosto de 2025. Todas as regras, critérios de seleção e orientações estão disponíveis neste link. 

Podem participar projetos aptos para captação de recursos via Lei de Incentivo à Cultura (Rouanet), Lei de Incentivo ao Esporte, Fundo do Idoso, Fundo da Criança  e Lei da Reciclagem. As instituições sem fins lucrativos podem inscrever mais de um projeto, desde que em conformidade com as diretrizes das respectivas legislações.

INSCREVA-SE AQUI!

Desde 2020, a Zurich Seguros impactou positivamente mais de 80 mil pessoas com o apoio de projetos via Leis de Incentivo.  Atualmente, a companhia apoia seis iniciativas em diferentes áreas, como o Instituto Baccarelli e Instituto Incanto (cultura), Instituto Esporte e Educação (esporte), United Way Brasil (educação para crianças e adolescentes), Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto (idoso) e Santa Casa de Rondonópolis (saúde), além de promover o engajamento de seus colaboradores por meio de atividades de voluntariado junto às mesmas instituições.

“A Sustentabilidade também está em como impactamos a sociedade e no legado que deixamos para as comunidades em que atuamos”, pontua Nathalia Abreu, gerente de Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa da Zurich. “Vamos apoiar projetos que priorizem grupos minorizados, promovendo empoderamento econômico, educação e capacitação profissional com desenvolvimento biopsicossocial. Esse é o nosso foco. Também queremos olhar para iniciativas para além dos grandes centros, convidando instituições de várias regiões do país a inscreverem seus projetos”.

Responsabilidade social corporativa na zurich

Desde 2017, a Zurich Seguros já investiu mais de R$ 77 milhões no terceiro setor, através do seu Programa de Responsabilidade Social Corporativa, apoiando mais de 100 instituições através das leis de incentivo fiscal, recursos financeiros próprios e recursos da provenientes da sua fundação global e sem fins lucrativos, a Z Zurich Foundation. Apenas em 2024, foram mais de R$ 17 milhões investidos, impactando mais de 2,5 milhões de pessoas.

As ações voluntárias também têm papel de destaque: foram aproximadamente 27 mil horas voluntárias dedicadas desde 2017, sendo cerca de 8 mil horas apenas em 2024, com mais de 80% dos colaboradores engajados em pelo menos uma ação.

“Temos consciência do quão expressivos e diferenciados são esses números. As instituições que estiverem conosco serão acompanhadas continuamente em seus projetos, visando a compreensão global de suas necessidades e o apoio para além dos recursos financeiros. Elas encontrarão um programa sólido e uma comunidade pronta para apoiá-los”, finaliza Nathalia.

SOBRE A ZURICH SEGUROS

A Zurich Seguros soma seu conhecimento de mais de 80 anos no Brasil à sua experiência internacional para oferecer soluções de seguros para pessoas e empresas brasileiras, tendo no centro de sua estratégia as necessidades dos clientes. A atuação da Zurich no Brasil é uma das maiores na América Latina, contribuindo para o desenvolvimento social, econômico e sustentável do país. Com este objetivo, a Zurich dispõe de produtos e serviços sob medida para este mercado e contribui com projetos de impacto para a comunidade, como o Zurich Forest, que apoia o reflorestamento e a restauração da biodiversidade no Brasil, refletindo a ambição global da seguradora de se tornar uma das empresas mais responsáveis e com maior impacto no mundo. Saiba mais em www.zurich.com.br.

A Zurich Seguros integra o Zurich Insurance Group (Zurich), um segurador líder multilinha que serve tanto pessoas físicas como empresas em mais de 200 países e territórios. Fundada há mais de 150 anos, a Zurich vem transformando o setor segurador. Além de fornecer proteção por meio dos seguros, disponibiliza cada vez mais serviços de prevenção, como por exemplo os serviços que promovem o bem-estar e os que reforçam a resiliência climática. O Grupo Zurich tem cerca de 60 mil colaboradores e tem sede em Zurique, na Suíça. O Zurich Insurance Group Ltd (ZURN) está cotado na SIX Swiss Exchange e tem um programa de American Depositary Receipt (ZURVY) de nível I, que é negociado livremente no OTCQX. Mais informações disponíveis em www.zurich.com.

SOBRE O IDIS

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social- foi fundado em 1999, e é uma organização social independente.  É a primeira organização a apoiar estrategicamente os investidores sociais no Brasil. Seu objetivo é inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Tem a sua atuação apoiada na geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação.


Quer receber oportunidades de editais para projetos socioambientais?

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Com apoio do Google.org, IDIS realizará capacitação em IA para OSCs

Durante a Google for Brasil 2025, realizada em junho, para um público de cerca de 500 pessoas em São Paulo, o presidente da empresa, Fábio Coelho anunciou o aporte de R$5 milhões para treinamento de inteligência artificial para o terceiro setor, a iniciativa é liderada pela vertente filantrópica do Google, o Google.org. O projeto será implementado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social ao longo de três anos, com estimativa de impactar 1.000 organizações sociais, capacitando até 250 delas com habilidades e ferramentas para adotar a IA de forma a aprimorar sua efetividade, sustentabilidade e gerar impacto positivo para 100.000 beneficiários.

Uma pesquisa lançada recentemente pelo Canal SabIAr, em parceria com o Instituto Beja, mostra que apenas 10% dos movimentos sociais e coletivos têm adoção de alta tecnologia.  Além da baixa aplicabilidade, há uma lacuna significativa de conhecimento técnico entre as equipes, o que limita a capacidade do setor de aproveitar plenamente o potencial transformador da IA.

Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, no evento Google for Brasil 2025, em 10 de junho de 2025. Divulgação/Google Brasil.

“Acreditamos que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta poderosa e, ao apoiar iniciativas que promovam a capacitação técnica em IA, o Google contribui para que mais organizações tenham acesso a recursos que aumentem sua eficiência, sustentabilidade e alcance. Nosso compromisso é usar a tecnologia para gerar transformações positivas e aderências na sociedade.”, explica Coelho, presidente do Google Brasil.

Em resposta a essa necessidade premente, o IDIS, que atua no fortalecimento do investimento social privado, implementará um programa de capacitação abrangente voltado ao terceiro setor. Complementando esse esforço, o instituto também liderará o desenvolvimento de uma metodologia de pesquisa, baseada em evidências, para avaliar como o investimento em IA influencia o desempenho organizacional e como a tecnologia pode ampliar o potencial de impacto das organizações que a adotam de forma eficaz.

“Essa iniciativa foi concebida para gerar resultados mensuráveis, tais como aumento da produtividade, aprimoramento das capacidades tecnológicas, acesso a plataformas pagas, ampliação do impacto social e do alcance junto aos beneficiários de diversas causas sociais, além de uma tomada de decisão mais estratégica e orientada por dados. O programa culminará em um estudo analítico abrangente, essencial para compreender se a intervenção leva, de fato, a resultados significativos e de que forma essas mudanças ocorrem ao longo do processo”, conta Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias do IDIS

Tem interesse em participar do programa? Saiba mais! 

A primeira atividade acontecerá em 22 de outubro, das 9h30 às 12h. Trata-se de um webinar gratuito e aberto aos interessados em saber mais sobre conceitos e ferramentas de inteligência artificial, oportunidades para o uso no Terceiro Setor e cuidados para sua aplicação. Exemplos práticos, modelos de comandos (prompts) e casos de sucesso serão usados para tornar o conteúdo acessível e com aplicações imediatas.
A participação se dará por meio de inscrição. O número de participantes por organização é ilimitado.

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IDIS é novamente reconhecido pela Leaders League como líder em consultoria para impacto social no Brasil

Pelo segundo ano consecutivo, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social figura no topo do ranking da Leaders League, entidade francesa de renome internacional especializada na produção de rankings e estudos de mercado. A publicação destacou as principais organizações brasileiras que atuam com excelência na consultoria para impacto social, com base em uma criteriosa análise de dados e avaliações de desempenho.

O IDIS manteve a posição de liderança, dividindo o primeiro lugar com o Instituto Phi e KPMG, o que reforça sua trajetória consistente e a confiança conquistada junto a investidores sociais comprometidos com a transformação social no Brasil.

A atuação do IDIS na área de consultoria é marcada por soluções personalizadas e foco em resultados de impacto. A organização trabalha de forma colaborativa com seus parceiros em seis eixos centrais:

  • planejamento estratégico e governança;

  • agenda ESG;

  • estruturação de fundos patrimoniais e sustentabilidade financeira;

  • desenho e implementação de projetos;

  • desenvolvimento de editais e gestão de portfólios;

  • e monitoramento e avaliação de impacto.

 

Essa abordagem permite não apenas ampliar o alcance de iniciativas sociais, mas também fortalecer a capacidade institucional de seus parceiros, promovendo mudanças estruturais e duradouras

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“Receber novamente esse reconhecimento da Leaders League é motivo de grande orgulho. Isto sinaliza que estamos no caminho certo e nos estimula a seguir inovando e contribuindo para um ecossistema de impacto social mais robusto. A liderança nesse ranking é, acima de tudo, um reflexo da confiança que nossos parceiros depositam no IDIS e da dedicação da nossa equipe”, afirmou Marcos Alexandre Manoel, diretor de projetos do IDIS.

Sobre o IDIS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investimento social no Brasil. Nossa missão é inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhando com indivíduos, famílias, empresas, fundações, institutos corporativos e familiares, bem como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação é baseada em três pilares: geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, fortalecendo o ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a colaboração e a cocriação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

IDIS lança publicação com perfil de filantropos e propostas para ampliar a Filantropia Familiar no Brasil

Novo mapeamento propõe caminhos para aumentar o número de doadores, o volume de recursos doados e o impacto social gerado pelas famílias de alto patrimônio

O Brasil vive um paradoxo: enquanto o número de milionários e bilionários no país cresce, o volume de doações realizadas por famílias ricas parece estagnado e muito aquém de seu potencial. Para entender o cenário e identificar meios de mudar essa realidade, o IDIS lança a publicação Caminhos para uma Atuação Mais Ampla e Estratégica da Filantropia Familiar no Brasil’, resultado de entrevistas, dados inéditos e contribuições de especialistas e filantropos atuantes. 

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O lançamento oficial ocorreu durante um evento no escritório do IDIS, em São Paulo, que reuniu representantes de organizações que atuam diretamente no ecossistema da filantropia familiar. A manhã contou com a apresentação dos principais achados e do mapa gráfico, que inspiraram contribuições dos próprios participantes sobre como levar as propostas à prática.

“Em momentos decisivos, especialmente diante de demandas emergenciais, pessoas detentoras de altos patrimônios fazem doações. O desafio está em canalizar essa energia para ações estruturantes e de longo prazo. Há, sem dúvida, espaço não só para envolver novas famílias e indivíduos em atividades filantrópicas, mas também para ampliar o volume e o impacto de quem já doa”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS

 

Panorama: potencial expressivo, impacto ainda tímido

O estudo apresenta um retrato da filantropia familiar, no mundo e no Brasil. Nesta modalidade, existe uma forte influência de valores individuais e familiares, muitas vezes um desejo de deixar um legado ou retribuir à sociedade aquilo que foi conquistado, além de maior propensão ao risco e uma liberdade maior para a escolha de causas do que o investimento social praticado por empresas.

Entre as tendências globais observadas, movimentos como o Giving Pledge e o Generation Pledge têm impulsionado o compromisso público de portadores de grandes fortunas com a doação de parte relevante de seus patrimônios. Em maio de 2025, por exemplo, Bill Gates anunciou a intenção de doar praticamente toda a sua fortuna, estimada em cerca de US$108 bilhões, nos próximos 20 anos.

O panorama brasileiro foi detalhado com a realização de entrevistas com especialistas e de um levantamento online, que teve a participação de 35 filantropos e filantropas com práticas, em sua maioria, já bastante estruturadas e com doações anuais expressivas – 40% indica doar um volume superior a R$ 5 milhões por ano. 

A amostra revelou que embora a educação – incluindo educação básica, profissional e técnica – lidere como a causa mais citada, a filantropia familiar no Brasil pode estar ampliando seu escopo e se abrindo para temas mais sensíveis e estruturalmente desafiadores. Tópicos como meio ambiente e sustentabilidade mobilizam 26% dos respondentes, enquanto 17% demonstram interesse por iniciativas voltadas à incidência em políticas públicas. O combate à fome e à redução das desigualdades também aparece entre as causas prioritárias, com 14% das menções. Há também exemplos de famílias envolvidas com temas como segurança pública, fortalecimento da democracia e a descriminalização das drogas.  

O mapeamento identificou, ainda, que a decisão sobre as doações costuma ser compartilhada dentro do núcleo familiar. Cônjuges participam das escolhas em 65% dos casos, seguidos por filhos, com 59%, e irmãos, com 49%. Esses dados demonstram que a prática da doação frequentemente emerge de um processo coletivo, sustentado por vínculos afetivos, valores compartilhados e desejo de legado. Por outro lado, para as questões de gestão e execução administrativas, 65% indicam contar com apoio de profissionais especialistas no assunto.

Entre os principais obstáculos mapeados pelo estudo, estão a percepção de falta de capacidade das organizações da sociedade civil entregarem impacto social de forma eficiente – um fator mencionado por 20% dos respondentes. Além disso, 17% apontaram a ausência de incentivos fiscais adequados para doações de pessoas físicas como um freio para a expansão da prática. Outro entrave é a falta de conhecimento sobre causas e instituições a serem apoiadas, mencionado por 3%, além do receio com segurança pessoal e patrimonial – uma preocupação bastante presente entre famílias de alta renda da América Latina.

 

Como tornar a filantropia familiar mais ampla e estratégica no Brasil

O estudo aponta três caminhos complementares para a expansão da filantropia familiar e identifica ações em curso e as lacunas, propondo uma ação coordenada e com mais colaborações. O mapa estratégico, que apresenta práticas que podem ser realizadas para o atingimento de um novo patamar, foi construído com a participação de filantropos atuantes.

 

Um convite à ação

Para o IDIS, o lançamento do estudo marca um novo capítulo na filantropia brasileira.

“A mudança não depende de um ator isolado. Requer o engajamento de todos os envolvidos no ecossistema: filantropos, consultores, advogados, contadores, comunicadores, gestores de OSCs e formuladores de políticas públicas. O que propomos é um convite à ação coordenada, com metas claras e estratégias conjuntas”, destaca Felipe Insunza Groba, gerente de projetos no IDIS. 

O contexto atual – marcado por desigualdades profundas, crises socioambientais e institucionais e uma crescente urgência por soluções sistêmicas – demanda uma nova geração de filantropos dispostos a atuar com intenção e estratégia. “O Brasil tem um enorme potencial de transformação socioambiental por meio da filantropia familiar. Mas para isso, é preciso mudar a chave: sair da lógica da doação pontual ou resposta emergencial e construir uma atuação contínua, articulada e orientada a gerar impactos positivos”, complementa Groba. 

 

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A iniciativa contou com apoio da Fundação Itaú, Instituto Beja, Movimento Bem Maior e Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Nova edição do Edital da água priorizará projetos que garantam água potável e saneamento básico, principalmente em comunidades rurais

Há seis anos, as ações sociais apoiadas pela iniciativa já impactaram mais de 21 mil pessoas.

A Mosaic, com apoio técnico do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, anuncia a abertura das inscrições para a sétima edição do Edital da Água, o programa reforça o compromisso com a gestão sustentável dos recursos hídricos e a garantia de segurança alimentar em diversas regiões do país. Os interessados poderão inscrever seus projetos até o dia 11 de julho de 2025. Para mais informações, consulte o edital no site da companhia.

Ao longo de sua história, o programa já apoiou 78 projetos, beneficiou diretamente mais de 21 mil pessoas, mobilizou 45 organizações e atuou em 32 cidades de 11 estados brasileiros. Entre as conquistas estão o plantio de mais de 68 mil árvores, a instalação de 371 sistemas de captação e tratamento de água, além da recuperação de nascentes e a promoção de tecnologias sociais para uso eficiente e sustentável da água.

A iniciativa mantém seu foco em projetos comunitários que promovam a gestão da água e a agricultura sustentável, priorizando grupos vulneráveis. À medida que os projetos serão recebidos, já passaram por análise e eles podem ser selecionados antes do prazo final de inscrição. Por isso, este ano, faz diferença enviar o quanto antes. Serão priorizados os projetos que garantam água tratada e saneamento básico, sobretudo em meio rural.

“A cada edição, ampliamos nosso olhar para alcançar soluções locais, buscando garantir direitos fundamentais como acesso à água de qualidade, saneamento básico e alimentação nutritiva, principalmente no meio rural. Em um contexto de mudanças climáticas e insegurança alimentar, o Edital da Água atua como um vetor de transformação social e ambiental, mostrando a força do trabalho em rede, com grande potencial de replicação”, destaca. Paulo Eduardo Batista, Diretor de Public Affairs e Governo.

Serão selecionados o menos 12 projetos inovadores, liderados por organizações da sociedade civil ou instituições de ensino, que receberão até R$ 45 mil cada, com potencial para escalabilidade e impacto sustentável na recuperação de nascentes, saneamento básico, tecnologias para tratamento de água e gestão eficiente dos recursos hídricos na produção de alimentos.

Serviço – Inscrições Edital da Água 2025

Prazo: de 23 de junho a 11 de julho

Municípios de abrangência:
NA BAHIA (BA):  Candeias
EM GOIÁS (GO): Catalão | Ouvidor | Rio Verde
NO MARANHÃO (MA): São Luis
EM MATO GROSSO (MT): Rondonópolis | Sorriso
EM MINAS GERAIS (MG): Araxá | Alfenas | Conquista | Delta | Patrocínio | Sacramento | Tapira | Uberaba
NO PARANÁ (PR): Paranaguá
EM SANTA CATARINA (SC): São Francisco do Sul
EM SÃO PAULO (SP): Cajati | Cubatão | Registro |São Paulo
EM SERGIPE (SE): Barra dos Coqueiros | Capela | Carmópolis | General Maynard | Japaratuba | Rosário do Catete | Maruim
NO RIO GRANDE DO SUL (RS): Rio Grande
EM TOCANTIS (TO): Palmeirante

Para participar, os interessados devem preencher a planilha de inscrição disponível em www.mosaicco.com.br, reunir os documentos obrigatórios e complementares e enviar a documentação ao IDIS (editalagua2025@idisconsultoria.org.br).

O Edital da Água é desenvolvido com o apoio do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, que apoia em todas as etapas do processo, desde a seleção até o monitoramento dos projetos. O programa está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e enfatiza a gestão racional da água e o protagonismo das comunidades locais.


Quer receber oportunidades de editais para projetos socioambientais? 

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Instituto Chamex anuncia iniciativas vencedoras da 5ª edição do Edital Educação com Cidadania

O Instituto Chamex, associação civil sem fins lucrativos criada e mantida pela Sylvamo, com objetivo de apoiar iniciativas que incentivem a defesa da infância como período de estímulo da criatividade ou que possibilitem um novo futuro para jovens na economia criativa, divulgou as cinco instituições selecionadas para a 5ª edição do Edital Educação com Cidadania, contando com o apoio técnico do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, para o ano de 2025.

As organizações contempladas receberão um aporte de R$ 35 mil para desenvolverem, ao longo de oito meses, os projetos aprovados. Além do aporte financeiro, as instituições escolhidas serão contempladas com quatro workshops de gestão de projetos (Teoria da Mudança, Plano de Monitoramento e Indicadores, Planejamento Estratégico e Captação de Recursos) ministrados pelo IDIS e um workshop de finalização. As entidades ainda terão a oportunidade de realizar o cadastro no portal de projetos do Instituto Chamex, área exclusiva para apresentação de ONGs com o objetivo de gerar conexões com parceiros do Instituto.

 

Conheça mais sobre as cinco iniciativas escolhidas neste edital:

 

Projeto Viamar - Atados | Plataforma de Voluntariado

Projeto: Aprendendo a Crescer
Projeto Viamar (Cabedelo, PB):
criado na Paraíba, o Projeto Viamar tem como missão promover a inclusão social de adolescentes em situação de vulnerabilidade. O projeto “@prendendo @ Crescer” articula oficinas de letramento digital, inteligência artificial e habilidades socioemocionais, com foco na permanência escolar e na formação para o futuro. A iniciativa combina escuta, acolhimento e formação técnica, fortalecendo o protagonismo juvenil em um modelo replicável e conectado com o território. Para mais informações, clique aqui.

 

CASA Poéticas NegrasProjeto: Casa de Aprendizagens
Casa Poéticas Negras (Paraty, RJ):
surgida da vivência em eventos literários em Paraty, a Casa Poéticas Negras se estruturou como espaço de referência para formação afroreferenciada de crianças, jovens e suas famílias. O projeto ‘Casa de Aprendizagens’ reúne três frentes integradas: contraturno com oficinas culturais para a infância, cursinho pré-vestibular e ensino de inglês. Com sede própria, atuação local e forte vínculo com a comunidade, a iniciativa promove desenvolvimento educacional com base em ancestralidade e pertencimento. Para mais informações, clique aqui.

 

Brasil Júnior

Projeto: Empreenda: Juventude em Movimento
Confederação Brasileira de Empresas Juniores – Brasil Jr. (São Paulo, SP; Poços de Caldas, MG; Três Lagoas, MS):
a Brasil Júnior é a instância nacional do movimento de empresas juniores, promovendo o empreendedorismo jovem com atuação em rede. O projeto “Empreenda: Juventude em Movimento” será desenvolvido em cidades de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul, com ciclos formativos voltados a jovens empreendedores de territórios vulneráveis. As consultorias aplicadas por EJs locais utilizam ferramentas de gestão e apresentam resultados à própria comunidade, formando jovens líderes com atuação prática e colaborativa. Para mais informações, clique aqui.

 

RMN-PR

Projeto: Raízes Culturais Negras: Educação Antirracista
Rede Mulheres Negras do Paraná (Curitiba, PR):
com quase duas décadas de atuação, a Rede promove equidade racial e de gênero por meio da educação antirracista e do fortalecimento comunitário. O projeto “Raízes Culturais Negras: Educação Antirracista” será realizado em escolas públicas de Curitiba e região metropolitana, com oficinas culturais, curso de inglês e formações para educadores. Voltado a meninas negras e alunos entre 14 e 17 anos, a iniciativa articula vivências formativas com incidência em políticas públicas educacionais. Para mais informações, clique aqui.

 

Instituto Entre Rodas

Projeto: Sementes de Gaia: O Florescer de Novas Histórias
Instituto Entre Rodas (São Paulo, SP):
com atuação interseccional em direitos humanos, o Instituto nasceu da experiência com o paradesporto e ampliou sua missão para acolher meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade social e\ou deficiência. O projeto “Sementes de Gaia: O Florescer de Novas Histórias” será implementado em caráter piloto em unidade da Fundação Casa de Mogi Mirim (SP), propondo uma metodologia lúdica que une escuta ativa, identidade e cidadania. A iniciativa integra oficinas temáticas com dança, empreendedorismo e mentorias, com potencial de replicação em outras instituições socioeducativas.. Para mais informações, clique aqui.

 

Sobre o Instituto Chamex

Criado em 2008, o Instituto Chamex coloca a criatividade como elemento central para a construção de uma educação mais acessível, inclusiva, equitativa e transformadora. Atuando em rede com diversos parceiros, o instituto fomenta o desenvolvimento de estudantes, professores e agentes da educação do ensino infantil, fundamental e médio, apoiando projetos nacionalmente e desenvolvendo projetos localmente. Dessa forma, busca transformar inúmeras realidades, possibilitando um novo futuro para milhares de brasileiros.

O Instituto Chamex faz parte da Sylvamo, a Empresa de Papel do Mundo, produtora dos papéis para Imprimir e Escrever Chamex, Chamequinho e Chambril, e segue suas diretrizes de responsabilidade social, sustentabilidade e ética, engajando seus profissionais e apoiando as comunidades, pois acredita que por meio da criatividade e da educação é possível impulsionar mudanças e acelerar soluções para transformar a vida de muitas pessoas.

Para mais informações, visite o institutochamex.com.br.

 

Sobre a SYLVAMO

International Paper Brasil agora é Sylvamo: a empresa de papel do mundo – Instituto Chamex

A Sylvamo (NYSE: SLVM) é a Empresa de Papel do Mundo com fábricas na Europa, América Latina e América do Norte. Nossa visão é ser o empregador, fornecedor e investimento preferido. Transformamos recursos renováveis em papéis dos quais as pessoas dependem para educação, comunicação e entretenimento. Com sede em Memphis, Tennessee, empregamos mais de 6.500 profissionais. As vendas líquidas para 2023 foram de US$ 3,7 bilhões. Para mais informações, visite o site da Sylvamo.

 

Inteligência artificial pode alavancar mudanças socioambientais positivas

Tecnologia tem o potencial de trazer mais eficiência ao terceiro setor, mas seu uso exige senso crítico e atenção à diversidade

Artigo originalmente publicado na Folha de S. Paulo, 13/06/2025

Por Paula Fabiani, CEO do Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e destaque no Prêmio Empreendedor Social 2020

Os desafios sociais e ambientais que enfrentamos exigem respostas à altura de sua complexidade. Diante de crises interligadas —mudanças climáticas, desigualdades sociais, insegurança alimentar e acesso precário à saúde e educação— a busca por soluções precisa ir além dos caminhos tradicionais.

IA (inteligência artificial) desponta como uma aliada estratégica, capaz de potencializar ações, ampliar o impacto e acelerar transformações sociais urgentes.

Dado Ruvic/REUTERS

Na última semana, tive a oportunidade de participar do Google.org Impact Summit, em Londres. O evento reuniu lideranças do setor social, filantrópico e da tecnologia para discutir como a IA pode contribuir com causas de interesse público.

Entre os casos apresentados, vimos exemplos concretos de como a tecnologia vem sendo usada para prever desastres naturais, apoiar estudantes, acompanhar gestantes e monitorar a coleta de lixo. Cada uma dessas aplicações mostrou que o potencial da IA vai muito além do setor privado, mas pode promover o bem comum.

Em um dos seus movimentos desse uso sustentável, o Google.org está aportando US$ 30 milhões para organizações que promovem e utilizam IA. No entanto, esse potencial ainda é pouco aproveitado por organizações sociais e filantrópicas.

O uso dessa tecnologia pode representar ganhos significativos de eficiência: desde o aprimoramento de processos internos até o monitoramento de resultados e o fortalecimento da tomada de decisões. Também há oportunidades para reduzir a burocracia entre doadores e organizações, melhorar a comunicação e ampliar a transparência.

Mas para isso, é necessário investimento —não apenas financeiro, mas em capacitação, infraestrutura e mudança cultural. Boa parte do terceiro setor ainda carece de recursos financeiros, técnicos e humanos para incorporar a IA de forma estratégica.

Como então aproximar essas organizações do universo tecnológico, que é disruptivo, acelerado, orientado a dados e pautado por uma lógica de escala? Essa foi uma das reflexões centrais do evento: é preciso criar pontes entre mundos que falam línguas diferentes, mas que, juntos, podem produzir soluções inovadoras.

No IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), esse desafio virou prioridade. Em nosso planejamento estratégico, colocamos a ampliação do uso da tecnologia como um dos pilares para os próximos anos.

Uma das iniciativas em andamento é a construção de uma parceria com a Simbi, startup brasileira de impacto social, para desenvolver uma plataforma automatizada de gestão de portfólio de projetos.

A ferramenta permitirá o acompanhamento em tempo real de indicadores, execuções orçamentárias e alinhamento com os objetivos filantrópicos e corporativos das organizações apoiadoras. É uma aposta na inteligência dos dados a serviço do impacto.

Ao mesmo tempo, é preciso ter consciência dos riscos e limitações da IA. Tecnologias podem reproduzir —e até intensificar— desigualdades, especialmente quando operam com base em dados enviesados. Além disso, o uso massivo de energia para treinar e operar modelos de IA levanta alertas sobre seu impacto ambiental. Há também preocupações éticas, morais e sociais que não podem ser ignoradas.

Por isso, o capital humano continua sendo insubstituível: é preciso senso crítico, sensibilidade e diversidade para orientar o uso da IA em direção a resultados positivos e equitativos.

As possibilidades de convergência entre tecnologia e impacto social são promissoras. Organizações e profissionais precisam se adaptar a essa nova realidade que está transformando o mundo em que vivemos.

Philea 2025: Igualdade em Foco, Justiça no Horizonte

Por Luisa Lima, Gestora de Comunicações e Conhecimento no IDIS 

A sessão plenária de abertura da reunião anual da Associação de Filantropia Europa reuniu cerca de mil pessoas, incluindo membros de fundações e representantes de organizações intermediárias, predominantemente da Europa, mas também de outras partes do mundo, como eu. Estas eram pessoas unidas pela crença comum de que o mundo pode ser melhor, de que abordagens inovadoras são possíveis e de que nossas ações têm o poder de criar impactos positivos e impulsionar transformações. Foi apropriado que o ponto de partida do evento fossem os desafios globais que enfrentamos hoje — questões que exigem ação urgente. Apesar do aumento da riqueza, continuamos a testemunhar o aprofundamento das desigualdades, o aumento do racismo e da intolerância, o afastamento da vida pública, as mudanças climáticas, as guerras e os genocídios. Realidades tão assustadoras podem ser paralisantes, mas éramos quase mil pessoas que se recusaram a deixar isso acontecer, e o evento foi o lugar para trocar experiências, aprender, fazer conexões e reafirmar a noção de que não estamos sozinhos na busca por mudanças.

Esta foi minha primeira participação no Fórum Philea, e fiquei feliz em ver debates girando em torno de questões semelhantes às que enfrentamos no Brasil — porém abordadas de perspectivas diferentes e gerando respostas diversas. O tema orientador desta edição, “Poder e Igualdade: Um Ato de Equilíbrio”, enquadrou discussões sobre modelos de financiamento, governança democrática, dinâmicas de poder, enterprise foundations, investimento de impacto, colaboração intersetorial, avaliação de impacto, entre outros. Todos esses tópicos foram impregnados pela ideia de que a infraestrutura da filantropia tem o potencial de impulsionar mudanças significativas. Infelizmente, não foi possível assistir a todas as sessões, já que muitas aconteciam simultaneamente.

Uma discussão que particularmente ressoou comigo foi sobre a importância de financiar comunidades e organizações de base. Parece haver um senso de urgência predominante — um chamado para “pensar e agir simultaneamente”, como articulado por Bruno Maçães, Consultor Sênior na Flint Global, e “ir onde importa”. Isso destaca a importância de apoiar aqueles que estão na linha de frente — fundações comunitárias, movimentos sociais e líderes que lutam para transformar sistemas. Em várias sessões, ouvi sobre a necessidade de fomentar a confiança e abraçar riscos, reconhecendo que menos controle acompanha essas abordagens. Financiamento flexível, compromissos de longo prazo e contribuições além dos recursos financeiros foram temas recorrentes. Os filantropos possuem conexões, redes, conhecimentos, influência e mais — ativos valiosos que podem ser aproveitados para maior impacto. A colaboração surgiu como uma estratégia convincente para acelerar o progresso, com exemplos inspiradores de iniciativas bem-sucedidas compartilhados ao longo do evento. No IDIS, em parceria com a Fundação Mott, temos liderado o programa Transformando Territórios desde 2021, uma rede que agora compreende 15 fundações e institutos comunitários operando com foco geográfico. Inicialmente, o conceito teve de ser introduzido no Brasil, e desde então passou por maturação significativa.

A filantropia, como Adama Sanneh, cofundador e CEO da Fundação Moleskine, afirmou com propriedade, “é um meio, e devemos praticá-la para fazer algo útil.” Ela não é estática nem evolui em um caminho linear. A filantropia deve ter direção, mas permanecer resiliente e responsiva aos desafios enfrentados pelas sociedades. Como destacado nas discussões, nenhum problema é resolvido definitivamente. Questões como igualdade de gênero ou o fortalecimento da democracia, embora avancem, ilustram que o progresso não pode ser dado como garantido.

Frequentemente saio desses encontros sentindo-me revigorada. Além dos insights e inspirações, eles oferecem a tranquilidade de saber que existe uma comunidade comprometida, pronta para colaborar e unida por objetivos e ideais em comum. Curiosamente, também aprecio encontrar mais perguntas do que respostas — raramente são diretas ou óbvias. Perguntas reflexivas são inestimáveis, servindo como catalisadores para explorar soluções localizadas.

Algumas declarações que ficaram comigo:

“Para mudar o mundo, precisamos correr riscos e ser sonhadores.” Mall Hellam, Diretora Executiva, CEO da Fundação Open Estonia

“A maioria dos modelos já foi criada; agora devem ser aplicados. Coloque em prática e acelere a localização.” Alejandro Álvarez von Gustedt, Vice-Presidente, Europa, da Rockefeller Philanthropy Advisors

“A confiança é o ar que respiramos, e se não a temos, estamos socialmente mortos.” António M. Feijó, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian

Resiliência e impacto: a Fundação Gerações no Rio Grande do Sul

A solidariedade foi a principal resposta às consequências da crise climática que afetou o Rio Grande do Sul em 2024. Com o engajamento de diferentes parceiros, a Fundação Gerações (FG) – que havia lançado no ano anterior o Fundo Comunitário Porto de Todos (FCPT), – mobilizou recursos para apoiar projetos sociais de base comunitária que foram diretamente atingidos pelas enchentes de maio.

Organização da sociedade civil criada em 2008, a Fundação Gerações atua para endereçar as principais demandas do território, através de três eixos principais: fomento a negócios sociais periféricos; fortalecimento das OSCs, com iniciativas de formação e networking; e desenvolvimento territorial de comunidades vulneráveis, suas organizações e lideranças.

Com um olhar atento e sensível às problemáticas territoriais da esfera social, em 2022, a organização passou a integrar o programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS e da Charles Stewart Mott Foundation, e no ano seguinte, em dezembro de 2023, nasceu o FCPT, para engajar pessoas e instituições em prol do desenvolvimento social das comunidades mais vulneráveis de Porto Alegre e Região Metropolitana.

Karine Ruy, Diretora Executiva da Fundação Gerações

 

o início da fg como fundação comunitária

No início de 2024, com recursos de matchfunding, foi lançada a 1ª Chamada pública de apoio a negócios de impacto social periféricos do FCPT, com a parceria da Coalizão pelo Impacto Porto Alegre e do programa Transformando Territórios, marcando o início da operação da Fundação Gerações como uma Fundação Comunitária.

Foram contemplados seis negócios com foco em mulheres, comunicação, juventudes e energias renováveis. Cada um recebeu R$ 10 mil para desenvolver soluções às problemáticas socioambientais em seus territórios.

Além do apoio financeiro, todos os empreendedores selecionados pelo FCPT tiveram a oportunidade de participar do programa DUXtec 2024, uma iniciativa de modelagem de negócios de impacto socioambiental realizada pela FG desde 2021. Esta é, portanto, uma das características mais marcantes da Fundação Gerações como Fundação ou Instituto Comunitário: o foco no apoio às organizações locais, um dos 9 princípios que guiam o papel e a operação deste modelo de organizações.

Na Carta de Princípios para FICs do IDIS, sua diretriz é:

Provedoras de apoio institucional e técnico às organizações e iniciativas sociais locais: responsáveis por impulsionar o desenvolvimento e a construção de capacidades das organizações da sociedade civil e iniciativas sociais locais, de modo a elevar padrões de operação e garantir o uso responsável e eficiente dos recursos doados.

Empreendedores selecionados pelo FCPT participaram do programa DUXtec 2024, iniciativa de modelagem de negócios de impacto socioambiental

enfrentando emergências 

Diante da calamidade, em maio de 2024, foi engajada com os processos de reconstrução dos territórios mais vulnerabilizados atingidos pelas chuvas na região de Porto Alegre.

“Iniciamos uma convocação para empresas, institutos e famílias brasileiras que desejassem se somar a essa corrente de ressignificação com a Linha Emergencial. Para essa atuação, nos inspiramos e estivemos próximos de instituições com expertise na mobilização de fundos emergenciais, como o Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (ICOM) e a Associação Nossa Cidade (Fundo Brumadinho), pares da Fundação Gerações junto ao IDIS no programa Transformando Territórios”, conta Karine Ruy, diretora executiva da Fundação Gerações.

 

Assim, em maio e em setembro, respectivamente, foram lançadas a 1ª e a 2ª Chamadas Públicas Emergenciais do Fundo Comunitário Porto de Todos. Ao todo, foram selecionadas 10 organizações de base comunitária para receber, cada uma, aportes iniciais de R$ 20 mil em capital semente, destinados a reformas ou aquisição de insumos necessários para a garantia do atendimento à comunidade.  Até maio de 2025, R$ 469 mil haviam sido repassados pela FG às OSCs beneficiadas em diferentes rodadas de apoio da Linha emergencial.

“Optamos por iniciar um ciclo de apoio mais longo, combinando repasse de recursos com autonomia no uso e assessoramento técnico. Exemplos incluem a reforma elétrica da Adevic, a compra de portas de sala de aula pela Acompar e a construção do novo telhado e instalações elétricas na Cabo Rocha”, detalha Karine. “Para muitas dessas organizações, foi o primeiro recurso que chegou após a tragédia. O diferencial está na relação de confiança”, acrescenta.

Reconstrução do Chimarrão da Amizade, em Canoas, município que ficou submerso

Outras rodadas de investimento já foram realizadas e mais repasses estão previstos para o decorrer de 2025, mas de forma customizada às demandas de cada organização. As lideranças das organizações beneficiadas também contam com assessoramento e apoio para o desenvolvimento de novos projetos. Para o próximo ano, o objetivo é contribuir com a formação de lideranças para que as organizações se tornem “Hubs de Regeneração Comunitária”, capazes de impactar ainda mais seus territórios.

Desde sua criação, já foram captados mais de R$ 1 milhão pelo Fundo Porto de Todos. O objetivo da organização é ampliar a prática de grantmaking – ou seja, financiar iniciativas e projetos de organizações locais. Esta também é uma característica marcante das atividades de uma Fundação ou Instituto Comunitário.

Na Carta de Princípios para FICs, define-se que:

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

 

Karine explica que o diferencial do Fundo está na sua arquitetura de funcionamento, com; mapeamento de iniciativas vindas dos territórios, inclusive de lideranças ou empreendedores; capacitações; monitoramento na execução e avaliação de impacto. Todo esse fluxo é mediado pelo diálogo, construção colaborativa, respeito aos saberes locais e transparência:

“A intermediação de recursos financeiros, o assessoramento técnico e a ativação de redes oferecem segurança e credibilidade às OSCs, mas, principalmente, identifica – a partir de uma escuta muito cuidadosa – quais são as demandas das comunidades e territórios. Não queremos protagonizar projetos, mas fazer com que organizações que já têm seu conhecimento local consigam rodar suas propostas”, diz Karine, ressaltando que a Fundação Gerações tem um Conselho Curador e uma diretoria voluntários, mas uma equipe operacional e de gestão profissionalizada, dedicada a conduzir os processos.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Região Metropolitana de Porto Alegre
  • Nome da fundação ou instituto comunitário: Fundação Gerações
  • Liderança: Karine Ruy, diretora-executiva
  • População: A RMPA é a maior área metropolitana do Sul do Brasil, com uma população estimada de 4,3 milhões de habitantes.
  • Causas prioritárias mapeadas pela FIC: Apoio a organizações sociais de base comunitária; fomento a negócios e coletivos de impacto social; formação de lideranças.
  • Desafios regionais: Desigualdade socioeconômica, acesso limitado à educação e saúde de qualidade, infraestrutura urbana precária, violência e insegurança, escassez de transporte público adequado e a marginalização das comunidades.

 

A Fundação Gerações integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre a Fundação Gerações? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

 

Programa Juntos pela Saúde lança relatório de atividades 2024

Documento detalha as ações do segundo ano do Programa e os principais resultados alcançados até o momento, além das principais ações e projetos projetados para 2025, garantindo transparência perante à sociedade e parceiros.

Iniciado em 2023, o Juntos pela Saúde é uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com gestão do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, desenvolvida nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Em parceria com doadores privados, o Programa busca reunir recursos para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde vivem aproximadamente 75 milhões de pessoas e, destas, 9 entre 10 dependem exclusivamente do SUS (IBGE, 2020). A alta demanda gera desafios importantes, como baixa disponibilidade de médicos, infraestrutura insuficiente e acesso deficiente aos dados de saúde da população.

 

Baixe aqui o Relatório de Atividades 2024 do Juntos pela Saúde.

 

Principais conquistas

Programa Juntos pela Saúde: ampliando recursos para as regiões Norte e Nordeste do país

2024 marcou o segundo ano do programa Juntos pela Saúde que tem como missão fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e desenvolver ações estruturantes, que incluem atendimento primário, de média e alta complexidade, serviços de urgência e emergência, e apoio a diagnósticos de diversas enfermidades.

Os resultados alcançados no ano comprovam que estamos no caminho certo, com recursos bem aplicados e impacto positivo em diversos territórios.

Confira as principais ações realizadas e os números de programa, entre 2023 e 2024:

 



Conheça todos os projetos desenvolvidos ao longo de 2024, via edital ou na forma de fomento estruturado:

Painel de Indicadores em Saúde Mental

É executado pela ImpulsoGov e apoiado pela RD Saúde, tendo como finalidade ampliar o acesso a dados e informações simplificadas para os gestores de saúde mental dos municípios. A iniciativa finalizou em agosto de 2024.

Impulso Previne – Ciclo 1 e Ciclo 2

É executado pela ImpulsoGov, em parceria com o Instituto Dynamo (ciclo 1) e Umane (ciclo 2), e consiste em uma solução digital que centraliza em uma única plataforma dados, análises e recomendações sobre os principais indicadores da Atenção Primária à Saúde (APS). Trata-se de um projeto que possui dois ciclos. O primeiro foi finalizado em junho de 2024.

Ciclo Saúde Proteção Social (CSPS)

É executado pelo Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), e apoiado pela Fundação Vale, visando fortalecer a Atenção Básica (AB) no SUS, aumentando a capacidade de diagnóstico, planejamento, operacionalização, monitoramento e avaliação dos serviços por meio de planos de trabalhos compartilhados e organizados pelas necessidades de saúde das populações locais.

NoHarm: Inteligência para Segurança dos Pacientes

É executado pelo Instituto de Inteligência Artificial na Saúde, em parceria com a Umane, tendo como objetivo aprimorar a segurança e a gestão dos pacientes na Atenção Primária à Saúde (APS), por meio da integração de tecnologias e do fortalecimento de processos operacionais.

epCertify com Linha de Cuidado Hiperdia

É executado pelo Instituto epHealth, em parceria com a Umane, e tem como propósito o fortalecimento do monitoramento de doenças crônicas, em especial, hipertensão arterial e diabetes.

Unidos pela Eliminação do Câncer de Colo de Útero no Brasil

É executado pelo Grupo Mulheres do Brasil, em parceria com a Umane, e visa contribuir para a eliminação da mortalidade de mulheres causada pelo câncer de colo de útero.

 

Em 2025, novos projetos serão implementados:

Afluentes: executado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), em parceria com a Umane.

CARDIO: executado pela Beneficência Portuguesa (BP), com apoio da Fundação Novartis.

Sistema de Antecipação de Surtos: executado pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), em parceria com a Umane. 

SUS na Floresta: realizado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em ciclos, em parceria com a Umane (ciclo 1) e Fundo Vale (ciclo 2). 

Tecendo Linhas do Cuidado Integral à Saúde na Amazônia: desenvolvido pelo Centro de Apoio à Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Umane.

V.E.R – Visão Em Rede: executado pela Fundação Altino Ventura (FAV), em parceria com a Umane.

IDIS lança Pesquisa Doação Brasil 2024 em agosto

Na quarta edição, a Pesquisa Doação Brasil traz dados e análises atualizadas sobre a prática de doação dos brasileiros e conta com um capítulo dedicado as práticas de doações em situações emergenciais

Qual o perfil do doador brasileiro? O que o motiva a doar? Quais causas prioriza? Como percebe o trabalho das ONGs? Para responder a essas e outras perguntas que contribuem para a compreensão do cenário da cultura de doação no Brasil, o IDIS apresenta a Pesquisa Doação Brasil 2024 – nova edição da principal referência sobre o comportamento do doador individual no país.

O lançamento acontecerá no dia 6 de agosto, das 9h30 às 11h30, em uma transmissão online gratuita. O evento contará com a presença de especialistas que analisarão os dados.

INSCREVA-SE

O estudo avalia a percepção e a prática de doações dos brasileiros, com pensam os não doadores e, neste ano, conta com um capítulo temático especial dedicado às práticas de doações em situações emergenciais e sua influência na cultura de doação.

Além da apresentação dos dados quantitativos, a pesquisa busca contribuir para o planejamento de iniciativas para o engajamento da sociedade e a promoção da solidariedade, base para campanhas de captação de recursos para o terceiro setor, ações de advocacy, contribuição à pesquisa acadêmica, entre outros. Se você faz parte de um dos grupos que se encaixam nessa perspectiva, participe conosco!

A Pesquisa Doação Brasil 2024 é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento para o Investimento Social. A realização é da Ipsos e conta com o apoio da Fundação Bradesco, Fundação Itaú, Fundação Sicredi, Movimento Bem Maior, Instituto Galo da Manhã, Instituto ACP e Instituto MOL. Deixamos também agradecimentos especiais à Sra. Teresa Bracher.

IDIS investe em formação e uso estratégico da Inteligência Artificial

Apesar de existir há mais de 80 anos, a Inteligência Artificial (IA) passou a fazer parte do cotidiano das pessoas de maneira mais intensa nos últimos tempos. Com a viralização do Chat GPT, plataforma de IA generativa desenvolvida pela OpenIA, e a rápida disseminação de inúmeras outras ferramentas, o debate sobre seu uso se tornou mais presente e necessário em diferentes setores da sociedade. 

Esse avanço acelerado da IA tem gerado transformações em todas as áreas da sociedade, e com o terceiro setor não é diferente. A IA veio para ficar, e o investimento nela é necessário para que o setor possa aproveitar seu potencial.

No IDIS, temos promovido treinamentos e formações sobre essa temática, reconhecendo que não podemos ignorar essa inovação tecnológica. Pelo contrário: queremos aprender coletivamente, explorar possibilidades com responsabilidade e orientar nosso time para uma incorporação ética e estratégica da IA. 

Recentemente, realizamos um treinamento sobre o uso da Inteligência Artificial com toda a equipe, conduzido pela Canal Sabiar, uma iniciativa dedicada a fomentar o desenvolvimento institucional das organizações da sociedade civil por meio da democratização do acesso à IA e do estímulo ao debate crítico sobre seu uso. Durante o encontro, dialogamos sobre conceitos fundamentais, aplicações práticas e os possíveis caminhos para o futuro da tecnologia, especialmente no contexto do nosso trabalho com impacto social.

Além disso, o IDIS também formou um comitê interno pra aprofundar as discussões e foram iniciados pela equipe testes de ferramentas que ajudam a otimizar tarefas do dia a dia.

ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A pesquisa O que pensam as pessoas sobre o uso de IA por ONGs (2024), realizada pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS, revela uma sociedade otimista quanto à adoção da Inteligência Artificial, mas com ressalvas. Participaram do estudo mais de seis mil indivíduos em 10 países, incluindo o Brasil.

Entre os dados revelados, destaca-se que 37% dos entrevistados acreditam que os benefícios do uso da IA superam os potenciais riscos, em contraste com os 22% que afirmam o contrário. Entre os respondentes brasileiros, também há a percepção por 88% de que devem ser feitos esforços deliberados para apoiar as organizações sociais na adoção da tecnologia. 

A pesquisa reforça a necessidade de uma adoção responsável da Inteligência Artificial, com atenção à transparência, equidade e mitigação de riscos. No IDIS, seguimos comprometidos em ampliar esse debate, capacitar nossas equipes e colaborar com outras organizações para que a IA seja usada de forma consciente, estratégica e em prol do bem comum.

Crise em Harvard mostra como fundos patrimoniais blindam universidades

Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS e especialista em fundos patrimoniais

O recente embate entre a Universidade de Harvard e o governo dos Estados Unidos, que culminou no congelamento de US$ 2,2 bilhões em financiamento federal anunciado por Donald Trump, lançou luz sobre a importância estratégica dos fundos patrimoniais, os chamados endowments. Diante de pressões políticas, Harvard pôde manter sua autonomia e posição de destaque global graças ao maior fundo patrimonial universitário do mundo, com um patrimônio de US$ 53 bilhões (R$ 288 bilhões). O episódio expõe, de maneira eloquente, como os endowments são instrumentos poderosos de proteção institucional e autonomia universitária – um aprendizado especialmente valioso para países como o Brasil.

No contexto brasileiro, os fundos patrimoniais ainda engatinham, mas mostram sinais de avanço. Desde a promulgação da Lei nº 13.800/2019, que regulamenta a constituição e gestão de fundos patrimoniais filantrópicos, o número de iniciativas ligadas a universidades saltou de oito para 39. Segundo o Monitor de Fundos Patrimoniais, lançada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, o país soma hoje 122 endowments ativos, com um patrimônio total de R$ 157,3 bilhões. Deste montante, R$ 156,5 milhões estão vinculados a instituições de ensino superior – uma fatia ainda pequena, que representa cerca de 1% do total.

Embora modestos em comparação aos padrões internacionais, esses números indicam uma transformação em curso. Universidades públicas como USP, Unicamp, ITA e Unesp já estruturaram seus próprios fundos, voltados ao apoio de programas de pesquisa, ciência e tecnologia, extensão universitária e políticas de permanência estudantil. Esses recursos, administrados com governança e transparência, são uma resposta concreta aos frequentes cortes orçamentários que afetam o ensino superior brasileiro.

A realidade americana ilustra o potencial transformador dos endowments. De acordo com o mais recente relatório do Conselho para o Avanço e Apoio ao Ensino Superior (CASE), instituições de ensino superior nos EUA arrecadaram US$ 61,5 bilhões em contribuições voluntárias em 2024, um aumento de 3% em relação ao ano anterior, ajustado pela inflação. Quase metade das doações foi destinada a bolsas de estudo e assistência financeira a estudantes – refletindo o papel central que os fundos patrimoniais desempenham na democratização do acesso à educação.

Por aqui, a construção dessa cultura é o grande desafio. Ainda há desconhecimento sobre os mecanismos de funcionamento dos fundos patrimoniais, resistência à doação por parte do setor privado e poucos incentivos fiscais. Avançar exige vontade política, articulação entre governo, iniciativa privada e sociedade civil, e, sobretudo, o fortalecimento da cultura de doação.

A boa notícia é que os primeiros resultados começam a aparecer. Segundo o IDIS, o número de fundos patrimoniais mais do que dobrou desde 2021 e 72% dos ativos totais estão alocados em instrumentos financeiros de baixo risco, o que demonstra prudência e amadurecimento na gestão. Em 2023, os 74 fundos patrimoniais participantes do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, relataram a destinação de R$ 3,2 bilhões para organizações socias e causas de interesse público.

A experiência de Harvard demonstra que autonomia acadêmica e liberdade institucional custam caro – e devem ser protegidas. Fundos patrimoniais são mais do que instrumentos financeiros: são garantias de resiliência para organizações que trabalham por causas públicas, como o ensino, a ciência e a inclusão. Se o Brasil quiser ter universidades mais fortes, menos vulneráveis a ciclos políticos e mais alinhadas ao futuro, precisa colocar os endowments no centro de sua estratégia de financiamento do ensino superior. A oportunidade está posta. Cabe agora consolidar o terreno fértil que começa a despontar.

IDIS promove diálogo com o Ministério da Cultura sobre fundos patrimoniais filantrópicos (endowments)

A Ministra da Cultura, Margareth Menezes, Henilton Parente de Menezes (Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural) e Odecir Luiz Prata da Costa (Diretoria de Fomento Indireto) receberam o IDIS e membros da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos para uma conversa sobre fundos patrimoniais filantrópicos, também conhecidos como endowments.

No encontro, foram apresentados dados do Monitor de Fundos Patrimoniais e do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, realizados pelo IDIS e pela Coalizão pelos Fundos Patrimoniais. Foram debatidas as contribuições desses instrumentos para apoiar a sustentabilidade financeira de instituições culturais e como a regulamentação dos incentivos fiscais para as OGFPs (Organização Gestora de Fundos Patrimoniais) de cultura, previstos na Lei 13.800/19, poderia aumentar ainda mais esta contribuição.  

Reunião sobre Fundos Patrimoniais no Ministério da Cultura em Brasília. 22 de maio de 2025. Foto: Victor Vec/ MinC.

Estiveram presentes Andrea Hanai, Gerente de Projetos do IDIS; Luciane Gorgulho, Chefe de Departamento na Área de Relacionamento Institucional, Marketing e Cultura no BNDES; Priscila Pasqualin, Advogada-Sócia no PLKC; Ricardo Levisky, Fundador e Presidente da Levisky Legado; Alexander Kellner, Diretor do Museu Nacional; Fausto Arruda, Superintendente Geral da Fundação OSESP; Juliana Furini de Vasconcellos Puntel, Advogada na Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados; e Gustavo Arthur Müller e Ralfe Cardoso, do Núcleo de Orquestras Jovens de Novo Hamburgo.

Reunião sobre Fundos Patrimoniais no Ministério da Cultura em Brasília. 22 de maio de 2025. Foto: Victor Vec/ MinC.

Os fundos patrimoniais filantrópicos são instrumentos voltados à promoção de sustentabilidade de longo prazo para causas ou instituições apoiadas. O seu funcionamento não é amparado na utilização dos recursos captados, mas sim na gestão desses recursos para a geração de rendimentos. O objetivo é garantir a preservação do patrimônio acumulado e permitir resgates periódicos para o apoio de causas ou instituições de interesse público.

Internacionalmente, esse tipo de fundo é amplamente utilizado por instituições culturais e educacionais, que conseguem garantir assim uma maior perenidade e independência. No Brasil, a pauta vem ganhando destaque nos últimos anos, especialmente após 2019, com a promulgação da Lei dos Fundos Patrimoniais (Lei nº 13.800/2019) que, além de criar um ambiente institucional e seguro para sua operação, trouxe visibilidade para a temática e sua importância.

Entretanto, Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS e especialista em fundos patrimoniais, que esteve presente na reunião com o Ministério da Cultura, reforça que ainda há muito a ser feito no país nesta temática.

“Por aqui, a construção dessa cultura é o grande desafio. Ainda há desconhecimento sobre os mecanismos de funcionamento dos fundos patrimoniais, resistência à doação por parte do setor privado e poucos incentivos fiscais. Avançar exige vontade política, articulação entre governo, iniciativa privada e sociedade civil, e, sobretudo, o fortalecimento da cultura de doação”, diz a especialista em artigo recém-publicado no Correio Braziliense. 

 

Andrea Hanai junto a Margareth Menezes durante o encontro ocorrido em Brasília. 22 de maio de 2025. Foto: Victor Vec/ MinC.

ATUAÇÃO DO IDIS

O IDIS é, há mais de 10 anos, um grande promotor dos fundos patrimoniais filantrópicos, liderando a Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, um grupo multisetorial hoje composto por mais de 120 membros, entre organizações, empresas e pessoas que apoiam a regulamentação do mecanismo no país.

Além disso, mantemos ativo o Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil, uma iniciativa para o acompanhamento de endowments em atividade, com dados obtidos a partir de questionários respondidos por gestores destes fundos ou por meio da consulta pública em sites ou veículos de imprensa. Em maio de 2025, o Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil identificou 121 fundos patrimoniais ativos, cujo patrimônio total informado é de mais de 130 bilhões de reais. 

COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos é um grupo multissetorial, formado por mais de uma centena de signatários, que contribui para que as iniciativas e pleitos de advocacy efetivamente representem o setor. Seguimos interessados em ampliar e fortalecer a rede, reunindo novos pontos de vista.

Ainda não é um signatário da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos? Entre em contato com comunicacao@idis.org.br. É gratuito! Faça parte e apoie a causa dos fundos patrimoniais filantrópicos.

Política pública de transformação digital aprimora o Sistema Único de Saúde (SUS) e amplia serviços para a população brasileira

Fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) é o ponto de partida do Programa Juntos pela Saúde (JpS). Para desenvolver e apoiar iniciativas complementares às já existentes, é essencial conhecer de perto o que já tem sido realizado pelo Ministério da Saúde. Isso se torna ainda mais relevante em termos de inovação, o que traz um contexto fundamental para quem está na ponta desenvolvendo iniciativas em vários campos da saúde, como os projetos apoiados pelo JpS, sendo que diversos deles atuam com sistemas digitais, ferramentas tecnológicas, entre outros focos.

Tendo isso em vista, o Programa Juntos pela Saúde realizou uma entrevista exclusiva com Ana Estela Haddad, Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde. No bate-papo, a Secretária compartilhou as principais ações de transformação digital que vêm sendo realizadas no âmbito do Programa SUS Digital, criado em março de 2024. Todos os 5.570 municípios, os 26 estados e o Distrito Federal aderiram ao Programa e o Ministério da Saúde destinou aos municípios e estados, em 2024, o valor de R$ 454 milhões.

Ana Estela ressaltou também os desafios em levar inovações tecnológicas aos quatro cantos do Brasil, devido aos diversos desafios presentes num país marcado por desigualdades e os impactos positivos de iniciativas, como serviços de telessaúde, permitindo que brasileiras e brasileiros que vivem em regiões como Norte e Nordeste – foco de atuação do Juntos pela Saúde – tenham acesso a atendimentos especializados.

Confira a entrevista completa:

1. O SUS é um modelo de política pública de saúde reconhecido mundialmente e que, em 2025, completa 35 anos desde sua criação, por meio da Lei 8.080/1990. Nessas três décadas, muito se avançou, como, por exemplo, com a criação do Programa SUS Digital, em março de 2024. Quais são as principais inovações que vêm sendo realizadas e os benefícios das soluções digitais para a saúde pública?

A primeira inovação é uma visão sistêmica do processo de transformação digital, que é orientado pelas necessidades e desafios da rede de serviços, com o propósito de ampliar o acesso às ações e serviços de saúde, chegar a locais de vazios assistenciais e, principalmente, trabalhar em um conjunto diverso de camadas, para dar conta desse desafio.

Nesse sentido, uma inovação importante foi a criação do Índice Nacional de Maturidade em Saúde Digital (INMSD), com sete dimensões, que está normatizado na Portaria GM/MS nº 3.727, de 21 de maio de 2024, o qual todos os municípios e estados autoaplicaram-se, respondendo a esse questionário. Isso foi muito importante para criar um marco lógico e teórico comum no país. 

Também, na articulação interfederativa, como tivemos um repasse de recursos e todos aderiram, chegamos a um ponto no qual temos – um ano depois do início do programa – 120 Planos de Ação de Transformação para a Saúde Digital das macrorregiões do país, que foram realizados com base no Diagnóstico Situacional e no Índice Nacional. Agora, terá início a implementação dos planos. 

Em relação ao Índice, uma das camadas, por exemplo, é a governança. Assim, há estados e municípios que já estão criando estruturas locais, que deixam de ser de tecnologia da informação operacional, para ser uma política de transformação digital em saúde, que envolve infraestrutura pública de rede, modelo de governança de dados, arquitetura de interoperabilidade e proteção e privacidade de dados.

Outro aspecto que gostaria de destacar diz respeito às questões necessárias em termos de economia de escala, a fim de que o processo de transformação ocorra em todo o país. Para tal, algumas ações são estruturantes e preparam o caminho, como a parceria com o Ministério das Comunicações, com investimentos próprios e com o PAC da Saúde, a fim de ampliar a conectividade nos locais que ainda não têm esse serviço. 

Apresentamos também um projeto para o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST), para garantir a conectividade nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Também estamos avançando num processo mais personalizado para os territórios dos povos originários, assim como em alguns complexos de favela em grandes municípios, como no Rio de Janeiro, no qual temos um trabalho no Complexo da Maré que envolve uma cocriação com as lideranças comunitárias.

A Secretaria passou ainda a ter assento no Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade (CNPD), estamos influenciando a agenda regulatória de discussão da Autoridade Nacional de Proteção de Dados [ANPD] para 2025, acompanhando a tramitação do projeto de lei sobre inteligência artificial, participando do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, entre outras ações. Ou seja, a saúde entrou na pauta.

Uma ação muito importante é o avanço do modelo de interoperabilidade com a Rede Nacional de Dados em Saúde e as três plataformas, que se desdobram da Rede, que são o Meu SUS Digital, o SUS Digital Profissional e, mais recentemente, o SUS Digital Gestor.

Trabalhar a política nessa perspectiva integradora e pensando desde o ciclo de produção do dado, coleta, registro, integridade, transformação deste em informações estratégicas, indicadores de monitoramento e avaliação, até o processo assistencial, acredito que temos construído um desenho que, ele em si, já é a inovação.

2. Você comentou, secretária, sobre os Planos de Ação de Transformação para a Saúde Digital e que eles começam a ser implementados. O que constitui esses planos e o que já é possível avaliar das cidades em relação à sua situação e maturidade em saúde digital?

Os Planos de Ação foram estruturados dentro de uma plataforma, que é o Investe SUS, na qual os gestores já estão acostumados a trabalhar nas ações do Ministério da Saúde. Estruturamos a plataforma de tal maneira que se estabelece um conjunto de objetivos, que se desdobram em ações, depois em metas, assim como em indicadores e valores estimados e itens. Ou seja, os Planos já vêm com uma estrutura dada. Agora, estamos analisando a coerência deles. 

Os Planos têm três principais eixos, que são estruturantes do Programa SUS Digital. O primeiro é o da cultura de saúde digital, formação e educação permanente. O segundo é o da interoperabilidade, análise e disseminação de dados e informação em saúde, os sistemas de informação e os indicadores. E o terceiro é o de soluções tecnológicas e serviços de saúde digital, seja a telessaúde, seja a aplicação da inteligência artificial.

Quando olhamos os Planos, tendo como exemplo um estado, percebemos como estão distribuídos esses três eixos de forma equilibrada: 41% de soluções tecnológicas, 30% na parte de interoperabilidade e 29% na parte de cultura digital e informação.

Porém, quando tomamos como base as macrorregiões do país, essa distribuição é variável, de acordo com a necessidade e característica de cada macrorregião. Portanto, o que estamos fazendo agora é identificar nos Planos as necessidades que são comuns no país, a fim de que possamos pensar em soluções e ofertas nacionais, trabalhando com economia de escala e não no varejo.

3. Poderia detalhar e aprofundar um pouco mais a respeito desses Planos e as ações realizadas nas regiões Norte e Nordeste, que são focos de ação do Programa Juntos pela Saúde?

Para a distribuição dos recursos iniciais do Programa, classificamos as macrorregiões de saúde do país, fazendo uma tipologia em cinco estágios. E usamos várias referências para tal, como o Índice de Vulnerabilidade Social [IVS] do IPEA [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada], o porte populacional, a capacidade instalada da rede de serviços – principalmente da Atenção Especializada –, a força de trabalho presente, a conectividade a partir do Índice Brasileiro de Conectividade [IBC] da Anatel, entre outros.

E, quando combinamos todos esses indicadores, há uma coincidência de maior vulnerabilidade geral localizada nas regiões Norte e Nordeste, mas, principalmente, no Norte. Assim, no momento da distribuição dos recursos, são regiões que procuramos desenvolver medidas de equalização, de levar um recurso um pouco maior para que possam dar conta dos desafios, que são maiores.

4. O SUS implementa, desde 2006, serviços de telessaúde, ou seja, utiliza tecnologias digitais para oferecer teleatendimento, de forma complementar à consulta presencial. Como esse serviço vem sendo aprimorado nesses quase 20 anos para integrar, cada vez mais, a Atenção Primária à Atenção Especializada, principalmente com um impulso que teve durante a pandemia de Covid-19?

Quando esse serviço começou em 2006, o foco era qualificar a Atenção Primária. Hoje, pensamos a telessaúde de uma maneira mais global e sistêmica, inclusive, com toda a sua abrangência de serviços. Antes da pandemia, por exemplo, não fazíamos teleconsultas e, atualmente, sim. 

O Programa Telessaúde Brasil Redes chegou a ter núcleos de atendimento em todos os estados, mas houve uma descontinuidade e, agora, estamos retomando. Em 2022, por exemplo, estávamos com 10 núcleos e, atualmente, com 27. E temos algumas ofertas nacionais de Atenção Especializada: teleoftalmologia, telecardiologia e teledermatologia. Estamos trabalhando para ampliar ainda mais esses serviços e linhas de cuidado prioritárias para o Programa Mais Acesso a Especialistas.

5. Sabemos da importância da disseminação de informações estratégicas em saúde para a prevenção e o combate precoce a muitas doenças. O app “Meu SUS Digital”, por exemplo, facilita o acesso às informações em saúde e promove a continuidade do cuidado dos usuários do SUS. Porém estamos diante de um país extremamente desigual, em que a tecnologia ainda não está disponível a toda a população brasileira, principalmente entre os cidadãos que são beneficiários diretos do SUS. Como a SEIDIGI tem enfrentado esse desafio para levar iniciativas de saúde digital aos cidadãos?

O uso massivo do celular capilariza muito as possibilidades. O que precisamos fazer ainda é avançar na disseminação do Meu SUS Digital. Temos crescido progressivamente, com mais de 50 milhões de downloads, mas é preciso ter um uso regular. Tivemos também uma ampliação de, mais ou menos, 30 funcionalidades nesses últimos dois anos no aplicativo, o que leva também a uma proporção maior de usuários.

Vamos lançar agora a caderneta de saúde da criança no Meu SUS Digital. A proposta é que toda a tratativa de prontuário vincule a conta da criança à da família. Isso permite um melhor acompanhamento, pois a caderneta em papel tem um limite temporal e geográfico, sem contar que, se o responsável perde a caderneta, ficamos sem acesso a todas as informações da criança, enquanto a caderneta digital rompe essa barreira de tempo e espaço.

6. Um dos projetos contemplados pelo programa Juntos pela Saúde tem reunido, no ambiente digital, informações dos pacientes visando à melhoria do processo de gestão de saúde em dezenas de municípios por meio do Painel de Indicadores de Saúde Mental. Como a Secretária vê essas parcerias com Organizações da Sociedade Civil (OSCs) no oferecimento desses serviços para os equipamentos de saúde municipais?

A participação do terceiro setor é sempre muito importante. A sociedade deve dar sua cota de colaboração, pois o governo sozinho não resolve todos os problemas. Além disso, o governo é transitório, então, a continuidade, muitas vezes, pode se dar com o apoio do terceiro setor.

Porém, é importante um alinhamento com as políticas públicas e as diretrizes que cabem ao Ministério, para que tenhamos uma soma de esforços e não uma sobreposição, e trabalhemos todos na mesma direção. O mesmo vale para as ações desenvolvidas pela filantropia e o investimento social privado. Acredito que o caminho seja de uma boa articulação. 


Ana Estela Haddad é Mestre e Doutora em Ciências Odontológicas e Professora Titular do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP). É Coordenadora Adjunta do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Políticas Públicas para a Metrópole (NAP Escola da Metrópole) e Coordenadora da Estação FOUSP-ABENO (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e Associação Brasileira de Ensino Odontológico) da Rede de Observatórios de Recursos Humanos em Saúde (Ministério da Saúde/OPAS). É Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Novas Tecnologias aplicadas à Saúde Digital, com ênfase na Telessaúde, Telemedicina, Teleodontologia e Educação. Em 2023, assumiu a Secretária de Informação e Saúde Digital.

IDIS endossa manifesto internacional em solidariedade aos afetados por cortes de financiamento

As organizações da sociedade civil desempenham um papel crucial na promoção do bem-estar social, na defesa de direitos, na redução das desigualdades e no fortalecimento da democracia. A doação de recursos é vital para a sobrevivência dessas organizações, permitindo que continuem suas atividades e alcancem seus objetivos. Desde março, entretanto, quando foram anunciadas as primeiras interrupções de investimentos por parte da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), temos visto sucessivos cortes e se instaurou um clima de incerteza. A forma abrupta de como se deu o processo, impactou, e tem impactado, inúmeras organizações, que dependiam desses recursos para sua sobrevivência. 

Em um cenário em que resiliência e adaptação são necessárias, a rede global de organizações que apoiam e desenvolvem a filantropia, WINGS – Worldwide Internacional Network for Grantmaking Support, lança o manifesto Philanthropy’s solidarity with those impacted by aid cuts: A joint Call to Action’, em solidariedade aos afetados, com diretrizes sobre como o setor filantrópico pode apoiar neste momento difícil, ao mesmo tempo em que contribuiu para o fortalecimento do ecossistema de impacto coletivo. Entre as ações propostas estão modelos de financiamento mais flexíveis e de longo prazo; a promoção de narrativas positivas através de dados e histórias que inspirem a atuação do setor social entre a sociedade; o apoio a mecanismos de filantropia comunitária, o financiamento de redes e a defesa de um ambiente regulatório favorável à atuação das organizações da sociedade civil, entre outros tópicos estruturantes e que contribuem para a sustentabilidade das OSCs. 

Ao aderir à iniciativa, o IDIS reafirma seu compromisso com o fortalecimento da filantropia e cultura de doação, além da promoção de uma sociedade civil mais resiliente e autônoma. 

“Acredito que a colaboração e empatia entre organizações são fundamentais para enfrentar os desafios atuais e futuros. É importante também protegermos os avanços que já tivemos para seguirmos gerando impacto positivo”, ressalta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

No início de maio, o manifesto já conta com a adesão de 63 organizações de 27 países. Para mais informações sobre o manifesto e tornar-se um signatário, acesse o site da WINGS.

IDIS e Transformando Territórios marcam presença no 13º Congresso GIFE

O IDIS esteve presente no 13º Congresso GIFE, realizado de 7 a 9 de maio em Fortaleza (CE), reafirmando seu compromisso com a promoção de uma filantropia mais estratégica, inclusiva e transformadora. Com o tema ‘Desconcentrar poder, conhecimento e riquezas’, o evento reuniu centenas de representantes de organizações da sociedade civil, especialistas e lideranças do setor público e privado. Em pauta, discussões fundamentais para o futuro do investimento social privado (ISP) no Brasil, com foco em ampliar o apoio às OSCs, promover a equidade de gênero e raça e impulsionar soluções para um desenvolvimento sustentável e democrático.

Paula Fabiani, CEO do IDIS, foi palestrante em um dos painéis, e Carlos Jorge, fundador da Mundaú Mundo que integra o programa Transformando Territórios, também. Além da participação nas mesas de debate, o Congresso marcou um momento especial: pela primeira vez, 10 das 15 Fundações e Institutos Comunitários apoiados pelo programa estiveram presentes no evento, com apoio do programa e do próprio GIFE. A presença da delegação foi um marco no fortalecimento da filantropia comunitária e da atuação do Transformando Territórios, iniciativa do IDIS em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation.

Investimento social corporativo em foco

No painel ‘Investimento social corporativo e as suas alternativas no enfrentamento às desigualdades’, Paula Fabiani esteve ao lado de Camila Valverde (Fundação ArcelorMittal), Guibson Trindade (Pacto pela Promoção da Equidade Racial), Raphael Mayer (Simbi) e Raull Santiago (Iniciativa PIPA). A mesa discutiu sobre caminhos concretos para deixar o campo do Investimento Social Corporativo (ISC) mais diverso, distribuído e alinhado aos grandes desafios sociais e ambientais do país.

Paula destacou o papel do Compromisso 1%, iniciativa do IDIS em parceria com o Instituto Mol, que incentiva empresas a destinarem ao menos 1% do lucro líquido para causas sociais, como uma das estratégias para engajar empresas e ampliar o impacto do ISC.

Além de participar do painel, Paula esteve presente em um almoço promovido pelo Movimento por uma Cultura de Doação (MCD), com membros da rede. 

Conexão, fortalecimento e filantropia comunitária

Carlos Jorge, da Mundaú Mundo (AL), participou do painel ‘Modelos Participativos de Doação e Financiamento’, ao lado de Camila Haddad (Próspera Social), Guiné Silva (Fundação Tide Setubal), Marcelle Decothé (Iniciativa PIPA) e Mahyran Sampaio (ONU). A discussão abordou como o financiamento participativo, especialmente no contexto do grantmaking, pode contribuir para a redistribuição do poder, conhecimento e riquezas, fortalecendo comunidades e promovendo novas formas de governança mais colaborativas e conectadas com as realidades locais.

Carlos compartilhou a experiência da Mundaú Mundo como uma FIC (Fundação ou Instituto Comunitário), modelo de organização que capta, gerencia e realiza doações de recursos financeiros para iniciativas sociais em seus territórios. Essas organizações desempenham um papel central no fortalecimento das redes locais e na resposta a demandas comunitárias, garantindo a vitalidade do setor social de base.

Encerrando com chave de ouro, o IDIS promoveu um jantar especial com as lideranças das FICs presentes, parceiros do Transformando Territórios e convidados. Foi um momento simbólico de confraternização, trocas significativas e renovação dos laços que sustentam a construção coletiva de uma filantropia mais descentralizada, enraizada e potente. 

CONFIRA ABAIXO RELATOS DAS LIDERANÇAS DE FUNDAÇÕES E INSTITUTOS COMUNITÁRIOS QUE PARTICIPARAM DO CONGRESSO GIFE:

“Precisamos de mais audácia no nosso setor filantrópico brasileiro. A ilustração didática de Abigail Dinsey sobre os “bebês à deriva no rio”  causa desconforto – e que bom que é assim. A atuação paliativa é sempre mais sedutora do que a preventiva, que requer confronto, tempo, negociação e ousadia.  Uma não substitui a outra, obviamente. A criança que hoje vive em uma situação de vulnerabilidade social requer diferentes estratégias de acolhimento e os projetos sociais, especialmente os de arte-educação, são bem-sucedidos nessa missão.  Devemos ficar atentos, contudo, às lacunas no espaço da filantropia de incidência política. Quem são os atores que vem usando seu capital, financeiro e social, para apoiar a estruturação de uma sociedade mais equânime e justa? A coragem, ao que parece, ainda não anda no mesmo compasso dos desafios complexos da sociedade brasileira.” – Karine Ruy, da Fundação Gerações. 

 

“Percebi nos corredores e coffee breaks da conferência que, embora esteja muito consolidado que o caminho adiante é sobre ouvir o território, simplificar, desburocratizar e incluir, as fundações corporativas ainda tem uma profunda dificuldade em implantar essa visão.” – Renato Orozco, da Associação Nossa Cidade.

 

“As positivas provocações do Congresso foram diversas e claras. Um caminho positivo e disruptivo para a filantropia e o ISP no Brasil deverá envolver, de forma efetiva e equânime, as bases – aqueles que já congregam, transformam e constroem poder, conhecimento e riqueza em prol do coletivo todos os dias. ” – Luciana Moreira, do Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim.

 

“Participar de um evento como este que abre possibilidades para que organizações estejam , sejam, representem faz muita diferença. Refletir sobre o ponto de inflexão no campo da filantropia contemporânea: o momento em que ela deixa de ser apenas um ato de repasse de recursos e se torna uma prática de enraizamento. Falar em filantropia para territórios é falar sobre investir com profundidade, com permanência e com escuta. É reconhecer que lugares não são apenas mapas — são vidas, histórias, redes e potências. E que transformar realidades exige mais do que boas intenções: exige compromisso com quem vive e conhece os caminhos que a distância não revela.”  – Bruna Cantanhêde e Denilson Pereira Sousa, do Instituto Baixada.

 

“A verdadeira transformação ocorre quando o investimento social privado deixa de ser apenas um financiamento e se torna um parceiro ativo na construção coletiva de soluções sustentáveis, investindo nas causas e no fomento das organizações sociais.” – Flávia Mota, do Fundo Jequi.

 

“O tema do 13º Congresso GIFE — “Desconcentrar Poder, Conhecimento e Riquezas” — foi especialmente inspirador. Fiquei feliz em reencontrar uma comunidade vibrante, formada por profissionais altamente qualificados de Fundações, Institutos Empresariais e Organizações da Sociedade Civil, referências em seus campos de atuação e territórios.” – Willian Narzetti, do ICOM. 

Você já ouviu falar em Institutos e Fundações Comunitárias?

O conceito de Fundação Comunitária ou Community Foundations surgiu nos Estados Unidos, mais precisamente em Cleveland/Ohio, como uma solução para a dificuldade que os bancos encontravam em satisfazer o desejo de seus clientes de doar parte de próprios patrimônios em testamentos para endereçar demandas sociais da cidade. À época, não existiam estruturas jurídicas nem modelos consolidados que permitissem doações flexíveis voltadas a demandas locais de maneira organizada e permanente. A fundação comunitária foi uma inovação justamente por oferecer essa governança comunitária e flexibilidade.

Desde então, as Fundações Comunitárias se espalharam pelo país e se tornaram populares no resto da América do Norte, Europa e, nas últimas décadas, nos outros continentes. De acordo com o Community Foundation Atlas, em 2014, cem anos após o surgimento da primeira fundação comunitária, existiam mais de 1.800 dessas organizações no mundo, que movimentam anualmente mais de USD 5 bilhões (ou 25 bilhões de reais).

EXPLORANDO O CONCEITO

Mas o que são Fundações e Institutos Comunitários (FICs)? Certamente você conhece ou já ouviu falar de organizações da sociedade civil (OSCs) que atuam em prol de causas como saúde, combate à fome, educação, meio ambiente, entre outras. Diferente das OSCs tradicionais, as FICs atuam em um território geográfico definido — seja um bairro, distrito, cidade ou região — e trabalham para solucionar os problemas prioritários daquela localidade. A causa central das FICs é o próprio território em que atuam. Por isso, sua atuação é multitemática, abrangendo uma diversidade de temas e questões relevantes para a comunidade local.

Há um ditado na área da filantropia comunitária que diz “conheça uma fundação comunitária e você terá conhecido apenas uma”. Não há duas fundações comunitárias iguais em nenhum lugar do mundo, apesar das características, valores e princípios serem os mesmos ou muito similares.

As FICs se diferem das organizações tradicionais também em outros princípios como:

  • Organizações locais
  • Representadas por membros da comunidade
  • Organizações juridicamente estabelecidas e perenes
  • Multitemáticas
  • Financiadas por fontes de recursos diversas
  • Visão de longo prazo
  • Majoritariamente grantmakers
  • Assessoram a jornada filantrópica do doador
  • Provedoras de apoio institucional e técnico às organizações e iniciativas sociais locais.

 

As FICs são protagonistas da interlocução entre organizações sociais e doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Esse modelo de organização social fomenta o protagonismo local e empodera a comunidade reduzindo desigualdades, promovendo o desenvolvimento local sustentável e agindo como interlocutora dos diversos stakeholders (parte interessadas). Veja o funcionamento:

VALORES DAS FICS

As FICs contribuem para a defesa de interesses públicos e da melhoria na qualidade de vida da sociedade como um todo, não à toa possuem valores imprescindíveis para sua atuação:

  • Protagonismo Comunitário: valorização dos ativos locais e engajamento cívico local como as principais forças condutoras do processo de desenvolvimento de comunidades, no qual cidadãos são investidores e responsáveis pela transformação positiva da própria realidade, garantindo a legitimidade das ações promovidas, a defesa dos direitos e interesses comunitários, e a perpetuidade do movimento de melhoria da qualidade de vida local.
  • Defesa dos valores democráticos: como iniciativas coletivas, é imprescindível para o sucesso das FICs que elas defendam e promovam valores democráticos referentes ao direito à vida digna, à justiça social, à instituição de processos participativos, à garantia da liberdade de expressão e ao respeito à diversidade e defesa dos direitos humanos.
  • Transparência: a construção de relações de confiança a partir de comunicação transparente entre atores sociais, da abertura organizacional para o compartilhamento de informações e da divulgação de dados referentes às atividades, processos, tomadas de decisão e à gestão de recursos executadas pela FIC ao longo do tempo.
  • Práticas Sustentáveis: é fundamental o comprometimento das FICs com o uso consciente e sustentável dos recursos naturais do território.
  • Atuação em rede: crença na força das ações colaborativas como meio para se alcançar o desenvolvimento de longo prazo das comunidades sendo, desta forma, amplamente valorizada a articulação e o cultivo de parcerias com representantes dos setores público, privado e social.

INSTITUTOS E FUNDAÇÕES COMUNITÁRIAS NO BRASIL

No Brasil, juridicamente, as FICs podem ser formalizadas como associações — muitas vezes denominadas institutos — ou como fundações. Por isso, utilizamos localmente ambos os termos como sinônimos e nos referimos a elas como Fundações ou Institutos Comunitários, ou, simplesmente, FICs.

Reconhecendo a relevância dessas organizações para o desenvolvimento social inclusivo — com protagonismo da própria comunidade local — o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), em parceria com a Charles Stewart Mott Foundation, criou o programa Transformando Territórios. A iniciativa fomenta a criação, o fortalecimento e o desenvolvimento de Fundações e Institutos Comunitários no Brasil. Lançado em 2020, o programa atua em conjunto com diversos parceiros e apoiadores, oferecendo suporte técnico, institucional e financeiro às FICs, tanto de forma individual quanto ao coletivo, além de incentivar o engajamento de doadores e da sociedade civil.

Em 2025, 15 organizações de 10 estados brasileiros fazem parte do Programa. Desde o início do projeto, 18 organizações já foram apoiadas, das quais três previamente já se identificavam com o conceito de Fundação Comunitária. Ao participar do Programa, cada organização define sua trilha de desenvolvimento, com metas, objetivos e esforços alinhados com seus territórios, conhecimento e história. Com amplos diálogos, é definida uma estratégia de apoio para cada uma delas, respeitando os saberes, demandas e potenciais locais.


A partir da experiência de quatro anos na condução do programa Transformando Territórios, o IDIS lançou em 2024 um guia a partir de exemplos de quem já transforma territórios. Os conteúdos abordam desde os aspectos legais e estruturais de uma fundação ou instituto comunitário até as melhores práticas para envolver a comunidade local. Baixe agora!


SOBRE O TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Saiba mais sobre o programa e os participantes em www.transformandoterritorios.org.br

Começa a pesquisa para Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2024

Está iniciada a coleta de dados para o Anuário de Desempenho dos Fundos Patrimoniais 2024. Esta é a quarta edição da publicação, realizada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos e que este ano tem o apoio Master do Movimento Bem Maior, e apoio de 1618 InvestimentosASA – Associação Santo Agostinho, Fundação Grupo Volkswagen, Fundação José Luiz Egydio SetubalFundação Maria Cecília Souto Vidigal, Mattos Filho, Pragma Gestão de Patrimônio e Wright Capital Wealth Management.

A iniciativa traz informações sobre fluxo de caixa (patrimônio, doações recebidas, investimentos na causa e resgates para manutenção própria); alocação e rentabilidade dos investimentos; estrutura da governança (com dados sobre a presença de membros independentes e participação feminina), investimento responsável, além de perspectivas para o futuro.

A última edição do estudo, no ano passado, contou com 74 respondentes com patrimônio somado de R$ 156 bilhões.

Serão enviados emails convite para os fundos mapeados pelo IDIS, mas gestores interessados em integrarem o Anuário podem entrar em contato com a equipe do IDIS pelo email: anuariofp@idis.org.br.

 

Para conhecer as informações solicitadas no questionário, o disponibilizamos também completo em Word (acesse aqui). Mas atenção: só serão válidas respostas enviadas via sistema

PRAZO DE PREENCHIMENTO

As respostas oficiais deverão ser preenchidas no sistema online clicando aqui até 31 de Maio de 2025.

 

Conheça o Anuário de Desempenho dos Fundos Patrimoniais 2023.

 

REALIZAÇÃO

SOBRE FUNDOS PATRIMONIAIS

Os fundos patrimoniais, ou endowments, são mecanismos que contribuem para a sustentabilidade financeira de organizações e causas. No Brasil, o primeiro foi criado na década de 50 e se intensificaram a partir de 2019, com a sansão da Lei 13.800/19. Segundo o Monitor de Fundos Patrimoniais, há hoje no país mais de 120 fundos patrimoniais ativos.

 

Saiba mais:

Programa Juntos pela Saúde lança cinco novos projetos para fortalecer o SUS no Norte e Nordeste do Brasil

Em 2024, o Programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES gerida pelo IDIS, se expandiu para todos os estados da região Norte e Nordeste do Brasil, apoiando o Sistema Único de Saúde (SUS) na região. Ao todo foram dez novos projetos aprovados, sendo cinco deles selecionados por meio de fomento estruturado. Esta modalidade é destinada a projetos indicados pelos apoiadores que estejam alinhados com os objetivos do programa e que recebem apoio técnico do IDIS na sua estruturação. 

Com novos aportes, serão quase R$20 milhões a mais investidos em projetos de fomento estruturado, que contemplam mais de 2.000 municípios, aproximadamente, nos 16 estados do Norte e Nordeste do país. Por meio de uma estratégia de matchfunding, na qual o recurso captado tem seu valor dobrado ampliando o alcance e impacto das ações, doações do BNDES e outros três apoiadores (capital filantrópico), viabilizaram o apoio a cinco novas propostas que agora compõem o portfólio de projetos do Juntos pela Saúde. Ao todo, para estas novas iniciativas, o Fundo Vale destinou R$1 milhão, a Fundação Novartis mais de R$2,6 milhões e a Umane destinou mais de R$6 milhões.

Como eixo comum entre os projetos, destaca-se o enfoque no fortalecimento da Atenção Primária à Saúde no âmbito do SUS. Entretanto, os diferentes executores têm projetos bastante diversos abrangendo desde o cuidado com gestantes e hipertensos e a construção de infraestrutura para viabilizar o atendimento do SUS na Amazônia Legal, até a identificação e prevenção de epidemias respiratórias, e o aprimoramento do cuidado de Condições Crônicas Não Transmissíveis (CCNT) e da saúde ocular dos brasileiros.

Conheça um pouco mais de cada um dos projetos apoiados:

AfluentesExecutado pelo Instituto de Estudos e Políticas para a Saúde (IEPS) com apoio do BNDES e parceria com a Umane, o projeto tem como objetivo principal reduzir a morbidade e a mortalidade associadas às falhas no cuidado de gestantes e de hipertensos em áreas desassistidas da Amazônia Legal. Para que isso seja possível, serão realizados diagnósticos das linhas de cuidado da Atenção Primária à Saúde (APS) relativas à hipertensão e pré-natal na região do Baixo Amazonas de forma a posteriormente desenvolvê-las por meio de tecnologias gratuitas. Serão beneficiárias as Secretarias Municipais de Saúde de seis municípios do estado do Pará.

Sistema de Antecipação de SurtosComandado pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), apoiado pelo BNDES e em parceria com a Umane, o projeto desenvolverá e implantará um sistema de alertas antecipados, geograficamente localizados, para identificar previamente surtos respiratórios a partir do monitoramento contínuo dos atendimentos na Atenção Primária à Saúde (APS). Para isso, o projeto pretende estar  presente em nas capitais do Norte e Nordeste, posteriormente expandido  para demais cidades das regiões. 

CARDIO Executado pela Beneficência Portuguesa (BP) e com apoio do BNDES e Fundação Novartis, o projeto pretende transformar o cenário das Condições Crônicas Não Transmissíveis (CCNT) e desfechos clínicos, buscando reduzir as taxas de morbidade e mortalidade. Para isso, ampliará a implementação da metodologia CARDIO, que será ajustada às necessidades e aos aspectos culturais dos territórios contemplados, beneficiando mais de 30 municípios da Paraíba, Ceará e Pará.  

SUS na Floresta Com execução da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), apoio do BNDES e parceria com o Fundo Vale e a Umane, o projeto tem como objetivo principal a construção de um ponto de apoio na Reserva Extrativista do Rio Gregório, no município de Eirunepé, no Amazonas. O ponto de apoio conterá infraestrutura para receber os atendimentos do SUS na região, com capacidade de realização de consultas odontológicas e telemedicina, e atendimento de aproximadamente da comunidade ribeirinha da região. 

V.E.R. – Visão Em RedeCom execução da Fundação Altino Ventura (FAV), apoio do BNDES e parceria da Umane, o projeto promoverá avanços na saúde oftalmológica da população brasileira por meio da ampliação do acesso e da utilização de metodologias digitais inovadoras. Para tal, será executado um projeto piloto no município de Serra Talhada, em Pernambuco, no qual será desenvolvida uma plataforma com novas tecnologias que poderá ser integrada às interfaces do SUS e às políticas de saúde existentes, tendo potencial de adoção em todo o território nacional.

Como nossa consultoria funciona na prática? Confira os destaques de 2024

Desde a nossa fundação, o IDIS oferece apoio técnico a famílias, empresas e organizações sociais interessadas em iniciar ou aprimorar seus investimentos sociais.

Em 2024, a equipe do IDIS conduziu 41 projetos, contemplando diferentes aspectos da jornada filantrópica. A nota média de recomendação (NPS) atribuída por nossos clientes foi de 9,7, em uma escala de 0 a 10, onde 10 significa a recomendação máxima.

Atuamos de forma customizada e participativa em seis frentes:

Convidamos você a conhecer mais a fundo nossos serviços e algumas dessas histórias inspiradoras que aconteceram ao longo de 2024:

 

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GOVERNANÇA

O planejamento estratégico é essencial para orientar o desenvolvimento de uma organização no longo prazo. Ele estabelece as metas e objetivos de uma empresa ou instituição, levando em consideração seu contexto, seus recursos e suas capacidades. Contribuímos nesta frente, oferecendo consultoria para a criação de novas organizações, oferecendo capacitações em investimento social e também participando de projetos de planejamento para organizações já estabelecidas, levando em consideração seu contexto, recursos e capacidades.


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

A família Ribeiro é dona da Braúna, uma empresa de fruticultura, e de outros negócios no norte de Minas Gerais. Marcos Ribeiro, fundador da Braúna, tem o sonho de investir até 25% dos lucros de seus empreendimentos em causas sociais em Jaíba e região. A consultoria do IDIS teve como objetivo alinhar a visão de impacto social da família e da empresa, além de criar uma estratégia de longo prazo para a região. Foram definidas quatro linhas de atuação, incluindo doações para projetos existentes, fortalecimento de organizações locais e adaptação de metodologias bem-sucedidas. Também foram estabelecidos critérios para selecionar e monitorar projetos sociais, contribuindo para o atingimento dos impactos desejados.

Confira a história completa.


A governança, por outro lado, está mais relacionada com a estrutura e os processos pelos quais as decisões são tomadas, os recursos são geridos e a organização é controlada. Ela se refere a como os líderes e as partes interessadas tomam decisões para atingir os objetivos organizacionais, respeitando princípios como transparência, ética e responsabilidade.

Confira nossos produtos de conhecimento sobre o tema.


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

Em 2023, a Fundação FEAC realizou um mapeamento com as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) de Campinas e identificou que 63% das respondentes tinham dificuldade para recrutar novos dirigentes ou conselheiros voluntários. O principal gargalo relatado
era de encontrar pessoas interessadas para ocuparem essas posições. Frente ao desafio identificado, contou com o apoio do IDIS para a execução de um projeto piloto que atraísse, capacitasse
e conectasse voluntários às oportunidades de atuarem como conselheiros ou dirigentes nas OSCs de Campinas.

“Estamos bem animados, não só pela importância do projeto, mas também pelo quanto toda essa metodologia que estamos implementando tem o potencial de ser uma estratégia de fortalecimento de organizações sociais. Quando olhamos para a
perspectiva da governança, vemos a importância dessa renovação, que traz outros olhares, experiências e novas áreas de conhecimento e atuação profissional para dentro do trabalho que as organizações desempenham no ecossistema social de Campinas”, Rodrigo Correia, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Organizacional e Impulsionamento do Ecossistema Socia da Fundação FEAC.

 

Feira de Governança, realizada pelo IDIS, como parte do projeto de Dirigentes Voluntários

Confira a história completa.


AGENDA ESG

Com o crescimento da importância da Agenda ESG (em tradução, ambiental, social e governança) o IDIS tem investido no fortalecimento da equipe com especialistas e na produção de conhecimento sobre o tema, incluindo o desenvolvimento de metodologias que apoiam investidores sociais e tomadas de decisões. Há dois anos, foi oficializada a criação de uma unidade ESG no time de consultoria, oferecendo apoio técnico a empresas e organizações que desejam aprimorar suas estratégias ESG e conectá-las a suas práticas de investimento social. Os serviços incluem o desenho de programas e projetos, mapa de riscos e oportunidades, estabelecimento de comitês temáticos, alinhamento de indicadores e métricas para um report consistente.


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

A Brametal, comprometida com o fortalecimento de sua agenda ESG, buscou o apoio do IDIS para desenvolver uma estratégia de Investimento Social Privado (ISP) alinhada aos desafios da empresa e às necessidades da comunidade. O objetivo era estruturar uma atuação social mais estratégica e integrada, garantindo maior impacto e coerência com seus valores institucionais.

O IDIS conduziu um processo de análise interna e externa para mapear oportunidades e desafios, seguido de uma construção coletiva com a equipe de Responsabilidade Social da Brametal. A consultoria resultou na definição de eixos estratégicos de atuação, planejamento orçamentário, diretrizes de governança e um mapeamento de implementação, incluindo sugestões de novos programas, aprimoramento de projetos existentes e identificação de parceiros executores. Além disso, foram estabelecidos indicadores para monitoramento e avaliação dos resultados. Com essa estruturação, a Brametal passou a contar com um ISP mais estratégico e alinhado à sua visão ESG, ampliando seu impacto social de forma sustentável.

Confira a história completa.

 

O IDIS realizou a revisão estratégica do investimento social do Instituto Alpargatas, buscando revisitar seus eixos de atuação atuais e realinhá-los à estratégia corporativa do negócio, também revisitada nos anos de 2023 e 2024. Nesse contexto, foram avaliadas premissas para uma futura revisão do portfólio de projetos, envolvendo priorização de esforços em focos estratégicos e o fortalecimento de temas relevantes para o negócio, como a economia circular.

Confira a história completa.


ESTRUTURAÇÃO DE FUNDOS PATRIMONIAIS E ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA

O acesso e a gestão de recursos é essencial para a geração de transformações socioambientais. Nesta frente, contribuímos para que organizações adotem estratégias para sua sustentabilidade financeira, o que inclui aspectos relacionados à captação. A gestão desses recursos pode acontecer por meio da adoção de diferentes mecanismos. Entre nossas especialidades está o uso de fundos filantrópicos, sejam eles emergenciais ou filantrópicos.

 


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

O Brasil ocupa a quarta pior posição no ranking mundial de saúde mental, segundo revela a edição mais recente do The Mental State of the World. Globalmente, quase um bilhão de pessoas vivem com algum transtorno mental.

O Vertentes, ecossistema que atua na promoção, prevenção e apoio à saúde mental no Brasil, buscou o IDIS para apoio na estruturação de um fundo filantrópico que contribua para a celeridade de suas atividades e fortaleça sua estratégia de captação de recursos.

O Fundo Vertentes foi criado com base em modelagem proposta pelo IDIS e contou com a participação ativa das lideranças da organização. Sua criação, com gestão profissional e independente, possibilita o recebimento de doações e patrocínios
para o movimento, visando financiar pesquisas e apoiar o desenvolvimento de organizações e iniciativas no campo da saúde mental.

Equipe Vertentes reunida

Confira a história completa.


DESENHO/IMPLANTAÇÃO  DE PROJETOS E CAPACITAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES

Atuamos na estruturação e implementação de iniciativas sociais, com base em diagnósticos locais, benchmarks e estudos para identificar causas prioritárias. Além de desenvolver projetos estratégicos, o IDIS fortalece o relacionamento com a comunidade, capacita OSCs e promove redes de colaboração entre diferentes setores, garantindo impacto social sustentável e de longo prazo.

 


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

Buscando ampliar e fortalecer o engajamento de seus clientes corporativos em ações socioambientais, o BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina, se uniu ao IDIS para uma importante iniciativa.

O apoio técnico envolveu a realização da pesquisa ‘Investimento Social Privado em Grandes Empresas’, que analisa as ações filantrópicas de mais de 90 empresas de diversos setores. Este estudo fornece um panorama atual do Investimento Social Privado (ISP) no Brasil, destacando boas práticas e identificando oportunidades de impacto. Baixe a publicação na íntegra:

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DESENVOLVIMENTO DE EDITAIS E GESTÃO DE PORTFÓLIO

Trabalhamos junto a empresas e organizações sociais na criação de chamadas públicas que conectem iniciativas sociais com potenciais doadores ou investidores. Além disso, realizamos a gestão e acompanhamento das doações aos portfólios de
projetos apoiados, garantindo que cada iniciativa esteja alinhada aos objetivos estratégicos e ao impacto esperado.

 


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

Em linha com o desejo de estabelecer um novo pacto com a sociedade, a Vale assumiu o compromisso global de apoiar a saída de 500 mil pessoas da pobreza extrema até 2030. Entre as ações previstas, estava a constituição de um fundo filantrópico, com gestão profissional, independente e com as melhores práticas de governança, para receber aportes da Vale e de outros parceiros investidores, voltados ao fomento de iniciativas e instituições que atuam no enfrentamento à pobreza extrema.

O IDIS foi selecionado para realizar a modelagem e gestão programática e financeira do Fundo Filantrópico de Enfrentamento à Extrema Pobreza.

Após um processo inicial de modelagem e elaboração de documentos de gestão, em setembro de 2024, foi dado início às operações do Fundo. Três iniciativas de enfrentamento à pobreza extrema integram o portfólio do Fundo Filantrópico: os projetos Rede+, Voa Maracanã e Jovem Mobiliza.

Em 2025, o Fundo já tem novas iniciativas em processo de entrada, bem como o recebimento das primeiras doações de outras empresas investidoras.

 

Realizado pelo Instituto Mosaic, o Edital da Água é um projeto anual que seleciona e apoia financeiramente iniciativas de organizações da sociedade civil e instituições de ensino superior voltadas à disseminação de tecnologias sociais para a gestão eficiente da água.

O edital também promove boas práticas na gestão dos recursos hídricos, garante o acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, além de fomentar a proteção e restauração de ecossistemas aquáticos e a recuperação de nascentes.

O IDIS atua como parceiro técnico do projeto, gerenciando todas as etapas – do
planejamento à execução -, incluindo a formalização das doações, assinatura de termos de parceria, repasse de recursos e monitoramento dos projetos apoiados.

Desde 2019, mais de 16 mil pessoas, em 29 municípios de nove estados brasileiros, foram beneficiadas pelos 66 projetos contemplados pelo edital.

Na sexta edição, realizada em 2024, o edital incorporou uma nova prioridade: garantir o
acesso à água e saneamento para crianças na primeira infância (de 0 a 6 anos). Ao final do processo seletivo, que contou com a participação de especialistas do setor e lideranças da empresa, foram escolhidos 15 projetos para execução, com um investimento de mais de R$ 500 mil por parte do Instituto Mosaic.

Confira a história completa.


MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Nossa equipe trabalha com metodologias como o SROI (Social Return on Investment), protocolo de avaliação que propõe uma análise comparativa entre o valor dos recursos investidos em um projeto ou programa e o valor social gerado para a sociedade com essa iniciativa, e a Análise Custo Benefício. O IDIS também auxilia organizações a desenvolver sistemas robustos para medir o impacto de suas ações, garantindo que os resultados sejam avaliados de forma contínua, e auxiliamos na adaptação de estratégias com base nos dados coletados, sempre com foco na ampliação do impacto social.


cOMO ISSO É EFEITO NA PRÁTICA?

As práticas de monitoramento e avaliação no contexto do investimento social privado são essenciais para as empresas melhorarem a forma como medem o sucesso de suas iniciativas e seu impacto.

Reconhecendo a importância dessas práticas, a Fundação ArcelorMittal, organização social do Grupo ArcelorMittal, buscou o apoio do IDIS para o desenvolvimento de um Plano de Monitoramento e Avaliação (M&A), com o objetivo de fortalecer a cultura avaliativa na organização. A execução do plano permitirá à
Fundação monitorar os resultados a partir de seu próximo ciclo dos projetos, além de ampliar a capacidade da organização de elaborar planos de M&A em outras frentes de atuação. Para o Programa Liga STEAM, que visa unir parceiros e fortalecer o investimento em educação no Brasil, o IDIS executou uma avaliação usando o
protocolo SROI.

Confira a história completa.

 

A educação é, sem dúvida, uma ferramenta vital para a
transformação e inclusão social. É nessa crença que se baseia a atuação do Instituto Baccarelli. A organização oferece atividades educacionais e artísticas para os jovens de Heliópolis e de mais 12 territórios na cidade de São Paulo. Com um grande número de vidas sendo impactadas, fica o desafio: como compreender objetivamente o impacto que a iniciativa gera na sociedade?

Para responder a essa pergunta, o Instituto Baccarelli procurou o IDIS para realizar uma Avaliação de Impacto SROI da iniciativa. Foi identificado que para cada R$1,00 investido pelo Instituto Baccarelli, são gerados R$3,49 na forma de benefícios sociais para a sociedade.

“Há mais de 27 anos, o Instituto Baccarelli tem impactado a comunidade de Heliópolis, transformando vidas por meio da educação, da cultura e da inclusão social. O protocolo SROI que a equipe do IDIS aplicou com tanta profundidade, sensibilidade e excelência, nos trouxe a oportunidade de tangibilizar e identificar indicadores desse impacto social,
baseados em dados e metodologia científica. Além de muito nos orgulhar com os impactos apurados nesse primeiro estudo do SROI, eles nos permitem criar um diálogo ainda mais efetivo e engajado com a sociedade, fundamental para a continuidade do trabalho do Instituto Baccarelli”, Mauricio Cruz, gerente de desenvolvimento institucional do Instituto Baccarelli.

Coral de Heliópolis, iniciativa liderada pelo Instituto Baccarelli

Confira a história completa.

Veja mais organizações com quem trabalhamos ao longo de 2024:

 

Organizações da Sociedade Civil são convidadas a participar de pesquisa global inédita

A Charities Aid Foundation (CAF), em parceria com o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, e instituições aliadas em 28 países, está conduzindo a pesquisa World Charity Landscape 2025. O projeto busca mapear a atuação de organizações da sociedade civil (OSCs) ao redor do mundo, entender seus desafios e medir seu impacto na sociedade.

O objetivo é ouvir quem está diretamente atuando no campo, e fazendo um trabalho tão importante de transformação socioambiental no nosso país.

As OSCs participantes contribuirão com uma iniciativa global, que visa fortalecer a sociedade civil internacionalmente. O questionário é anônimo e leva de 8 a 10 minutos para ser preenchido. Além disso, é possível salvar as respostas e retomá-las posteriormente.

Os resultados consolidados serão publicados em setembro de 2025.

Clique aqui e participe!
Sua contribuição é muito importante

Caso queira conhecer o questionário completo antes de responder, você pode baixar o PDF com todas as perguntas clicando aqui

Sobre a CAF
A Charities Aid Foundation (CAF) é uma organização britânica dedicada à filantropia, com mais de 100 anos de atuação. Presente em diversos países, incluindo o Brasil, por meio do IDIS, a CAF apoia doadores e investidores sociais privados a maximizar o impacto de suas doações. A rede CAF conta ainda com escritórios na Argentina, África do Sul, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Índia, entre outros.

 

IDIS agora é membro da Social Value International

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social agora integra oficialmente a Social Value International (SVI), rede global que reúne profissionais e organizações comprometidas com a mensuração e gestão do valor e impacto social. A filiação reforça o compromisso do IDIS com práticas baseadas em evidências e com a melhoria contínua da eficácia de iniciativas sociais.

A SVI promove a adoção de metodologias robustas por meio da colaboração entre seus membros e da certificação de profissionais. Há mais de 15 anos, a rede é responsável por desenvolver e disseminar o protocolo SROI (Social Return on Investment), uma das ferramentas mais reconhecidas internacionalmente para avaliação de impacto.

Segundo a própria rede, “valor social significa compreender a importância que as pessoas atribuem às mudanças em seu bem-estar e o uso dos insights que obtemos dessa compreensão para tomar melhores decisões”. Ou seja, trata-se de usar dados e evidências para fortalecer o processo decisório em organizações sociais, com foco nos efeitos reais gerados para os públicos beneficiados.

“Ser parte da Social Value International nos conecta com uma comunidade global de prática e nos coloca na vanguarda da mensuração de impacto no Brasil. Isso fortalece nossa capacidade de apoiar organizações a tomar decisões mais informadas e eficazes”, comenta Denise Carvalho, gerente sênior de Monitoramento e Avaliação do IDIS.

A CEO do IDIS, Paula Fabiani, é a única brasileira com formação completa em SROI pela SVI. Além disso, a equipe técnica do instituto passou por capacitações conduzidas pela organização, o que contribui para a excelência das avaliações realizadas.

Hoje, o IDIS é referência nacional na aplicação do protocolo SROI, com projetos realizados para instituições como Amigos do Bem, Fundação Sicredi, Gerando Falcões, Parceiros da Educação, Petrobras e Vale.

Para saber mais, conheça os projetos de Monitoramento e Avaliação realizados pelo IDIS.

MAIS SOBRE AVALIAÇÃO DE IMPACTO

Com ampla experiência e tendo a produção de conhecimento como um de nossos pilares de atuação, temos inúmeros materiais disponíveis a quem deseja se aprofundar

Avaliação de Impacto SROI

Acesse aqui.

Para saber mais sobre nossos serviços e falar com a equipe de consultoria, escreva para comunicacao@idis.org.br.

Relatório de atividades 2024: investimento social é coisa de muita gente!

Todos os dias, trabalhamos para promover um presente e futuro melhor para esta e para as próximas gerações. Sonhamos, planejamos, agimos e colaboramos na construção de um mundo mais justo, doador e solidário. Mas este foi um ano mais que especial para o IDIS.

Completamos 25 anos, uma oportunidade de celebrar nosso passado, reconhecer conquistas, aprendizados e, principalmente, as pessoas que fazem parte dessa história. Inspirados pelo tema Investimento Social é coisa de gente, guiamos nossas comemorações com uma campanha que refletiu o que há de mais essencial em nossa atuação.

Seja entre iniciativas internas ou em colaborações com outras organizações do setor, a coletividade deu propulsão à nossa atuação baseada no tripé de geração de conhecimento, consultoria e projetos de impacto. Durante esse caminho, continuamos com nossa missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto. As histórias foram reunidas em nosso Relatório de Atividades.

Acesse e baixe o Relatório de Atividades IDIS de 2024.

Conheça os destaques!

 

O IDIS em números

Nossa equipe de consultoria conduziu 41 projetos, abrangendo áreas como planejamento estratégico, agenda ESG, estruturação e gestão de fundos patrimoniais, gestão de doações e avaliação de impacto. 

Já na área de conhecimento, continuamos com nossa vocação de refletir sobre tendências, ler cenários e sistematizar conceitos e metodologias. Foram 41 novos produtos, incluindo publicações, artigos e notas técnicas lançadas e eventos. Lançamos a segunda edição do Perspectivas para a Filantropia no Brasil, realizamos mais uma edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que mais uma vez aconteceu de forma híbrida, e produzimos o estudo Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a Agenda ESG. Apoiamos o desenvolvimento, adaptação e tradução de estudos de organizações parceiras internacionais, como o World Giving Index 2024 e a pesquisa O que pensam as pessoas sobre o uso de IA por ONGs, ambas da CAF. Ao todo, recebemos 90 mil acessos aos nossos conteúdos.

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2024

Os projetos de impacto que o IDIS implementa e lidera continuaram avançando. No âmbito do programa Transformando Territórios, em parceria com a Charles Mott Foundation, tivemos como um dos focos a ampliação da rede, trazendo novos líderes e organizações para atuarem neste modelo. Atualmente, são 15 organizações participantes, presentes em dez estados brasileiros. Em setembro, reunimos todos em São Paulo, para o Encontro das Lideranças do Transformando Territórios.

Representantes das organizações participantes do Programa durante Encontro

Ao longo do ano, a Coalização pelo Fundos Filantrópicos, liderada pelo IDIS, continuou sua atuação, que envolveu diversas reuniões estratégicas e a submissão de documentos técnicos, garantindo que a discussão fosse aprofundada e priorizada na agenda legislativa. O ano foi encerrado com uma grande conquista: a aprovação do Projeto de Lei (PL) 2440/23 no Senado. Esse marco, que prevê a isenção de Imposto de Renda e Cofins sobre as receitas financeiras das organizações gestoras, reconhece o papel dos fundos como investidores no mercado. O projeto seguiu para a Câmara dos Deputados, e continuaremos a mobilizar os legisladores para dar a devida importância e celeridade à apreciação. Ainda nesta temática, lançamos mais uma edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, e demos continuidade a atualização do Monitor de Fundos Patrimoniais, acompanhando a evolução do tema no Brasil.

Neste ano, o Programa Juntos pela Saúde, iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e gerida pelo IDIS, chegou a todos os estados da região Norte e Nordeste do Brasil, contemplando mais de 130 municípios. Ao todo, pouco mais de R$113 milhões serão investidos para o fortalecimento da saúde pública nas regiões Norte e Nordeste até 2026. A partir de doações do BNDES e outros apoiadores (capital filantrópico) em uma estratégia de matchfunding, o programa beneficiará 14 projetos comprometidos com o atendimento de saúde à população usuária do SUS. Assim, 2024 se encerrou com um projeto finalizado, a conclusão de um ciclo de outro, cinco projetos em andamento e outros seis previstos para início em 2025.

 

Presença global e parcerias

Acreditamos que a pluralidade de opiniões, origens, histórias de vida e de repertório enriquecem o nosso trabalho e aumentam o nosso potencial de impacto. Por isso, em 2024, continuamos a celebrar a diversidade e investir no poder das parcerias.

Também participamos de redes temáticas, refletindo, cocriando, referendando e implementando ações. Contribuímos para o avanço de pautas relevantes para o fortalecimento do ambiente democrático, do Investimento Social Privado e da Cultura de Doação no Brasil.

Conheça os nossos parceiros institucionais e as redes das quais participamos em 2024.

 

Quem faz o IDIS

Quem constrói nossa história diariamente é quem faz parte do IDIS. O IDIS tem crescido não só em números de projetos, indicadores de impacto, eventos e parceiros, mas também em pessoas (ou querIDIS). Fechamos o ano com 53 querIDIS em nosso time, levando à criação de novos processos e políticas de pessoas.

Com modelo de trabalho híbrido, ao longo do ano, foram promovidas uma série de ações de integração, formação e troca de conhecimento. Parte dessas iniciativas foi conduzida pelo Comitê de Diversidade, composto por membros da equipe IDIS, que também coordenou a terceira edição do Censo IDIS.

Conheça todos os detalhes das atividades do IDIS ao longo de 2024 em nosso Relatório de Atividades.

Equipe do IDIS em comemoração de 25 anos

O que nos aguarda em 2025

Entramos em 2025 cheios de planos e determinação, prontos para continuar inspirando, apoiando e ampliando o impacto do investimento social privado.

Damos início às ações referentes ao nosso novo Planejamento Estratégico do IDIS, que refletirá nosso próximo triênio de atividades. Nosso foco no período será impulsionar um ecossistema de filantropia mais inovador e colaborativo, consolidando nossa posição de organização intermediária que exponencializa impacto, cuida das pessoas e executa com excelência. Entre os assuntos prioritários estarão a adoção de novas tecnologias, a gestão de riscos, a mensuração de impactos e proporcionar um ambiente interno diverso, seguro e acolhedor que induza potencialidades.

Por meio da consultoria, seguiremos apoiando investidores sociais em toda sua cadeia de doação. Os projetos de conhecimento e de impacto, seguirão ativos, com renovações. Conheça os destaques:

Em parceria com o Grupo MOL, daremos continuidade ao Compromisso 1%. Realizaremos o primeiro Encontro de Empresas Signatárias ainda primeiro semestre, e estamos em busca de mais apoiadores e signatários para essa iniciativa.

No escopo do Juntos pela Saúde, do BNDES, está prevista a expansão do programa, com sete projetos que têm previsão de início em 2025. Além disso, daremos continuidade à avaliação de impacto dos projetos já em andamento e finalizados.

No âmbito dos projetos de conhecimento, além da realização de mais um Fórum de Filantropos e Investidores Sociais e da quarta edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, realizaremos a nova edição da Pesquisa Doação Brasil, que refletirá o ano de 2024. Esta edição contará com um capítulo especial sobre a influência das doações emergenciais na cultura de doação. Para fechar, o projeto ‘Caminhos para uma atuação mais ampla e estratégica da filantropia familiar no Brasil’ vai trazer uma teoria da mudança e uma mapa estratégico para avançarmos nesta frente.

Empresas pioneiras se reúnem no 1º Encontro de Signatárias do Compromisso 1%

Na manhã desta quinta-feira (24/04), em São Paulo, aconteceu o primeiro Encontro de Empresas Signatárias do Compromisso 1%, um evento exclusivo promovido pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em parceria com o Instituto MOL. O encontro marcou um momento histórico para o movimento, reunindo empresas que já aderiram à iniciativa e se comprometeram com a doação de pelo menos 1% do seu lucro líquido anual a causas socioambientais e outras que estão em processo de adesão.

O objetivo do evento foi fortalecer a comunidade de signatárias e impulsionar práticas transformadoras no campo do investimento social privado (ISP). Em um ambiente de troca de ideias, aprendizado e conexão, o encontro ofereceu uma agenda rica em conteúdo e inspiração para lideranças empresariais comprometidas com um Brasil mais sustentável.

Primeiro Encontro de Empresas Signatárias do Compromisso 1% que aconteceu em São Paulo na sede da AB Mauri Brasil

A programação teve início com a recepção e um coffee de boas-vindas, seguido da abertura oficial do evento. Logo em seguida, Paula Fabiani, CEO do IDIS, apresentou o panorama atual do investimento social privado no Brasil, trazendo dados e estratégias. Destacando o papel do Compromisso 1% como ferramenta estratégica para fomentar a cultura da doação no país.

O primeiro painel do dia discutiu como o ISP pode estar diretamente alinhado ao negócio das empresas, criando um ciclo de impacto positivo. Bruna da Silva Lima (RD Saúde), Débora Costa Galvão (Instituto Cyrela) e Renato Souza (PwC Brasil) compartilharam suas experiências, com moderação de Marina Franciulli (Instituto MOL). Os participantes trouxeram exemplos práticos de como conectar estratégias de impacto com a agenda ESG, além de destacar a importância da comunicação transparente e do engajamento de stakeholders.


Veja o que é Investimento Social Privado.


Em seguida, os convidados participaram de rodas de conversa simultâneas, cada uma dedicada a um tema essencial para o avanço das práticas de ISP nas empresas. Os grupos abordaram temas como o papel das lideranças, o engajamento de colaboradores, a mobilização de públicos externos e a atuação em doações emergenciais. As conversas foram conduzidas por representantes de empresas signatárias e membros do Comitê Consultivo do movimento, oferecendo um espaço dinâmico para compartilhar desafios e soluções. O encontro foi encerrado com uma sessão de reflexões coletivas, em que os participantes compartilharam aprendizados.

O Primeiro Encontro de Signatárias do Compromisso 1% consolida um importante passo na construção de uma comunidade empresarial mais engajada, colaborativa e voltada ao impacto positivo. Ao unir forças em torno de um objetivo em comum, as empresas participantes reforçam que, juntas, podem ser protagonistas de uma transformação real na sociedade brasileira.


QUER FAZER PARTE DESSA TRANSFORMAÇÃO?

Se a sua empresa também acredita no poder da doação estratégica para construir um futuro mais sustentável, acesse e saiba como aderir ao movimento. Junte-se às empresas que já estão mudando o mundo com apenas 1%.

IDIS leva agenda ESG, governança e monitoramento e avaliação ao FIFE 2025

Com participantes de todo o Brasil, o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica, ou simplesmente FIFE, foi recebido em 2025 por Curitiba. Havia mais de 1.400 pessoas na capital paranaense, mobilizadas durante quatro dias para falar sobre os mais diversos temas que influenciam nosso campo e, claro, para se encontrar. Do convívio e das trocas, surgem reflexões, novas ideias, novos projetos, novas parcerias e novas amizades.

 

IDIS no FIFE 2025

Todos os anos, o FIFE abre um edital para receber propostas de atividades para compor sua programação. Neste ano, fomos selecionados para participar de três sessões.

Denise Carvalho, gerente sênior de Monitoramento e Avaliação do IDIS, conduziu a sessão ‘Monitoramento e Avaliação SROI’, apresentando projetos desenvolvidos para empresas, fundações, institutos corporativos e organizações da sociedade civil (OSCs). O SROI – Social Return on Investment (ou Retorno Social sobre Investimento) é um protocolo de avaliação que propõe uma análise comparativa entre o valor dos recursos investidos em um projeto ou programa e o valor social gerado para a sociedade por meio dessa iniciativa. Denise compartilhou diferentes exemplos de organizações de diversos tipos e portes que aplicaram a metodologia com sucesso.

“O FIFE é um espaço plural que nos permite ouvir diferentes perspectivas e refletir sobre nossos processos e práticas. Foi uma oportunidade valiosa para promover conexões, compartilhar conhecimento e fortalecer o campo do investimento social no Brasil. As discussões deste ano evidenciaram a importância de repensarmos estratégias diante dos desafios sociais contemporâneos. Falar sobre novas formas de parceria, mensuração de impacto e inovação é essencial para fortalecer o ecossistema e fomentar colaborações de longo prazo. Saímos do evento ainda mais inspirados e motivados a ampliar o impacto coletivo do setor”, comenta Denise.

Como as práticas de Investimento Social Privado (ISP) e cidadania corporativa se correlacionam com a performance em sustentabilidade empresarial? Há, de fato, sinergia entre o ISP e a Agenda ESG? E, em caso afirmativo, é possível quantificar essa influência? Para responder a essas perguntas, Marcelo Modesto, gerente de Projetos do IDIS, conduziu a sessão ‘Investimento Social Privado: estratégias que alavancam a Agenda ESG’. A publicação apresentada analisa informações referentes ao Investimento Social Privado no âmbito do ISE B3 – o Índice de Sustentabilidade Empresarial da bolsa de valores do Brasil – no triênio 2022-2024.

“O que mais me chamou a atenção no FIFE foi ver de perto a diversidade e riqueza da sociedade civil organizada no Brasil. É realmente inspirador presenciar pessoas do país inteiro se reunindo para discutir e melhorar a efetividade de seu trabalho, com foco no impacto social. No contexto do investimento social corporativo, ficou claro que é preciso aprofundar o diálogo entre partes interessadas, além do estabelecimento de parcerias estratégicas, que promovam o desenvolvimento institucional de OSCs e que gerem valor compartilhado”, compartilha Marcelo.

Juliana Santos Oliveira, coordenadora de Projetos do IDIS, participou do debate ‘Matching de Governança: novas estratégias para renovação de dirigentes voluntários’, ao lado de Rodrigo Correa, coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Organizacional e Impulsionamento de Empreendedores Sociais da Fundação FEAC. Eles apresentaram o projeto realizado em parceria entre o IDIS e a Fundação FEAC, que consistiu na execução de um piloto com o objetivo de atrair, capacitar e conectar voluntários a oportunidades de atuação como conselheiros ou dirigentes em OSCs de Campinas.

“O FIFE promove um encontro valioso entre organizações sociais em diferentes estágios de maturidade, o que enriquece profundamente as trocas. Os painéis vão além da exposição de conteúdos e se transformam em espaços de aprendizado coletivo, conectando teoria e prática a partir das experiências compartilhadas. Nas três sessões conduzidas pelo IDIS pudemos abordar de forma acessível e prática temas estratégicos para o desenvolvimento e fortalecimento da gestão de organizações sociais”, conta Juliana.

O FIFE é idealizado e realizado pela Rede Filantropia desde 2014. Agradecemos à organização pelo convite e parabenizamos por mais esta edição de um evento tão relevante para o nosso setor. A próxima edição acontecerá de 14 a 17 de abril de 2026, em Recife — e nós já começamos a pensar em como poderemos contribuir e, claro, aprender ainda mais.

Saiba mais no site do evento.

Acontece dia 1° de outubro Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2025

A 14° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais já tem data marcada: 1 de outubro, quarta-feira, a edição presencial, exclusiva para convidados, acontecerá na Casa Melhoramentos (R. Tito, 479 – Vila Romana, São Paulo – SP).  

Confira a ementa do evento:

Diante da complexidade da policrise mundial, é fácil sentir-se paralisado, com o horizonte do futuro encoberto pela incerteza. Mas não podemos apenas esperar. Precisamos reacender a chama de nossa humanidade resiliente, cultivar a confiança na solidariedade e em nós mesmos. Mais do que nunca, é tempo de agir, colaborar, mobilizar forças e acreditar que um mundo com mais equidade é possível. A filantropia é um farol, guiando a direção de novas alternativas e possibilidades, transformando esperança em movimento. Sigamos, com coragem para esperançar.

Nesta edição, junte-se a nós para explorar como a esperança pode e deve ser um verbo de ação a partir de histórias e práticas.

Com o tema Esperançar, o evento acontecerá em formato presencial para convidados e será transmitido ao vivo a todos os interessados em acompanhar os debates.

AS INSCRIÇÕES JÁ ESTÃO ABERTAS PARA A EDIÇÃO ONLINE

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Palestrantes já confirmados

Entre os palestrantes já confirmados estão Aron Zylberman (Instituto Cyrela), Camila Valverde (Fundação ArcelorMittal), Daniel Munduruku (escritor indígena), Fátima Lima (MAPFRE no Brasil), Tião Rocha (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD), Domênica Falcão (Fundação Grupo Volkswagen) e Viviana Santiago (Oxfam Brasil). Além de convidados internacionais como Alejandro Alvarez von Gustedt (Rockefeller Philanthropy Advisors), David Kyuman Kim (Being Human) e Patricia McIlreavy (Center for Disaster Philanthropy).

 

realização e apoio

FÓRUM BRASILEIRO DE FILANTROPOS E INVESTIDORES SOCIAIS

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em nosso canal do YouTube estão disponíveis listas com as gravações de todas as edições. Confira!

 

Workshop reúne filantropos para discutir estratégias de a avanço da Filantropia Familiar no Brasil

Parte do projeto ‘Caminhos para uma atuação mais ampla e estratégica da filantropia familiar no Brasil’, realizado pelo IDIS, a atividade reuniu filantropos atuantes para uma manhã de debate e construção colaborativa, com objetivo de pensar em ações que contribuam para a mudança de patamar da filantropia feita por indivíduos e famílias de altíssima renda no país.

Sobre o projeto

O IDIS acompanha a filantropia familiar há 25 anos e a sensação, assim como a observada também entre outros parceiros do campo, é que este tema não tem evoluído no país na velocidade que avança em outros lugares, e nem no mesmo ritmo que a filantropia avança entre empresas no Brasil, por exemplo.

Sabemos que ainda há um potencial enorme para engajar quem ainda não iniciou sua jornada filantrópica e, inclusive, ampliar a influência e potencializar o impacto também de quem já é um doador. Sendo assim, essa iniciativa propõe a construção de uma teoria de mudança, que pense em ações concretas e que possam ter desdobramentos práticos, contribuindo para a mudança de patamar da filantropia feita por indivíduos e famílias de altíssima renda no Brasil. 

Para tanto, o projeto começou com uma fase de diagnóstico que teve três momentos: primeiramente, uma revisão bibliográfica, com a análise de publicações, reportagens e pesquisas nacionais e internacionais sobre este tema; depois, entrevistas com especialistas e filantropos atuantes; e por fim, rodamos um questionário para trazer um retrato mais atual da filantropia familiar no Brasil.

Com esses insumos, foi construído o workshop com filantropos, realizado no final de março na residência da Sra. Teresa Bracher, para construção colaborativa da Teoria da Mudança, traçando caminhos para uma atuação mais ampla e estratégica da filantropia familiar no Brasil. 

Todos os resultados coletados serão lançados em uma publicação ainda no primeiro semestre de 2025.

 

Encontro de Lideranças do Transformando Territórios fortalece conexão de fundações e institutos comunitários no Brasil

Iniciativa de impacto do IDIS em parceria com a C.S Mott Foundation, o Transformando Territórios (TT) realizou mais um encontro de lideranças comunitárias de organizações participantes deste programa em março. Entre os dias 24 e 26, os líderes de 15 Fundações e Institutos Comunitários (FICs) de 10 estados do Brasil estiveram reunidos em Valinhos, na sede da FEAV – Fórum de Entidades Assistenciais de Valinhos.

O compartilhamento de conhecimento e o apoio técnico para as FICs são diretrizes norteadoras do Programa. Com uma trilha focada em promover a articulação, a governança e a sustentabilidade das FICs, o evento foi um momento de troca e aprendizados para incentivar ações colaborativas que gerem impacto social duradouro nos territórios onde as organizações atuam.

“Poder participar de mais um encontro de lideranças do Transformando Territórios e observar toda evolução que tivemos com as organizações ao longo desses anos é gratificante. Acreditamos fortemente que o desenvolvimento das FICs é um componente crucial para o crescimento da filantropia no Brasil.”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Representantes das organizações participantes do Programa

As FICs desempenham um papel essencial no desenvolvimento local, justamente por terem um foco geográfico delimitado, como bairros, municípios ou regiões específicas, apoiando outras organizações sem fins lucrativos e iniciativas de um território. Esse modelo de atuação contribui para a redução das desigualdades sociais, promove o desenvolvimento sustentável, fortalece o tecido social, incentiva a participação cidadã e atua como agentes de transformação, impulsionando soluções inovadoras para desafios locais.

 

Compartilhando saberes

Dando início à programação, as lideranças participaram de um momento de boas-vindas no primeiro dia do Encontro. A abertura foi marcada por dinâmicas interativas entre o grupo, promovendo a conexão entre os participantes e o início da experiencia imersiva no evento.

A partir disso, o segundo dia da programação começou com um debate sobre a consolidação da identidade coletiva do grupo, de que modo as organizações se enxergam e como podem ampliar as conexões. Logo em seguida foi realizado uma oficina com foco na comunicação como mobilizadora de recursos, para explorar estratégias de visibilidade e captação de recursos. Esse momento também contou com uma apresentação do Compromisso 1%, iniciativa do IDIS e Instituto MOL para incentivar a filantropia corporativa no Brasil.

O último dia de atividades foi focado na consolidação da programação anterior e na troca de saberes entre as organizações sobre o diagnostico territorial e estratégias para emergências. Um dos destaques foi uma roda de conversa com a participação especial de Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Rafaella Santos e Thainara Martins, ambas do Movimento Bem Maior, apoiador do programa.

O encerramento do evento também foi marcado pela homenagem realizada por Eliane Macari para IDIS, homenageado no quadro de honra da sede da FEAV que contou com colaboração do IDIS na categoria Diamante para a reforma do casarão que havia sido doado a instituição pela FEAC. Eliane agradeceu o apoio da instituição e reforçou a importância do Transformando Territórios para ampliação do impacto social no Brasil.

“O IDIS nos reconhece como um case de sucesso, o que nos honra imensamente. Receber essas lideranças nos proporciona uma rica troca de experiências, ampliando nosso conhecimento e fortalecendo nossas iniciativas”, comenta Eliane Macari, presidente da FEAV.

 

SOBRE O TRANSFORMANDO TERRITÓRIOS

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

Saiba mais sobre o programa e os participantes em www.transformandoterritorios.org.br

 

 

Global Philanthropy Leaders Summit 2025: abraçando risco em uma era de complexidades

*Texto originalmente publicado em inglês na Alliance Magazine.

*Por Felipe Insunza Groba e Paula Jancso Fabiani.

O Global Philanthropy Leaders Summit de 2025 que teve como tema “Embracing Risk: Adaptive Philanthropy in the Age of Complexity” (em português: Abraçando o Risco – Filantropia Adaptativa em uma Era de Complexidades), ocorreu entre 12 e 14 de Março em São Francisco na Califórnia. O encontro reuniu mais de 200 líderes, tomadores de decisão do setor filantrópico e stakeholders de diversas iniciativas para explorar abordagens inovadoras para a filantropia em um mundo cada vez mais imprevisível.

Em tempos de desafios globais profundos – desde aceleradas transformações tecnológicas até ameaças crescentes contra a democracia e a liberdade — o encontro destacou a necessidade de tomar riscos estratégicos e ousados. As sessões de abertura incentivaram os presentes a refletirem sobre o desenvolvimento do papel da filantropia até hoje e a necessidade de se reinventar. Mais do que nunca, o setor está sendo chamado a agir e repensar suas abordagens.

Delegação brasileira no GPF

A delegação brasileira teve destaque no evento deste ano, com quatro palestrantes e 32 participantes contribuindo ativamente com perspectivas diversas do panorama filantrópico do Brasil. Nesse mesmo sentido, muitos participantes do Sul Global – da Índia, Paquistão, América Latina e países africanos – trouxeram mensagens de otimismo sobre o desenvolvimento de parcerias com múltiplos stakeholders em seus países, onde a incerteza e a adaptação fazem parte da vida cotidiana há décadas.

Um tema recorrente em muitas discussões foi a necessidade urgente de reconstruir a confiança – um pilar fundamental para uma filantropia eficaz. Os participantes também exploraram maneiras de melhorar o sistema de ajuda humanitária existente e o papel de coordenação que a filantropia poderia assumir na parceria entre os setores. A relevância das transferências de recursos entre países também foi um destaque, ressaltando a importância da doação e da ação colaborativa para enfrentar os desafios modernos.

Ao longo das sessões, os presentes foram desafiados a repensar suas abordagens para os problemas urgentes da atualidade. Empatia, reciprocidade e cooperação apareceram como princípios para fomentar sociedades mais fortes e resilientes. Como esses valores podem ser incorporados à filantropia e à governança?

Embora a humanidade tenha uma capacidade inata de se adaptar, a eficácia de diferentes modelos e estratégias filantrópicas permanece incerta em uma era com tantos complexos desafios. Apesar de algumas narrativas de esperança e histórias de sucesso, há um sentimento palpável de cautela entre os participantes – um sentimento coletivo de “prender a respiração” enquanto caminhamos por um futuro imprevisível. Entretanto, mesmo em meio a uma profunda incerteza global, investidores e líderes sociais apontaram a necessidade de ação e mobilização social, utilizando ferramentas como o storytelling e uma conexão mais profunda com as comunidades como possíveis caminhos de mudança.

O Global Philanthropy Leaders Summit 2025 continua a desafiar as fronteiras da doação tradicional, clamando os líderes a abraçar riscos, fomentar a colaboração e repensar seus papéis na construção de um mundo mais equitativo. Enquanto as placas tectônicas das mudanças climáticas, da inteligência artificial e da governança global se movem em direções desconhecidas, o setor filantrópico foi chamado a trazer as placas estabilizadoras da esperança e da ação ousada para este mundo instável.

Mais de 36 milhões de mulheres não realizaram ao menos um exame preventivo em 3 anos

Estima-se que mais de 36 milhões de mulheres entre 25 e 64 anos não realizaram ao menos uma coleta de exame de Papanicolau no intervalo de três anos, segundo dados do 2º quadrimestre de 2024, da análise da ImpulsoGov, considerando dados do SISAB (Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica), do Ministério da Saúde. Em paralelo a isso, a mortalidade por câncer de colo de útero atingiu seu pico dos últimos 22 anos. Em 2022, a taxa de mortalidade por este câncer foi de 6,4 a cada cem mil pessoas, vitimando 6.983 mulheres, segundo números do Observatório da Saúde Pública, da Umane.

“A prevenção é a medida mais efetiva para o combate do câncer do colo do útero, terceiro tumor maligno mais prevalente entre a população feminina brasileira. O controle periódico com a realização do exame citopatológico, bem como a vacinação contra HPV são iniciativas que salvam vidas. Fortalecer as ações de Saúde da Mulher dentro do SUS pode garantir um acesso mais equitativo às medidas de prevenção e, assim, mais qualidade de vida para as mulheres”, afirma Thais Junqueira, superintendente geral da Umane. 

O Impulso Previne é uma plataforma digital gratuita que centraliza dados, análises e recomendações sobre os principais indicadores de prevenção em saúde, apresentando-os em um formato simples e rápido para ajudar os profissionais de saúde do SUS a oferecerem o melhor atendimento aos pacientes. Com essas ferramentas, eles podem identificar bebês e crianças não vacinados, por exemplo, e enviar lembretes para adultos sobre exames preventivos. Com atuação focada no Norte e Nordeste do país, a iniciativa, até junho de 2024, com apoio do BNDES e do Instituto Dynamo, atendeu 19 cidades com serviços voltados ao fortalecimento da gestão baseada em dados e à qualificação dos profissionais para o uso otimizado de dados.

Utilização da plataforma Impulso Previne na UBS de Jandaíra (BA), em abril de 2024.

Até dezembro de 2025, em parceria com a Umane, o projeto será expandido para mais de 240 municípios, com presença em todos os estados dessas regiões. Nesta fase, além de outros serviços, será desenvolvido um sistema de mensagens personalizado, que permitirá o envio de lembretes e informações relevantes sobre saúde diretamente aos cidadãos de 120 municípios. A plataforma também vai oferecer informações sobre pacientes referentes à cobertura vacinal, a realização do pré-natal, e ao controle de doenças crônicas como diabetes e hipertensão. O Impulso Previne faz parte do Programa Juntos pela Saúde, uma iniciativa apoiada pelo BNDES com a gestão de projetos feita pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, executado pela Impulso Gov.

“O programa Juntos pela Saúde exemplifica o poder das parcerias na promoção da saúde. A colaboração entre o BNDES, o setor público, e o setor privado demonstra como a união de esforços pode fortalecer o direito à saúde para todos. Por meio de projetos inovadores na atenção primária do SUS, a iniciativa tem auxiliado milhares de pessoas nas regiões Norte e Nordeste, prevenindo casos graves de doenças, como o câncer do colo do útero”, destacou Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

“O câncer do colo do útero é prevenível e curável quando detectado precocemente, tornando o exame preventivo fundamental. No entanto, a adesão dentro do prazo recomendado fica abaixo do ideal no país, devido aos desafios como barreiras sociais, culturais e a necessidade de múltiplas visitas à unidade de saúde. Com o Impulso Previne, ajudamos as equipes do SUS a identificar, de forma descomplicada, quem ainda não fez o exame em determinada área, para que possam buscá-las e garantir o acesso ao cuidado em tempo oportuno”, explica Juliana Ramalho, gerente de saúde pública da ImpulsoGov.

A filantropia como chave para resposta às tragédias anunciadas

Artigo publicado originalmente no Nexo Jornal, em 12/03/2025

Por Karine Ruy (Fundação Gerações) e Paula Jancso Fabiani (IDIS)

As águas de janeiro voltam a inundar os noticiários e, infelizmente, as cidades e casas de centenas de milhares de brasileiros. Em 2021, as enchentes atingiram o Sul da Bahia; no ano passado, Porto Alegre; e, 2025 começa com o litoral paulista e tantas outras regiões enfrentando a mesma realidade.

De um lado, há a abundância de água; do outro, a escassez. Mesmo a Amazônia, conhecida por sua exuberância hídrica, enfrentou secas severas, uma metáfora cruel que ilustra a falta de recursos financeiros destinados a emergências como essas. Em um cenário em que esses eventos climáticos extremos tornam-se cada vez mais recorrentes e potentes, evidenciando a vulnerabilidade de nossas comunidades, 750 mil brasileiros já foram obrigados a se deslocar por desastres naturais, seja por inundações, secas, deslizamentos etc. Em números totais, a quantidade de pessoas em deslocamentos por esse motivo no mundo já superava aquela causada por guerras, repressão e violência em 2023, segundo a Organização Internacional de Migrações (OIM).

É nesse contexto em que a cultura de doação se revela imprescindível. Fortalecer a filantropia é essencial para potencializar ações que apoiam diretamente os afetados pelas mudanças climáticas. As doações e o trabalho de OSCs (Organizações da Sociedade Civil) são, frequentemente, as primeiras respostas em momentos de crise.

A experiência recente no Rio Grande do Sul é um exemplo disso. Diversas OSCs mobilizaram-se rapidamente para arrecadar recursos e ajudar as famílias atingidas pelas enchentes. Vimos um pico de doações e uma mobilização histórica. Mesmo com sedes inundadas, as organizações coordenaram voluntários, distribuíram, com eficiência, doações, e arrecadaram recursos financeiros para mitigar danos.

Registro feito durante visita da Fundação Gerações ao Instituto Camélia, após as enchentes que atingiram Porto Alegre e região [Foto: Marcos Pereira Feição]

No entanto, essas ações também expõem desafios. Algumas organizações, por exemplo, não dispunham de voluntários suficientes para gerir o grande volume de doações, enquanto outras observaram uma queda acentuada no fluxo de recursos financeiros à medida que a tragédia saía dos holofotes da mídia. Por isso, o conhecimento do território e a capilaridade das organizações locais são essenciais para que os recursos cheguem, de forma eficiente, a quem mais precisa.

O modelo de atuação com foco territorial surge como uma solução sistêmica e perene para articular doadores e organizações locais. No Rio Grande do Sul, o Fundo Porto de Todos, criado pela Fundação Gerações, apoiou OSCs locais para que estas pudessem retomar suas atividades após as enchentes. Iniciativas semelhantes já foram realizadas em outras regiões, como o Fundo de Chuvas, em Florianópolis, criado pelo ICOM (Instituto Comunitário Grande Florianópolis), e o Fundo Brumadinho, gerido pela Associação Nossa Cidade, que demonstraram a eficácia desse tipo de estratégia.

Em nosso contexto climático, tragédias como essas, infelizmente, têm a tendência de se repetirem de forma cada vez mais intensa. Estar preparado para a próxima crise antes mesmo da atual se encerrar é fundamental. Diagnósticos territoriais e a capacidade de mobilizar recursos e ativos diversos de forma estruturada das FICs (Fundações Comunitárias e Institutos) locais são ferramentas indispensáveis para enfrentar emergências. Lideranças locais, com conhecimento territorial, desempenham, portanto, um papel crucial na distribuição eficiente de recursos.

A filantropia estratégica pode ser a chave para responder com agilidade e impacto às tragédias. Se deseja contribuir, doe para organizações locais, como Fundações e Institutos Comunitários. Sabemos que desastres  continuarão acontecendo. A diferença que podemos fazer é como reagimos a eles. Apoiar quem já está no território, com experiência e compromisso com a comunidade, é o melhor caminho para minimizar os efeitos devastadores das mudanças climáticas.

5º edital Educação com Cidadania, do Instituto Chamex, selecionará projetos em âmbito nacional com apoio de R$ 35 mil

Organizações de todo o país terão até o dia 11 de abril para inscrever iniciativas com foco na promoção de soluções voltadas para a Educação

O Instituto Chamex, organização sem fins lucrativos mantida pela Sylvamo (NYSE: SLVM), a empresa de papel do mundo, em parceria com o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – anunciam a abertura das inscrições para o 5º Edital Educação com Cidadania. O edital tem como foco apoiar cinco organizações com projetos voltados à educação, com aporte de R$35 mil reais para cada uma das instituições selecionadas. As inscrições poderão ser realizadas até o dia 11 de abril pelo site do Instituto Chamex.

“Nós acreditamos em tornar a educação mais acessível em todos os cantos do Brasil. O projeto oferece soluções para desafios do sistema educacional, aliando criatividade e inovação nas formas de ensinar, aprender, empreender e educar”, comenta Mariana Claudio, gerente executiva do Instituto Chamex.

Saiba mais e inscreva o seu projeto!

O início das atividades está previsto para agosto e o processo de seleção é aberto para instituições de todo o país. As organizações terão oito meses para a implementação e conclusão dos projetos. Será considerado um diferencial as propostas que apresentarem metodologias replicáveis por outras organizações em outras regiões do país.

Além do aporte financeiro, as instituições escolhidas serão contempladas com quatro workshops de gestão de projetos (Teoria da Mudança, Plano de Monitoramento e Indicadores, Planejamento Estratégico e Captação de Recursos) ministrados pelo IDIS e um workshop de finalização. As entidades ainda terão a oportunidade de realizar o cadastro no portal de projetos do Instituto Chamex, área exclusiva para apresentação de ONGs com o objetivo de gerar conexões com parceiros do Instituto.

 “É um prazer para o IDIS apoiar o Instituto Chamex, desde 2021, na condução das edições do Edital Educação com Cidadania. Acreditamos muito no poder transformador da educação e reconhecemos a importância de iniciativas como essa para apoiar as organizações que estão na ponta”, reforça Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

Inscrições

As inscrições poderão ser realizadas até 11 de abril no preenchimento documentação necessária e enviada pelo formulário, disponível no site do Instituto Chamex.

Em caso de dúvidas ou mais informações, entre em contato pelo e-mail: editalchamex@idisconsultoria.org.br

No dia 03 de abril haverá um Webinar para dúvidas sobre o processo de inscrição e seleção das organizações. Inscreva-se aqui.


Histórias

A organização Sementes do Vale, que atua no Sertão de Minas Gerais, nas regiões do Norte do estado e no Vale do Jequitinhonha, foi uma das organizações que realizaram ações com apoio do Instituto Chamex em 2023. As oficinas de robótica, aulas de literatura e apresentações contribuíram para o desenvolvimento cognitivo, criatividade e habilidades socioemocionais das crianças beneficiadas.

 

Sobre o Instituto Chamex

Criado em 2008, o Instituto Chamex coloca a criatividade como elemento central para a construção de uma educação mais acessível, inclusiva, equitativa e transformadora. Atuando em rede com diversos parceiros, o instituto fomenta o desenvolvimento de estudantes, professores e agentes da educação do ensino infantil, fundamental e médio, apoiando projetos nacionalmente e desenvolvendo projetos localmente. Dessa forma, busca transformar inúmeras realidades, possibilitando um novo futuro para milhares de brasileiros.

O Instituto Chamex faz parte da Sylvamo, a Empresa de Papel do Mundo, produtora dos papéis para Imprimir e Escrever Chamex, Chamequinho e Chambril, e segue suas diretrizes de responsabilidade social, sustentabilidade e ética, engajando seus profissionais e apoiando as comunidades, pois acredita que por meio da criatividade e da educação é possível impulsionar mudanças e acelerar soluções para transformar a vida de muitas pessoas. Para mais informações, visite o site.

SOBRE A SYLVAMO

A Sylvamo (NYSE: SLVM) é a Empresa de Papel do Mundo com fábricas na Europa, América Latina e América do Norte. Nossa visão é ser o empregador, fornecedor e investimento preferido. Transformamos recursos renováveis em papéis dos quais as pessoas dependem para educação, comunicação e entretenimento. Com sede em Memphis, Tennessee, empregamos mais de 6.500 profissionais. As vendas líquidas para 2023 foram de US$ 3,7 bilhões. Para mais informações, visite o site da Sylvamo.

Sobre o IDIS

Criada em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

 

 

IDIS participa de curso de captação de recursos na Lilly Family School of Philanthropy

A Lilly Family School of Philanthropy promoveu em fevereiro mais uma edição do curso Principles & Techniques of Fundraising (em português, Princípios e Técnicas para Captação de Recursos). Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias do IDIS, esteve em Indiana, nos Estados Unidos, para participar da capacitação intensiva de uma semana. O curso proporcionou aos participantes uma visão abrangente sobre estratégias de captação de recursos, combinando fundamentos teóricos com ferramentas práticas para fortalecer iniciativas filantrópicas.

“O programa aprofundou minha compreensão sobre a captação de recursos como uma disciplina estratégica, reforçando a importância do engajamento com os doadores e da filantropia orientada para o impacto. O conhecimento adquirido será fundamental para fortalecer parcerias e ampliar a agenda de impacto social”, comenta Guilherme Sylos.

Integrantes da turma de fevereiro do curso

A formação, embora centrada na realidade americana, abordou temas comuns e essenciais para organizações de todo o mundo. Tópicos sobre, por exemplo, como os doadores pensam e agem, a ciência por trás da captação de recursos, como e quando fazer um pedido de grandes doações e a importância do relacionamento de longo prazo foram abordadas ao longo do curso.

Durante as sessões, foram compartilhadas informações importantes sobre a diferença entre a captação de recursos pura e a criação de vínculos de confiança, não apenas com a organização, mas também com o interlocutor. A construção de um bom relacionamento leva meses (ou até anos) para que, de fato, a captação atinja um valor mais expressivo.

DESTAQUES DA FORMAÇÃO

Dois pontos foram reforçados diversas vezes a partir de falas de pessoas distintas: Planejamento e Construção de Relacionamento / Confiança. O ato de pedir uma doação ou qualquer outro tipo de apoio financeiro só deve acontecer após uma pesquisa e um planejamento profundo sobre o doador, independentemente de ele ser uma empresa, um membro de uma família com alto poder aquisitivo ou uma fundação.

Depois de realizada a pesquisa e o planejamento, deve-se construir um relacionamento de confiança. A partir dessa criação de vínculo, o solicitante ainda pode ‘usar’ esse doador para abrir novas portas. Dentro da estratégia de captação, esses interlocutores são importantes, pois já conhecem a organização e validam a sua atuação.

Essa tendência pode ser observada na ampliação do conceito de Trust Based Philanthopy, (ou Filantropia baseada em confiança), que defende a importância de tanto os financiadores quanto as organizações sociais confiarem uns nos outros, além de ambos ouvirem as pessoas e comunidades impactadas. A construção dessa confiança também é importante para que organizações consigam apoios substanciais.

Outro tema discutido durante os debates foi o novo governo americano e de que forma as suas ações interferem na filantropia americana e global. Segundo os palestrantes, existe um ar de incerteza, mas um otimismo ao mesmo tempo. Os mais esperançosos acreditam que as fundações e famílias vão se sensibilizar e irão aumentar as suas doações internacionais, o que pode ser benéfico para o Brasil.

Comitê Consultivo do Compromisso 1% inicia 2025 com estratégias para ampliação do movimento

O ano de 2025 começou com grandes expectativas para o Compromisso 1%, e a primeira reunião do Comitê Consultivo, formado por Benfeitoria, Capitalismo Consciente Brasil, Comunitas, GIFE e Simbi, marcou um passo importante na definição de estratégias para fortalecer o movimento ao longo de 2025.

Saiba mais sobre as organizações que fazem parte do Comitê Consultivo

O encontro teve como foco o planejamento para o novo ano, com destaque para o primeiro Encontro de Empresas Signatárias que acontecerá ainda no primeiro semestre, em abril, e estratégias para a expansão da comunidade de signatários.

Durante a reunião, foram apresentados números finais referentes ao período de agosto, quando foi lançado, a dezembro de 2024. Desde então, o Compromisso 1% alcançou a marca de 15 empresas signatárias que mobilizaram mais de R$ 22 milhões em doações, durante seu último exercício fiscal.

O processo de adesão inclui a comprovação das doações realizadas e pode ser feito on-line no site do movimento. 

Acesse o site do Compromisso 1% e saiba mais como aderir.

1% muda o mundo!

Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2025 destaca respostas a emergências e saúde mental no terceiro setor

O IDIS apresenta a quarta edição do relatório anual Perspectivas para a Filantropia no Brasil, explicitando movimentos relevantes para investidores sociais e outros membros do setor. Para além das reflexões acerca do cenário atual, o material apresenta iniciativas e soluções que vêm ganhando destaque e podem servir de inspiração e incentivo para novas ideias. 

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Conheça as seis perspectivas:

O levantamento, produzido com o objetivo de fortalecer e projetar o futuro da filantropia no Brasil, apresenta seis perspectivas. Entre os temas discutidos, as situações emergenciais continuam como um ponto de atenção pelo terceiro ano. A saúde mental também aparece como mais uma das prioridades, a partir da compreensão de que, quando o bem-estar mental está comprometido, isso também impacta o engajamento da sociedade civil em causas sociais. A temática de Diversidade & Inclusão é outra que surge no relatório em meio a controvérsias e ao aparente esfriamento dessa pauta no universo corporativo.

O conceito de desenvolvimento institucional das OSCs, como meio para garantir a perenidade dos impactos de projetos filantrópicos, é outro ponto abordado no relatório. Nesse contexto, são destacadas diversas frentes interligadas que possibilitam às OSCs se adaptarem e prosperarem. Além disso, o envolvimento de voluntários nas estruturas de governança das organizações tem se consolidado como uma tendência crescente no setor e, cada vez mais, o papel do voluntário deixa de ser encarado como uma ação pontual e passa a integrar de forma estruturada as práticas de governança e gestão das organizações.

Por fim, o relatório destaca a atuação de ações de ISP de pequenas e médias empresas, desmistificando a lógica de que esse tipo de investimento é só para grandes corporações. 

“Chegamos a mais um ano encarando de frente a urgência dos desafios e a complexidade das soluções. A sociedade está fragmentada, e muitos se sentem distantes da possibilidade de contribuir para a mudança. É justamente em momentos como esses que a filantropia se mostra ainda mais necessária, sendo um espaço de resistência, inovação e, acima de tudo, de esperança em ação. Este projeto é um convite para essa ação”, explica Paula Fabiani, CEO do IDIS.

O perspectivas para a Filantropia no Brasil 2025 está disponível para download gratuito:

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Sobre o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

Fundado em 1999, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social é uma organização social independente e pioneira no apoio estratégico ao investidor social no Brasil. Tem como missão inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, promovendo ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país. Sua atuação baseia-se no tripé geração de conhecimento, consultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia e da cultura de doação. 

Projetos do Juntos pela Saúde focados em tecnologia digital são apresentados ao Ministério da Saúde

A tecnologia digital na saúde avança a passos largos. Apesar disso, pode demorar alguns anos até que esses avanços possam ser democratizados para toda a população, como é o caso de sistemas públicos de saúde, como o SUS. Tendo isso em mente, a Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) selecionou quatro projetos do programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES gerida pelo IDIS, em parceria com a Umane, para apresentarem iniciativas voltadas à promoção do acesso à saúde por meio de tecnologias digitais. Entre eles estão: 

Afluentes, executado pelo Instituto de Estudos e Políticas para a Saúde (IEPS);

NoHarm: Inteligência para Segurança dos Pacientes, executado pelo Instituto de Inteligência Artificial na Saúde;

Unidos pela Eliminação do Câncer de Colo de Útero no Brasil,  executado pelo Grupo Mulheres do Brasil;

V.E.R – Desenvolvimento e Implementação da Estratégia de Saúde Ocular Digital para Apoio e Fortalecimento da Saúde Ocular na Atenção Primária em Saúde (APS), executado pela Fundação Altino Ventura (FAV).

Por sua vez, a SEIDIGI, criada em janeiro de 2023, coordena a transformação digital do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de ampliar o acesso, promover a integralidade e a continuidade do cuidado em saúde.

Equipes do IDIS, Umane e integrantes dos projetos na reunião de trabalho da SEIDIGI em Brasília (Janeiro, 2025).

Assim, no dia 29 de janeiro, representantes das quatro iniciativas apoiadas pelo Juntos pela Saúde se reuniram em Brasília, juntamente com representantes do IDIS, BNDES e Umane, para apresentar as estratégias adotadas pelos projetos a técnicos e representantes do gabinete da SEIDIGI, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS). A partir disso, membros de todas as organizações puderam dialogar e refletir sobre como os projetos apresentados estão alinhados com as prioridades e oportunidades das políticas nacionais da Secretaria e de que modo eles poderiam somar esforços e favorecer um espaço de aprendizado colaborativo a partir da implementação de sua tecnologia digital nos territórios.

Equipes do BNDES, IDIS, Umane e integrantes dos projetos na reunião de trabalho da SEIDIGI em Brasília. (Janeiro, 2025). Crédito: IDIS.

“A oportunidade de diálogo entre o terceiro setor e a Secretaria de Saúde Digital, e demais órgãos do Ministério da Saúde representados, é de suma importância para o desenvolvimento de inovações aderentes aos territórios”, diz Evelyn Santos, gerente de parcerias e novos projetos da Umane.

 

 “A troca com a Secretaria de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde foi excelente. Muito importante para refletir sobre as tecnologias digitais aplicadas pelos projetos do Juntos pela Saúde e também para tratar sobre as especificidades dos territórios que serão atendidos pelas iniciativas”, enfatizou Luiza Saraiva, gerente do programa Juntos pela Saúde do IDIS.

Perspectivas para fundos filantrópicos em 2025

Há décadas os Fundos Filantrópicos têm se mostrado um mecanismo de uso crescente e exitoso para a mobilização de recursos filantrópicos em diversos países, contribuindo para a sustentabilidade de causas e organizações. No Brasil, o IDIS lidera uma iniciativa de advocacy, contribuindo para o aprimoramento do ambiente regulatório. Para dar sustentação e legitimidade aos pleitos levados à congressistas, o IDIS lidera a Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, um grupo multisetorial hoje composto por mais de 120 membros, entre organizações, empresas e pessoas que apoiam a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no país, contribuem com suas demandas e pontos de vista, além de acompanharem e apoiarem os esforços na pauta.

Em janeiro de 2019, a Lei 13.800/19, conhecida como Lei dos Fundos Patrimoniais, foi regulamentada. A conquista é um marco para a agenda, e a ela seguiram outras regulamentações, fortalecendo o arcabouço legal. Hoje, acompanhamos a tramitação do Projeto de Lei (PL) 2440/23, aprovado no Senado em dezembro de 2024 e enviado para a Câmara do Deputados. O PL prevê  isentar as organizações gestoras de fundos filantrópicos de contribuições sociais, já que o recurso manuseado será utilizado especificamente para fomentar impacto social.

Em 2025, a agenda segue forte. Conheça as prioridades estratégicas e saiba como participar:

Aprovação do PL 2440/23 na Câmara dos Deputados: para conquistarmos esse marco prevemos estabelecer parcerias e fomentar o diálogo com membros estratégicos da Câmara. Entre nossas intenções, acionaremos a legisladores e pretendemos estabelecer contato com o Deputado Hugo Motta, presidente da Câmara. O objetivo é solicitar urgência na tramitação do Projeto de Lei, contribuindo para a eficiência na aprovação.

Avanço do PL 6185/23 na Câmara: Além do PL 2440/23, existe o PL 6185/23 em tramitação na Câmara. O Projeto de Lei permite a dedução do Imposto sobre a Renda apurado pelas pessoas físicas ou jurídicas, de valores doados a fundos patrimoniais constituídos nos termos da Lei nº 13.800/19, e dá outras providências. Continuaremos acompanhando o avanço do PL na Câmara, com a possibilidade de ele ser apensado ao PL 2440/23.

Apoio às discussões no âmbito da Reforma Tributária: destacamos que a não incidência do ITCMD está contemplada na Reforma que ainda precisa passar pela sanção do Governo Federal. Além disso, existe a possibilidade da cobrança de IBS e CBS para os Fundos Patrimoniais constituídos na Lei 13.800/19. Continuaremos os esforços para que a Reforma Tributária contribua para o avanço da agenda dos Fundos Patrimoniais no Brasil.

Conhecimento: a produção de conteúdo é um dos pilares da incidência política, trazendo evidencias técnicas. Por meio do Monitor de Fundos Patrimoniais, temos dados sempre atualizados sobre a quantidade de endowments no país, volume de patrimônio, causas apoiadas e localidade. Por meio do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, trazemos informações aprofundadas sobre a gestão.

Coalizão pelos Fundos Filantrópicos: o grupo multissetorial, formado por mais de uma centena de signatários, contribuiu para que as iniciativas e pleitos de advocacy efetivamente representem o setor. Seguimos interessados em ampliar e fortalecer a rede, reunindo novos pontos de vista.

Ainda não é um signatário da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos? Entre em contato conosco em comunicacao@idis.org.br. É gratuito! Faça parte e apoie a causa dos fundos patrimoniais filantrópicos.

Paula Fabiani visita o Instituto Comunitário Paraty e iniciativas locais apoiadas

Fundações e institutos comunitários, por sua natureza multicausal e foco nas demandas e potencialidades do território, geram um impacto positivo significativo nas comunidades onde atuam. A CEO do IDIS, Paula Fabiani, teve a oportunidade de vivenciar esse modelo de atuação durante a visita a Paraty, onde conheceu mais profundamente o Instituto Comunitário Paraty (ICP).

O ICP desempenha um papel crucial no promover  desenvolvimento comunitário e territorial colaborando em rede, com atores sociais locais e apoiando iniciativas no ecossistema socioeducacional e socioambiental da cidade. Este modelo de atuação tem ganhado cada vez mais força no Brasil. 

Durante a imersão no território, Paula foi acompanhada pelas lideranças do ICP, Andreia Estrella e Ricardo Zuppi, e esteve em contato com projetos de organizações sociais que integram a rede do ICP. 

“Ter essa troca com a Paula foi uma partilha e trouxe uma série de sentimentos bons e insights para nós. Explicamos como foi o processo de criação do Instituto, de como começamos a nos reunir em forma de uma rede não oficial, mas para tentar solucionar os problemas em conjunto. E o apoio do IDIS foi fundamental para virarmos uma instituição de fato”, conta Ricardo Zuppi.

O momento foi de troca de experiências e aprendizados entre os presentes

 

Uma das paradas da visita foi no Instituto Náutico Paraty, um projeto educacional e esportivo que promove há 25 anos a transformação social na cidade, por meio do ensino do velejar para crianças e jovens em vulnerabilidade social, cujo idealizador e responsável é Gibrail Rameck Junior. Outra atuação conhecida foi a da Rede Alegrias, em que um dos projetos é relacionado ao Banco Comunitário. Esta iniciativa do Instituto Social Rural Jardim do Beija Flor e coordenada por Mônica Calderón, fortalece a economia solidária local, promove a inclusão financeira e estimula a circulação da Moeda Social “Alegrias”, impulsionando o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da comunidade.

 


Confira a moeda social do Instituto Cacimba, de São Miguel Paulista, em São Paulo, organização que também participa do programa Transformando Territórios


 

O ICP conta com o apoio do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social por meio do programa Transformando Territórios. Esta iniciativa do IDIS com apoio da Charles Stewart Mott Foundation fomenta a criação e fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico.

“Conhecer o trabalho do Instituto Comunitário Paraty foi uma experiência inspiradora. Reafirma o conceito de que os institutos e fundações comunitárias são fundamentais para o desenvolvimento local, pois atuam diretamente nas necessidades do território. É gratificante ver de perto o impacto do programa Transformando Territórios e apoiar essa jornada”, relata Paula Fabiani.