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Fundação FEAC: seis décadas impulsionando organizações, territórios e pessoas

Como uma organização mantém um modelo de ação social inovador por quase 60 anos? A história da Fundação FEAC – Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas começa no início dos anos 1960, quando as organizações

Jovem Chef – FEAC

sociais campinenses enfrentavam dificuldades econômicas e decidiram atuar de forma integrada e articulada para promover a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Em 2024 a FEAC completará seis décadas desenvolvendo e apoiando soluções reais para os desafios das comunidades mais vulneráveis da região de Campinas.

Um dos fundadores da FEAC, Eduardo Pimentel, teve a ideia de reunir as entidades sob um mesmo guarda-chuva, criar um fundo único e mais eficiente de captação de recursos e realizar apoio e suporte administrativo a outras entidades. Com a iniciativa bem-sucedida, a FEAC foi oficializada em 1964 e seguiu com o propósito de apoio institucional às organizações, tendo como bússola a busca do desenvolvimento integral e do respeito à cidadania plena das crianças e dos adolescentes.

O projeto alcançou novos rumos quando o casal Odila e Lafayette Álvaro, no mesmo ano de criação da organização, decidiram doar a Fazenda Brandina a esse grupo de instituições. No final dos anos 70, quando um grupo imobiliário quis comprar a terra, a FEAC decidiu não só vender o terreno, mas sim tornar-se sócia do shopping que seria construído na região. Naquele momento deu-se início ao que viria a se tornar uma importante fonte de financiamento para organizações do terceiro setor da região.

Assim, as atividades da FEAC são financiadas por recursos próprios, gerados pela administração do próprio patrimônio, especialmente as locações imobiliárias. A partir desses recursos a FEAC realiza a prática de grantmaking – , ou seja, financia iniciativas e projetos de organizações locais. Essa característica é uma das principais atividades de uma Fundação ou Instituto Comunitário.

Na Carta de Princípios para FICs, define-se que:

 

“Majoritariamente grantmakers: captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.”

 

Os investimentos são destinados a viabilizar projetos que tenham relação com os objetivos da FEAC em seis áreas programáticas, divididas em três dimensões:

 

  • 1) Empoderar pessoas (Acolhimento afetivo, Educação, Juventudes, Mobilização para autonomia e Primeira Infância em foco);
  • 2) Potencializar territórios (Fortalecimento de vínculos);
  • 3) Impulsionar organizações (Cidadania Ativa e Qualificação da gestão de OSCs     Cidadania e Impacto Social).

 

Em um olhar retrospectivo, percebemos que a FEAC já nasce como uma fundação comunitária em 1964, mesmo sem conhecer esta terminologia para suas atividades.

Urbanizarte, FEAC

 

SUPORTE A PROJETOS ESTRUTURADOS

Jair Resende, superintendente socioeducativo da FEAC

Para garantir a governança efetiva e a sustentabilidade das organizações, dentro do terceiro eixo, a FEAC faz suporte a processos formativos, tendo como um dos principais programas o “Cidadania e Impacto social”, conta o superintendente socioeducativo da FEAC, o paraense Jair Resende:

 

“Impulsionamos as organizações por meio de formações, mentorias, estabelecimento de redes e investimentos, para que tenham mais condições de protagonismo, adotem as melhores práticas de gestão e processos eficientes. Nos últimos tempos, despertados pelo programa Transformando Territórios (TT) do IDIS, temos olhado especialmente para organizações que estão imbuídos na causa do desenvolvimento de territórios”.

 

Em 2022, a Fundação FEAC consolidou um novo modelo de investimento social, a partir de um processo de transformação que teve início quatro anos antes. Antes realizada por meio de apoio institucional, a parceria que a Fundação firma com as organizações parceiras passou a ser realizada por meio de suporte a projetos estruturados.

 

“O ano de 2022 foi o primeiro em que todas as organizações apresentaram as propostas em forma de projetos dentro desse sistema. Isso foi uma grande conquista da FEAC”, afirma Resende.

 

Nesse último ano, foram desenvolvidos 173 projetos em parceria com 127 organizações, um investimento de mais de R$ 25 milhões.

 

“O mais importante é que, com esse sistema, a FEAC conseguiu dimensionar melhor os impactos de suas iniciativas para cumprir o seu papel de impulsionar as transformações nos territórios onde atua”. completa.

 

Entre os editais recentes, estão a apresentação de propostas voltadas à melhoria e transformação dos espaços dos serviços de acolhimento – em que foram selecionados quatro projetos com até R$ 80 mil – e a para organizações atuem com pessoas com deficiência, para apresentação de propostas de projetos visando a acessibilidade arquitetônica – foi apoiado um projeto com até R$ 250 mil.

Além disso, a Fundação FEAC vem realizando, dentro do eixo Cidadania e Impacto Social, um mapeamento dos coletivos de Campinas. O levantamento é feito a partir do cadastro de informações das organizações numa plataforma: a temática em que atuam, se têm sede ou não, onde estão localizadas, o perfil dos membros e quais as dificuldades que enfrentam, dentre outras. Todos estes dados servirão como referências relevantes para parcerias em futuros projetos.

Agricultura Urbana, FEAC

Com uma logística privilegiada e outros recursos singulares, Campinas é hoje uma das cidades mais ricas do país. Entretanto, essa mesma Campinas, oficializada como metrópole pelo IBGE em 2020, apresenta um território de alta desigualdade econômica. Desde a criação da FEAC, a população do município passou de 300 mil para mais de um milhão de habitantes, a vulnerabilidade social também aumentou e a fundação precisou se reinventar algumas vezes para seguir promovendo impacto social positivo na região.

 

UM OLHAR ESTRATÉGICO

Em 2020, a FEAC desenhou as Regiões de Vulnerabilidade Social (REVS), dando mais racionalidade ao olhar para o território. Antes, a organização trabalhava com 349 áreas de vulnerabilidade espalhadas por Campinas.

 

“Muitas compartilhavam equipamentos como escolas e unidades de saúde. Foi assim que se chegou a uma divisão em 16 REVS, que fizeram com que a fundação olhasse, pela primeira vez, para a área rural de Campinas. Também permitiu observar com mais exatidão as vulnerabilidades dos territórios, possibilitando uma atuação mais estratégica”, explica Resende.

 

Mesmo sendo uma fundação com relativos recursos, o superintendente garante que a FEAC segue em busca de parcerias importantes com empresas e outras organizações para criar e operacionalizar projetos.

 

“A aproximação com o IDIS, através do Transformando Territórios, nos despertou a visão de que a FEAC pode ser um hub de investimento social, ampliando suas parcerias para potencializar o ecossistema;”finaliza Resende.

 

APOIAR UM AO OUTRO PARA CRESCER JUNTOS

A entrada da FEAC no Programa Transformando Territórios, que visa o desenvolvimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs), proporcionou à organização uma nova oportunidade para expandir conhecimento sobre a filantropia comunitária, abrindo assim novas perspectivas para atuação.

Uma dessas formas de atuação da FEAC é apoiar a formação de novas FICs na região de Campinas. O primeiro case de sucesso dessa atuação é o apoio a FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos que atua no território de Valinhos. Inclusive a FEAV entrou no Programa Transformando Território em 2021, por indicação da FEAC. A participação de ambas no programa também foi o catalisador de uma parceria entre as duas instituições.

Cinemaqui – FEAC

Neste ano, a FEAC como forma de apoio mais expressiva doou um de patrimônios, um histórico casarão localizado na cidade de Valinhos, para a FEAV. Nesses 59 anos de existência é a primeira vez que a FEAC apoia outra organização que atua também como um Instituto Comunitário por meio de uma doação tão significativa.

Esta contribuição está alinhada com o novo objetivo da FEAC em fortalecer cada vez mais o setor social da região de grande Campinas apoiando iniciativas sociais locais por meio de uma abordagem de longo prazo e de um compromisso com o desenvolvimento sistêmico da região metropolitana. E também inicia um processo pioneiro onde uma fundação comunitária apoia o desenvolvimento de outras FICs nas regiões do entorno. Este é um passo importante e disruptivo que demonstra a importância da parceria e aliança entre FICs para o desenvolvimento dos nossos territórios.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: As áreas de atuação da FEAC abrangem todas as 16 Regiões de Vulnerabilidade Social (REVS) no município de Campinas. O conceito das REVS foi definido pelo Núcleo de Inteligência Social (NIS) da FEAC, tendo como base dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Fundação FEAC;
  • Nome e cargo da principal liderança Jair Resende, superintendente socioeducativo;
  • População estimada: 200 mil pessoas em situação de vulnerabilidade. Os projetos da FEAC já atingiram 138.266 beneficiários;
  • Número de OSCs do território: Levantamentos apontam cerca de 200 organizações;
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes.

    A Fundação FEAC integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre a Fundação FEAC? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Espírito comunitário: FEAC doa casarão à FEAV para fortalecer ações sociais em Valinhos

A cooperação para o desenvolvimento é uma das propostas da filantropia comunitária. Visando apoiar a organização parceria de atuação em um território próximo, a FEAC – Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas anunciou uma grandiosa doação de um majestoso casarão de 800m² em um terreno de 6000m² que fortalecerá significativamente as atividades da FEAV – Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos, localizada na cidade vizinha à Campinas. Ambas as organizações participam do programa Transformando Territórios do IDIS e atuam de forma próxima neste território no interior de São Paulo na região de Campinas e região metropolitana.

O histórico casarão, construído na década de 20, já serviu como residência da família Bissoto e até subsidiou o outro projeto social, o da Creche da Tia Nair. Agora o edifício com arquitetura rebuscada e espaços amplos será transformado em um centro de apoio a projetos sociais de Valinhos apoiados pela FEAV.

 

 

A FEAV é uma organização sem fins lucrativos que atua como Instituto Comunitário, dedicada a melhorar a qualidade de vida na cidade de Valinhos, por meio de uma abordagem de longo prazo e um compromisso com o desenvolvimento sistêmico da região. Ou seja, atuando neste modelo de organização, a FEAV trabalha como fonte de apoio técnico e financeiro para uma variedade de iniciativas sociais que abrangem diversas causas em seu território, priorizando sempre as necessidades sociais locais a partir de uma escuta ativa da comunidade local.

 

 

Junto de mais 16 organizações do Brasil, a FEAV é uma das organizações integrantes ao Programa Transformando Territórios. Esta é uma iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação, desenvolvimento e fortalecimento de Fundações e Institutos Comunitários (FICs) no Brasil oferecendo apoio técnico, institucional e financeiro.

A parceria entre as duas organizações não é nova e inclusive, a FEAV foi indicada pela FEAC para participar do Transformando Territórios em 2021. Nesse curto período atuando como um Instituto Comunitário, a organização de Valinhos já acumula grandes conquistas e vem realizando um trabalho excelente fortalecendo o setor social do município por meio de capacitações e apoio financeiro. A entrada no Transformando Territórios também foi o catalisador de uma aproximação da parceria entre ambas as instituições.

A FEAC é uma das Fundações Comunitárias mais antigas do Brasil, atuando desde 1964 no território de Campinas. Nos seus 59 anos de existência é a primeira vez que a FEAC apoia outra organização que atua também como um Instituto Comunitário. Esta contribuição está alinhada com o objetivo da FEAC em fortalecer cada vez mais o setor social da região de grande Campinas.

Agora a diretoria da FEAV, representada pela líder comunitária Eliane Macari, está reunindo os representantes das Organizações da Sociedade Civil da cidade para decidirem juntos quais projetos sociais podem ser implantados no casarão e como transformá-lo num centro de apoio ao setor social de Valinhos.

Essa doação representa o incrível trabalho contínuo da FEAV e da FEAC em apoiar as iniciativas sociais do próprio território, evidenciando como as Fundações e Institutos Comunitários desempenham um papel fundamental no fortalecimento do setor social e na construção de comunidades mais fortes, promovendo um impacto positivo e duradouro onde atuam.

 

“Sabendo que existe uma entidade em Valinhos que atua em modelo similar à FEAC foi natural imaginar a doação. Juntos podemos ser muito mais fortes que cada um atuando de forma isolada. A transferência do patrimônio foi só o primeiro passo de uma história muito bonita daqui pra frente”, afirma Renato Nahas, presidente do Conselho Curador da Fundação FEAC.

 

Essa doação também simboliza o incrível poder de colaboração que o setor social tem entre si e destaca o enorme potencial que poderia ser realizado se houvesse um maior apoio de outros setores. Essa iniciativa será um passo significativo na batalha contra a desigualdade social e na promoção de uma sociedade mais solidária na região de Valinhos.


Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo!

Avaliação de Impacto: desvendando sua importância para as organizações

Denise Carvalho – Gerente Sr. de Monitoramento e Avaliação

Em um mundo em constante evolução, as organizações, sejam elas parte da sociedade civil, empresas ou agências governamentais, têm buscado cada vez mais formas eficazes de medir e compreender o impacto positivo e/ou negativo de suas ações e iniciativas.

A avaliação de impacto surge como uma ferramenta fundamental para essa finalidade. Ela oferece uma análise detalhada e baseada em evidências sobre como as atividades de uma organização afetam as pessoas, as comunidades e o ambiente, buscando compreender o alcance e o efeito de suas ações, programas e projetos. Neste texto, exploraremos o que é a avaliação de impacto, sua importância e como as organizações podem implementá-la de maneira eficaz.

 

O que é Avaliação de Impacto?

A avaliação de impacto é um processo sistemático e rigoroso que busca medir, analisar e entender os efeitos das atividades de uma organização em relação aos seus objetivos e metas. Ela envolve a coleta de dados quantitativos e qualitativos para avaliar como as ações da organização estão contribuindo para mudanças ou transformações – desejadas ou não -, que podem ser de várias naturezas, incluindo social, econômica, ambiental e política.

Os dados qualitativos se referem as informações que ajudam a descrever as características, os tipos e as nuances das informações coletadas. Por exemplo, ao avaliar o impacto de seu projeto em uma comunidade, a organização pode coletar dados qualitativos que descrevem as histórias de vida das pessoas beneficiadas, as experiências que tiveram e as mudanças percebidas em suas vidas. Esses dados nos ajudam a entender a qualidade das interações e as experiências pessoais dos participantes.

Por outro lado, os dados quantitativos envolvem números, medidas e estatísticas que fornecem informações específicas e mensuráveis. No contexto de um projeto social, os dados quantitativos podem incluir informações como o número de famílias beneficiadas, a porcentagem de aumento na taxa de emprego na comunidade ou a quantidade de beneficiários que percebem uma mudança em relação a algum indicador de impacto (habilidades socioemocionais desenvolvidas, autonomia financeira, melhoria na qualidade de vida, entre outros). Esses dados fornecem números claros e objetivos que ajudam a avaliar o alcance e os resultados tangíveis do projeto.

A importância da avaliação de impacto vai além da simples análise de resultados. Ela busca entender as causas dos efeitos observados, identificar os fatores que contribuem ou dificultam o alcance dos objetivos e oferecer insights para a tomada de decisões embasadas (ou baseadas em evidências). Em resumo, a avaliação de impacto não se limita a medir o “o quê”, mas também o “porquê” e o “como” das mudanças resultantes das atividades da organização.

 

Por que a Avaliação de impacto é importante?

A avaliação de impacto desempenha um papel crítico para organizações de diversos setores por várias razões. Dentre elas podemos destacar:

1 – Sintonia com o propósito da organização

Toda organização tem um propósito, uma missão que define sua razão de existir. A avaliação de impacto atua como um mecanismo que mantém as ações das organizações alinhadas com seus objetivos. Ao analisar o impacto das atividades, a organização pode verificar se está cumprindo sua missão de maneira eficaz. Essa avaliação contínua ajuda a evitar desvios estratégicos, garantindo que os recursos e os esforços estejam sempre direcionados para a realização da visão da organização.

2 – Agilidade e resiliência

O mundo é um lugar de constante mudança. A capacidade de adaptação é uma vantagem competitiva significativa. A avaliação de impacto fornece informações oportunas e precisas sobre o desempenho das organizações. Isso permite que estas identifiquem áreas de melhoria ou mudanças necessárias e ajuda na tomada de decisões rápidas e informadas. Em um ambiente em constante evolução, a agilidade e a resiliência tornam-se qualidades essenciais para o sucesso.

3 – Construção de confiança e credibilidade

A confiança é um ativo valioso. As organizações que adotam e entendem a importância da avaliação de impacto demonstram compromisso com a transparência, responsabilidade e excelência de suas operações. Isso não passa despercebido pelos financiadores, doadores, parceiros e pela comunidade em geral. A capacidade de apresentar evidências sólidas do impacto de suas ações cria uma base sólida de confiança e credibilidade. Essa confiança é crucial para manter e cultivar relacionamentos de longo prazo com todas as partes interessadas.

4 – Captação de recursos sustentável

Em um mundo com recursos limitados, é fundamental convencer financiadores e doadores a investir em uma causa ou projeto. A avaliação de impacto fornece uma base sólida para essa persuasão. Organizações que podem documentar e demonstrar o impacto tangível de suas atividades têm uma vantagem significativa na captação de recursos. Elas podem fornecer evidências sólidas de que seus recursos são usados de maneira eficaz e que seus objetivos são alcançados. Isso não apenas atrai financiamento, mas também aumenta a probabilidade de financiamentos recorrentes.

5 – Inovação e aprendizado contínuo

A avaliação de impacto fomenta uma cultura de aprendizado contínuo e melhoria. Ao analisar os resultados, identificar sucessos e áreas de melhoria, as organizações podem inovar e adaptar suas estratégias. Isso é fundamental para a evolução e o aprimoramento contínuo das operações. A capacidade de aprender com a avaliação de impacto leva a um ciclo de inovação que impulsiona o progresso e garante que as organizações continuem atingindo seus objetivos de maneira eficaz.

6 – Amplificação do efeito multiplicador

Uma das características mais interessantes da avaliação de impacto, que destaca sua importância, é seu efeito multiplicador. Quando as organizações compartilham suas descobertas e lições aprendidas por meio de avaliações de impacto, elas contribuem não apenas para seu próprio sucesso, mas também para o progresso de toda a sociedade. O conhecimento compartilhado tem o poder de criar mudanças significativas em um nível mais amplo. À medida que mais organizações se beneficiam de insights valiosos, a sociedade como um todo colhe os frutos de soluções mais eficazes e práticas bem-sucedidas.

 

O poder da avaliação de impacto

Em resumo, a avaliação de impacto é importante para criação de alicerce sólido para no sucesso sustentável das organizações. Ela vai além de uma mera ferramenta de medição e se torna um guia estratégico, um selo de confiabilidade e uma fonte constante de aprendizado.

Implementar a avaliação de impacto pode, de fato, ser desafiador, mas os benefícios que ela oferece superam os possíveis desafios. Portanto, é fundamental que as organizações considerem seriamente a incorporação da avaliação de impacto em suas operações, não apenas como um passo, mas como um compromisso de construção de um futuro mais eficaz e responsável.

 

Quer saber mais sobre o protocolo SROI e como Implementar uma Avaliação de Impacto de maneira eficaz? Acesse:

Protocolo SROI: quando utilizar e como interpretar o índice monetário da avaliação de impacto

Avaliação de impacto e SROI

Mentalidades em evolução: destaques do Global Philanthropy Forum 2023

Aconteceu, em outubro, o Global Philanthropy Forum 2023 em São Francisco. O evento atraiu cerca de 250 participantes e 86 palestrantes ao longo de dois dias e meio de intensa programação. A delegação brasileira, organizada e liderada pelo IDIS, reuniu 13 membros de diferentes organizações do país.

Os debates do evento abordaram temas como a dinâmica de poder entre doadores e beneficiários, a decolonização da filantropia, doações irrestritas, além de causas relacionadas à diversidade, ajuda humanitária e a correlação entre vulnerabilidades socioeconômicas e os impactos das mudanças climáticas.

A sessão de boas-vindas teve a participação de Philip Yun, presidente e CEO do World Affairs/Global Philanthropy Forum, e Gloria Duffy, presidente e CEO do Commonwealth Club of California, que anunciaram a fusão dessas duas organizações. O IDIS foi mencionado durante o discurso, destacando a parceria duradoura e relevante para a filantropia internacional, sendo o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais um dos maiores representantes do evento fora dos Estados Unidos.

No painel ‘Grandes dólares, grande impacto: o que torna as grandes apostas eficazes?’, fundadores e CEOs discutiram o que foi importante para que suas organizações alcançassem a escala e o impacto esperados pela crescente filantropia de recursos substanciais e de uso irrestrito. A conversa enfatizou a necessidade de estruturar as organizações para receber e gerir esses recursos, abordando uma temática que apareceu de maneira contundente durante o evento: a governança.

O painel “Adotando a responsabilidade (accountability) para amplificar as vozes da comunidade” abordou a responsabilidade dos filantropos. Foi destacado que se os executivos das organizações estão mais preocupados com o que o conselho pensa do que com o que os beneficiários pensam de suas decisões, não há responsabilidade (accountability).

Foi levantada também a questão do papel e do perfil pouco diverso dos membros dos conselhos das organizações doadoras. Isso é visto como um dos obstáculos para a construção de relações de confiança com organizações receptoras de recursos e comunidades beneficiadas. “Por séculos valorizamos nossos conselheiros voluntários, sem questionar se estão realmente servindo às nossas organizações e propósitos. Amamos nossos voluntários, mas talvez precisemos reavaliar esse modelo”, afirmou um dos participantes.

Na sessão ‘Capacidade em vez de dinheiro: usando as práticas empresariais para repensar a resposta a emergências’, foi mencionado que 60% das doações in-kind (bens, serviços e transações que não envolvem dinheiro) nas duas primeiras semanas após o choque são inadequadas e não atendem às necessidades das comunidades afetadas. Além disso, 70% dos recursos doados para desastres se perdem na cadeia de entrega, com apenas 30% chegando às mãos dos beneficiários finais. A sessão que abordou esses números foi esclarecedora, enfatizando a importância das organizações possuírem parceiros locais competentes e articulados.

O tema dos recursos livres foi explorado em diversas sessões, juntamente com a questão do desafio da prestação de contas dos recursos irrestritos recebidos, alinhados com a filantropia baseada na confiança. O uso da tecnologia para geração de dados, monitoramento e escalabilidade de projetos também foi um tema recorrente, com uma sessão dedicada inteiramente a explorar o papel da filantropia no apoio ao desenvolvimento de ferramentas responsáveis, seguras e éticas de Inteligência Artificial Generativa.

Outra sessão abordou a importância do envolvimento do governo na efetividade e escalabilidade de projetos. Durante a discussão sobre parcerias com governos, foram destacados desafios, como a diferença de velocidade em comparação às organizações filantrópicas e o risco reputacional associado a essas colaborações.

“Participar do Global Philanthropy Forum 2023 foi uma experiência enriquecedora, que nos permitiu conectar com pessoas de experiências incrivelmente diversas. Acreditamos firmemente que as conversas e conexões estabelecidas no evento têm o potencial de gerar parcerias transformadoras para o futuro”, comentaram Andrea Hanai e Guilherme Sylos, ambos do IDIS.

 

Brasil no GPF

Liderada por Andrea Hanai, gerente de projetos do IDIS, e Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias, a delegação do GPF teve a participação de Carla Duprat (ICE), Caroline Almeida e Giovanni Harvey (Fundo Baobá), Cristiane Sultani (Instituto Beja), Fernanda Quintas e Livia Magro (Liga Solidária), Marco Camargo (Vetor Brasil), Maria Amália Souza (Fundo Casa), Marisa Ohashi (Instituto Alana), Maure Pessanha (Artemisia) e Raphael Mayer (Simbi).

Como parceiros do evento, o IDIS anualmente organiza a viagem, fortalecendo o relacionamento entre os participantes e com a comunidade filantrópica global. Tem interesse em participar? Entre em contato conosco. O próximo GPF ainda não tem data definida, que será divulgada à nossa comunidade assim que for anunciada.

Vem aí ‘Dia de Doar 2023’: participe e doe para Fundações e Institutos Comunitários

 Clique aqui e doe!

Desde 2013, acontece o Dia de Doar no Brasil e neste ano, a 10ª edição vai acontecer em 28 de novembro. O objetivo é incentivar o país a ser mais generoso e solidário, mobilizando pessoas físicas, empresas e campanhas comunitárias para arrecadar recursos e aumentar o impacto positivo de organizações do terceiro setor.

O Dia de Doar estimula a doação de pessoas, empresas e organizações e tem um papel fundamental ao mostrar que todos podem participar, fortalecendo a cultura da doação no cotidiano das pessoas.

Neste ano, o programa Transformando Territórios, que fortalece Fundações e Institutos comunitários (FICs), participa do movimento com uma campanha de matchfunding. Ou seja, a cada R$ 1 doado, o fundo transformando territórios doará mais R$ 1 para as FICs participantes.

 

Com atuação regional, são 6 organizações participantes de distintas regiões do país: 

Conheça esses territórios que transformam realidades por meio de apoio a uma rede de atores e organizações locais. Doe e multiplique o impacto social!

 

A campanha vai até 8 de dezembro. Acesse aqui para doar!

 

O que são Institutos e Fundações Comunitárias?

Institutos e Fundações Comunitárias são organizações da sociedade civil que visam a melhoria da qualidade de vida de populações situadas em regiões geográficas bem delimitadas, a partir da captação, gestão e distribuição de recursos para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais, através do desenvolvimento de capacidades e valorização de ativos locais, estas organizações produzem conhecimento, atuam em rede com o poder público e sociedade civil em prol do desenvolvimento territorial.

 

Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo!

Avaliação de impacto para inclusão produtiva: metodologias, desafios e limitações

A prática de monitoramento e avaliação pode ser uma eficiente ferramenta para a aprendizagem e tomada de decisões em projetos de inclusão produtiva no Brasil. Utilizando métodos avaliativos, como o Retorno Social do Investimento (SROI, na sigla em inglês), é possível compreender o impacto social de projetos e programas e tomar decisões mais assertivas.

No artigo intitulado ‘Avaliação de Impacto para Inclusão Produtiva: Metodologias, Desafios e Limitações’, Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Denise Carvalho, Gerente de Monitoramento e Avaliação do IDIS, exploram os principais benefícios, desafios e limitações enfrentados na avaliação do impacto social de projetos e programas de inclusão produtiva, bem como as tendências e abordagens futuras.

Confira o artigo completo!

O conteúdo desse artigo foi publicado na Revista Brasileira de Avaliação – Edição Especial Inclusão Produtiva, uma publicação que reúne um conjunto inédito de artigos, relatos de experiências, entrevistas e ensaios que discutem a avaliação de políticas públicas e privadas de inclusão produtiva sob perspectivas diversas.

Coordenada pela Rede Brasileira de Avaliação com o apoio da Fundação Arymax, em parceria com a Fundação Tide Setúbal, esta é uma publicação científica que se propõe a fomentar o debate de políticas baseadas em evidências sobre intervenções que se propõem a combater as desigualdades socioeconômicas no Brasil através da geração de trabalho e renda às pessoas economicamente excluídas.

O lançamento da Revista aconteceu na sexta-feira, 27 de outubro, e Paula Fabiani participou como mediadora na mesa ‘Avaliar é preciso: casos práticos de avaliação de programas e políticas’ ao lado de Sérgio Firpo, Secretário de Monitoramento e Avaliação de políticas públicas e Assuntos Econômicos; Paula Pedro, Diretora-Executiva no J-PAL LAC; Wesley Matheus, Diretor Colegiado da Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação e João Paulo Bittencourt, Gerente de Educação no Albert Einstein, voluntário do Instituto Proa e coautor do relato “PROA INDEX: avaliação fidedigna na formação profissional online de jovens.

IDIS passa a ser membro do comitê da ENIMPACTO

No último mês, foi lançada a nova ENIMPACTO (Estratégia Nacional da Economia de Impacto), uma importante iniciativa para impulsionar a economia de impacto positivo no Brasil. O projeto, que já existia, passou por uma extensa revisão visando o alinhamento com as diretrizes do novo governo. O evento de lançamento e a primeira reunião do comitê ocorreram em 19 de outubro, com parte dos participantes na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), e parte online. O IDIS esteve presente, representado por Paula Fabiani, CEO da organização.

A Enimpacto se fundamenta em cinco eixos que estabelecem os princípios fundamentais para promover o crescimento e o fortalecimento da economia de impacto no Brasil. Essa abordagem econômica procura equilibrar a busca por lucro financeiro com a promoção de soluções para questões sociais e ambientais.

Cada um desses eixos implica parcerias entre órgãos governamentais federais, entidades do setor privado e organizações da sociedade civil. O IDIS, em colaboração com instituições como o Sistema B, o Instituto Democracia e Sustentabilidade e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, desempenha um papel no pilar dedicado ao desenvolvimento do Ambiente Normativo e Institucional, contribuindo ativamente para a promoção da agenda dos fundos patrimoniais.

Os outros eixos têm como objetivos a ampliação da oferta de capital, o aumento do número de negócios com impacto socioambiental, o fortalecimento de organizações intermediárias e a promoção da colaboração entre os governos estaduais e municipais para impulsionar a economia de impacto.

Durante o evento de lançamento, também foi discutido o Plano Decenal da Enimpacto, que busca impulsionar investimentos públicos e privados em ações voltadas para a resolução de problemas sociais e ambientais. Entre os dias 20 de outubro e 20 de novembro, estará aberta a consulta pública para contribuições aos macro-objetivos, metas e ações dos cinco eixos que compõem o Plano até 2032.

O evento de reunião inaugural contou com a ilustre participação de Muhammad Yunus, o primeiro economista a receber o Prêmio Nobel da Paz. Ele é reconhecido globalmente por criar um sistema de microcrédito voltado para empreendedores de baixa renda, proporcionando acesso a empréstimos em instituições financeiras convencionais.

Participe do lançamento da segunda edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais

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Bastante populares internacionalmente e cada vez mais adotados no Brasil, os fundos patrimoniais se consolidam como mecanismo potente para a sustentabilidade de organizações e causas. Em novembro, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social traz uma nova contribuição no campo do conhecimento e lança a segunda edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, levantamento que reúne dados essenciais para gestores. A iniciativa teve a participação de 59 endowments ativos no Brasil, 50% a mais que a amostra do ano anterior, e apresenta uma série histórica de 2019 a 2022 .

 

Entre os temas abordados na publicação, estão fluxo de caixa, alocação, captação, rendimentos, política de investimento, governança de endowments e perspectivas para o futuro. Cada bloco traz ainda um artigo de um especialista, que contribui para o entendimento e interpretação dos achados. “Há mais de uma década o IDIS investe no avanço desta pauta no Brasil. Além de apoiar diretamente a criação de fundos patrimoniais, promovemos ações para aprimorar o ambiente regulatório, ampliar o conhecimento da sociedade sobre o tema e agora, contribuímos para a profissionalização da gestão”, comenta Andrea Hanai, especialista no tema e gerente de projetos no IDIS.

 

O lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022 acontece no dia 9 de novembro, das 17h às 18h30, em formato online e gratuito. Uma mesa redonda com gestores de fundos patrimoniais ativos será realizada a seguir da apresentação dos dados. Os interessados devem fazer sua inscrição aqui.

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Confira a agenda:

9 de novembro, quinta-feira

17h
Abertura | Paula Fabiani, CEO do IDIS

17h15
Apresentação do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2022 | Andréa Wolffenbuttel, consultoria do IDIS, e Felipe Groba, gerente de projetos no IDIS

17h50
Mesa redonda
Debate com a participação de especialistas e gestores de fundos patrimoniais.

Presenças confirmadas:
Carolina Barrios, responsável do Fundo Patrimonial na Fundação Maria Cecília Souto Vidigal
Márcia Woods, assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal
Patricia Valente Stireli, presidente do Conselho de Administração da Organização Gestora do Fundo Patrimonial da Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio Libanês
moderação: Andrea Hanai, gerente do IDIS

 

Esta é uma realização do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, grupo multissetorial liderado pelo IDIS que hoje reúne mais de uma centena de signatários. Esta edição tem o apoio de 1618 Investimentos, ASA – Associação Santo Agostinho, Fundação José Luiz Egydio Setubal, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Pragma Gestão de Patrimônio, Santander e Umane e Wright Capital Wealth Management.

 

Mais sobre Fundos Patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzidos pelo IDIS aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

Folha de São Paulo anuncia vencedores do prêmio Empreendedor Social 2023

Foram divulgados os vencedores da 19ª edição do Prêmio Empreendedor Social do Ano 2023, promovido pela Folha de S. Paulo. A cerimônia de entrega dos prêmios ocorreu no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, e foi apresentada por Cris Guterres e Bruno Gagliasso.

Os cinco premiados foram destacados por suas inovações sociais em áreas que abrangem desde educação e habitação até o acesso à água e a inclusão de mulheres, quilombolas e refugiados. O júri selecionou três vencedores: Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora; Aline Odara, do Fundo Agbara; e Robson Melo, do Estante Mágica. Além disso, houve dois premiados na categoria ‘Escolha do Leitor’: Fernando Rangel, do Refúgio 343, com o maior número de votos do público, e Bruno Sindona, do Sindona, pelo maior volume captado.

Em 2020, Paula Fabiani, CEO do IDIS, foi uma das premiadas por seu trabalho e do IDIS no Fundo Emergencial para a Saúde no combate à Covid-19, contribuindo para o fortalecimento de hospitais filantrópicos.

“Deixo meus parabéns à toda a equipe da Folha de São Paulo pela curadoria de iniciativas tão importantes. Esse palco dado a pessoas e organizações que têm trabalhado por um Brasil melhor é essencial para que sigamos construindo juntos soluções inovadoras para nossos problemas tão complexos”, comenta Paula Fabiani, que também estava presenta na cerimônia de entrega dos prêmios.

 

Equipe do IDIS na cerimônia de entrega de prêmios do 19° Prêmio Empreendedor Social

Atualmente, o IDIS é um dos parceiros institucionais do Prêmio Empreendedor Social desde 2016, e os vencedores têm a oportunidade de palestrar no Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, em uma mesa dedicada exclusivamente a essas iniciativas.

Conheça mais sobre a história e o trabalho de cada uma das organizações vencedoras aqui.

Planejando a sucessão do fundador

Por Andrea Hanai, gerente de projetos no IDIS

Qualquer mudança na liderança de organizações da sociedade civil pode ser um grande desafio, mas quando se trata da sucessão do fundador da instituição, que geralmente desempenha o papel de principal executivo, esse processo pode ser ainda mais complexo, representando muitas vezes um teste à sua sobrevivência.

Acesse também a nota técnica ‘Governança em organizações da sociedade civil: framework para alocação estratégica de talentos’!

Por essa razão, cada vez mais organizações vêm buscando o IDIS para apoiá-las no planejamento da sucessão de seus fundadores, baseados em nosso conhecimento no tema da governança de organizações da sociedade civil e inspirados na experiência do processo sucessório do próprio IDIS. Também é comum a questão surgir como uma preocupação durante o processo de planejamento ou revisão estratégica da organização, passando a ser foco do planejamento de curto e médio prazos da instituição.

A estruturação de um plano de sucessão deve ser iniciada a partir de um bom diagnóstico institucional, focado na governança da organização. Nesse trabalho, procura-se mapear os papéis e responsabilidades assumidos pelo fundador e analisar as forças e fraquezas da organização, seus recursos e competências e a efetividade da participação dos demais membros de sua liderança.

Com base nesse diagnóstico, é possível determinar as ações necessárias para viabilizar um processo de transição de liderança que não comprometa o desempenho e impacto da organização. Usualmente essas ações envolvem a reestruturação da governança (e do estatuto social da instituição) com o engajamento de novos membros; a revisão do processo de mobilização de recursos (em geral dependente da rede de relacionamentos construída pelo fundador); e a formulação (ou atualização) das políticas institucionais e operacionais da organização.

É fundamental que este trabalho se desenvolva de forma transparente, com uma comunicação clara para todos os stakeholders. Além disso, a BoardSouce, importante fonte de informações sobre governança de organizações da sociedade civil, recomenda que o processo conte com a assistência de consultores externos à organização, capazes de lidar com sensibilidade com as questões emocionais que comumente envolvem a sucessão do fundador.

Texto originalmente publicado em julho de 2019. 

Quer saber mais sobre a consultoria e os serviços oferecidos pelo IDIS? Escreva para comunicacao@idis.org.br

Matchfunding: um modelo de financiamento que alavanca recursos e amplia impacto

Em um mundo que valoriza cada vez mais a colaboração e a construção coletiva como um valor, modelos de financiamento que seguem essa lógica ganham mais espaço e começam a produzir efeitos significativos para a sociedade. 

Devido a força do ambiente digital, hoje tão parte de nossas vidas, tornou-se bastante comum recebermos convites para participar de campanhas online de arrecadação de recursos. São as famosas “vaquinhas”. Nelas, pessoas físicas e jurídicas apresentam seus projetos e solicitam apoio financeiro para viabilizá-los.

Os potenciais doadores podem apoiar com diferentes faixas de valores e recebem, ao final do processo, variados tipos de recompensas (que pode ser o produto final, no caso de uma produção independente, ou mesmo um relatório de prestação de contas, com os resultados obtidos a partir dos recursos aplicados). Trata-se, portanto, de um modelo que envolve diversos doadores, unidos por objetivos e valores comuns. 

Matchfunding é um tipo de crowdfunding. A expressão tem origem da junção das palavras em inglês, “match = combinação” e “funding = financiamento”. É um modelo de financiamento coletivo, porém, conhecido como turbinado, por ser capaz de alavancar tanto a arrecadação de recursos, como a capacidade de impacto dos projetos contemplados, em função da sua estratégia de multiplicação das doações captadas. 

Neste texto, vamos explicar como se dá a estratégia de matchfunding e quais as vantagens de optar por ela, além de citar exemplos que comprovam o sucesso deste modelo de captação, a partir da contextualização, inicial, do cenário de cultura de doação no país.

 

A cultura de doação no Brasil e as vantagens do Matchfunding

A cultura de doação no Brasil apresenta-se em constante amadurecimento, e ganhou força, principalmente, no período pós-pandemia, momento em que ficou evidente a necessidade (e a urgência) de unir esforços em prol do bem comum.

Segundo dados da Pesquisa Doação Brasil, coordenada pelo IDIS  e pela CAF – e realizada pela Ipsos – em 2020, 63% dos brasileiros efetuaram algum tipo de doação. Em 2022, esse número saltou para 84%, com grande parte das pessoas doando para projetos ligados à temática da infância. A soma das doações realizadas por pessoas físicas alcançou, no ano passado, um total de 12,8 bilhões de reais.

Se entre os indivíduos da sociedade civil, a responsabilização social está crescendo, entre as empresas, já é uma premissa. Uma empresa que não possui cultura de doação como pilar de seu negócio, na pior das hipóteses, já está mal colocada no ranking de avaliação dos consumidores. Segundo dados levantados pela Agência Union + Webster (2019), na hora da compra, 87% das pessoas optam por empresas/marcas que assumem um modelo de gestão socialmente responsável.

Ocorre que, ao traçar um plano de ação alinhado às práticas ESG e à sua política de filantropia, as organizações precisam avaliar fatores diversos, entre eles:

 

1. O alinhamento das suas estratégias institucionais às causas apoiadas;
2.
A seleção de ações e/ou projetos que sejam relevantes e
3.
A definição de como irão acompanhar e mensurar o impacto positivo que desejam alcançar.

Além disso, devem, também, avaliar os possíveis riscos de reputação de marca, que podem surgir em decorrência das parcerias estabelecidas. Para evitar desgastes de imagem, é fundamental que os parceiros escolhidos pelas organizações estejam alinhados em valores e princípios. 

A depender da natureza dos objetivos traçados para as iniciativas, o modelo de matchfunding pode ser uma opção interessante, por reunir diferentes organizações em torno de objetivos comuns e, assim, não apenas ampliar a capacidade de impacto, mas também reduzir os possíveis riscos relacionados à falta de recursos, isso porque, ao envolver diversos apoiadores, tanto o investimento de recursos financeiros, como de tempo e força de trabalho serão, sempre, complementares, maximizando as chances de chegar aos resultados esperados. 

Cabe ressaltar, também, que, de acordo com estudos da Goteo Foundation, projetos que utilizam a estratégia de matchfunding são capazes de atrair, em média, 180% mais recursos junto aos doadores do que projetos sem a participação de um investidor institucional. Logo, é possível associar esse formato ao maior engajamento das pessoas no momento de escolha da doação.

Há exemplos que comprovam os benefícios que estratégias de matchfunding trazem a todos os envolvidos. Veremos alguns a seguir.

 

Tipos de matchfunding e casos de sucesso

Há formas distintas de estruturar uma estratégia de matchfunding. A grande lógica norteadora é que, a instituição que idealiza a iniciativa, turbina o valor investido por apoiadores/parceiros. Geralmente, a cada 1 real doado por um parceiro, a empresa líder da iniciativa coloca mais um real, num formato em que, ao final, cada uma das partes financia 50% do custo total do projeto. Contudo, podem haver outros modelos, com a empresa líder da iniciativa garantindo o maior percentual do custo total e os parceiros/apoiadores contribuindo com quantias menores. 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já aderiu a  esse modelo de financiamento, turbinando a captação para projetos a partir da união de recursos públicos e privados. Em 2022, o BNDES lançou o Programa Juntos pela Saúde, que visa fortalecer os serviços do SUS nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, apoiando projetos focados, sobretudo, na atenção primária. Na lógica de matchfunding estabelecida, o Banco se comprometeu a doar 1 real, a cada outro real doado por apoiadores, alavancando o investimento destinado aos projetos de saúde contemplados. A meta do Programa é levantar um total de R$ 200 milhões em quatro anos.

A iniciativa já está em atividade, com três projetos em execução. Todos eles contam com recursos dobrados e, aos doadores, há vantagens que vão desde maior alcance geográfico e duração dos projetos selecionados, até a oportunidade de trocar aprendizados, somar inteligências, compartilhar riscos, e, claro, ampliar a capacidade de impacto dos projetos apoiados, gerando resultados mais expressivos e perenes nos territórios atendidos.

Outro exemplo é a ação liderada pelo Grupo Raia Drogasil (RD).  Em parceria com a Editora MOL, a empresa vende em suas lojas de varejo (farmácias) a coleção Sorriso (composta por revistas, livros, calendários, sacolas para presente e cartões) e toda a renda arrecadada com as vendas dos produtos é revertida para ONGs de saúde. 

No “Dia de Doar” – que na RD estende por todo o mês – a empresa se propõe a dobrar a doação dos clientes, numa lógica de matchfunding, ou seja, o Grupo investe o mesmo valor doado pelos consumidores, dobrando os recursos destinados às instituições apoiadas. Segundo Maria Izabel Toro, Gerente de Investimento Social da empresa, as vendas dos produtos sociais crescem consideravelmente durante o “mês de doar”, pois as pessoas sabem que o impacto da ação será muito grande e, por isso, sentem-se mais engajadas.

Além dos exemplos do campo da saúde citados, existem iniciativas de matchfunding bem sucedidas em outros campos, como o da cultura, empreendedorismo social, igualdade de gênero etc. Isso mostra como esse formato de financiamento coletivo é potente e pode atrair mais recursos para ampliação de impacto em diferentes causas. 

Embora esse formato ainda seja recente no Brasil, o surgimento de novas plataformas online de financiamento coletivo e o fortalecimento da cultura de doação no país mostram que existe um grande potencial para ampliação desse modelo estratégico que traz múltiplos benefícios para todos os públicos envolvidos.

 

Para saber mais

Você já participou, seja como pessoa física ou jurídica, de alguma estratégia de crowdfunding? Conhece outros exemplos bem sucedidos de macthfunding que gostaria de compartilhar? Se sim, deixe o seu comentário. Vamos adorar conhecer mais sobre a sua experiência.

E, caso tenha interesse em aprofundar seu conhecimento sobre matchfunding, acesse os links abaixo:

 

Manauara: a cidade de Manaus sob o olhar comunitário

Fomentar o protagonismo de mulheres é contribuir para melhorar a condição de vida não só delas, mas de todos que as cercam. Parte deste princípio o Fundo Icamiabas, que acaba de ser lançado pela Manauara Associação Comunitária, que atua para promover o desenvolvimento comunitário na cidade de Manaus, Amazonas. A proposta do fundo é fornecer apoio financeiro e humano, de forma descomplicada e contínua, para lideranças femininas que trabalham em prol de outras mulheres nas periferias da capital amazonense.

Os fundadores da Manauara Ricardo Anderáos, Giselle Mascarenhas e Célia Petit, visitando o Igarapé do Gigante, na comunidade da Redenção, Zona Oeste de Manaus

Foi às margens dos 7 km de extensão do Rio Igarapé do Gigante – que nasce cristalino em meio à floresta nativa e se depara com os problemas ambientais da urbanidade – que teve início o diálogo entre organizações sociais e lideranças comunitárias da Zona Oeste de Manaus. Assim começa, em 2020, uma aliança não apenas para despoluir a bacia hidrográfica, que corta vários bairros de Manaus, mas também para transformar a vida de quem vive às suas margens. São mais de 160 mil famílias manauaras vivendo em situação de extrema pobreza, correspondendo a cerca de 445 mil pessoas nesta situação (19,7% de sua população).

A partir de um mapeamento do campo social da cidade, que identificou os principais ativistas, organizações sociais e demandas do território, em 2021, alguns integrantes deste grupo começam a se estruturar no formato de um instituto comunitário e, em 2022, com apoio e capital semente do IDIS, a Manauara é fundada. Dois dos seis fundadores são os diretores da iniciativa: Ricardo Anderáos e Celia Petit, ambos sócios da Oré Inovação em Impacto Social e criadores da Aliança pelo Igarapé do Gigante.

Membros da Manauara e ativistas locais, junto com o Secretário do Meio Ambiente de Manaus Antonio Stroski e assessores, em plantio de árvores nativas às margens do Igarapé do Gigante, no Dia do Meio Ambiente

O primeiro edital de apoio a projetos foi lançado ainda em 2022, com o tema  “Água, Saúde e Biodiversidade na Microbacia do Igarapé do Gigante”. O edital teve como vencedores os projetos “Mulheres Gigantes” e “Viveiro de Árvores Nativas Parque Mosaico Amazônia“ que, juntos, receberam cerca de R$ 150 mil.

Ser um grantmaker local, isto é, ser uma financiadora do setor social do território em que atuam, é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs). Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários, a definição desta característica é:

Captam, gerenciam e realizam doações de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais do território, que atuam na linha de frente do atendimento às demandas comunitárias, de modo a assegurar a vitalidade do setor social local.

 

SELEÇÃO A PARTIR DE BUSCA ATIVA

Com o primeiro edital, veio o entendimento da necessidade de estimular o protagonismo de mulheres líderes locais em um formato mais simples, sem a necessidade de inscrição em editais, conta Ricardo Anderáos. Assim, foi lançado o Fundo Icamiabas, que selecionará três mulheres em um processo permanente de busca ativa, baseado em entrevistas cruzadas (metodologia snowball mapping).

 

“Já selecionamos a primeira liderança e neste momento estamos buscando a segunda e terceira beneficiárias. O processo pode levar até 3 meses”, conta Ricardo.

 

“O foco da Manauara é o desenvolvimento comunitário de Manaus, atuando através da comunidade e para a comunidade, a partir de processos de escuta ativa que nos capacitam a apoiar as causas mais importantes para a cidade, como geração de renda, prevenção à gravidez na adolescência, combate à prostituição, atividades esportivas, culturais e de apoio escolar para adolescentes e cuidados com a saúde para toda a população”, explica.

 

No Fundo Icamiabas, estão previstos repasses mensais de pequenos valores via cartão de débito recarregável, com a destinação dos recursos definida num plano de ação acordado verbalmente com as lideranças femininas. Os recursos estão sendo captados junto a filantropos, empresas e grupos de mulheres da alta sociedade de Manaus, além de uma campanha de matchfunding que será lançada na Benfeitoria, com aporte do IDIS para impulsionar a arrecadação.

Célia Petit e Ricardo Anderáos, fundadores da Manauara, com Dona Alda (ao centro), líder comunitária da Zona Leste de Manaus e primeira beneficiária do Fundo Icamiabas.

Para garantir a transparência, extratos do fundo e do cartão de cada beneficiária serão publicados regularmente no site da Manauara, assim como as fotos das iniciativas, de forma a documentar as atividades. O número de beneficiárias e os valores que elas receberão serão variáveis, a depender da captação do fundo, com um teto de R$ 5 mil/mês por 12 meses.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: cidade de Manaus (AM)
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Manauara Associação Comunitária
  • Principais lideranças Celia Petit e Ricardo Anderáos
  • População estimada: Aproximadamente 2,4 milhões de pessoas
  • Número de OSCs no território: cerca de 200, segundo o Fundo de Promoção Social do Amazonas
  • Desafios regionais: Geração de renda, prevenção à gravidez na adolescência, combate à prostituição, atividades para manter as crianças fora das ruas, atividades esportivas, culturais e de apoio escolar para adolescentes e cuidados com a saúde
  • Causas prioritárias do território mapeadas pela organização: Multitemáticos, com olhar para redes femininas de apoio mútuo em periferias.

    A Associação Comunitária Manauara integra o Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

 

Quer saber mais sobre a Associação Comunitária Manauara? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Campanha duplica doação para institutos comunitários do Brasil

A cada R$ 1 doado, o fundo transformando territórios doará mais R$ 1 para cada uma das Fundações e Institutos comunitários (FICs) que participam do programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS com apoio da Charles Mott Foundation.

Com matching de até R$ 50 mil por organização, o Programa quer impulsionar as iniciativas locais das FICs com esta campanha, engajando comunidades e territórios!

 

Com atuação regional, são 6 organizações participantes de distintas regiões do país: 

Conheça esses territórios que transformam realidades por meio de apoio a uma rede de atores e organizações locais. Doe e multiplique o impacto social!

 

A campanha vai até 8 de dezembro. Acesse aqui!

 

O que são Institutos e Fundações Comunitárias?

Institutos e Fundações Comunitárias são organizações da sociedade civil que visam a melhoria da qualidade de vida de populações situadas em regiões geográficas bem delimitadas, a partir da captação, gestão e distribuição de recursos para organizações sem fins lucrativos e iniciativas sociais, através do desenvolvimento de capacidades e valorização de ativos locais, estas organizações produzem conhecimento, atuam em rede com o poder público e sociedade civil em prol do desenvolvimento territorial.

 

Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo!

Fórum WINGS 2023: a transformação impulsionada pelo espírito Ubuntu

por Luisa Lima | Gerente de Comunicação do IDIS

O encontro trienal da WINGS – Worldwide Iniciatives for Grantmaker Support aconteceu em Nairobi, Quênia, em outubro. Guiados pelo tema TRANSFORMAÇÃO, participantes de 45 países refletiram sobre como destravar o potencial da filantropia. Representando o IDIS, Paula Fabiani, CEO do IDIS e membro do conselho da WINGS, e eu, Luisa Lima, responsável pela área de comunicação e conhecimento, e pela primeira vez participando do encontro. Ao todo, a delegação brasileira contou com 15 representantes.

A plenária de abertura deu tom ao evento: ‘Desafios existenciais e futuros compartilhados: redescobrindo o papel da filantropia’. A indígena brasileira e ativista Txai Suruí, compartilhou a sabedoria de seu povo – todos somos a natureza e apenas proteger não é suficiente, devemos retribuir tudo aquilo que recebemos. Disse que o futuro é ancestral – em nossas culturas há muitas das respostas que buscamos e podem ter sido perdidas ou não são valorizadas-, e a declaração foi citada por muitas pessoas ao longo do evento.

O inglês de ascendência indiana Indy Joha, usou números e dados para mostrar como não estamos nos dando conta da escala de nossos problemas, ou não queremos nos dar conta, afinal, cada um de nós é também responsável por eles. O filantropo estoniano Jaan Tallinn, destacou o papel dos negócios na filantropia e sua jornada pessoal – é o fundador do Skype, da Kazaa e do centro de estudos de Risco Existencial, na universidade de Cambridge. Em sua fala, um olhar positivo sobre o uso da inteligência artificial, que em sua opinião pode trazer grandes benefícios à sociedade se houver investimento. A jovem japonesa Rena Kawasaki contou que aos dezesseis anos foi convidada a participar do conselho de uma empresa de biotecnologia. A experiência mudou sua vida e envolver os jovens nas tomadas de decisão sobre a solução dos desafios que impactarão seu futuro se tornou sua causa. O recado foi que é possível e necessário transformar nosso modelo de desenvolvimento e que a força está quando fazemos isso juntos.

Ao longo de três dias, alguns temas se destacaram nas conversas e por vezes, foi citado o termo de origem africana, Ubuntu, que significa ‘Sou o que sou, porque somos todos nós´. Estamos todos conectados e em nossas práticas filantrópicas esse entendimento, esse pressuposto, pode guiar tudo o que fazemos. Também conectados são os desafios que devemos enfrentar – pobreza, desigualdades em geral, e de gênero e raça com suas especificidades, educação, saúde, emergências climáticas, e muitos outros, que em seu conjunto, configuram a policrise, outro tema bastante presente. Entre outros destaques, a importância do desenvolvimento de lideranças e do envolvimento da juventude, fundações comunitárias como modelo que privilegia soluções locais, a importância da decolonização da filantropia, do investimento na infraestrutura do setor e no desenvolvimento institucional e o potencial de modelos alternativos de financiamento como o blended finance ou venture philanthropy para alavancar o capital filantrópico.

Nas plenárias, destaque para um debate acerca do papel dos conselhos, tema sobre o qual há relativamente pouca reflexão, ainda que a governança seja tantas vezes citada pelas organizações.

O brasileiro Rodrigo Pipponzi, fundador do Grupo MOL, e presidente do conselho do Instituto ACP, compartilhou sua visão e a importância da clareza sobre o papel de cada uma das instâncias. Em um debate com filantropos, a indiana Vidya Shah, destacou a importância do comprometimento dos negócios com práticas sustentáveis (olhar para dentro) e a importância de investirem não só em causas, mas no desenvolvimento institucional de organizações. A austríaca Marlene Engelhorn contou sobre sua campanha para a taxação de grandes fortunas, ela própria representante de uma família bastante abastada. Em sua opinião, este é um importante ponto de partida para reduzir as desigualdades.

Entre os palestrantes e participantes, muitos representantes do continente africano, que contribuíram para que todos compreendêssemos mais as especificidades da região. Bastante dependentes do capital filantrópico internacional, houve debates sobre como esperam que esse apoio aconteça, com maior independência para criação de soluções locais, e não puramente a implementação de projetos ocidentais, que pode ser mais rápidos, mas que por vezes não envolvem as comunidades, geram externalidades e por vezes repetem uma lógica colonialista. A importância de ampliarmos o debate e a prática da filantropia baseada em confiança apareceu em muitos momentos. Como brasileira, foi particularmente especial, pois pude ver como algumas práticas e costumes são fundantes também para quem somos, trazidos há centenas de anos por homens e mulheres que foram escravizados. Me impressionou como modelos citados por africanos se parecem com os modelos das Irmandades Negras, no Brasil colônia, por exemplo.

O ambiente multicultural, diverso, com pessoas de origens tão distintas, contribuiu para a riqueza das conversas. Os espaços na programação para networking e grupos de trabalho permitiam a troca de experiências sobre temas específicos. Em uma sessão sobre a produção e uso de dados, por exemplo, compartilhamos experiências. Um participante de uma organização de direitos humanos chamou atenção de como seus dados que são coletados para proteger populações, se não são armazenados com cuidado, podem ser demandados em tempos de crises, e serem usados contra as populações que se desejava proteger. Representantes de países africanos, por sua vez, chamaram atenção sobre a dificuldade de disseminação dos achados, posto que muitos governos consideram oficiais apenas os dados produzidos por instâncias públicas. O melhor uso e análise de dados existentes foi também citado, assim como a importância de treinarmos as organizações para entenderem como ler os dados e usarem em seu favor.

A transformação é o resultado da ação de cada um de nós e a sensação é de que todos saíram energizados e imbuídos deste dever. Em linha com o tema do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023, OUSADIA foi uma das palavras de ordem. Devemos ser mais ambiciosos e tomar riscos. É urgente agir e para isso, vamos catalisar o poder desta e de tantas outras redes, que trazem potência em sua constituição. Vamos criar o futuro que queremos!

Seminário Transformando Territórios reúne mais de 30 lideranças comunitárias do Brasil

Aprender entre os pares foi o objetivo do Seminário Transformando Territórios, realizado em setembro, em São Paulo. Participaram representantes de Fundações e Instituto Comunitários (FICs) integrantes do Programa Transformando Territórios, projeto de impacto realizado pelo IDIS em parceria com a C.S. Mott Foundation. Com visitas a projetos apoiados, palestras, capacitações e eventos com investidores sociais e filantropos, foi possível aprofundar a compreensão de um tema fundamental: o poder de transformação dessas organizações no Brasil.

Na segunda edição, o evento teve a participação de mais de 60 pessoas, incluindo lideranças das FICs, filantropos, parceiros e apoiadores comprometidos com essa causa.

 

“Foram 3 dias importantes para conexões, benchmarking e ampliação de visões, processos e possibilidades”, resumiu um dos participantes.

 

“O Seminário foi muito especial, principalmente por ser muito participativo. Acredito nessa construção coletiva para o Transformando Territórios nos próximos anos”, comentou outro participante, de forma anônima, nas avaliações do evento.

 

Inspiração e exemplo: uma visita ao Instituto Cacimba em São Miguel Paulista

É impossível ir à São Miguel Paulista e passar despercebido das ações apoiadas pelo Instituto Cacimba. A organização está no programa Transformando Territórios desde 2020, sendo uma das primeiras FICs da cidade de São Paulo. O Cacimba foi criado com o apoio do Programa e respaldado na sólida confiança que o líder comunitário Hermes de Souza possuía na região. Desde então, Hermes de Souza tem ocupado a direção do Instituto. Saiba mais sobre essa história aqui. Mostrando a importância de inspirar ação, a programação do Seminário começou por aqui.

Ao longo do dia, diversos projetos sociais apoiados pelo Cacimba na região puderam ser conhecidos. Muitos deles receberam orientação do líder Hermes de Souza e agora são apoiados pelo Instituto.

 

Aprendizado e formação: uma constante

No período da tarde, o grupo participou do workshop  “Diversidade e Direitos Humanos”, oferecido por Clara Serva, sócia da área de empresas e Direitos Humanos do TozziniFreire Advogados, e Maria Paula Bonifácio Custódio, advogada da área.

Entre os momentos de troca de experiências e intervalos, houve apresentações culturais de dança por projetos do Instituto NUA, ministrados por pessoas do território.

No segundo dia do Seminário, palestras e rodas de conversas destacaram a relevância e atuações das FICs em seus territórios, e muitas experiências puderam ser trocadas. O encontro aconteceu na sede da Comunitas, que apoia institucionalmente o Transformando Territórios.

Confira os destaques dos quatro painéis que integraram o evento.

Painel 1: Grandes impactos a partir de pequenas doações: potencializando mudanças com contribuições significativas

Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Elio Raymundo (presidente da Rede de Organizações do Bem), Thais Almeida (secretária executiva do Instituto Espraiada), Alânia Cerqueira (líder do Fundo Comunitário M’Boi), e como moderadora, Pâmela Ribeiro (coordenadora de Projetos Especiais do GIFE).

A mesa trouxe novas perspectivas sobre como o apoio a pequenas iniciativas locais pode gerar grandes transformações sociais e ambientais, destacando o potencial dos fundos voltados aos microprojetos e do capital semente para o fortalecimento comunitário, sobretudo em regiões em que os recursos são concentrados em grandes organizações.

Elio Raymundo, presidente da Rede do Bem que atua na região metropolitana do Rio de Janeiro, destacou como projetos que recebem pequenos apoios financeiros conseguem promover “resultados inesperados” de desenvolvimento local. O cerne da questão, entretanto é que, para ele só é possível por meio da confiança nas organizações e lideranças que fazem a diferença em seus territórios e da simplicidade nos processos de contrapartida.

Painel 2: Fortalecendo vínculos: construindo relações sustentáveis com o território

Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Hermes de Sousa (diretor do Instituto Cacimba), Ana Paolo Vieira (conselheira da FUNDAES), Flávia Mota presidenta do Fundo Comunitário JEQUI), e como moderadora Lúcia Dellagnelo (embaixadora do Programa Transformando Territórios).

Partindo da necessidade de criar laços, Hermes trouxe para o debate a questão da confiança para fortalecer parcerias e construir com o território. Segundo ele, “a confiança em si mesmo leva a confiança no outro” e isso institui a regeneração da confiança.  A chave para ter relações sustentáveis segundo sua experiência é “envolver e trabalhar com a comunidade e não para a comunidade”. Para atingir esse objetivo, é necessário entrar na mesma linguagem, e adaptar a linguagem em cada espaço, até mesmo na construção dos editais, os quais hoje o Instituto Cacimba também tornaram mais inclusivos com a possibilidade de inscrição por vídeos e áudios, além do formato escrito.

Painel 3: Unindo forças: colaborações com o setor público e empresas para transformação comunitária

Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Eliane Macari (presidenta da FEAV), Jair Resende (superintendente na Fundação FEAC), Célia Petit (presidenta da Associação Manauara), e como moderadora Patrícia Loyola (diretora de Gestão e Investimento Social da Comunitas).

A parceria entre as fundações que se dedicam às cidades vizinhas – Valinhos e Campinas -, FEAV e FEAC, respectivamente, também demonstraram a força da colaboração entre si e em territórios de atuação. Como compartilhou Jair Resende, da FEAC, como mais de 60 anos de história a FEAC continua a missão de estimular o setor social e vem apoiando o desenvolvimento da FEAV, no desenvolvimento da organização vizinha de município ao doar um imóvel centenário para constituição do fundo patrimonial da FEAV. O apoio mútuo é um exemplo a ser seguido e mostra a potência em prol da transformação comunitária nesse território.

Painel 4: Unindo forças: filantropia comunitária para justiça social

 Nesta mesa estavam presentes os palestrantes Diane Pereira (presidenta do Instituto Comunitário Baixada Maranhense), Gisele Ribeiro (presidenta da Associação Redes da Maré), Willian Narzetti (gerente executivo do ICOM), e como moderadora Mônica de Roure (vice-presidente e diretora de relações institucionais do BrazilFoundation)

No âmbito das potencialidades, Diane apontou a necessidade de estar dentro do território para que a filantropia comunitária entenda a possibilidades, as pessoas e a terra de uma região em distintas situações.  Ela acredita que “considerar que existe potencialidade, quando o rio está cheio, pois é bom para regar as plantas, e quando está vazio é bom pra passar o boi para outras regiões. É preciso pensar que desenvolvimento é ver abundância e não escassez”. A representante do Instituto Baixada ainda afirma que é necessária uma rede de pessoas para que não só se compreender a abundância, mas também de materializar a mudança social.

No terceiro e último dia, os participantes tiveram a oportunidade de participar do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Saiba mais aqui.

Texto produzido por Alexandra Teles, Ana Beatriz Pedreira e Leticia dos Santos, todas da equipe do IDIS. 

Sobre o Transformando Territórios

O Programa Transformando Territórios é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation que tem como missão fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil, com o engajamento de doadores e sociedade civil, compartilhamento de conhecimento e apoio técnico. São parceiros institucionais BrazilFoundation e GIFE.

Institutos e Fundações comunitárias tem se consolidado como um importante arranjo institucional para o desenvolvimento social e endereçamento das variadas demandas dos territórios, seja este um bairro, cidade ou região, com visão de longo prazo e buscando o impacto sistêmico para o desenvolvimento da região. São protagonistas da interlocução entre organizações e iniciativas sociais com os doadores, sociedade civil e poder público, promovendo transparência e engajamento. Estas organizações atuam como grantmakers, ou seja, financiam projetos e iniciativas sociais em múltiplas causas para endereçar as demandas e prioridades da região e fortalecem o terceiro setor da região com capacitações e apoio técnico, investem na produção de conhecimento e fomentam a cultura de doação no território onde atuam.

Atualmente o Programa Transformando Territórios é composto por 17 fundações e institutos comunitários oriundas de várias regiões do Brasil, localizadas em 10 estados.

Saiba mais sobre o programa e os participantes em transformandoterritorios.org.br

Equipe IDIS faz encontro de reflexões estratégicas para o próximo ciclo

Em setembro, a equipe do IDIS, hoje com 47 integrantes, seu reuniu presencialmente para alinhamento, discussão sobre o propósito da organização, e reflexão sobre a missão, visão e valores. O encontro tinha o objetivo de fornecer insumos para a elaboração do planejamento estratégico da organização.

O encontro aconteceu em meio à natureza, no Centro Paulus, uma hospedaria localizada em Parelheiros, zona sul de São Paulo. Com conversas entre as distintas áreas e pessoas da organização, foram colhidas as impressões de cada para um olhar compartilhado de futuro, caminhando juntos.

“Poucas coisas me encantam mais em um ambiente de trabalho do que construção colaborativa,  feita com muita escuta ativa entre todos os níveis hierárquicos, em um espaço seguro e de respeito mútuo. Nada se constrói sozinho, muito menos uma sociedade mais justa e menos desigual”, comentou Aline Herrera, estagiária de projetos do IDIS.

Esperamos seguir conectados e trabalhando em prol de um Brasil mais solidário, como fazemos há quase 25 anos, envolvendo parceiros e impactando a sociedade.

Modelos de Financiamento: riscos calculados para retornos transformadores

Por Laura Comparato Cardoso – estagiária de consultoria no IDIS

 

Durante o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023, discutiu-se sobre diferentes modelos de financiamento e seus riscos calculados para obtenção de retornos transformadores, tema da mesa moderada por Andrea Hanai, gerente de projetos no IDIS, e composta por Fabiana Prianti, Head da B3 Social, Marcel Fukayama, Head de Global Policy na B Lab Global e Co-fundador da Din4mo e da BlendLab, e Rodrigo Hübner Mendes, Fundador e Superintendente do Instituto Rodrigo Mendes.

 

Incorporando o tema da ousadia, os palestrantes discutiram a necessidade de inovar no setor social para potencializar o impacto do investimento social privado e fomentar o desenvolvimento do país. Algumas das modalidades discutidas, tais como o investimento social privado voltado para o fortalecimento institucional das organizações, o modelo de blended finance, e o investimento em endowments, focam na ampliação do impacto socioambiental e assumem riscos de forma planejada.

 

A B3 Social é uma organização exclusivamente grantmaker, ou seja, que apoia financeiramente outras organizações da sociedade civil. O seu modelo de filantropia estratégica tem como propósito o combate às desigualdades sociais no país através de aportes institucionais para demais organizações e para endowments, diversificando o seu portfólio de investimento.

Com base na construção de uma relação de longo prazo e de confiança com as organizações beneficiadas, seguindo o princípio de trust-based philanthropy, a B3 Social é capaz de mitigar potenciais riscos associados ao repasse de recursos. Para amenizar o processo de saída do investimento, que pode resultar na interrupção de projetos a ele associados, a organização prioriza uma retirada gradual e busca fortalecer institucionalmente as organizações, contribuindo para a sua autonomia financeira.

Um outro modelo de financiamento inovador é o blended finance, uma forma de investimento misto no qual o capital filantrópico é muitas vezes utilizado para mitigar o risco sistêmico da estrutura, atraindo um maior volume de capital comercial em benefício de causas sociais.

Foi a partir da percepção da dificuldade de famílias das classes D e E para financiarem moradias dignas que surgiu um projeto de blended finance. Foi criado um fundo piloto de R$5 milhões, sendo 60% de capital comercial e 40% de capital filantrópico, capaz de mitigar o risco financeiro. O investimento filantrópico cobre o nível de inadimplência esperado nos empréstimos realizados para as famílias, o que leva a uma redução das taxas de juros e torna os empréstimos mais acessíveis para populações em vulnerabilidade socioeconômica.

 

Para Marcel Fukayama, o blended finance faz parte de uma mudança de paradigma econômico. Para ele, o comportamento empresarial brasileiro estaria migrando de uma lógica de mitigação de externalidades negativas para uma lógica de geração de impacto positivo. Essa é a lógica necessária para que o Brasil consiga colocar em prática um plano de transição ecológica, baseado em uma estratégia de economia verde e de economia de impacto, e o modelo de blended finance é uma boa alternativa para a viabilização dessa transição.

Por fim, o investimento em fundos patrimoniais – endowments também é um modelo de financiamento ousado, permitindo uma estabilidade financeira de longo prazo e um planejamento mais ambicioso. Os endowments surgem como alternativa a um modelo de captação muito centralizado em projetos, o que gera incertezas financeiras não só para a própria organização, mas fragiliza o setor como um todo.

 

O Instituto Rodrigo Mendes é uma das organizações pioneiras na criação de fundos patrimoniais no Brasil e tem por missão a educação inclusiva. Seu endowment está fundamentado em três pilares: (i) visão de longo prazo e uso somente do rendimento real do fundo para perenização do direito à educação para todos; (ii) governança baseada em agilidade e transparência, tendo como elemento estruturante um Comitê de Investimentos voltado para apoiar as decisões em torno da alocação dos recursos no mercado financeiro; e (iii) engajamento através de um Conselho Curador, responsável pelo estabelecimento de metas de captação e atração de investidores.

 

Rodrigo Mendes conclui: Toda pessoa pode gerar um legado. Essa herança varia em amplitude e relevância. […] Os endowments têm uma beleza inerente em sua intenção de perenização e longevidade”.

 

Em suma, foram apresentados três modelos de financiamento capazes de gerar impacto social positivo de longo prazo e mitigar potenciais riscos. É preciso OUSAR para adotar estratégias inovadoras de financiamento, como o blended finance ou o investimento em endowments, assim como, estratégias de fortalecimento institucional de organizações da sociedade civil através de uma instituição grantmaker. Como recado final, o campo filantrópico precisa ter mais OUSADIA para alavancar modelos de financiamento inovadores a fim de promover o desenvolvimento socioambiental no longo prazo, uma vez que as lacunas de desenvolvimento no país são abissais.

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A ousadia da filantropia na Agenda ESG

por Marcelo Modesto gerente, e Gabriel Bianco, coordenador, ambos da célula ESG IDIS

 

A filantropia corporativa, quando realizada de forma estratégica, pode impulsionar resultados positivos não só em outras áreas da empresa – como no caso do engajamento de colaboradores por meio do voluntariado – mas também na totalidade dos stakeholders. Do ponto de vista do stakeholder consumidor, por exemplo, a Pesquisa Doação Brasil, promovida pelo IDIS, indicou que 77% dos brasileiros rejeitam alguma marca/empresa ao tomar conhecimento de práticas socioambientais inadequadas. Em um cenário que a agenda ESG avança com velocidade, é importante que as empresas busquem atuar no Investimento Social Privado orientados por visão de longo prazo e com clareza das contribuições do ISP para sua estratégia de sustentabilidade.

Essa foi a principal mensagem da palestra “A ousadia da filantropia na Agenda ESG” durante o 12º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais de 2023. A mesa contou com nomes de peso para discutir o assunto e estiveram presentes, como moderador, Guibson Trindade, Cofundador do Pacto de Promoção da Equidade Racial e, palestrando, Caroline Albanesi, VP de Comunicação, Marketing e Relações Institucionais na Amigos do Bem; Marcelo Klein, Diretor de Gestão de Territórios na Vale S.A. e Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual.

Roberto Sallouti, abriu a discussão destacando que no cerne do ESG está a criação de valor para investidores a partir da análise de riscos e oportunidades não-financeiros. Partindo desta motivação inicial, as companhias que buscam desenvolver o planejamento e execução de uma estratégia ESG integrada ao negócio, acabam contribuindo também com outras áreas da empresa, que passam a enxergar novas oportunidades de criação de valor para própria organização e para a sociedade.

No caso do BTG Pactual, foi destacado que a agenda ESG ganhou tração como forma de se antecipar sobre questões regulatórias e tendências de compliance encontradas na Europa e Estados Unidos. Como resultado deste processo, foram criados filtros ESG nos investimentos da instituição antes mesmo desta demanda chegar com mais força no Brasil. Atualmente, fazem isso de forma proativa, atuando de forma criativa e ousada, tomando riscos.

“Investidores ainda são, muitas vezes, burocráticos, e daí as ações viram somente marketing. Precisamos sair da diligência e passar para o transformacional. É aí que atuação do ESG vinculada à filantropia pode trazer resultados interessantes para todos stakeholders”, concluiu.

Caroline Albanesi, por sua vez, trouxe para o debate o ponto de vista de organizações da sociedade civil. Segundo Albanesi, o avanço da agenda ESG nas empresas impactou positivamente o cenário para OSCs, já que, no geral, as parcerias com empresas passaram a ser mais estratégicas e mais proativas do lado do investidor social. Esse fator, abre margem para abordagens inovadoras e ousadas para projetos de impacto socioambiental.

“Quando somos abordados para uma parceria, nossa primeira pergunta é ‘você quer ajudar mesmo, ou colocar isso em um relatório?’, e percebemos que o interesse das empresas é cada vez mais genuíno”, apontou.

Ela destacou que, atualmente, 30% da receita da organização é oriunda de produtos sociais, um modelo de financiamento cada vez mais procurado por empresas parceiras, uma vez que combina diferentes impactos positivos: a inclusão produtiva de públicos vulneráveis com remuneração justa na cadeia de produção e distribuição; o engajamento direto e indireto de consumidores para a causa apoiada; processos de compliance e gestão financeira responsável, visto que a operação do produto social precisa ser superavitária e sustentável.

Encerrando as exposições, Marcelo Klein, Diretor de Gestão de Territórios na Vale S.A., trouxe uma visão geral das transformações ocorridas ao longo dos últimos anos na empresa – muito em consequência da tragédia de Brumadinho.

“As experiências que tivemos de relacionamento com o território após o rompimento da barragem em Brumadinho levaram a Vale a repensar um trabalho árduo de planejamento. A diretoria de Gestão de Territórios nasceu neste processo”, apontou.

Essa nova célula na empresa trabalha especialmente em cinco dimensões: saúde, educação, infraestrutura, nutrição, trabalho e renda.

Outro fator acelerador de mudanças se deu quando a Vale cruzou seus compromissos socioambientais públicos – por exemplo, a meta de retirar 500 mil pessoas da pobreza extrema até 2030 – com a capacidade instalada de execução. Percebeu-se que:

“Não tínhamos internamente a capacidade para executar tudo o que nos propusemos, e daí precisamos fazer um processo duplo, tanto de letramento, quanto de escuta ativa dos territórios, buscando, sobretudo, um equilíbrio entre os stakeholders envolvidos em todas as nossas operações”, afirmou Klein.

Portanto, empresas que buscam maneiras ousadas e inovadoras de se relacionarem com diferentes stakeholders podem se beneficiar de uma estratégia de investimento social privado, já que esta privilegia, em sua origem, a criação de soluções de e pelas comunidades atendidas.

Já Guibson Trindade, em seus comentários sobre a fala dos expositores, relembrou a experiência de criação do Pacto, primeiro protocolo ESG racial no Brasil, que cruza dados públicos de diversidade com levantamentos internos de empresas, além de considerar em seu score ações de investimento social privado para a pauta de equidade racial, considerando o imperativo de ações pelas empresas pelo combate ao racismo tanto da porta para dentro, como da porta para fora.

Portanto, a partir de uma visão das duas pontas geradoras de impacto socioambiental – investidores sociais e executores de projetos – fica evidente a importância do Investimento Social Privado como forma de alavancar os resultados ESG das empresas, não apenas nos projetos em si, mas também no potencial de destravar o relacionamento e percepção de valor de stakeholders.

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Explorando novos caminhos na filantropia: as alianças como motor de mudança

por Alexandra Kaory Higa Teles | Estagiária de Projetos IDIS

 

Defender uma causa exige coragem e ousadia. A mesa “Alianças Improváveis: a ousadia na defesa de causas e territórios” trouxe ao Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais organizações que ousam nessa temática ao desenvolver iniciativas socioambientais de impacto em uma distinta abordagem da filantropia. Entre as palestrantes, estavam Allyne Andrade (superintendente adjunta do Fundo Brasil de Direitos Humanos), Braulina Baniwa (diretora executiva da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas, Guerreiras da Ancestralidades – ANMIGA), Omar Rodrigues (gerente sênior de comunicação e relações institucionais da Fundação Grupo Boticário), e como moderadora, Diane Pereira, (presidenta do Instituto Baixada). O evento é uma realização do IDIS e Charities Aid Foundation em parceria com o Global Philanthropy Forum.

Ao longo da sessão, as pessoas palestrantes compartilharam experiências sobre como suas organizações inovaram a adotar diferentes formas de apoio e/ou soluções alternativas às mais convencionais da filantropia, colaborando de forma próxima com as comunidades para aprimorar o impacto socioambiental positivo nas regiões que atuam pelo Brasil.

O primeiro exemplo de ousadia na defesa de territórios de Braulina Baniwa. Ela relata que há dois anos, quando criou a organização na qual ocupa a diretoria, enfrentou resistência e  poucas organizações e empresas estavam dispostas a apoiá-la por ser uma mulher indígena recém-chegada no setor social. Além disso, Braulina apresentou desafios que dificultaram a captação de recursos financeiros por meios de editais, entre elas a dificuldade com a língua, pelo fato de português não ter sido seu idioma materno, e questões de cunho burocrático.

Ainda sobre as necessidades exigidas muitas vezes em editais, Braulina contrapõe que:

 

“Os números têm sua importância, mas as

narrativas são essenciais para humanizar esse processo de credibilidade no setor social, para mediar nosso impacto.”

Para ela, a valorização das narrativas incentiva que os recursos cheguem às organizações que ainda não estão tão consolidadas e que são compostas por pessoas historicamente marginalizadas da sociedade.

Baniwa ressalta que somente com ousadia e coragem a ANMIGA conquistou ocupar espaços para defender território e causa, ao conquistar cada vez mais credibilidade e confiança do setor social, conseguindo construir uma rede de apoio, ter mais parceiros e criar alianças improváveis.

Já do ponto de vista de uma organização que financia iniciativas socioambientais, Allyne, superintendente adjunta do Fundo Brasil (que representou Ana Valéria Araujo devido a uma emergência pessoal) destacou a importância de organizações e fundos que lutem pela defesa dos direitos humanos, ambientais e sociais no Brasil, como a Rede Comuá.

Dentro os membros desta rede estão Fundo Brasil, Fundo Baobá e Fundo Elas, unidos por um objetivo comum de fortalecer a sociedade civil no Brasil. Esses fundos não operam em projetos diretamente, mas, em vez disso, financiam e apoiam iniciativas sociais diversas para fortalecer o terceiro setor no país, acreditando que isso contribui significativamente para o fortalecimento da democracia no país.

O Fundo Brasil tem apoiado e acreditado em projetos de defesa dos direitos humanos ao longo de 16 anos e isso por si só já é ousado. Entre os focos de atuação está o fornecimento de orientação e dados para políticas públicas, medindo o impacto social e ouvindo ativamente as organizações.

Já a Fundação Grupo Boticário, também financiadora de iniciativas socioambientais, contou sobre a ousadia da criação da organização e nas mudanças do apoio a projetos desde a criação. Omar Rodrigues, representante da Fundação Grupo Boticário, relatou a trajetória da Fundação e de como o fundador, Miguel Krigsner, despontou ao criar uma organização focada na preservação do meio ambiente, antes mesmo de se discutir extensamente o tema da sustentabilidade no Brasil, dois anos antes da Conferência RIO 92. Desde então, a fundação já apoiou mais de 1.600 iniciativas em todo o Brasil, incluindo a preservação de reservas naturais.

Ao longo das três décadas, Omar destaca como a Fundação alterou a forma de atuação.

Até 2019, nosso processo era baseado em editais. A partir de 2020, adotamos um novo modelo chamado ‘Teias de Soluções’, no qual envolvemos uma gama mais ampla de atores, além de biólogos e outros movimentos sociais. Buscamos uma compreensão mais profunda da região, identificando os atores do setor social e compreendendo melhor o território para colaborar com o Grupo Boticário e especialistas na proposição de soluções.” 

 

Explica destacando que esse modelo foi criado partir do pensamento de que fundamentalmente o terceiro setor se assenta na construção de alianças, cooperação e colaboração.

Para condensar as ideias do debate Diane Pereira, do Instituto Baixada, traz uma reflexão sobre como o trabalho de cada organização presente na mesa é importante para transformar os territórios que defendem:

“Como a Maya Angelou diz a coragem é a mais importante de todas as virtudes, porque sem ela nós não podemos praticar nenhuma outra virtude com consistência. Pois em algum momento chegaremos em um problema grande demais e não a enfrentaremos se não tivermos coragem. E para fim isso se refere muito ao setor social, pois o terceiro setor só faz o que faz, atua tão grandiosamente, porque tem coragem e ousadia.”

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Errando é que se aprende: histórias de quem ousou e não acertou de primeira

por Carolina Lopes | Analista de Monitoramento e Avaliação no IDIS

 

No Fórum IDIS 2023, tivemos a oportunidade de participar de uma palestra que abordou um assunto pouco explorado: os erros. É comum que busquemos inspiração em casos de sucesso, mas é importante também considerar que os erros podem ser igualmente inspiradores. Eles, afinal, trazem consigo aprendizados valiosos e muitas vezes ocorrem justamente porque nos arriscamos a ousar. Os erros fazem parte de qualquer processo e, se encarados como ferramentas, podem impulsionar passos ainda maiores.

A palestra teve a participação de representantes do governo, de empresas e da sociedade civil, que compartilharam suas histórias de ações que não tiveram os resultados desejados inicialmente, mas que, diante das adversidades, abriram caminhos ainda melhores.

O presidente do Transforma Brasil e Porto Social, Fábio Silva, iniciou a sessão apresentando o tema e atuando como moderador. Logo em seguida, Nívea Marsili, Secretária de Educação de São Vicente, compartilhou sua história de reconstrução da cidade, ressaltando os erros cometidos no início do processo e como foi importante dar passos para trás e observar o cenário com distância para compreender as complexidades reais diante dos problemas do município.

 

Saulo Barreto, cofundador do Instituto de Pesquisa em Tecnologia e Inovação (IPTI), continuou a palestra com entusiasmo, enfatizando a importância de errar na construção da tecnologia social.

 

“O processo de erro é fundamental para

desenvolver soluções eficazes e a transformação social é um processo demorado, que demanda tempo e paciência”, ele ressaltou.

 

Fábio Silva corroborou com as palavras de Saulo, ressaltando como o impacto social está diretamente conectado à participação ativa das comunidades envolvidas nos processos e como as dificuldades têm o papel de nos colocar no caminho certo.

Em seguida, foi a vez de Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon,

apresentar sua experiência e os desafios enfrentados na instituição. Para ela, o risco é essencial para a inovação e o erro é uma fonte de informação que alimenta o próximo passo a ser dado. Ela mencionou o projeto desenvolvido durante a pandemia em parceria com a rede Accor, que utilizou os hotéis como abrigos para mulheres vítimas de violência, evidenciando a responsabilidade que atores sociais possuem em inovar.

Após as apresentações, Fábio aprofundou o tema central da palestra com perguntas aos participantes. Nívea destacou a importância da flexibilidade e da compreensão do território e da comunidade ao estabelecer parcerias entre o sistema de educação pública e a iniciativa privada. Ela ressaltou que a importância de saber adaptar-se e de entender a cultura local para que o poder público possa de fato trabalhar de forma efetiva e assertiva.

Saulo abordou a questão da “reaplicação” como princípio da tecnologia social, enfatizando que é necessário reconstruir a solução de acordo com a realidade de cada comunidade. Ele ressaltou ainda a importância do capital humano e a necessidade de envolver as pessoas no processo de transformação. Daniela complementou o debate mencionando a importância das conexões baseadas em valores e da construção da confiança através da credibilidade.

A citação de Paulo Freire por Saulo encerrou a palestra de forma inspiradora, ressaltando a importância da educação emancipadora como uma ferramenta para resolver problemas e promover a autonomia das pessoas.

 

A palestra nos mostrou a importância de compartilhar histórias de erros e adversidades, ao invés de apenas relatos de sucesso. Por meio dessas experiências, somos inspirados a enfrentar desafios, aprender com nossos equívocos e buscar caminhos ainda melhores. As palavras e ideias dos participantes nos proporcionaram uma visão mais profunda sobre a ousadia, o impacto social e a necessidade de trabalharmos juntos para alcançarmos resultados eficazes. Que essas histórias sirvam de inspiração para todos nós, sendo um lembrete constante de que é errando que se aprende e que cada erro nos impulsiona a seguir em frente, com determinação, coragem e esperança. Compartilhar nossas falhas e aprender com elas é o caminho para o sucesso verdadeiro e duradouro.

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‘A mudança exige coragem’: mais que nunca, devemos ousar para combater a pobreza

por Joana Noffs | Analista de de projetos do IDIS

 

Em 2021, o Brasil ultrapassou a marca de 63 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza, enquanto 33 milhões de pessoas enfrentavam a fome, de acordo com dados do IBGE e de uma pesquisa conduzida pelo Instituto Vox Populi. Ao mesmo tempo, uma parcela correspondente a 50% da população brasileira detinha apenas 0,4% da riqueza do país em ativos financeiros e não financeiros, segundo dados do World Inequality Lab, também de 2021.

A desigualdade foi agravada, também, pela pandemia no contexto global. Conforme evidenciado em um relatório da Oxfam, entre 2020 e 2022, o 1% mais rico do mundo concentrou quase dois terços de toda a riqueza gerada no período, totalizando cerca de U$ 42 trilhões. A desigualdade extrema na economia também se relacionada com problemas ambientais, raciais e de gênero, e demonstra a urgência de ações corajosas e criativas para enfrentar as vulnerabilidades sociais e institucionais que assolam não apenas o Brasil, mas que se desdobram em uma realidade preocupante à nível global.

A mesa que encerrou o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais de 2023, intitulada “Mais do que nunca, devemos ousar combater à pobreza!”, abordou e discutiu justamente esse cenário desafiador. A palestra contou com mediação da CEO do IDIS, Paula Fabiani, e com os convidados Gilson Rodrigues, presidente do G10 das favelas, Jean Jereissati, CEO da Ambev, e Nivedita Narain, CEO da Charities Aid Foundation (CAF) India. Os palestrantes apresentaram caminhos possíveis e experiências que, tendo a ousadia como impulsionadora, têm se mostrado significativas para pautar um futuro menos desigual.

 

 

Gilson Rodrigues abriu sua participação na mesa resgatando o tema da ousadia, que guiou o Fórum de 2023, e destacou que, apesar do aumento na concentração de renda e aprofundamento das desigualdades sociais no país em um período recente, não se deve definir as favelas e áreas periféricas brasileiras por um olhar de falta, pois isso apenas agrava sua marginalização.

Para combater o estigma e consolidar uma visão positiva sobre as favelas brasileiras, Gilson é uma das vozes que trazem histórias inspiradoras vindas de contexto de adversidade, demonstrando que a favela também é um lugar de muito conhecimento.  O G10 das favelas tem destacado a importância da inovação e empreendedorismo para atingir as mudanças necessárias. Ele argumenta que para o investimento social ser eficaz no combate à pobreza, deve garantir a geração de oportunidades ao combater problemas como a fome e a falta de acesso a serviços básicos.

“Nós acreditamos, efetivamente, que precisamos criar soluções a partir dessa realidade para que a favela possa prosperar e não depender apenas dessas condições [da doação]. (…) Temos buscado criar soluções para impactar positivamente a sociedade e para que a população possa ter trabalho e renda para se desenvolver, mas que também possa optar o que quer comer, pontuou Gilson. 

 

Para isso, segundo a liderança, o investimento social nas favelas deve sempre partir de uma atuação que fortaleça a autonomia dos moradores e seus territórios, e, assim, garanta a sustentabilidade financeira da implementação de projetos com potencial de transformação de desigualdades estruturais.

Através de sua experiência no setor privado, Jean Jereissati, CEO da Ambev, ressaltou em sua fala as inciativas bem-sucedidas que a empresa também tem desenvolvido com objetivo de contribuir com a esses mesmos desafios. Frente aos desafios cada vez mais severos causados pelas mudanças climáticas, que também aceleram fatores chave na manutenção da desigualdade, como a escassez de alimentos, deslocamentos populacionais e contaminação por poluentes, a Ambev busca tornar sua cadeia produtiva ‘carbono neutra’ nos próximos anos, e ressalta a importância da consistência na mitigação de impactos ambientais negativos. Como nos lembra Jereissati sobre as perspectivas para o investimento social privado no país, tomar riscos e ousar é necessário para que possamos obter resultados que são urgentes

Se você quer manter o status quo, você pode se arriscar menos, mas se você quer mudar, você precisa ousar. No Brasil, precisamos ousar para atingir uma filantropia sustentável, destaca o CEO da empresa.

 

Para além do compromisso com a sustentabilidade, que, na visão do palestrante, hoje deve ser encarado como obrigação, a gigante do setor de bebidas tem buscado utilizar-se de uma característica chave de suas atividades para gerar transformação social: sua capilaridade. Estando presente desde a ‘colheita do milho até o garçom na mesa do bar’, essa característica permite que a Ambev atue de forma coerente em frentes diversas. Com o Bora, por exemplo, a companhia tem buscado qualificar empreendedores e conectá-los através de sua rede, gerando inclusão produtiva. O VOA, por outro lado, é um programa de voluntariado da empresa que busca disseminar o conhecimento e expertise em gestão que seus funcionários possuem para iniciativas do terceiro setor, fomentando um ecossistema mais maduro de impacto social. Por fim, destacamos também, dentre as iniciativas mencionadas durante o evento, a água AMA, produto social da Ambev cujos lucros são revertidos para a garantia do acesso dos brasileiros à água potável em regiões de escassez hídrica.

Por fim, Nivedita Narain, CEO da CAF India, nos lembrou da coragem necessária para tomarmos ações estratégicas e planejadas na busca por uma sociedade mais igualitária.

 

Quando você fala em ousadia, eu penso em coragem, compartilhou Nivedita Narain.

 

Que esteve à frente de iniciativas em seu país que colocaram a sociedade civil organizada como um ator chave no enfrentamento da pobreza e da violência de gênero. Retomando tendências recentes da filantropia ao redor do mundo, Narain explica que houve uma mudança no século XXI no curso das doações privadas, que passaram a ser mais direcionadas aos governos, o que acarretou uma diminuição da integração de organizações da sociedade civil neste processo. Ecoando o trazido por Gilson, ela ressalta a importância de que as organizações comunitárias sejam ouvidas e tenham papéis ativos na construção de políticas articuladas entre governo, terceiro setor e investimento privado.

Durante sua apresentação, a líder indiana trouxe um exemplo sólido de como este tipo de ação coordenada pode ter sua faísca inicial com movimentações locais e escalar para uma política pública exitosa, a partir de uma iniciativa na Índia que começou levando crédito bancário a mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica na década de 1990 e que impactou na ampliação representação política de lideranças femininas e na diminuição da violência doméstica. De modo relevante, Nivedita explicitou que, quando discutimos o papel da filantropia no combate à pobreza em um quadro mais amplo, sobretudo quando falamos do Sul global, não podemos nos esquecer de olhar para a questão sob as lentes de gênero.

 

 

Precisamos de muita coragem para as mulheres, a mudança precisa de coragem, ela não acontece facilmente. E a forma da mudança é onde, na comunidade, as mulheres buscam esse espaço e conquistam esse espaço, pois ele não é dado para nós”.

 

Assim, Narain nos deixa como lição a necessidade de observamos fatores como participação comunitária e gênero quando refletimos sobre desenvolvimento local e para sermos capazes de atingirmos as metas da agenda 2030.

Encerrando a mesa, Paula Fabiani, CEO do IDIS, agradeceu aos presentes e apoiadores do evento, nos lembrando da importância das ações coordenadas entre governo, terceiro setor e empresas para o combate às desigualdades. Celebrando a ousadia das iniciativas apresentadas durante a conversa,

“Primeiro precisamos convencer os outros que aquilo é possível, afirmou Fabiani.

Enfatizando que sonhar é um ato necessário para que sejamos capazes de atingir mudança social.

— A equipe IDIS agradece a participação de todes!

 

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O processo avaliativo como um percurso necessário para a maximização do impacto socioambiental positivo

Por Daniel Barretti, gerente de monitoramento e avaliação no IDIS

A crescente demanda por resultados efetivos e aprimoramento do desempenho têm impulsionado organizações a abandonarem práticas tradicionais de coleta e apresentação de dados, em favor de abordagens de avaliação de impacto mais dinâmicas e baseadas em evidências. Superar a reportologia requer uma mudança cultural e organizacional, na qual a gestão com base em evidências emerge como alternativa promissora.

Durante a 12° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, e sob o norte temático “Da reportologia à gestão baseada em dados e evidências”, palestrantes discorreram sobre como suas organizações enxergam e têm lidado com os trabalhos de Monitoramento e Avaliação.

Para falar sobre a temática, participaram da mesa Cristiane Holanda, gerente de gestão social na Nexa Resources, Frineia Rezende, diretora executiva na The Nature Consevancy Brasil (TNC), Ionatan Gottfried, gerente de relações institucionais do RenovaBR, e Emanuelle Moraes, gerente de cidadania e sustentabilidade no Instituto Sicoob.

 

Todos os palestrantes convidados concordaram unanimemente sobre a importância da avaliação de impacto como um instrumento essencial na gestão de projetos, visando à maximização do impacto socioambiental positivo almejado, e não como uma ferramenta de cálculo numérico. “Os números não representam o resultado final, mas sim o ponto de partida”, resumiu Ionatan.

A visão está perfeitamente alinhada com o oitavo princípio do protocolo de avaliação SROI (Social Return on Investment), publicado pela organização britânica Social Value, intitulada ‘Be Responsive’ (em tradução livre, ‘Seja responsivo’). Esse princípio enfatiza a busca pelo valor social alcançado através de decisões apoiadas por relatórios de avaliação.

Cristiane entende que as áreas sociais das empresas privadas desempenham um papel de intermediação entre a criação de impacto positivo a partir das necessidades da comunidade e a tradução desses impactos para acionistas e investidores. “Ao demonstrarmos a evolução de indicadores de resultado como, por exemplo, renda e IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), passamos a ser vistos, interna e externamente, com mais valor”.

 

Quando se trata de avaliação de impacto, enfrentamos vários desafios, incluindo a dificuldade de atribuir a um projeto específico a responsabilidade por uma mudança, dado que diversas influências externas também desempenham um papel nesse processo. No entanto, para Frineia, o foco não é necessariamente medir o impacto em si, mas sim observar os resultados que nos indicam sua ocorrência.

“Não podemos ter medo de errar e nossas premissas nem sempre estão corretas”, completa.

Por fim,  como lição apreendida, fica claro que a coleta sistemática de dados e sua avaliação  representam uma possibilidade de reflexão sobre as iniciativas e projetos socioambientais. É preciso que se respeite o tempo e as condições de cada organização e, de maneira participativa, refletir sobre quais dados e evidências são verdadeiramente relevantes para maximização do impacto social gerado. Emanuelle  enfatiza o processo avaliativo como um potente espaço de diálogo. “O resultado final da avaliação não é o seu foco principal, mas sim o seu processo de execução”, finaliza.

Quer saber mais? Assista à sessão completa:

 

Contribuições para uma cultura filantrópica partir da experiência de Armínio Fraga

Por Paloma Pitre, analista de projetos no IDIS

Um dos convidados do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais foi Arminio Fraga, economista, filantropo, ex-presidente do Banco Central do Brasil e sócio fundador da Gávea investimentos. A participação dele na sessão “Em conversa com…”, que tradicionalmente traz pessoas ligadas à filantropia para uma entrevista e ocorreu no dia 14 de setembro de 2023 em São Paulo.

Sob condução de Paula Fabiani, CEO do IDIS, Armínio contou sobre as que o levaram para o caminho do investimento social, versando sobre os projetos com os quais se envolve atualmente, sendo fundador do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS).

A experiência de Armínio nos faz refletir sobre as causas capazes de motivar pessoas a se interessarem e dedicarem recursos, tempo e influência para temáticas sociais e ambientais. Assim, a trajetória pessoal do economista fomenta a discussão sobre caminhos e propostas capazes de ampliar a cultura de filantropia no Brasil, uma das missões do IDIS, que atua há mais de duas décadas nessa temática.

Dentre as motivações que levaram Armínio a adentrar no setor, ele cita que cresceu em um ambiente de defesa pelo engajamento social, no qual era estimulado a se solidarizar com as pessoas. Além disso, Armínio vem de uma família de profissionais da saúde, o que influenciou para que empenhasse esforços iniciais nesse setor.

Nesse sentido, é associado fundador do IEPS, instituto do ramo da saúde, criado antes da pandemia do coronavírus, que visa contribuir para o aprimoramento de políticas públicas para a saúde no Brasil por meio de atividades de advocacy e da realização de pesquisas científicas, fomentando, assim, a tomada de decisões baseada em evidências.

 

Nesse sentido, é associado fundador do IEPS, instituto do ramo da saúde, criado antes da pandemia do coronavírus, que visa contribuir para o aprimoramento de políticas públicas para a saúde no Brasil por meio de atividades de advocacy e da realização de pesquisas científicas, fomentando, assim, a tomada de decisões baseada em evidências.

Ao tratar da experiência do IEPS, Armínio abordou sobre o terceiro setor ser um espaço para se testar modelos que visem solucionar questões sociais e ambientais e, oferecendo bons resultados, podem ter essas soluções escaladas a nível de políticas públicas.

Com proposta semelhante ao IEPS, Armínio também é fundador do IMDS, organização que busca delinear, testar, propor, divulgar e acompanhar, políticas públicas que tenham como enfoque um impacto positivo no campo da mobilidade social, tema de extrema relevância  nacional considerando as desigualdades preexistentes no Brasil.

Por fim, o ex-presidente do Banco Central também contou da sua experiência como membro do conselho da , empresa que compra pastos degradados, realiza a restauração ecológica e quando há a formação de florestas, realiza a  comercialização do crédito de carbono gerado e transforma essas terras em reservas.

Para além dos impactos ambientais, as atividades também geram resultados sociais positivos, já que há um trabalho de atuação conjunta com as comunidades tradicionais presentes nos territórios tanto para a compra de terras de pequenos proprietários como também de geração de trabalho e renda, dentre outras ações. Isso nos leva a refletir sobre outro aspecto tratado por Arminio que é quanto a indissociabilidade do social e do ambiental quando tratamos de sustentabilidade coorporativa no campo social, ambiental e de governança (ESG).

As experiências e motivações de Arminio mostram possíveis caminhos por quem quer iniciar a jornada na filantropia ou mesmo intensificá-la. Sua experiência sinaliza que há uma diversidade de causas nas quais é possível se envolver, havendo a possibilidade de o investidor social encontrar qual melhor dialoga com seus valores, crenças pessoais e trajetória de vida. Ademais, há diferentes graus de engajamento, é possível ser fundador, apenas investidor ou mesmo unir esforços nos trabalhos da organização em questão.

Assista à sessão na íntegra:

O papel da filantropia familiar no enfrentamento de causas invisibilizadas

Por Isadora Pagy, analista de projetos do IDIS

Quando falamos de filantropia é comum pensarmos que se tratam de doações realizadas para causas como educação, saúde e combate à fome. A primeira imagem que nos vem à cabeça muitas vezes é a de crianças em situação de vulnerabilidade que precisam de ajuda. Não à toa que a causa infantil foi a que mais recebeu doações em 2022, representando 46% das doações realizadas no último ano, segundo a Pesquisa Doação Brasil 2022, coordenada pelo IDIS.

Apesar da grande importância e urgência de tais temas, outros acabam ganhando menos destaque, se tornando causas invisibilizadas, o que faz com que seja necessário termos ousadia para dar visibilidade e passar a priorizar esses temas, territórios e organizações. Ainda mais quando falamos de filantropia familiar, que tem se tornado cada vez mais estratégica, indo além de ações pontuais ou assistencialistas, tendo um grande potencial de transformação.

Tal ousadia foi o tema transversal do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023, que aconteceu no dia 14 de setembro. Nele, foi realizada uma sessão para falar justamente sobre Filantropia familiar e o enfrentamento de causas invisibilizadas¸ contando com a presença de Ilana Minev, presidente do Conselho de Administração da Bemol, Luciana Temer, Diretora Presidente do Instituto Liberta e conselheira do Movimento Bem Maior, Philippine Vernes, Gerente Sênior de Parcerias Internacionais na CAF e, como moderador, Luciano Cerqueira, Coordenador de Projetos da Samambaia Filantropias.

Durante a conversa, Luciana Temer, que trabalha para dar visibilidade ao combate da violência sexual infantil como diretora no Instituto Liberta, comenta como muitos investidores e empresas não têm interesse em investir nesta causa por considerarem “um tema feio”, ou seja, não querem associar sua marca com a causa. Levantando também uma discussão sobre social washing e a realização de investimentos apenas em assuntos que estão “na moda”, visando a valorização da marca aos olhos do consumidor e de potenciais investidores.

Temer compara o tema com o combate à violência contra a mulher, que também não era falado, porque era considerado um assunto que deveria ser tratado dentro de casa, como o ditado que diz “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. Ela ressalta que esse pensamento deve ser combatido, e que a violência sexual infantil, assim como a violência contra a mulher, “é intrafamiliar, é silenciada, está em todas as classes sociais”.

Apesar da importância, as causas invisibilizadas são consideradas residuais e não estruturantes. Justificativa utilizada mais uma vez para não olhar com seriedade e estratégia para tais temas. O que cria um grau de dificuldade maior de engajar parceiros, sendo necessária ousadia para endereçar tais questões socioambientais.

Além da causa de Luciana Temer, ainda há outras tão invisibilizadas quanto. Ilana Minev atua com a causa socioambiental na região da Amazônia e conta sobre as adversidades e peculiaridades de se trabalhar nesta região. Ela comenta que “quando você faz sozinho, você tem uma limitação de recurso, de tempo e de engajamento”, reforçando a importância de se trabalhar de forma colaborativa, um dos pilares para sua atuação, cooperando com outras organizações que também atuam na região.

Minev ressalta outra característica específica do território, de que “a maioria das pessoas têm um olhar de helicóptero [para a Amazônia]. Olha pela copa da árvore e vê tudo verde e vê rios. Mas é necessário descer e abaixar nas raízes e olhar essas 25 milhões de pessoas que moram e que buscam prosperidade”. Falando da potência que a região traz e da importância de se trabalhar de forma aprofundada, combatendo de novo o social washing.

Quando falamos de território, Luciano Cerqueira ressalta outro obstáculo que enfrentamos no passado, que foi da visão dos financiadores e organizações internacionais para com o Brasil como um todo, não apenas em relação à Amazônia. Ele comenta como o Brasil era visto como um país rico e desigual, que possuía riqueza para financiar causas sociais, o que causou a saída de grandes financiadores internacionais, em 2004. Luciano fala como esse movimento mudou e como as organizações internacionais passaram a enxergar novas possibilidades de parceria com o Brasil, trazendo uma boa perspectiva para organizações brasileiras.

Apesar das dificuldades levantadas, existem oportunidades para a filantropia familiar se tornar cada vez mais estratégica. Philippine Vernes, representante da CAF, organização britânica centenária de filantropia, comenta sobre a questão intergeracional, a transferência de riqueza para as próximas gerações, que abre portas para novas temáticas, formas de doar e de fortalecer o terceiro setor.

Assim, é preciso focar em um fortalecimento institucional das organizações, olhando para a governança, mobilização de recursos. De forma que o investimento social privado seja potente, duradouro, colaborativo e que contribua para as diversas causas sociais e territórios do país, trazendo visibilidade para todas e todos.

Confira a sessão completa:

“Onè”, Filantropos, “Respè”, com ousadia, foi a chamada da mesa de abertura do Fórum IDIS 2023

Por Rafaela Antoniazzi, Gerente de Projetos no IDIS

Na última quinta-feira, 14 de setembro, o IDIS realizou mais uma edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Destacando o tema “ousadia”, o evento foi realizado em São Paulo e contou com a participação de representantes de variados setores do Brasil e do mundo, focados em discutir como podemos evoluir o Investimento Social Privado brasileiro. Além do evento presencial, a programação foi transmitida ao vivo, alcançando cerca de 1.900 pessoas pelo país ao longo do dia.

A primeira mesa esquentou as discussões já abordando a temática geral do evento “Ousadia: elemento transversal para ações transformadoras, diversas e inclusivas” e contou com integrantes de peso: Eduardo Saron, Presidente da Fundação Itaú, Geyze Diniz, Cofundadora do Pacto Contra a Fome, Guerda Nicolas, Cofundadora do Ayiti Community Trust, e Rodrigo Pipponzi, Presidente do Conselho do Grupo MOL e moderador da mesa.

Observa-se que o setor social, especialmente após a pandemia da Covid-19, está vibrante e mais atuante do que nunca. Contudo, ainda que já existam numerosas intervenções sociais bem-sucedidas, a magnitude e gravidade dos problemas atuais não exigem de nós mais ousadia nas nossas ações?

Buscando abrir discussões acerca desses questionamentos, a mesa de abertura do Fórum apresentou provocações de quem não está na zona de conforto e tem ousado na Filantropia.

O que é afinal ousadia? Em sua fala inicial, o moderador Rodrigo Pipponzi destacou que:

“Talvez ousadia esteja em um lugar de fazermos mais e pensar um pouco menos, com responsabilidade, claro, mas priorizar mais a prática e a experiência para buscar a inovação que precisamos no campo.”

 

E foi isso que os palestrantes trouxeram com seus exemplos.

Por sua vez, Geyze Diniz apresentou o Pacto contra Fome, lançado no ano passado e cocriado por ela e mais 40 pessoas.

 

“Foi pelo inconformismo de sermos um país rico, que produz alimentos, que exporta alimentos, que tem o insumo, mas, ao mesmo tempo, a gente tem 33 milhões de brasileiros que passam fome todos os dias e, ainda por cima, a gente desperdiça 8 vezes o que seria suficiente para alimentar esta população.”

Sem dúvida uma iniciativa ousada a de Geyze e de seus colegas, que têm a meta de eliminar a fome no país até 2030 e garantir boa alimentação a todos até 2040. O Pacto Contra Fome procurou se diferenciar de outras organizações ao promover sinergias entre iniciativas do terceiro setor, do setor privado e do setor público. Hoje, em parceria com a UNESCO e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Pacto Contra Fome premia iniciativas para dar visibilidade a projetos já em curso.

Já Eduardo Saron, da Fundação Itaú, destacou ser necessário olhar para a nossa realidade e nossos dados.

“Por exemplo, todos os dias, um ‘Canadá’ de alunos vai às escolas públicas brasileiras. São 35 milhões de crianças lá do ensino infantil até o ensino médio que frequenta escolas públicas. ‘Um Mato Grosso’ de professores recebe esses alunos. Esses números são fantásticos e muito poderosos”.

No entanto, o Brasil apresenta baixos índices de qualidade educacional e caminha lentamente para reverter esse quadro. É urgente, então, que adotemos medidas diferenciadas e transformadoras. Por isso, ousadia é crucial.

Vinda diretamente do Haiti, Guerda Nicolas cativou a plateia explicando que, ao se encontrarem, é costume que as pessoas no Haiti digam “Onè” para que o outro responda “Respè”; sendo este um cumprimento que significa honra e respeito. É justamente com honra e respeito que o Ayiti Comunity Trust (ACT) tem sido uma força de transformação e é pioneiro ao alavancar e empoderar as pessoas locais. O ACT promove um modelo de financiamento permanente, facilitando planejamentos de longo prazo e, portanto, se distinguindo de outras organizações tradicionais no país. Mais importante, o ACT procura promover o potencial das comunidades haitianas, dando voz aos locais e desenvolvendo uma cultura de posse e de orgulho, permitindo a elas traçarem seus próprios caminhos e se apropriarem de suas narrativas:

 

“O ACT acredita que nós podemos criar nossas próprias ideias, e isso não é ousado? (…) Estamos criando uma confiança entre as comunidades. É uma confiança de que as nações negras podem liderar, e que os indivíduos podem confiar num indivíduo negro com milhões de dólares e acreditar que nós realmente podemos entregar algo”.

 

Em comum, os três participantes da mesa destacaram a importância de ouvir a todos, considerando e respeitando os vários tipos de saberes e olhando para a potência dos territórios. É crucial promover um modelo de gestão participativo, priorizando a sinergia entre os diversos indivíduos e setores. Ousado é pautar temas críticos relacionados à educação e fome, por exemplo, como um problema de todos, sem jamais perder esperança de que eles podem ser solucionados e, acima de tudo, ousar é confiar nas forças locais, trazendo-as para o centro de suas próprias decisões.

Quer saber mais? Assista à sessão completa:

Juntos pela Saúde participa de Congresso sobre saúde pública nas regiões Norte e Nordeste do Brasil

Entre os dias 4 e 6 de setembro de 2023, Luiza Saraiva, gestora do Programa Juntos pela Saúde (iniciativa do BNDES, gerida pelo IDIS), participou da 9⁰ edição do Congresso Norte Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde, considerado um dos maiores eventos regionais da Saúde Pública realizados no Brasil.

Neste ano, o encontro ocorreu na cidade de Salvador (BA), no Centro de Convenções da capital baiana e teve como tema “As especificidades do Norte e Nordeste na Regionalização do SUS”. Estiveram presentes gestores, trabalhadoras e trabalhadores de Saúde e profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde de 2244 municípios dessas duas regiões do país.

Por ter como principal objetivo fortalecer o SUS no Norte e no Nordeste, o Juntos pela Saúde participou do encontro com vistas a compreender de forma mais profunda e detalhada o cenário da saúde nesta parte do país. “Foi muito importante para entender o cenário numa perspectiva mais ampla, já que pudemos ouvir secretários municipais, além de representantes do próprio Ministério da Saúde”, afirmou Luiza Saraiva. Para ela, ficou evidente que nessas regiões, mais do que em qualquer outra do Brasil, o SUS é essencial e garantir o seu bom funcionamento é urgente e muito significativo para as populações locais. 

 

Há, porém, muitos desafios a serem superados, alguns, bastante primários, como o acesso à internet, que é restrito nessa porção do Brasil – principalmente no Norte — e que dificulta o avanço da telemedicina. “Falamos muito em telesaúde, mas precisamos dar um passo para trás e pensar como estruturar uma rede que seja capaz de garantir a Saúde Digital para essas populações”, comenta Saraiva.

Investir em tecnologia para integrar dados de saúde das 3 instâncias – Federal, Estadual e Municipal – também foi destaque no Congresso. O avanço neste campo é de suma importância, pois permite uma gestão mais eficaz do SUS e um poder de impacto mais efetivo e transformador. 

Somar esforços para atender essas duas regiões do país é um chamado fundamental. Por isso, estar no Congresso foi não apenas importante para entender as complexidades a serem tratadas, mas também para estabelecer diálogos com secretários de saúde estaduais, entender as demandas e as ações já implementadas em cada região e apresentar o Juntos pela Saúde como um meio para potencializar esforços em prol de um SUS ágil e funcional no N e NE do Brasil.

Veja as fotos da 12° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais

Aconteceu no dia 14 de setembro, em São Paulo, a 12ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Promovido pelo IDIS , o evento que busca acelerar soluções fomentar a prática de investimento social no país.

As conversas abordaram temas como ESG, transformação territorial, avaliação de impacto, fundos patrimoniais e muito mais, sempre sob a ótica da OUSADIA!

Confira algumas das imagens registradas ao longo do dia:

eNTRADA E CREDENCIAMENTO

 

aPRESENTAÇÃO ARTÍSTICA

Abertura

 

ousadia: elemento transversal ações transformadoras, diversas e inclusivas

filantropia familiar: enfrentamento de causas invibilizadas

 

errando é que se aprendea: a história de quem ousou e não acertou de primeira

 

PRÊMIO EMPREENDEDOR SOCIAL: VENCEDORES 2022

A OUSADIA DA FILANTROPIA NA AGENDA ESG

 

ALMOÇO TEMÁTICO

 

JUNTOS PELA SAÚDE: COLAORAÇÃO DE IMPACTO ENTRE PODER PÚBLICO E INICIATIVA PRIVADA

 

EM CONVERSA COM…

 

alianças improváveis: a ousadia na defesa de causas e territórios

COFFEE BREAK

 

da reportologia à gestão baseada em evidências

 

modelos de financiamento: riscos calculados pra retornos transformadores

 

mais que nunca, devemos ousar para combater a pobreza

 

realização e apoio

A realização é do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em parceria com o Global Philanthropy Forum e a Charities Aid Foundation, e apoio prata da Charles Stewart Mott Foundation; e apoio bronze da Ambev, B3 Social, BNP Paribas Asset Management, BTG Pactual, Fundação Itaú, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Sicoob, Movimento Bem Maior e Grupo RaiaDrogasil S.A. e Vale. A Alliance Magazine é a parceira de mídia.

 

Está no ar o site do Programa Juntos pela Saúde, iniciativa para fortalecer o SUS nas regiões Norte e Nordeste do Brasil

Está no ar o site do Programa Juntos pela Saúde

Lançada em dezembro de 2022, a iniciativa do BNDES e gerida pela equipe do IDIS, busca fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Para isso, conta com parcerias entre iniciativas pública e privada, numa lógica de matchfunding; onde, a cada 1 real doado por apoiadores privados, o BNDES adiciona mais 1 real, dobrando o valor investido e ampliando a capacidade de impacto dos projetos contemplados. 

No site lançado em Setembro, ficarão disponíveis as regras para participar do Programa, informações sobre os projetos apoiados, editais públicos, além de atualizações sobre a iniciativa e seus resultados, que contribuirão para garantir a transparência das ações junto à população.

Convidamos todos e todas a acessar www.juntospelasaude.org.br

Vale dizer que este é o único canal oficial do Programa, que não possui redes sociais. Para mais informações, também disponibilizamos o contato juntospelasaude@idis.org.br

Juntos pela Saúde é apresentado no maior evento de filantropia do país

Na última quinta-feira, 14 de setembro, aconteceu a 12ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, o principal evento dedicado ao tema no país. Com o tema ousadia, a programação contou com palestrantes nacionais e internacionais e reuniu pessoas de diversas partes do país, interessadas em participar ativamente das transformações sociais demandadas pela tão complexa – e desafiadora – realidade brasileira.

Logo após o almoço, que ocorreu no formato de mesas temáticas, os presentes assistiram à fala de Carla Reis, Chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde do BNDES. No painel “Juntos pela Saúde: colaboração de impacto entre poder público e iniciativa privada”, Carla apresentou o Programa, iniciativa do Banco e que, por meio da estratégia de matchfunding, busca reunir recursos para fortalecer a saúde pública nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. 

Gerido pelo IDIS, o Juntos pela Saúde alocará aproximadamente R$ 200 milhões em projetos de saúde ao longo de quatro anos, numa lógica em que, a cada R$1 doado por apoiadores, o BNDES adiciona mais um real, alavancando não apenas recursos, mas também o potencial de impacto.

Em sua fala, Carla pontuou a urgência de captar para a saúde, sobretudo em regiões de vazio sanitário, que sofrem com insuficiência de médicos e altas taxas de mortalidade, por exemplo, e que, portanto, necessitam de projetos perenes, de alto impacto social.

O Juntos pela Saúde visa reverter estes cenários de crise na saúde e transformar a realidade das populações que dependem do SUS nas regiões Norte e Nordeste do país. Para isso, a colaboração entre poder público e iniciativa privada é chave – e a base da iniciativa criada pelo BNDES.

O Programa está em fase de captação e contratação de projetos e já conta com o apoio do Instituto Dynamo, da RaiaDrogasil, Fundação Vale e Wheathon.

Para saber mais sobre a iniciativa, acesse www.juntospelasaude.org.br ou escreva para juntospelasaude@idis.org.br.

Quer saber mais? Assista à sessão completa:

Carta aberta em apoio ao Projeto de Lei 2.440/23 pelos Fundos Patrimoniais

Signatários da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por mais de 100 organizações da sociedade civil e outras instituições e que almeja fortalecer o ambiente regulatório para este mecanismo, se manifestou publicamente em apoio ao Projeto de Lei (PL) 2.440/23, elaborado pelo Senador Flavio Arns e relatado pela Senadora Profa. Dorinha Seabra na Comissão de Educação (CE).

O PL busca complementar a Lei 13.800/19 dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, partindo das ideias do projeto original, e incluindo medidas consideradas imprescindíveis à uma adequada regulamentação da tributação dos Fundos Patrimoniais. A proposta já foi aprovada pela Comissão de Educação do Senado Federal e, agora, está na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), sob a relatoria do Senador Rodrigo Cunha e deve ser pautado nas próximas semanas.

Com a aprovação do PL, avançamos para alcançar o potencial de impacto dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil.

Leia a carta completa e conheça todos os signatários 

 

Fórum IDIS 2023: importância da ousadia para a evolução da filantropia

Aconteceu em setembro, em São Paulo, a 12ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Promovido pelo IDIS, o evento busca acelerar soluções por meio das conexões e fomentar a filantropia no país.

Com o tema OUSADIA, as sessões abordaram assuntos como ESG, transformação territorial, avaliação de impacto, modelos de financiamento e muito mais. Ao longo do dia, participaram mais de 40 palestrantes brasileiros e internacionais. Entre os destaques, Armínio Fraga (filantropo e ex-presidente do Banco Central), Braulina Baniwa (diretora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade), Eduardo Saron (presidente da Fundação Itaú), Geyze Diniz (cofundadora do Pacto Contra a Fome), Gilson Rodrigues (Presidente do G10 Favelas), Guerda Nicolas (cofundadora do Ayiti Community Trust), Jean Jereissati (CEO da AMBEV), Luciana Temer (diretora presidente do Instituto Liberta), Marcelo Klein (Diretor de Gestão de Territórios na Vale), Nivedita Narain (CEO da CAF India), Priscila Cruz (Presidente executiva do Todos pela Educação) e Roberto Sallouti (CEO e membro do conselho do BTG Pactual). Estiveram presentes 265 convidados presencialmente e 934 acompanharam a transmissão ao vivo.

Depois de uma abertura emocionante com artistas do Favela Music, a mesa de abertura ‘Ousadia: elemento transversal para ações transformadoras’ logo de cara deu o tom do evento, que ao longo da programação trouxe diferentes olhares para a necessidade de ações ousadas no Investimento Social Privado para o enfrentamento de nossos desafios socioambientais.

Em seguida, na plenária ‘Filantropia familiar: enfrentamento de causas inviabilizadas’, foram abordados exemplos de pessoas que ousam e investem seus recursos em causas, territórios e organizações negligenciadas, por vezes controversas aos olhos do grande público, e como isso ajuda no fomento da cultura de doação.

Outra mesa trouxe uma discussão sobre um assunto pouco explorado: os erros. É comum que busquemos inspiração apenas em cases de sucesso, mas a mesa ‘Errando é que se aprende: histórias de quem ousou e não acertou de primeira’ mostrou como olhar para o que não saiu como o esperado pode ser igualmente inspirador.

A programação teve ainda a participação dos vencedores de 2022 do “Prêmio Empreendedor Social” da Folha de S. Paulo e Fundação Schwab, que puderam apresentar suas iniciativas e propósitos de atuação. O painel contou com a moderação de Eliane Trindade, editora do Prêmio.

Em seguida, Sir Ronald Cohen, considerado um dos papas do Investimento de Impacto, participou por vídeo, trazendo uma mensagem inspiradora e potente sobre o que ele chama de Revolução do Impacto, estimulando todos a fazer as coisas de forma diferente e a correr riscos para gerar transformações efetivas. Confira.

Embalados pelo chamado, a mesa seguinte, ‘A ousadia da filantropia na Agenda ESG’, trouxe a perspectiva corporativa sobre o tema. Em um cenário em que a agenda ESG avança com velocidade, é importante que as empresas busquem atuar no Investimento Social Privado orientadas por visão de longo prazo e com clareza das contribuições do ISP para sua estratégia de sustentabilidade.

Encerrada a programação da manhã, os convidados participaram de um coquetel seguido de um almoço temático: cada mesa tinha um anfitrião, que propunha um tema de conversa. Os participantes puderam escolher entre 18 opções e aprofundar as reflexões sobre as mais diversas questões.

No retorno do almoço, Carla Reis, Chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde da Área de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, apresentou o programa Juntos pela Saúde e mostrou como, por meio de um modelo de matchfunding, o Banco vem somando capital público e filantrópico para fortalecer a Saúde Pública no Norte e Nordeste do Brasil.

A entrevista da tradicional sessão ‘Em conversa com…’ foi com Armínio Fraga, filantropo, fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central. Ele explicou as razões que o levaram ao caminho do Investimento Social Privado, e falou sobre os projetos com os quais está envolvido atualmente.

Depois foi a vez de Rhodris Davies, em uma aparição também por vídeo, trazer reflexões sobre Inteligência Artificial. À medida que o mundo e as organizações descobrem como a IA pode ser útil (ou não) para a sociedade, como as OSCs e financiadores, em vez de adotá-la passivamente, podem tomar a liderança em demonstrar como a IA pode ser usada para promover mudanças positivas na sociedade? Veja o vídeo.

Outro tema de debate no Fórum 2023 foi a necessidade de um olhar cuidadoso para os territórios, suas singularidades e saberes, e como isso potencializa ações em diversas temáticas, amplificando vozes silenciadas e construindo um futuro mais promissor para todos. A temática foi trabalhada com profundidade na sessão  ‘Alianças Improváveis: a ousadia na defesa de causas e territórios’.

A mesa ‘Da reportologia à gestão baseada em evidências’, por sua vez, discutiu como a crescente demanda por resultados efetivos e aprimoramento do desempenho têm impulsionado organizações a abandonar práticas tradicionais de coleta e apresentação de dados em favor de abordagens de avaliação de impacto mais dinâmicas e baseadas em evidências. Os convidados compartilharam as experiências de organizações que conseguiram realizar com sucesso essa transição.

No painel ‘Modelos de financiamento: riscos calculados para retornos transformadores’, o debate girou em torno das alternativas cada vez mais inovadoras de financiamento, mirando no impacto socioambiental.

Fechando a programação do dia, na plenária de encerramento ‘Mais que nunca, devemos ousar para combater a pobreza!’, nossos convidados, lideranças de destaque em seus setores e países, reforçaram como ações ousadas e criativas podem reduzir, de fato, as vulnerabilidades sociais e institucionais no Brasil e no mundo.

Veja as fotos da 12° edição do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais

 

“Quando começamos a planejar este encontro, tivemos dúvidas se teríamos casos suficientes de ousadia. Conforme fomos desenhando a agenda, descobrimos histórias surpreendentes e vê-las juntas, foi muito potente”, comentou Paula Fabiani, CEO do IDIS, no encerramento do evento.

 

Confira a gravação do evento na íntegra:

realização e apoio

A realização é do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em parceria com o Global Philanthropy Forum e a Charities Aid Foundation, e apoio prata da Charles Stewart Mott Foundation; e apoio bronze da Ambev, B3 Social, BNP Paribas Asset Management, BTG Pactual, Fundação Itaú, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Sicoob, Movimento Bem Maior e Grupo RaiaDrogasil S.A. e Vale. A Alliance Magazine é a parceira de mídia.

FÓRUM BRASILEIRO DE FILANTROPOS E INVESTIDORES SOCIAIS

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em nosso canal do YouTube estão disponíveis listas com as gravações de todas as edições. Confira!

 

PL de incentivos fiscais para Fundos Patrimoniais é aprovado na Comissão de Educação e Cultura

O Projeto de Lei 2440/2023, que busca utilizar os incentivos fiscais já existentes na legislação brasileira para estimular doações a fundos patrimoniais filantrópicos, obteve aprovação em agosto por parte da Comissão de Educação e Cultura do Senado. Agora, o PL segue para análise na Comissão de Assuntos Econômicos.

O projeto  visa, também, esclarecer aspectos tributários relacionados às organizações responsáveis pela gestão desses fundos patrimoniais. O PL tem como objetivo fomentar a cultura de doação sem resultar em aumento significativo de renúncia fiscal, uma vez que será submetido aos limites já estabelecidos na legislação vigente, os quais ainda não são plenamente aproveitados pela população.

Essa aprovação na Comissão de Educação e Cultura do Senado representa uma conquista notável para o âmbito filantrópico, trazendo benefícios para organizações que abrangem uma diversidade de causas. Além disso, abre portas para a criação de fundos perpétuos direcionados a causas de interesse público, proporcionando uma fonte contínua de recursos. O projeto agora aguarda a nomeação de um relator para dar seguimento ao processo.

A conquista é fruto dos esforços de advocacy realizados pela Coalizão, liderada do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. Durante o mês de agosto, Paula Fabiani, CEO do IDIS, esteve em Brasília para conversas e reuniões com figuras estratégicas, trabalhando no avanço da agenda dos fundos filantrópicos.

“O avanço dos fundos filantrópicos é essencial para impulsionar o desenvolvimento social do Brasil. Ao estabelecermos bases sólidas por meio de legislações que promovam a segurança jurídica e fiscal, como proposto na PL 2440/2023, estamos criando um ambiente propício para a prosperidade das doações e o fortalecimento das causas que impactam positivamente nossa sociedade”, destaca Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

Sobre a Coalizão pelos Fundos Patrimoniais

Coalizão pelos Fundos Filantrópicos é grupo multisetorial composto atualmente por 100 signatários, entre organizações da sociedade civil, empresas e pessoas que apoiam o aprimoramento da regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil, além da produção de conhecimento.

Lançada em junho de 2018, a Coalizão é liderada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, com apoio jurídico do PLKC Advogados. São parceiros master Itaú Asset Management e Santander, e parceiros pleno Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e Movimento Bem Maior.

Quer fazer parte da Coalizão? Entre em contato por comunicacao@idis.org.br.

Saiba mais: idis.org.br/coalizao/

 

Mais sobre Fundos Patrimoniais

Acesse mais conteúdos nesta temática produzidos pelo IDIS aqui.

Caso queira saber mais sobre fundos patrimoniais ou queria conhecer nossos serviços, envie um e-mail para comunicacao@idis.org.br.

Programa Juntos pela Saúde tem novos apoiadores e primeiro projeto em execução

Em outubro de 2022, o IDIS, por meio de Edital Público, foi selecionado para ser o gestor do Programa Juntos pela Saúde, iniciativa de matchfunding do BNDES, que busca fortalecer o SUS nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Nesta porção do país, vivem aproximadamente 75 milhões de pessoas, das quais 9, entre 10, dependem exclusivamente dos atendimentos do Sistema Único de Saúde brasileiro. (IBGE, 2020).

No primeiro semestre de 2023, o Juntos pela Saúde ganhou corpo e força. Apoiadores como Fundação Vale, Wheaton, Instituto Dynamo e Grupo RD se uniram à causa e, hoje, o Programa já tem seu primeiro projeto de saúde em execução. 

Por meio de recurso doado pelo Instituto Dynamo, o projeto ImpulsoPrevine foi o primeiro a ser contemplado pelo Juntos pela Saúde. Iniciativa da ImpulsoGov, ele oferece apoio gratuito a municípios na gestão e monitoramento de indicadores da atenção primária, compilando  informações e dados estruturados sobre os resultados dos indicadores do Previne Brasil.

Com o recurso investido pelo Dynamo, o ImpulsoPrevine desenvolverá a funcionalidade do indicador específico de realização de exames preventivos, com foco no rastreamento do câncer de colo de útero, doença de fácil prevenção, porém, devido a defasagens no sistema primário de saúde, ainda com alta incidência na população feminina. 

Com isso, permitirá que gestores locais controlem com precisão os exames de rastreamento de câncer de colo de útero e tracem estratégias de prevenção mais eficazes. Ao todo, serão contemplados 19 municípios, validados pelo Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Vale lembrar que, na estratégia de matchfunding traçada pelo BNDES, a cada R$1 aportado pelas instituições parceiras, o Banco coloca mais R$1, dobrando a doação e ampliando o potencial de impacto dos projetos contemplados pela iniciativa. A expectativa é que, até o final de 2026, sejam destinados aproximadamente R$200 milhões para projetos de saúde que atuem no N e NE do Brasil.

Para ampliar a atuação do Juntos pela Saúde e beneficiar cada vez mais municípios do Norte e Nordeste, a equipe gestora do Programa segue em constante diálogo com atores-chave para a construção de parcerias. 

Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias do IDIS esteve, em Junho de 2023, com a Secretária de Saúde do Estado de Pernambuco, Zilda Cavalcanti e, em agosto, visitou Manaus, para apresentar o Programa ao Secretário de Saúde do Amazonas, Doutor Anoar Samad. Na ocasião da viagem, também se encontrou com filantropos locais, visitou a Universidade Federal do AM, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a Fundação Rede Amazônica, sempre com foco em discutir possibilidades de trabalho conjunto que fortaleça o SUS na região. 

Para reforçar esse movimento de construção de parcerias, na primeira semana de setembro de 2023, Luiza Saraiva, gestora do Programa Juntos pela Saúde, participará do Congresso de Secretários Municipais de Saúde das regiões Norte e Nordeste, com a finalidade de conhecer novos secretários, além de projetos destacados pelos impactos já comprovados.

No horizonte próximo, esperamos que esses encontros e trocas tornem-se sólidas parcerias em prol da saúde pública brasileira.

Se você deseja saber mais sobre o Programa, tem interesse em tornar-se apoiador ou possui um projeto de saúde e deseja receber recursos, clique aqui ou escreva para juntospelasaude@idis.org.br.

IDIS apresenta renovação no corpo de conselheiros

O IDIS passou por uma recente transição em seu corpo de conselheiros. Além de sua dedicação à promoção do investimento social estratégico e ao fortalecimento das práticas de responsabilidade social, o IDIS prioriza a transparência, a eficiência e a governança em todas as suas ações.

O corpo de conselheiros do IDIS é resultado de um processo cuidadoso, que visa não apenas a continuidade da missão e dos valores da organização, mas também inovação e renovação de perspectivas.

Para somar ao conselho deliberativo, Françoise Trapenard juntou-se ao time. Ela é formada em Administração de Empresas pela FEA-USP, com pós-graduação em Gestão pela ESSEC (França) e mestrado em Filosofia pela Université de Paris IV (Sorbonne – França). Com mais de 20 anos de atuação na área de Recursos Humanos, encerrou sua carreira executiva como responsável pelo investimento social de uma grande corporação. Atualmente, Françoise é conselheira de diversas organizações da sociedade civil e também dedica seu tempo como voluntária em projetos sociais.

No conselho fiscal, recebemos Guilherme Amorim Campos da Silva. Pós-doutorando em Direito Econômico e Financeiro pela Universidade de São Paulo, Guilherme é doutor em Direito Constitucional, mestre em Direito do Estado e bacharel pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Sua vasta experiência de mais de 25 anos como professor universitário e orientador de trabalhos de Mestrado e Doutorado abrange temáticas relacionadas ao acesso à justiça, empresas e sustentabilidade. No momento, ele faz parte das Comissões de Direito Constitucional e da Especial de Direito Notarial e Registros Públicos da OAB/SP. Ademais, é membro do Grupo de Trabalho Estado Laico da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e integra os Conselhos Curadores da Fundação Gol de Letra e da Fundação Padre Anchieta/TV Cultura.

Na mesma equipe do Conselho Fiscal, Claudio Sertório assume o cargo de Presidente. Ele é Sócio Membro de diversos comitês da KPMG Brasil; Chair do Comitê de Remuneração dos sócios e Membro do Conselho Deliberativo da KPMG Prev. É formado em Economia – 1994 e Ciências Contábeis – 1999, ambas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC. É Conselheiro certificado pelo IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, turma 100. Coordenador e membro do Grupo de Trabalho de Bancos – GT1 – do IBRACON – Instituto Brasileiro dos Contadores; Instrutor de contabilidade no IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

Para conferir a configuração completa dos novos conselhos, acesse aqui.

Em Manaus, IDIS realiza visita a organização participante do programa Transformando Territórios

Felipe Groba, gerente do programa Transformando Territórios, visitou a Manauara Associação Comunitária em Manaus. Durante a visita, o IDIS ofereceu apoio em reuniões de relacionamento, captação e planejamento, além de visita a projetos sociais apoiados pelo Manauara na cidade

A organização faz parte do programa Transformando Territórios, realizado pelo IDIS para fortalecer institutos e fundações comunitárias pelo Brasil.

Em um desses encontros, realizado no INDT – Instituto de Desenvolvimento Tecnológico, reuniram-se empresários, filantropos, líderes sociais e membros da Governança do Manauara, oportunidade na qual foi apresentado o propósito do Fundo Icamiabas, que tem por objetivo reunir recursos filantrópicos para apoiar mulheres guerreiras de Manaus, que causam impacto direto em comunidades da cidade.

Em outra ocasião, Felipe visitou o Reuna, projeto liderado por Dona Cristina na comunidade da Redenção, na Zona Oeste de Manaus, e apoiado pelo primeiro edital do Manauara.

“Manaus é uma cidade com enormes desafios, e a visita ao Manauara e projetos apoiados mostrou a potência da FIC para agitar a filantropia local. O Fundo Icamiabas coloca os holofotes sobre as mulheres guerreiras de Manaus, que atuam no dia a dia para superar questões que vão da fome e da gravidez na adolescência à falta de saneamento básico e de oportunidades de emprego formal. Com uma governança diversa e uma visão de futuro para a cidade, o Manauara irá – sem dúvida – contribuir para a cultura de doação local e para o engajamento de empresas e famílias manauaras com os desafios socioambientais do território.”, afirma Felipe Groba.

 

Juntos pela Saúde participa de agenda estratégica na Região Amazônica

Neste mês de Agosto 2023, Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias do IDIS, visitou Manaus, para apresentar a atores-chave da região amazônica o Programa Juntos pela Saúde, iniciativa de matchfunding do BNDES, que busca reunir recursos para fortalecer o SUS nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Na ocasião da viagem, Sylos se reuniu com a equipe da Fundação Amazônia Sustentável (FAS),  para apresentar a iniciativa do BNDES e conhecer os projetos que a organização realiza.

Houve, ainda, um encontro na Universidade do Estado do Amazonas, da qual participaram a vice reitora Katia do Nascimento Couceiro e o pro reitor Darlisom Sousa Ferreira. Foi um momento de troca relevante para conhecer os projetos sociais da Universidade e traçar possibilidades de trabalho conjunto para fortalecimento do SUS na região.

Alfredo Lins, Secretário do Escritório de Representação do Estado do Amazonas em São Paulo, Dr. Anoar Samad, Secretário de Saúde do Amazonas e Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias do IDIS, na Sede da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas.

Guilherme também foi recebido pelo Secretário de Saúde do Amazonas, Dr. Anoar Abdul Samad, juntamente com Alfredo Lins de Albuquerque, Secretário de Estado Chefe do Escritório de Representação do Estado do Amazonas em São Paulo. Assim como nas demais reuniões, Sylos apresentou o Juntos pela Saúde e conheceu os principais desafios do Estado do Amazonas em relação à saúde. O maior deles, relacionado à população que está fora do centro urbano de Manaus e que precisa se deslocar até lá para realizar exames e tratamentos mais complexos.

Por fim, houve um encontro com a Fundação Rede Amazônica e também com filantropos locais.

A expectativa é que esses encontros construam pontes e parcerias em prol da saúde pública na região amazônica.

 

Saiba o que é e como funciona o Programa Juntos pela Saúde

Vaga de Estágio em Monitoramento e Avaliação

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social tem uma nova oportunidade para estagiário na área de Monitoramento e Avaliação.

Os estagiários são responsáveis por dar suporte à execução das atividades conduzidas e apoiadas pelo IDIS, garantindo cumprimento de prazos, qualidade nos produtos desenvolvidos e serviços prestados. Leia com atenção as instruções sobre o processo de seleção e os requisitos para participação.

 Acesse a vaga na 99Jobs e inscreva-se.

 

Responsabilidades e oportunidades

  • Apoiar nas atividades dos projetos de Monitoramento e Avaliação do IDIS, respeitando os prazos acordados e zelando pela qualidade dos produtos entregues;
  • Realizar coleta e análise de dados quantitativos e qualitativos necessários para a execução dos projetos de Monitoramento e Avaliação;
  • Realizar pesquisas de conceitos, referências e benchmarking que enriqueçam os projetos e tragam embasamento para os produtos desenvolvidos;
  • Participar das reuniões periódicas (online e presencial) da organização.

 

requisitos

  • Estar cursando, no mínimo, o 3º ano da faculdade no momento do início do estágio (jun/23), não importa o curso;
  • Ter interesse no terceiro setor, na área de monitoramento e avaliação de projetos sociais;
  • Domínio do pacote Office (Word, Excel, Power Point) e internet;
  • Disponibilidade para atuação presencial no escritório do IDIS, em São Paulo;
  • Facilidade para trabalhar em equipe.

 

DESEJÁVEL

  • Conhecimento em sistematização e análise de informações qualitativas;
  • Conhecimento na área de ciência de dados ou sistematização e análise de dados quantitativos em planilha Excel, incluindo manuseio de base de dados, elaboração de tabelas dinâmicas e gráficos;
  • Elaboração de apresentações com boa apresentação visual, clareza e objetividade na transmissão de conteúdos;
  • Conhecimentos sobre análise estatística;
  • Experiência com softwares de análise de dados de qualitativos e quantitativos;
  • Domínio intermediário da língua inglesa.

Benefícios

  • Bolsa auxílio: R$ 1.500,00
  • Vale-transporte
  • Vale Alimentação e refeição
  • Seguro de vida
  • Credencial plena do Sesc
  • Day off de aniversário

Tipo de trabalho – Híbrido: Combinação de presencial e remoto

INSCRIÇÃO

Para inscrever-se para essa oportunidade, acesse a página da vaga na 99Jobs até 10 de setembro de 2023.

O IDIS adota critérios de diversidade e inclusão nos processos seletivos.

SOBRE NÓS

Somos o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) fundada em 1999 e pioneira no apoio técnico ao investidor social no Brasil. Com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhamos junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades sociais no país.

Nossa atuação baseia-se no tripé geração de conhecimentoconsultoria e realização de projetos de impacto, que contribuem para o fortalecimento do ecossistema da filantropia estratégica e da cultura de doação. Valorizamos a atuação em parceria e a co-criação, acreditando no poder das conexões, do aprendizado conjunto, da diversidade e da pluralidade de pontos de vista.

 

               

 

O grande potencial da doação de centavos

Por Beatriz Bouskela, Diretora Executiva do Movimento Arredondar e Nina Valentini, Co-fundadora do Movimento Arredondar

Um dos dados que mais chama a atenção, entre os resultados da Pesquisa Doação Brasil, é a constatação de que 11% dos doadores para organizações e iniciativas socioambientais afirmaram ter feito doação por arredondamento.

Entretanto, para nós, que trabalhamos há anos para que o arredondamento seja uma alternativa de doação cada vez mais acessível para os brasileiros, a informação não é tão surpreendente.

Como uma entidade impulsionadora dessa modalidade de doação, nos últimos anos temos observado uma adesão crescente por parte de empresas, dos clientes e do engajamento dos colaboradores.  Internamente, temos conquistado um crescimento contínuo nos últimos anos com um crescimento de 21% em 2022, 40% em 2021, 3% em 2020 e 52% em 2019. E sabemos que esses números são ainda maiores se somarmos outros varejistas que têm aplicado essa modalidade. Vibramos com os resultados globais de todos que podem arredondar, sejam em parceria conosco, ou não – desde que feitos com seriedade, claro.

Nesse sentido, vemos os números da Pesquisa Doação Brasil 2022 com entusiasmo e com a confiança de que este formato de arrecadação tem se tornado cada vez mais relevante na vida dos brasileiros. Atingir o patamar de 11%, após duas edições anteriores da pesquisa que registraram uma adesão inferior a 1%, nos deixa entusiasmadas e certas de que este modelo tem uma potência no nosso contexto e espaço para crescer.

E as nossas expectativas não são alimentadas apenas pelo significativo crescimento apontado pela pesquisa ou pelo que temos conquistado na operação do Arredondar. Pesquisas internacionais, como America’s Charity Checkout Champions 2023, publicada pelo Engage for Good, mostram o arredondamento crescendo ano após ano no varejo dos Estados Unidos e se consolidando como potência de arrecadação. Só em 2022 a arrecadação através de pontos de venda do varejo atingiu o patamar de 759 milhões de dólares no ano, e a oferta de doação por arredondamento cresceu 43% (versus 2020) entre os varejistas listados pela pesquisa. Ainda não temos uma pesquisa que consolide especificamente o valor arrecadado através dos pontos de venda ou dos arredondamentos no Brasil, mas é certo que ainda temos um grande caminho a ser percorrido neste sentido.

Manifestada nos mais diversos formatos, a solidariedade permeia a nossa cultura e o tecido social que temos construído enquanto país.  Os dados da Pesquisa Doação Brasil 2022 indicam um crescimento no engajamento solidário, com 84% das pessoas entrevistadas realizando algum tipo de doação durante o ano de 2022, maior índice até então. Esse gesto assume variadas formas, abrangendo diferentes maneiras de contribuição e contando com uma diversidade de gêneros, classes sociais, faixas etárias e regiões geográficas.

À medida que as práticas de solidariedade ganham mais destaque, é fundamental ressaltar que há um espaço para desenvolvermos uma cultura de doação estruturalmente presente na vida dos brasileiros, como o arredondamento. Um aspecto particular a ser notado é a estagnação das doações institucionais,  que desempenham um papel crucial na viabilização de projetos e na manutenção das organizações sociais. Em 2022, apenas 36% dos entrevistados afirmaram ter atuado como doador institucional, índice que se manteve estável quando comparado a 2020 e que caiu 10 pontos percentuais em relação a 2015.

As análises da Pesquisa Doação Brasil nos anos de 2015, 2020 e 2022 trazem uma visão aprofundada desse desafio. Ao examinarmos as principais dificuldades relacionadas à doação institucional, identificamos que há fatores recorrentes nas três edições do estudo. Destacam-se os seguintes aspectos: a percepção de falta de recursos financeiros disponíveis para doação, fator citado em 1º lugar nos três anos de pesquisa; a ausência de pedidos de doações, demonstrando falta de convite para doar; e a falta de confiança nas organizações.

À medida que as doações institucionais continuam a se mostrar um desafio enraizado na cultura brasileira, torna-se importante reforçar que as organizações sociais dependem substancialmente dessas contribuições. Seja na luta contra as disparidades sociais, na expansão do acesso a direitos fundamentais ou na preservação do meio ambiente, as doações são parte da engrenagem que possibilita que essas atividades possam existir, resistir e avançar.

 

História do Movimento Arredondar

Em resposta aos desafios relacionados à cultura de doação, o Movimento Arredondar foi fundado em 2011. A nossa missão tem como norte criar oportunidades para que todos os dias milhares de pessoas sejam convidadas a doar e fortalecer a sustentabilidade de organizações sociais.

Primeiramente, partimos da premissa que para criar um novo hábito na vida das pessoas, é estratégico estarmos presentes em alguma atividade já habitual para o indivíduo. Charles Duhigg reforça esta teoria no livro “O poder do hábito”, amplamente difundido. Nesse sentido, entendemos o varejo como o parceiro ideal para estar conosco nesta operação, uma vez que ir à farmácia, ao supermercado e/ou a um estabelecimento comercial faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros, em diferentes regiões do Brasil.

Adicionalmente, buscamos desenvolver uma solução que fosse acessível e democrática, que ajudasse a quebrar a percepção de que é necessário ter muito dinheiro para doar. Acreditamos que doar centavos seja o suficiente para que um ato solidário possa começar, e  se concretizar. Dessa forma, trazemos a opção de doações que vão de R$ 0,01 até R$ 1,00. Ou seja, uma compra de R$ 18,70 pode se transformar em uma transação de R$ 19,00, de forma que R$ 0,30 sejam doados.

Foi importante também entender que o convite para a doação ajuda as pessoas a se lembrarem que elas podem fazer parte da diferença. Por isso, realizamos treinamentos recorrentes com os colaboradores do varejo e apoiamos a construção de materiais de loja. Quando o cliente diz “sim” para arredondar o valor da compra, este ato é o suficiente para conectar colaboradores, clientes e organizações em um único propósito.

Por fim, e igualmente importante, entendemos que é fundamental fortalecermos a visibilidade do trabalho das ONGs, e consequentemente aumentarmos a confiança dos clientes em relação ao uso dessas doações. Nesse sentido, nos responsabilizamos pela certificação das ONGs apoiadas, pelo repasse de recursos livres (não carimbados) e pela transparência do uso dessas doações.

Buscando soluções para diferentes barreiras, construímos um caminho com o objetivo de criar uma solução simples, rápida, acessível e fácil para o consumidor e para as empresas.

 

Os desafios do arredondamento

Apesar do empenho para trazer uma oportunidade de doação que faça parte do dia-a-dia dos brasileiros, a jornada de concepção do Arredondar não foi especialmente simples.

Uma das barreiras foi a própria legislação tributária. As regras sobre isenção e imunidade são diversas, complexas e um tanto burocráticas. No Brasil, até hoje tivemos um desincentivo estrutural para a cultura de doação de recursos, que é o próprio ITCMD, imposto sobre transmissão causas mortis e doações. Enquanto o governo deveria estimular esses atos de doação, e consequentemente o engajamento para o benefício comum, até agora vem tributando e dificultando a participação daqueles que querem contribuir. Uma pesquisa da FGV, em 2019, indicou que, de 74 países, o Brasil é um dos únicos três que não estabelece um tratamento diferenciado de alíquota para doações a OSCs, ao lado apenas da Coreia do Sul e Croácia.

Na nossa operação, essa realidade fica ainda mais evidente. Como recebemos recursos em várias localidades do Brasil, tivemos que entender, estado a estado, a peculiaridade da legislação. Isso porque em muitos deles, até mesmo as doações de centavos são tributadas, o que torna a nossa operação inviável nessas localidades. Nesse sentido, o advocacy entra como estratégia de ampliação da nossa atuação, o que tem apresentado resultados positivos, como por exemplo a alteração da legislação do Ceará, que em 2021 passou a permitir a isenção de impostos para doações de até R$ 50.

Um outro desafio que faz parte da nossa jornada é a priorização das empresas, assim como a percepção de seu papel em relação às demandas socioambientais. Se hoje a sigla ESG (ou ASG) tem se mostrado cada vez mais popular, ainda há um grande espaço para a ampliação de seus compromissos.

É possível ainda mencionar as recessões econômicas, inflação, pandemia e crises ambientais, que têm aprofundado as disparidades no país nas últimas décadas. Essa realidade adiciona ainda mais demandas sobre as organizações sociais, ao mesmo tempo que agrava dificuldades financeiras para muitos brasileiros.

 

Crescimento e oportunidades futuras

Apesar das dificuldades, acreditamos que esses desafios externos reforçam a prática das doações através de arredondamento como uma importante alternativa.

Algumas evidências do Brasil reforçam essa perspectiva. Estamos em meio à uma reforma tributária que considera eliminar a cobrança de ITCMD para organizações sociais, o que seria um ganho significativo para o arredondamento, e para a cultura de doação como um todo.

Adicionalmente, vemos com ótimas perspectivas a digitalização e inovação tecnológica que acompanha a vida das pessoas e das empresas, e que pode trazer de forma ainda mais facilmente o convite a doar. Estamos trabalhando para que o arredondamento acompanhe e se beneficie dessas tendências.

Por fim, destacamos com otimismo a crescente percepção do papel das empresas para os compromissos sociais e ambientais, apoiada também pela cobrança dos consumidores. É certo que quanto mais varejistas se engajarem, maior será a capilaridade, montante de recursos captados e pessoas mobilizadas através desse tipo de engajamento.

E é nisso que acreditamos: a construção de um país mais solidário passa pela mobilização, bastante articulada, de todos os setores da economia. O desafio está em encontrar e construir modelos que são capazes de conectar a cultura de doação à cada um deles.

Os resultados da Pesquisa Doação Brasil 2022 sob a ótica da cultura de doação

 

Por Pamela Ribeiro, coordenadora de Programas do Gife, e Fernando Nogueira, diretor executivo da ABCR (Assoc. Bras. de Captadores de Recursos)

 

Doar é o ato de transferir um bem, recurso ou patrimônio a outra pessoa ou organização. Cada vez mais, um conjunto de pessoas e organizações procura entender e promover esse ato não de forma isolada, mas de forma ampla e constante. É quando passamos a falar de uma Cultura de Doação: como tornar o ato de doar algo que faz parte constante e consciente do dia a dia das pessoas?

A Pesquisa Doação Brasil, em sua terceira edição, traz muitos dados relevantes sobre o quanto essa Cultura se desenvolveu no Brasil, e o quanto ainda falta a percorrer. O estudo tem uma prioridade, é claro: o hábito da doação a organizações da sociedade civil, também chamada de doação institucional. Isso não quer dizer que outros hábitos e formas de doação não são expressões relevantes da solidariedade do povo brasileiro, mas que a doação de dinheiro a entidades sociais é parte fundamental de uma sociedade civil forte, efetiva e sustentável.

O objetivo deste texto é refletir sobre o que os resultados da pesquisa trazem para o debate da Cultura de Doação. Em particular, queremos trazer potenciais desdobramentos para dois públicos: investidores sociais e organizações da sociedade civil.

Os investidores sociais são o conjunto de fundações, institutos, empresas e filantropos que se propõem a executar e financiar iniciativas sociais de forma estruturada, planejada e monitorada. Têm um papel importante na valorização e na promoção de uma Cultura de Doação, por meio de suas práticas e exemplos. É importante que incorporem a Pesquisa Doação Brasil em seu planejamento e sua prática.

As organizações da sociedade civil são o conjunto de entidades que compõem o setor social no Brasil. Possuem uma grande diversidade de causas e formas de atuação, mas em sua maioria ainda têm uma estrutura frágil, com poucos recursos, equipes principalmente voluntárias e de dedicação parcial. A Pesquisa traz dados importantes para a revisão de seus processos de mobilização de recursos e sustentabilidade. Toda organização do terceiro setor tem o desafio de ampliar a quantidade de apoiadores, parceiros, voluntários e doadores para si e para sua causa. Aqui temos vários indícios de caminhos a percorrer e armadilhas que devem ser evitadas.

O artigo começa com uma breve apresentação do que entendemos por Cultura de Doação. Em seguida, destacamos os principais perfis de doadores que são retratados na Pesquisa. Feitas essas contextualizações, refletimos sobre as implicações do atual estado da doação no Brasil para Investidores Sociais e para Organizações da Sociedade Civil.

 

CULTURA DE DOAÇÃO

No Brasil, 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer! É o que diz  2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil da Rede PENSSAN. Em 2021, a pobreza teve aumento recorde, atingindo 62,5 milhões de pessoas, segundo o IBGE. Ainda de acordo com o instituto, a proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza (37,7%) é praticamente o dobro da proporção de brancos (18,6%). Situações de racismo, inclusive, já foram presenciadas por metade da população brasileira, segundo pesquisa do Instituto de Referência Negra Peregum e Projeto Seta. Ocupamos a 5ª posição mundial em casos de feminicídio, de acordo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Tudo isso em um país que derrubou 10.781 km² de floresta em um período de um ano, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Motivos para doar não faltam, então por que não temos uma Cultura de Doação mais fortalecida no Brasil?

A Pesquisa Doação Brasil 2022 reforça uma tendência das edições anteriores: a falta de dinheiro é o principal motivo para as pessoas não doarem. Outros dados da pesquisa corroboram com este resultado, como o fato da prática da doação estar mais presente entre pessoas com renda e escolaridade mais elevada e também em faixas etárias mais avançadas. A pesquisa aponta, porém, para outros fatores, que ainda que com menor relevância, também influenciam na decisão de doar, como conhecer a utilização que será feita do dinheiro e conhecer uma organização confiável para tal. Portanto, são diversos fatores que influenciam e ajudam a construir uma Cultura de Doação.

“Cultura de Doação é um conjunto de comportamentos, símbolos e valores que se expressam no compartilhamento habitual e voluntário de recursos privados em busca de uma sociedade justa, equitativa e sustentável.” Essa é a definição usada pelo Movimento por Uma Cultura de Doação (MCD), uma iniciativa formada por pessoas físicas e jurídicas que surgiu em 2013, com o objetivo de inspirar e mobilizar pessoas e organizações no propósito de enraizar a doação como parte de nossa cultura.

Essa definição contém alguns marcadores importantes que indicam como a Cultura de Doação é entendida pelo MCD. O primeiro é o uso da palavra “voluntário” indicando que o doar é uma escolha. Ainda que existam incentivos ou barreiras à doação, ela é uma opção feita pelo doador e nunca uma obrigação. O segundo marcador, é a palavra “habitual”, indicando que, em uma Cultura Doadora, doar é algo recorrente, um hábito que se cria e é incorporado no dia-a-dia de pessoas e organizações. Por fim, a definição é explícita em relação ao objetivo da doação, que busca contribuir para uma sociedade justa, equitativa e sustentável. Isso significa que o ato de doar não é apenas uma ação de caridade. Ele carrega consigo uma intenção de transformação e o entendimento de que doar é um ato político e uma forma de exercer cidadania. Essa é a Cultura de Doação que se busca construir no Brasil.

A maior parte dos brasileiros diz ter feito uma doação em 2022, segundo a Pesquisa Doação Brasil. Mais do que isso, o percentual de pessoas que fizeram uma doação cresceu de 66% para 84% entre 2020 e 2022, indicando que o brasileiro está se tornando mais solidário. Destes, 75% doaram itens e bens materiais e apenas 48% doaram dinheiro. Quando olhamos para a doação de dinheiro feita para organizações, chamada na Pesquisa de doações institucionais, esse número é ainda menor (36%) e é aí que está o principal desafio quando falamos de fortalecer uma Cultura de Doação no Brasil.

Todo e qualquer tipo de doação é legítima e bem-vinda. Porém, as doações institucionais são essenciais para o fortalecimento das organizações da sociedade civil (OSCs), coletivos, movimentos e outras iniciativas lideradas pela sociedade civil. Financiar a atuação e o fortalecimento destas organizações e iniciativas é o que vai garantir a transformação socioambiental no médio e longo prazo. Por isso, a importância de se promover uma Cultura de Doação (como a definida pelo MCD) no Brasil e de se ter a produção constante de dados, como estes da Pesquisa Doação Brasil, para monitoramento dos avanços conquistados neste campo.

Com objetivo de orientar uma ação mais articulada e efetiva na direção de promover a Cultura de Doação no Brasil, o MCD elaborou de forma colaborativa cinco diretrizes estratégicas para impulsionar o campo: (1) Educar para a cultura de doação, (2) Promover narrativas engajadoras, (3) Criar um ambiente favorável à doação, (4) Fortalecer as organizações da sociedade civil, (5) Fortalecer o ecossistema promotor da cultura de doação.

 

PERFIL DOS DOADORES: UM RETRATO MAIS ATUAL E MENOS NÍTIDO

Em suas edições anteriores, a Pesquisa Doação Brasil trazia um perfil mais definido de doadores brasileiros, apontando traços que se destacavam. Em 2020, por exemplo, a doação era um hábito principalmente de mulheres, com idade entre 30 e 49 anos, com instrução superior, das regiões Nordeste ou Sudeste, com renda familiar superior a 4 salários mínimos e com alguma religião.

Em 2022, esse quadro fica menos nítido. O percentual de doadores institucionais se aproxima entre homens e mulheres. Entre as regiões, além de Nordeste e Sudeste, também o Sul passa a se destacar. Declarar ter uma religião não é mais um marcador tão relevante. Alguns dos critérios diferenciadores anteriores continuam com algum peso, mas com novas nuances. Há ainda maior propensão a doar entre as pessoas de maior escolaridade, mas há um aumento significativo entre aqueles que possuem ensino fundamental. A mesma tendência se dá na renda: maior penetração em rendas familiares mais altas, mas aumento em rendas baixas. Finalmente, continua havendo relação entre idade e doação: quanto maior a idade, maior a chance de doar. Mas o retrato atual mostra uma variância menor: todas as faixas estão mais próximas à média.

Podemos enxergar essas mudanças de duas formas. No enfoque dos desafios, as mudanças geralmente resultam da diminuição dos estratos que antes se destacavam, e não pelo aumento dos outros. Para ficar claro: em 2015, 49% das mulheres doavam, ante 42% dos homens. Em 2022, os números caíram para 36% (mulheres) e 37% (homens).

Na visão de oportunidades, a atual pesquisa reforça a crença de que qualquer pessoa tem a capacidade de doar. Os perfis anteriores podem levar a um efeito indesejado, o de se concentrar nas “personas” ditas como mais propensas a doar e esquecer largos segmentos da população. O desafio que fica, para quem quer ampliar a Cultura da Doação, é se debruçar sobre diferentes abordagens que, em conjunto, podem funcionar com os mais variados grupos.

Finalmente, precisamos lembrar que a pesquisa revela, acima de tudo, que a população brasileira tem aumentado seus comportamentos solidários. 84% dos respondentes declarou ter feito uma doação em 2022, um percentual recorde quando comparado às outras edições. O que diminuiu, porém, foi a proporção de doadores institucionais. Há pistas que permitem levantar algumas hipóteses da razão dessa mudança de comportamento solidário: crise econômica e social, efeitos da pandemia, maior desconfiança nas OSCs, polarização crescente… Para realmente afirmar qual hipótese explicaria melhor isso, serão necessários novos estudos com foco específico nesse dilema.

 

IMPLICAÇÕES PARA INVESTIDORES SOCIAIS PRIVADOS (ISP)

Uma Cultura de Doação é formada por um coletivo de pessoas físicas e jurídicas, que idealmente atuam de forma conjunta e complementar para contribuir com a construção de uma sociedade mais justa, equitativa e sustentável. Assim como a Pesquisa Doação Brasil, pesquisas como o Censo GIFE, realizado pelo GIFE, e o BISC, realizado pela Comunitas, apontam para uma Cultura de Doação ainda bastante frágil. O Censo GIFE 2020, por exemplo, mostra que a Cultura de Doação está pouco presente entre investidores sociais privados. Entre os institutos, as fundações e as empresas respondentes da pesquisa, 50% declararam ter a execução de projetos próprios como sua principal estratégia de doação, enquanto apenas 27% são mais financiadores de projetos e iniciativas de terceiros.

Ambas as pesquisas também mostram que a confiança é um importante fator de estímulo à doação. Para os respondentes do Censo GIFE 2020, a confiabilidade e transparência das OSC ou de seus líderes é o principal critério de seleção de uma organização. Já para os respondentes da Pesquisa Doação Brasil 2022, saber como o dinheiro está sendo usado, conhecer uma organização em que confie e a entidade ser transparente/ prestar contas /mostrar aplicação de recursos estão entre as condições para um não doador se tornar doador, atrás apenas de ter dinheiro.

Há uma expectativa por parte dos indivíduos de que as empresas contribuam para solucionar os problemas socioambientais no Brasil. Como mostra a Pesquisa Doação Brasil 2022, 92% dos respondentes têm essa expectativa em relação às empresas, com um crescimento de 10 pontos percentuais em relação a 2020 (82%). A edição de 2023 do Trust Barometer da Edelman corrobora esse resultado quando aponta as empresas e as ONGs como as instituições mais confiáveis num contexto de medo.

Além de doar de forma estruturada, o investimento social privado (ISP), em especial o empresarial, tem um importante papel de contribuir para a promoção da Cultura de Doação por meio do engajamento de consumidores, funcionários, acionistas, fornecedores e outras partes interessadas. Ainda que as principais influências para doar, de acordo com a Pesquisa Doação Brasil 2022, sejam a igreja/ culto religioso/ grupo comunitário que frequenta (33%), as abordagens diretas na rua, por e-mail ou por telefone (31%) e a família, amigos ou vizinhos (31%), as campanhas no trabalho, na escola ou na faculdade e as campanhas promovidas por empresas que destinam parte dos lucros para doação são apontadas como uma influência por 14% e 10% dos respondentes, respectivamente.

Os dados mostram ainda que a rejeição a marcas com práticas inadequadas é mais relevante na influência ao consumidor que o engajamento socioambiental positivo da marca. Para adquirir um produto ou contratar um serviço, 44% dos respondentes levam em consideração se a empresa atua a favor de alguma causa social ou destina parte de seus lucros para doação, enquanto 56% não consideram. Já o percentual de respondentes que rejeitam marcas/ produtos envolvidos em práticas inadequadas chega a 77%, enquanto 23% não consideram isso na sua decisão de compra. Em especial entre a geração Z, a rejeição a marcas com práticas ruins está mais presente.

Outro apontamento relevante da pesquisa é que doadores institucionais são mais influenciados pelas práticas de uma marca que a população geral. Os dados mostram que 49% dos doadores institucionais consideram se a empresa atua a favor de alguma causa social ou destina parte de seus lucros para doação na sua decisão de compra e 85% rejeitam marcas com práticas inadequadas. Portanto, pessoas mais engajadas com doação tendem a priorizar marcas com atitudes semelhantes.

Por fim, é interessante notar que as causas preferenciais de doadores pessoas físicas e jurídicas não são as mesmas. Enquanto o ISP atua majoritariamente com educação, segundo o Censo GIFE 2020, pessoas físicas preferem doar para as causas da criança/ infantil (46%), saúde (31%) e combate à fome (29%). Educação é a causa escolhida por apenas 5% dos doadores pessoa física. Esse resultado acende um alerta para empresas e atores da filantropia que buscam engajar suas partes interessadas, indicando que nem sempre o que é prioridade para a organização é também prioridade para a sociedade em geral. Por outro lado, essa complementaridade entre doações de pessoas físicas e jurídicas pode ser uma boa estratégia para avançarmos na construção de uma sociedade mais justa, equitativa e sustentável. Nesse sentido, é importante que investidores sociais privados se atentem para pautas descobertas pelos dois perfis de doadores, como as causas vinculadas à defesa de direitos e promoção da justiça socioambiental.

 

IMPLICAÇÕES PARA ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL (OSCs)

Os resultados desta pesquisa trazem muitas implicações para a gestão das organizações da sociedade civil brasileiras, especialmente quanto a seus esforços de captação de recursos. Sabemos que a sustentabilidade institucional é um grande desafio para a maioria das centenas de milhares de OSCs brasileiras, que buscam recursos com diferentes fontes – pessoas, empresas, fundações, governo, comunidade, ajuda internacional – por meio de diferentes estratégias e técnicas. Quando comparamos esse cenário com outros países, a doação individual ainda tem muito a crescer no Brasil, mas já é a fonte mais mobilizada pelo conjunto das organizações (NIC.BR, 2023).

Destacamos a seguir duas das implicações que mais chamam atenção.

As doações e o pix

Começamos destacando uma mudança significativa na forma de pagamento das doações: o pix. Não existia em 2015, na primeira edição; já estreava timidamente em 2020, com 8%. Agora, pula diretamente para o meio mais usado para doar, com 39% das menções, à frente de métodos mais tradicionais como dinheiro, débito e boleto.

A primeira implicação é óbvia: toda organização que quer facilitar o recebimento de doações deve ter uma chave pix, idealmente ligada à conta bancária da organização. Se parece algo óbvio, não necessariamente é uma tarefa tão fácil de ser cumprida. O setor sofre dificuldades na relação com bancos. Estudo recente da ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos – mostra que muitas organizações têm dificuldade de abrir contas bancárias (⅓ já teve abertura de conta negada). A maioria dos respondentes relata a dificuldade de ter acesso a serviços básicos como cartões de débito, crédito ou linhas de empréstimo. Quase 20% afirmaram já ter tido sua conta bloqueada. Em função de todas as dificuldades, não é de se surpreender que 1 em cada 4 organizações (26%) já precisou movimentar recursos por meio de contas pessoais de seus dirigentes (ABCR, 2023). Dessa forma, ter chave pix em nome da organização já representa uma conquista para muitas das OSCs brasileiras.

A segunda implicação do crescimento do uso do pix é o desafio da recorrência das doações. O aumento do pix veio acompanhado, na Pesquisa de 2022, da diminuição na regularidade das doações às OSCs. Se em 2015 64% dos respondentes faziam doações ao menos uma vez por mês, essa taxa caiu consideravelmente agora, passando a 44%. Já a proporção dos que doam 4 vezes ao ano quadruplicou, passando de 5% para 21%. Não podemos afirmar que a preferência pelo pix causou a diminuição na frequência, mas é preciso lembrar que este modelode transferência ainda não encontra meios fáceis para sua recorrência. Captadores e prestadores de serviço neste campo – como as plataformas de doação e empresas de tecnologia – precisarão usar de sua criatividade para enfrentar esse desafio.

A (des)confiança nas OSCs

Há consenso na literatura acadêmica de que confiança é um indicador importante para a chance de sucesso de um pedido de doação (Abdal et al, 2019). Quanto maior a confiança, maior a probabilidade de doação; quanto menor a confiança, mais difícil a doação. Diante desse quadro, é preocupante notar que a Pesquisa Doação Brasil 2022 traz o aumento da desconfiança dos respondentes perante as organizações sociais que atuam no país.

Duas perguntas relativas à confiança tiveram piora em seu índice. Ainda que com valores maiores do que 2015, a melhoria vista durante a pandemia caiu significativamente. Apenas 31% concorda que as “ONGs deixam claro o que fazem com os recursos que aplicam”, ante 45% em 2020. A mesma proporção (31%) acha que a “maior parte das ONGs é confiável” (41%, na pesquisa anterior). Outras questões que medem dimensões relacionadas – como competência, efetividade e clareza na comunicação – também tiveram piora nos resultados.

Novamente, não temos dados suficientes para explicar a queda na confiança. Esse retrato é semelhante ao de outras pesquisas, que mostram uma piora na imagem geral das organizações e do setor. O desafio concreto, para cada organização, é buscar cada vez mais transparência e proximidade ao público (conforme Abdal et al, 2019). Transparência tende a ser algo mais impessoal e acontece por meio de boas práticas de prestação de contas, auditoria e demonstração de resultados. Já a proximidade aos doadores e potenciais doadores vem da indicação de amigos, familiares, colegas e influencers, bem como um conhecimento maior da organização (em visitas, por exemplo).

Mas há ainda uma dimensão coletiva da confiança, que depende do esforço de cada profissional e voluntário e de cada organização. Depende também da boa relação com imprensa, influenciadores e formadores de opinião. Idem quanto à relação com governo, seja nas parcerias em políticas públicas, seja no diálogo constante e aberto com seus órgãos de controle. Vale destacar, ainda, iniciativas lideradas por organizações de infraestrutura do campo social que se mobilizam para divulgar e valorizar o papel das organizações sociais no Brasil, como a Sociedade Viva (https://sociedadeviva.org.br/).

Espera-se que o conjunto de esforços citados acima contribua para aumentar a confiança nas ONGs. E, por consequência, ajudar no crescimento dos doadores institucionais no país. Que o Brasil seja cada vez mais conhecido por sua forte Cultura de Doação.

 

Referências

  • ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos. AS ONGS E OS BANCOS: Uma pesquisa exploratória sobre as barreiras que as organizações da sociedade civil enfrentam no sistema financeiro. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/13tQDpnRRqkngOrjuDl8DEASQNQKuVKEV/view . Acesso em 16 de agosto de 2023.
  • Alexandre Abdal ; ALVES, M. A. ; Nogueira, F. A. ; Andrea Pineda ; Campos, P. H. ; CALIXTO, G. ; CAMPOS, G. . Pesquisa Comportamental Sobre Doadores de Alta Renda. 2019. (Relatório de pesquisa).
  • NIC.BR – Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (editor). Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas organizações sem fins lucrativos brasileiras : TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 [livro eletrônico]. — 1. ed. — São Paulo : Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2023

 

 

Analisando a Geração Z | Pesquisa Doação Brasil 2022

Por Maurício de Almeida Prado, Diretor Executivo da Plano CDE

“Falhamos em deixar um Brasil melhor para nossos filhos, mas conseguimos deixar filhos melhores para o Brasil”. Com essas palavras o executivo Fábio Barbosa definia, em uma entrevista para a revista Carta Capital, suas expectativas com uma geração que seria supostamente mais consciente de seu papel frente a questões sociais e ambientais do que a dele.

Mas será que as novas gerações têm mesmo uma postura diferente? Uma das formas de entender essas diferenças é olhando para uma questão muito importante em sociedades de todo mundo: a disposição para fazer doações e o envolvimento com a filantropia. Para isso, nada melhor do que analisarmos os dados e evidências levantados pela recém-lançada pesquisa Doação Brasil, coordenada pelo IDIS e realizada pela Ipsos Brasil.

No estudo, que ouviu mais de 1.500 pessoas em todo o País, podemos comparar as respostas do público da faixa etária de 18 a 27 anos – que costuma ser classificado como Geração Z – com o restante da população.

 

A Geração Z e as doações

Geração Z é nome dado ao grupo de pessoas nascidas entre os anos de 1995 e 2010. Como a pesquisa “Doação Brasil” foi realizada apenas com maiores de 18 anos, usaremos o recorte de 18 a 27 anos para esta análise.

O primeiro achado deste estudo é que os jovens da Geração Z estão doando mais do que há dois anos.  Na pesquisa recém-lançada, coletada em 2022, 84% dos jovens da Geração Z disseram ter feito alguma doação no último ano, frente a 63% na pesquisa de 2020. Isso demonstra um crescimento expressivo da prática de doação por esta faixa da população.

As doações mais realizadas foram de bens materiais (76%), seguidas por dinheiro (43%) e doação de tempo/trabalho voluntário (30%). Interessante notar que a Geração Z doa proporcionalmente mais em forma de trabalho voluntário do que o restante da população (30% contra 26%) e faz menos doações em dinheiro (43% contra 49%) do que a população em geral). Essa diferença pode ser explicada pela menor renda média deste público frente as gerações mais velhas, sendo que a maior doação de tempo pode indicar uma oportunidade para as organizações filantrópicas.

 

Jovens acreditam mais na sociedade civil e confiam mais na ONGs

Quando perguntados sobre quem deveria ser responsável pelas soluções dos problemas sociais e ambientais no Brasil, os jovens da Geração Z conferem maior responsabilidade às ONGs e empresas do que à população em geral, que atribui um peso maior ao governo para resolver essas questões (indicam as ONGs 91% contra 84% da população/indicam as empresas 96% contra 92% da população).

É no entendimento do papel das ONGs na sociedade e na confiança em sua atuação que a Geração Z apresenta as maiores diferenças em relação ao restante da população. Elas concordam mais que as ONGs são necessárias para ajudar no combate aos problemas sociais e ambientais (74% contra 67%), entendem melhor que a ação das ONGs leva benefícios a quem realmente precisa (74% contra 58%) e compreendem melhor o papel das ONGs na sociedade (73% contra 65%).

Também demonstram claramente uma maior confiança nessas organizações, uma vez que concordam mais com a afirmação “A maior parte das ONGs é confiável” (39% contra 31%), com que “ONGs dependem da colaboração de pessoas e empresas para obter recursos e funcionar” (83% contra 75%) e confiam mais na transparência da atuação das ONGs (39% contra 31%).

No estudo “Conservadorismo e questões sociais”, realizado pela Plano CDE para a Fundação Tide Setubal, foram levantadas algumas hipóteses que explicariam a desconfiança de parte do público conservador mais idoso em relação às ONGs. Os entrevistados relataram em pesquisas qualitativas uma dificuldade de confiar em ONGs que não conheciam direito, com certa generalização de uma imagem negativa dessas organizações. Porém, quando mencionadas ONGs que eram próximas fisicamente e conhecidas dos entrevistados, como as da igreja do bairro, estas eram apontadas como merecedoras de confiança por esse público. Havia certa dicotomia entre a imagem da ONG distante e intangível e a imagem da ONG local, próxima, tangível e confiável.

Mais do que dar transparência ao trabalho das ONGs através de relatórios, parece haver a necessidade de uma aproximação com esses públicos, que já consolidaram uma imagem de desconfiança de algo que, muitas vezes, aparece como distante e incerto. Trazer esse público para perto, com envolvimento direto nos projetos, poderia ser uma forma de aproximação para diminuir essa desconfiança e aumentar as doações.

Por outro lado, a maior confiança em ONGs por parte da Geração Z traz uma enorme oportunidade para o campo da filantropia amplificar sua participação na sociedade civil, não apenas com a captação de recursos, mas também com o envolvimento direto dessa parcela da sociedade em seus projetos.

 

Uma geração que doa com menos desconfiança

Quando olhamos as visões da Geração Z sobre a doação em geral, percebemos também uma relação de menor desconfiança do que no restante da população. Eles concordam menos com as frases “Não tenho confiança no que vão fazer com meu dinheiro, se doar” (37% contra 45%) e “Algumas doações beneficiam pessoas que não merecem esta ajuda” (43% contra 53%).

Outros aspectos que demonstram maior confiança nas doações por esse perfil mais jovem é que eles concordam menos com as frases “Eu acredito que é melhor dar dinheiro diretamente a quem precisa sem intermediários” (36% contra 46%) e “Eu penso que não devemos dar dinheiro, mas alimentos e bens” (45% contra 53%). Há claramente maior confiança em intermediários (que podem ser entendidas principalmente como as ONGs) e mesmo na real necessidade do beneficiário — quando veem menos problema em dar dinheiro do que as outras gerações, que, proporcionalmente, preferem doar alimentos e bens, com certa desconfiança de seus usos quando da doação realizada em dinheiro.

Fica aqui o desafio de aproveitar a oportunidade criada pela maior confiança em doações e nas próprias ONGs dessa parcela da sociedade para se criar uma cultura de doação focada nesse público.

 

Por que os jovens doam e quem os influencia?

As principais motivações dos jovens nas doações estão ligadas a três fatores: os objetivos/temáticas das causas, participação cidadã e a aspectos pessoais/emocionais. Logo, vemos como principais respostas: acredito nessa causa que ajudo (94%), seguida pelo sentimento de fazer a diferença (89%) e do entendimento de que todos devem participar da solução dos problemas sociais (88%). Na sequência, temos “Porque me faz bem”, com 88% das respostas, e “Porque me ajuda no meu desenvolvimento como pessoa”, com 76%. O que mais diferencia a Geração Z é que, para esse grupo, as doações são menos motivadas por motivos religiosos (44% contra 55% da população em geral).

As principais influências dessa geração na hora de doar são: familiares e amigos, grupos religiosos e abordagens na rua – o que é similar à população em geral. Porém, para a Geração Z há uma importância maior de influenciadores/redes sociais do que para a população em geral (25% contra 17%). A rede social que mais influencia esse grupo a doar é o Instagram (89%), seguido pelo Facebook (37%) e TikTok (13%).

As causas que mais receberam doações dessa geração foram: crianças (38%), seguidas por combate à fome (26%), população de rua (20%) e situações emergenciais (19%). As causas/públicos que mais diferenciam essa geração em relação ao restante da população são: população de rua (20% contra 15%) e causa animal (9% contra 5%).  Quando perguntados sobre seu envolvimento além das doações, 62% dos jovens dessa geração já se envolveram em outras ações sociais, para além das doações realizadas.

A maior importância das redes sociais para o engajamento desse público deve subsidiar as estratégias das ONGs em sua comunicação.

Por outro lado, quando vemos que quase dois terços dos jovens (62%) já se envolveram com a filantropia para além das doações, reforçamos a ideia de uma geração com maior potencial de participação no campo.

 

O papel socioambiental das empresas importa muito para essa geração

Quando olhamos para as percepções dessa geração em relação ao consumo e às práticas das empresas, notamos que esse perfil declara rejeitar mais a compra de produtos de empresas envolvidas com práticas inadequadas do que a população geral (83% de rejeição contra 77%).

Já um estudo sobre a Geração Z realizado pela consultoria Deloitte em 2023 aponta que os jovens dessa geração consideram que suas empresas estão evoluindo em questões de diversidade e impacto socioambiental. Porém, a maioria ainda percebe que suas empresas não estão fazendo o bastante nessas frentes.

Seja como consumidores ou colaboradores, os jovens da Geração Z demonstram estar atentos à atuação das empresas, impondo um desafio para que as organizações acelerarem suas atuações em ASG (ambiental, social e governança).

 

Conclusões

A análise dos dados da pesquisa “Doação Brasil”, no recorte dos jovens da Geração Z, demonstra maior entendimento do papel da sociedade civil por esse público, com empresas e ONGs tendo uma importância similar a governos na solução dos problemas socioambientais. Mais do que isso, vemos uma relação de maior confiança no trabalho das ONGs e destinação de suas doações e um interesse no envolvimento direto com seus projetos. A comunicação com essa geração deve considerar a importância das redes sociais para esse público nas estratégias de engajamento e captação. Por fim, temos essa parcela da população com um olhar mais crítico frente a atuação das empresas – o que deve ser um ponto de atenção às estratégias ASG dessas organizações.

Os achados deste estudo apontam para caminhos interessantes de planos de ação focalizados no público jovem que apresenta uma pré-disposição maior em participar de filantropia – uma grande oportunidade de alavancarmos a cultura de doação em nosso país.

Doações individuais para ONGs e projetos socioambientais em 2022 somam R$ 12,8 bilhões

Promovida pelo IDIS, a Pesquisa Doação Brasil é o mais amplo estudo sobre a prática da doação individual no País. Em sua 3° edição, traz um capítulo especial sobre a Geração Z

A prática da doação vem ganhando cada vez mais força no Brasil. Em 2022, 84% dos brasileiros acima de 18 anos e com rendimento familiar superior a um salário mínimo fizeram ao menos um tipo de doação, seja de dinheiro, bens ou tempo, na forma de voluntariado. Dois anos antes, a média era de 66%. A doação diretamente para ONGs e projetos socioambientais foi praticada por 36% dos respondentes, mantendo-se estável. Estes achados integram a terceira edição da Pesquisa Doação Brasil, iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e realizada pela Ipsos.

 

 

O lançamento e divulgação dos dados da publicação aconteceu no dia 24 de agosto, em um evento online, transmitido via YouTube. O evento rendeu mais de 1.000 visualizações da transmissão ao vivo. Confira a gravação:

 

 

O levantamento explora também o volume de recursos destinado. A mediana das doações alcançou R$ 300. Em 2015 era de R$ 240 e em 2020, de R$ 200. O crescimento foi puxado por um maior percentual de doações mais altas durante o último ano. O cálculo permite estimar que R$ 12,8 bilhões foram destinados a ONGs e projetos socioambientais, o equivalente a 0,13% do PIB de 2022 (R$ 9,9 tri). Para efeito de comparação, em 2021, segundo o Benchmarking do Investimento Social Corporativo, o BISC, o valor destinado a organizações e causas de interesse público pelas 324 empresas e 17 institutos participantes foi de R$ 4,1 bilhões.

“O Brasil é um país com muitas desigualdades e a prática da doação é um aspecto fundamental da nossa sociedade. Na Pesquisa Doação Brasil, nos dedicamos a compreender quem são os doadores, quais suas motivações, qual a percepção que têm sobre as ONGs e quais são as barreiras apresentadas por não doadores. Neste ano, ainda nos debruçamos sobre a Geração Z, os doadores do futuro. São dados importantes, que contribuem para incidirmos no fortalecimento da cultura de doação”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Conheça outros destaques da Pesquisa Doação Brasil 2022:

  • Mais da metade da população com rendimento familiar acima de 6 salários mínimos fez ao menos uma doação institucional em 2022. As únicas faixas que registraram crescimento no percentual de doadores foram a população com renda familiar entre 1 e 2 salários mínimos (de 25% para 29%), menor escolaridade – de 27% para 32% entre aqueles com até o Ensino Fundamental completo – e adultos acima de 60 anos (de 32% para 42%). Os homens estão doando mais. 37% dizem ter feito alguma doação para ONG ou projeto socioambiental em 2022 (um aumento de 5 pontos percentuais) e agora a participação se equiparou à das mulheres, que caiu nos últimos anos.
  • Cresce o número de doações para a causa da saúde e a pessoas em situação de rua. Crianças/causa infantil segue liderando o ranking.
  • ONGs não conseguiram manter percepção positiva gerada durante a pandemia, quando foram protagonistas de grandes ações. Apesar de piora da imagem junto aos brasileiros, nível ainda é superior àquele identificado em 2015.
  • O impacto da pandemia ainda perdura e 38% dos doadores dizem que a experiência os levou a doar mais para ONGs.
  • Instagram é a rede social que mais influencia na doação, mas não é a que capta os valores mais altos, posto ocupado pelo WhatsApp.
  • Os jovens da Geração Z estão doando mais do que no passado, têm uma percepção melhor das ONGs do que a população em geral, e admitem mais a influência das mídias sociais na hora de doar.
  • Perspectiva de aumento das doações é positiva e não doadores se mostram inclinados a repensarem suas atitudes: 93% deles afirmam que poderiam passar a doar (este número era 57% em 2020 e 40% em 2015).

Captcha obrigatório

 

QUAL O DESTINO DAS DOAÇÕES EM DINHEIRO?

Entre os respondentes, 48% disseram que fizeram algum tipo de doação em dinheiro em 2022. O valor é 7 pontos maior que aquele encontrado em 2020 e equivalente ao patamar de 2015 (52%). Parte desses recursos foi destinado a ONGs, projetos socioambientais ou campanhas de cunho social, sendo o percentual da população que faz doação institucionais é de 36%. Chama atenção, entretanto, o aumento significativo do percentual de pessoas que declararam doar esmolas, subindo de 6% em 2020 para 16% em 2022. Esse crescimento está alinhado com o aumento (de 1% em 2020, para 10%) das doações institucionais para organizações e projetos que atendem pessoas em situação de rua, mostrando a sensibilidade aguçada para a causa.

 

MEIOS DE PAGAMENTO

Para fazer as doações institucionais, o PIX foi canal favorito. O instrumento de pagamento surgido em 2020 já conquistou a preferência de 39% dos doadores, enquanto a doação em dinheiro vivo vem sendo cada vez menos adotada. Também chama a atenção o aumento no percentual dos que declararam ter feito doação na forma de arredondamento, isto é, abrindo mão do troco de centavos para que o estabelecimento comercial encaminhe o valor para alguma organização socioambiental. A escolha, que era feita por menos de 1% dos doadores institucionais em 2020, passou a ser feita por 11%.

“Um fator essencial para alavancar as doações são as tecnologias de doação. Esse avanço teve efeito na facilidade operacional de doar, com ferramentas como botões no e-commerce, redes sociais e o pix”, explica Renata Burroul, consultora técnica das três edições da Pesquisa Doação Brasil.

 

PERCEPÇÃO SOBRE AS ONGS

Em 2020, com o protagonismo das ONGs durante a pandemia, houve, entre a população, uma melhora significativa da opinião pública sobre as organizações da sociedade civil. Dois anos depois, os dados mostram uma retração considerável, mas ainda mais positiva que a imagem em 2015.

Os maiores recuos surgem nas questões relativas à confiança nas organizações do terceiro setor. Na afirmação “As ONGs deixam claro o que fazem com os recursos que aplicam”, houve uma queda de 14 pontos percentuais na concordância (de 45% para 31%); e para “A maior parte das ONGs é confiável”, o registro foi de 10 pontos percentuais a menos (de 41% para 31%).

“A Pesquisa começa a deixar mais claro quais os efeitos efêmeros da pandemia e quais aqueles que vieram para ficar. A imagem sobre o trabalho realizado pelo Terceiro Setor é ainda bastante volátil e propensa a acompanhar o contexto social. É importante que o setor colabore entre si para fortalecer a percepção e o engajamento da sociedade em geral”, comenta Luisa Lima, gerente de Comunicação e Conhecimento no IDIS.

Os jovens da Geração Z, pelo contrário, se mostram muito mais otimistas e positivos em relação às ONGs em todos os quesitos. A diferença em relação à população em geral é especialmente maior na afirmação de que as “ONGs levam benefícios a quem realmente precisa” (74% entre a Geração Z contra 58% da população geral). Em afirmações como “As ONGs deixam claro o que fazem com os recursos” e “A maioria das ONGs são confiáveis” a concordância da Geração Z está na casa dos 39%, o que mesmo sendo maior que na população em geral, ainda é ponto de atenção.

 

CÍRCULO SOCIAL OU MÍDIAS DIGITAIS: QUAL INFLUENCIA MAIS A DOAÇÃO?

Foi incluída nesta edição uma pergunta relacionada aos atores que mais estimulam a doação. Pedimos que os doadores institucionais escolhessem, dentre uma lista de possibilidades, os três mais importantes para eles. As respostas mostraram que o convívio social nos locais religiosos e nas comunidades têm maior poder de influenciar o doador, seguido da a família, vizinhos e amigos. Já as mídias sociais e influencers digitais aparecem na quarta posição, com 17%. Entre a Geração Z, o valor de alcance das mídias e influencers digitais cresce para 25% dos doadores.

Quando perguntados sobre quais mídias sociais os influenciam a doar, as mais citadas, tanto entre os doadores institucionais da população geral quanto no recorte de Geração Z é o Instagram (85% e 89% respectivamente); seguida pelo Facebook (33% e 37%, respectivamente). Após as duas primeiras colocadas, temos as mudanças mais significativas: enquanto a população geral considera YouTube e WhatsApp (ambas com 13%) entre suas outras maiores influências, na Geração Z, a terceira e quarta colocação ficam com TikTok e YouTube. Nesse recorte, o WhatsApp aparece com apenas 4% de respostas, atrás também do Twitter. Em ambos os casos, o LinkedIn foi a rede menos citada.

ATUAÇÃO CIDADÃ DE MARCAS E EMPRESAS

Nesta edição, procuramos compreender como a percepção sobre a reputação de marcas e empresas influencia as decisões de consumo. O resultado mostra que as pessoas punem muito mais as empresas e marcas que possuem condutas inadequadas (77%) do que premiam as que adotam boas práticas investimento social (44%). Entre os doadores institucionais, esse impacto é ainda maior – 85% e 49%, respectivamente.

 

GERAÇÃO Z: COMO DOA O JOVEM ENTRE 18 E 27 ANOS?

Assim como na população em geral, os dados sobre Geração Z demonstram que eles também estão doando mais. Enquanto, em 2020, 63% deles diziam ter realizado algum tipo de doação, em 2022 o número chega a 84%, igualando-se à média nacional. Os destaques de doação nesse recorte estão principalmente para doadores de bens (76%) e trabalho voluntário (30%). Já quanto à doação de dinheiro para ONGs e projetos socioambientais, os jovens ficam 9 pontos abaixo da média geral, 27% contra 36% – fenômeno natural, uma vez que a disponibilidade de dinheiro nessas idades, por vezes, é menor do que quando comparada a pessoas mais velhas. Por outro lado, eles tendem também a ter uma visão mais positiva sobre a doação e sobre as ONGs.

A Pesquisa mostra também que jovens que doam tem a tendência de também promover, ou contribuir de alguma forma em campanhas de arrecadação ou mobilização para ajudar outras pessoas. Isso foi confirmado por 7 em cada 10 jovens doadores em 2022 e, 20% deles dizem terem feito isso mais de uma vez.

Quando falamos em causas, ações ligadas à infância e ao combate à fome são as duas primeiras colocadas na preferência dos brasileiros, e isso se confirma também entre os jovens. Porém, o ranking segue com diferença entre os doadores da Geração Z e da população geral. Os jovens se sensibilizam mais com pessoas em situação de rua e situações emergenciais, mostrando disposição à questões mais visíveis e com impactos mais imediatos. A causa animal também conta com mais simpatizantes entre a Geração Z do que na população como um todo.

PERSPECTIVAS 2023

De modo geral, há um clima de otimismo em relação ao crescimento da prática da doação. Entre os doadores institucionais, 45% afirmam que doará mais no ano seguinte. Na edição anterior, este percentual foi de 36%. O mesmo movimento aparece entre os doadores da Geração Z: 52% se dizem disposto a doar mais. Positivo também que 93% dos não doadores disse que poderia passar a doar, uma grande variação em relação a 2020, quando apenas 57% estavam dispostos a isso. O gatilho para a mudança de atitude, entretanto, dividiu opiniões. 28% disseram que passaria a doar se tivesse mais dinheiro, 13% indicaram que gostaria de saber como o dinheiro está sendo usado e, 12%, que deseja conhecer uma ONG em que confie.

“Um dado que me chamou muita atenção, e que me deu muita alegria, é o fato de que 93% dos não doadores podem mudar de lado (…) Esse número é fruto do trabalho de muitas organizações trabalhando para que isso acontecesse”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS, durante evento de lançamento da Pesquisa.

METODOLOGIA

A Pesquisa Doação Brasil 2022 foi realizada entre 03 de maio a 13 de junho de 2023 a partir de uma abordagem quantitativa, com a realização de 1.508 entrevistas telefônicas. A amostra é representativa do cenário nacional e a margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Perfil dos participantes

  • Homens e mulheres
  • Classe: ABC
  • Idade: maiores de 18 anos
  • Renda familiar superior a 1 salário mínimo

 

REALIZAÇÃO E APOIADORES

A Pesquisa Doação Brasil 2022 é uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e da CAF – Charities Aid Foundation. A realização é da Ipsos e conta com o apoio do Instituto Beja, Movimento Bem Maior, Raízen, Instituto ACP, Instituto Galo da Manhã, Instituto MOL, Doare e Instituto Phi. Contribuíram também os filantropos Luis Stuhlberger e Teresa Bracher.

IDIS recebe Cida Bento para debate sobre branquitude

Na última semana, o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) teve a honra de receber a renomada autora e ativista Cida Bento em uma reunião com toda a equipe. O encontro, promovido pelo Comitê da Diversidade do IDIS, proporcionou aos colaboradores uma oportunidade única de dialogar e refletir sobre as questões abordadas no livro ‘Pacto da Branquitude’ (Cia da Letras, 2022)

 

A ocasião foi marcada por diálogos profundos e pela exploração das complexidades que envolvem o tema da branquitude, ambiente de trabalho e suas implicações na sociedade brasileira. O encontro ocorreu no Rubens Naves Santos Jr Advogados, localizado no Conjunto Nacional, em São Paulo, espaço cedido pelo conselheiro fiscal do IDIS e sócio do escritório de advocacia, Guilherme Amorim.

 

O livro é uma obra de destaque no cenário da luta contra o racismo no Brasil. A autora, que é fundadora do CEERT- Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, aborda de maneira franca e crítica a questão da branquitude, um termo que descreve o privilégio racial que indivíduos brancos têm em uma sociedade predominantemente branca. Cida Bento conduziu uma conversa envolvente, compartilhando reflexões e perspectivas que desafiaram os participantes a repensarem experiências e atitudes em relação à questão racial.

 

 

Durante a fala, Cida enfatizou a importância de promover a inclusão e a igualdade racial em todos os setores da sociedade, e como isso é fundamental para a construção de um Brasil mais justo e diverso, principalmente em organizações da sociedade civil.

 

 

“Instituições mais equânimes ajudam a sustentar uma sociedade mais democrática”, pontua Cida Bento, autora do livro ‘O Pacto da Branquitude’. 

 

Os colaboradores do IDIS, puderam trazer perguntas acerca do livro e da temática e discutir estratégias para fomentar a inclusão e a equidade racial não só em em atividades individuais pessoalmente, mas também profissionais e junto a investidores sociais. 

 

O encontro, coincide com o período de realização do segundo censo interno do IDIS, que monitora o perfil demográfico da equipe nas temáticas da diversidade. Para Cida, realizar uma pesquisa interna é um dos importantes primeiros passos para o início de um processo de reconhecimento e de atuação em prol da temática. “Ouvir as recomendações da Cida para promoção de um ambiente mais diverso e saber que isso está em linha com propostas do Comitê de Diversidade mostra que estamos no caminho certo nessa jornada”, comenta Alexandre Gonçalves, líder do Comitê de Diversidade e analista de comunicação do IDIS. 

 

Esta reunião de equipe com Cida Bento integra uma série de iniciativas de reuniões e letramentos internos na jornada do IDIS em direção à promoção da diversidade e da igualdade racial, também alinhada à missão central do IDIS de fortalecer o investimento social no Brasil. Após a reunião, a equipe ainda teve espaço para que Cida autografasse os livros, cujos exemplares foram distribuídos previamente para toda a equipe. 

Conheça o Comitê de Diversidade do IDIS.

O que é Grantmaking e como a prática contribui para ações de impacto social

por Paula Lottenberg e Aline Herrera

 

Você sabe o que é grantmaking? A prática tem se destacado no campo do Investimento Social Privado como um caminho para a potencialização dos recursos investidos nas causas e projetos sociais. Conheça aqui todos os detalhes sobre o modelo!

 O termo se refere a uma estratégia de atuação do campo da filantropia que envolve o repasse de recursos financeiros para organizações e projetos sociais já existentes. Desta maneira, o investimento social amplia as fronteiras de atuação para além do entorno do financiador, como seria com a criação e execução de projetos próprios.

Além de reduzir os custos financeiros e técnicos para as empresas e organizações financiadoras, a prática de grantmaking é capaz de potencializar o Investimento Social Privado e impacto. Isso ocorre porque a descentralização dos recursos passa a contemplar uma diversidade de causas e comunidades, promovendo, inclusive, iniciativas em regiões e localidades menos estruturadas do país.

Pensemos, por exemplo, num doador interessado em investir em determinada causa, com um recurso disponível de R$150 mil. Se esse doador decidir por criar um novo projeto, esse recurso seria consumido em grande parte entre as etapas de estruturação e despesas operacionais relacionadas ao início de um novo programa, com pouca vazão para o impacto de ponta. Além disso, todo o recurso estaria concentrado em um único projeto, com atuação e beneficiários muitas vezes limitados geograficamente.

Já se esse mesmo doador optar pelo grantmaking, esses R$150 mil seriam repassados para organizações da sociedade civil, podendo virar dois apoios de R$75 mil ou cinco apoios de R$30 mil. Como as organizações que receberiam os repasses já são estruturadas, quase a totalidade do recurso se destinaria para a execução dos projetos escolhidos, potencializando a atuação e a abrangência daquele investimento e, consequentemente, seu impacto na sociedade.

As organizações beneficiárias são selecionadas a partir de um criterioso processo de análise – que pode se dar por editais abertos, cartas convites ou outros meios. Também é comum, na prática, a relatoria de utilização do recurso, através de ferramentas de Monitoramento e prestações de contas. Dessa forma, o doador garante que o investimento está voltado para o impacto e sendo gerenciado por equipes que tem expertise na causa escolhida.

Este incentivo estratégico, mais do que repasse financeiro, é um ato de encorajamento às organizações da sociedade civil (OSCs) que desenvolvem soluções reais para as comunidades e causas com as quais atuam. Assim, as organizações firmam-se como protagonistas de seu meio, proporcionando resultados mais assertivos aos beneficiários.

O grantmaking estimula que as iniciativas sejam cada vez mais aperfeiçoadas em níveis técnicos, de abrangência e de impacto, impulsionando um desenvolvimento comunitário mais sustentável, justo e inclusivo.

 

Surgimento do Grantmaking como estratégia de doação

O grantmaking surgiu junto com a ascensão da filantropia moderna no final do século XIX, provocada pela crítica social da doação de quantias muito pequenas e sem foco para organizações beneficentes.

Essa nova forma de investimento social foi constituída pela criação de fundações inovadoras de famílias como Rockefeller e Ford que enriqueceram com as indústrias siderúrgica, petrolífera, ferroviária, telegráfica e automobilística.

Para receber as doações em larga escala dessas fundações, as instituições sociais começaram a adotar métodos de gestão profissional e colocaram como foco de seu trabalho a melhoria das condições sociais. Essas novas práticas tiveram impacto de longo prazo na forma de fazer filantropia e na educação, cultura, ciência e saúde pública em todo o mundo.

Esse momento histórico também foi marcado pelo desenvolvimento das doações e do voluntariado nos Estados Unidos, impulsionados pela Primeira Guerra Mundial. Durante esse período, os americanos doaram mais de US$400 milhões à Cruz Vermelha, gerando uma democratização das doações, incluindo também a classe média.

 

Grantmaking no Brasil

Historicamente, observamos como prática do investimento social brasileiro mais agentes executores de seus próprios projetos do que financiadores de organizações da sociedade civil. Contudo, em 2020, o Censo GIFE registrou, pela primeira vez, que o volume de recursos doados (47%) foi superior aos executados pelos próprios financiadores (42%). Foram R$2,5 bilhões doados a terceiros, sendo R$2 bilhões para iniciativas de enfrentamento aos efeitos da pandemia de Covid-19, indicando que este foi um acelerador para novos modelos de filantropia e concessão de recursos.

O resultado demonstrou que o campo do investimento social pode atuar de forma solidária e ágil na resposta a situações emergenciais. Contudo, esse dado não indica necessariamente que as empresas, institutos e fundações estão atuando mais como grantmakers, uma vez que não é possível saber o quanto desse formato de doações foi incorporado às estratégias permanentes das organizações.

Nesse sentido, outro dado importante do Censo GIFE é o número de investidores sociais essencialmente financiadores, ou seja, aqueles que destinam mais de 90% do orçamento à doação para terceiros. Em 2020, apenas 16% dos respondentes foram classificados como essencialmente financiadores, praticamente o mesmo patamar de dez anos atrás e com queda de 7% em relação a 2018, apesar do acentuado crescimento no volume de doações em razão da pandemia.

Os doadores institucionais têm preferido alocar os seus funcionários na administração direta de programas próprios, dedicando-se a uma visão de redução dos riscos que poderiam existir com o repasse de recursos para terceiros. Nesse caso, a ausência de ações de grantmaking pode ser explicada principalmente pela falta de confiança nas organizações da sociedade civil.

Essa perspectiva faz com que as práticas de repasse de recursos hoje sejam bastante limitadas, normalmente vinculadas a financiamentos pontuais a projetos com prazos pré-definidos de 12, 18 ou 24 meses e com alto nível de controle e exigências para as prestações de contas.

No entanto, esse alto nível de controle sobre o recurso vem se mostrando cada vez mais infundado. Uma pesquisa global da Eldeman sobre confiança e credibilidade, realizada com mais de 36 mil respondentes em 28 países indica que 60% dos respondentes confiam nas ONGs e que essas, em conjunto com as empresas, são as instituições mais confiáveis pela população. O nível de confiança se potencializa quando esses dois agentes trabalham juntos, indicando que a parceria deve ser transparente e sólida e que se há alguma desconfiança das empresas, essa não se justifica.

Mudanças na prática de grantmaking

Desde a pandemia, o debate sobre as práticas de grantmaking tem ganhado espaço e importância em temas como apoio institucional e confiança, que se apresentam como desafios a serem superados e aspectos a serem desenvolvidos.

Nas experiências de ações emergenciais, as formas de repasse dos recursos mudaram: aconteceu um movimento de maior flexibilidade, simplificação de processos, menos controle e mais autonomia para as organizações da sociedade civil do que normalmente. Nesse momento o foco passou a ser a resolução rápida de problemas. Para isso, algumas organizações investidoras desenvolveram instrumentos jurídicos mais simples, flexibilizaram processos e protocolos, agilizaram as aprovações internas e o repasse de recursos, aumentaram o prazo para prestação de contas, diminuíram o rigor técnico no monitoramento e deram maior liberdade para realocação de recursos nas rubricas orçamentárias.

Utilizando-se da metáfora de Vu Le, especialista em organizações sem fins lucrativos, fazer um bom projeto é como assar um bolo: para garantir que o resultado seja satisfatório não basta pagar pelos ingredientes, é necessário também pensar na eletricidade, funcionários da padaria, e todos os outros custos envolvidos.

Outro ponto relevante nesse mesmo sentido é a discussão de que mudanças permanentes em agendas sociais complexas, como é o caso do racismo, machismo, e a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) não são possíveis apenas com apoios de projetos de curto prazo. Nesse sentido, destaca-se que um grantmaking efetivo tem caráter de médio a longo prazo, a exemplo do The California Endowment, que investiu 1 bilhão de dólares ao longo de 10 anos em 14 bairros de Los Angeles para melhoria da saúde na região.

 

Grantmaking participativo: os beneficiários no centro

Existe hoje uma busca maior pela prática do grantmaking participativo, que consiste no compartilhamento ou transferência do poder de decisão sobre a gestão dos recursos doados pelos filantropos e investidores sociais às iniciativas e organizações beneficiárias.

Essa perspectiva parte do reconhecimento de que as pessoas afetadas pelos problemas de determinadas comunidades, possuem legitimidade para falar de suas vivências e assim determinar quais são as prioridades para o uso dos recursos financeiros que lhe são ofertados.

Algumas práticas são aceleradoras dos processos de grantmaking mais participativo, sendo elas:

  • Reafirmação de valores;
  • Escuta de feedback dos beneficiários (grantees);
  • Adoção de uma abordagem de aporte equitativo;
  • Resposta a influência de grupos ou pares e;
  • Reação a crises mundiais e políticas.

A adoção desse modelo também passa por uma mudança nos processos de Monitoramento e Avaliação, que passam a ser menos documentais, feitos por relatórios, e mais pautados na confiança e no diálogo, promovendo uma interlocução entre financiadores, instituições financiadas e beneficiários.

Fazer com que os investidores sociais brasileiros mudem suas estratégias de doação e da operação do grantmaking não é uma tarefa simples. Há ainda barreiras, principalmente no que diz respeito às políticas orçamentárias e a aversão ao risco dos investidores. Ainda assim, a prática vem crescendo significativamente nos últimos anos e seus ganhos vêm superando esses entraves.

O foco maior em repasses de recurso de forma mais democrática entre as regiões do país, orientada para transformações sociais de longo prazo e consolidando uma visão de parceria e diálogo entre as organizações envolvidas num modelo de financiamento flexível e plurianual é um caminho para que os repasses gerem impacto social de forma mais efetiva.

O IDIS oferece consultoria e apoio técnico a organizações que desejam investir por meio de prática de grantmaking. Conheça nossos cases sobre o assunto ou converse com nosso time!

IDIS lança Pesquisa Doação Brasil 2022 em agosto

Em sua terceira edição, a Pesquisa Doação Brasil  apresenta dados e análises atualizadas sobre a prática de doação dos brasileiros e, neste ano, conta com um capítulo inédito dedicado às práticas de doação da Geração Z

Qual é o perfil do doador brasileiro? Quais as motivações e causas preferidas? Qual é a percepção em relação às ONGs? Para atualizar as respostas para essas e outras questões que contribuem para a compreensão do cenário da cultura de doação no Brasil, o IDIS apresenta a Pesquisa Doação Brasil 2022.

O lançamento acontecerá no dia 24 de agosto, das 9h às 11h, em uma transmissão online gratuita. O evento contará com a presença de especialistas que analisarão os dados. Essa iniciativa é a principal fonte sobre esse tema no país e chega agora à sua terceira edição.

Além da tradicional apresentação dos dados gerais da população brasileira, a Pesquisa Doação Brasil 2022 também inclui um capítulo temático inédito dedicado à análise das práticas dos jovens. Ele explora os hábitos de doação da Geração Z em termos individuais e suas diferenças em relação à população geral.

O estudo também oferece uma leitura dos dados a partir do contexto sociopolítico brasileiro atual. O objetivo é mapear os hábitos de doação dos brasileiros, caracterizando e permitindo o acompanhamento dos fatores que contribuem para o fortalecimento da cultura de doação no Brasil ao longo dos anos. Isso contribuiu para a formação de ideias de ações específicas para mudanças de atitude.

A Pesquisa Doação Brasil 2022 é uma iniciativa do IDIS e da CAF – Charities Aid Foundation. A realização é da Ipsos e conta com o apoio do Instituto Beja, Movimento Bem Maior, Raízen, Instituto ACP, Instituto Galo da Manhã, Instituto MOL, Doare e Instituto Phi. Deixamos também agradecimentos especiais a Luis Stuhlberger e Teresa Bracher.

FUNDAES: Apoio a organizações locais contribui para superar desafios socioambientais no Espírito Santo

Fundada em 2002, a Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo – FUNDAES busca promover e fortalecer o estado do Espírito Santo por meio das organizações sociais acreditando que o desenvolvimento de um território começa com o apoio aqueles que trabalham localmente para a redução das desigualdades.

 

Entre os projetos promovidos pela entidade estão capacitações, pesquisas, formação de redes colaborativas e advocacy. A FUNDAES também auxilia entidades associadas na candidatura de projetos aos editais de fundos sociais, tanto no âmbito dos municípios quanto do estado do Espírito Santo.

 

A realização de todas estas atividades é possível por meio da captação de recursos com várias fontes de financiamento. Entre elas estão a geração própria de receita por meio da anuidade paga pelas afiliadas – atualmente, são 41 organizações – e também as contribuições de empresas sediadas no estado, grandes parceiras da Federação.

 

Com o apoio do Programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation, a FUNDAES assume um novo papel no território, o de instituto comunitário. Em que o papel principal é integrar e articular o ecossistema de impacto do estado, debatendo as demandas da sociedade capixaba compartilhando conhecimentos, investindo na profissionalização do terceiro setor da região e financiando iniciativas e projetos sociais na região.

 

Esta nova atividade ganhou um braço operacional próprio, chamado de Fundo de Investimento Comunitário Capixaba – “FIC”. O objetivo é atrair o investidor social capixaba para apoiar projetos e iniciativas locais que transformem a região. O Fundo conta com um Comitê Gestor próprio que reúne seis representantes da sociedade civil com diferentes expertises. Entre novembro de 2021 e maio de 2022, o Fundo captou R$ 195 mil com fontes de recursos diversas, dentre elas doações de institutos empresariais, doadores pessoas físicas (dentre eles membros da governança da FUNDAES), associações empresariais, famílias, cooperativas e empresas nacionais e internacionais.

 

Robson Melo, Presidente da FUNDAES, apresentando o fundo da FIC

 

Esta pluralidade de fontes doação é uma das principais características das fundações e institutos comunitários, que atuam como uma ponte entre os interesses dos doadores e investidores sociais para atender as  demandas identificadas e endereçadas pelas organizações e iniciativas do território.

 

Projeto Abrace a Vida, apoiado pela FUNDAES

Financiadas por fontes de recursos diversas: buscam construir ao longo do tempo bases diversificadas de captação de recursos, sempre que possível, realizando a captação também junto à própria comunidade, de modo a impulsionar o papel coinvestidor dos cidadãos, aumentar o engajamento comunitário e contribuir com a construção de relações baseadas na confiança e transparência, na qual tanto o instituto/fundação comunitária quanto cidadãos compartilham a responsabilidade sobre o território e sua comunidade.

 

A FUNDAES é uma das organizações mais bem-sucedidas nesta frente, buscando inovar nas relações com os doadores e arrecadação de doações. Este ano a organização está se dedicando a abrir novas frentes de captação, realizando uma parceria com o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Sergio Aboudib no lançamento da sua autobiografia, l, que destinou 100% da venda do livro para o Fundo de Investimento Comunitário Capixaba e que contou com quase 100 doadores através da iniciativa.

 

“O objetivo do Fundo é apoiar iniciativas capixabas que tenham o objetivo do desenvolvimento comunitário, seja pela formação profissional, arte, saúde ou empreendedorismo, com melhoria da gestão e governança da entidade proponente”, destaca Robson Melo.

 

Também merece destaque para a campanha anual “De olho no dinheiro (Leão Solidário)”, que tem como objetivo mobilizar os declarantes do Imposto de Renda, indivíduos e empresas, a destinarem parte do imposto devido a projetos sociais.

 

COMO FOI CRIADA A FUNDAES

Pode-se dizer que o berço da FUNDAES é o ambiente acadêmico e que a entidade já nasce com o viés do desenvolvimento do território a partir do empoderamento comunitário.

 

O ano era 2002, quando pesquisadores de três instituições de ensino superior – Fucape Business School, FAESA e Centro Universitário e Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – se uniram e buscaram parceria com duas importantes organizações da sociedade civil capixaba – a Fundação Otacílio Coser e a Associação Feminina de Combate ao Câncer (AFECC) – para pesquisar sobre a atuação do terceiro setor na região.

 

A partir de então, com a realização do seminário “O papel do Terceiro Setor para o desenvolvimento local”, foi fundado o Centro de Referência em Terceiro Setor (CERTS), que mais tarde, com o apoio e auxílio técnico das federações coirmãs de São Paulo e Minas Gerais (APF e Fundamig), se tornaria a FUNDAES como a conhecemos hoje.

 

Com uma pausa nas atividades por alguns anos, a Federação volta com força à cena capixaba em 2011, a partir da aproximação do movimento empresarial Espírito Santo em Ação. Como integrante deste grupo, o engenheiro e executivo da indústria siderúrgica Robson Melo se juntou aos então dirigentes – Valcemiro Nossa, Regina Murad, Raquel Coser e Mariluzia Dalla Bernardina para a reativação da FUNDAES. Desde 2019, Robson é membro da diretoria, ocupando a posição de presidente executivo da organização.

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ORGANIZAÇÕES E PROJETOS APOIADOS PELA FUNDAES

Sobre a parceria com o IDIS e a Charles Mott Foundation, Robson Melo destaca que a participação da FUNDAES no Programa Transformando Territórios garante uma parceria impactante e equitativa na medida em que oferece uma rede de colaboração, concedendo apoio financeiro e técnico de acordo com o contexto local de cada instituto e fundação comunitária.

Desde a integração no Transformando Territórios, em 2021, a FUNDAES oferece apoio financeiro a projetos de diferentes temáticas e causas por meio do Fundo de Investimento Comunitário Capixaba.

Entre esses foram apoiados 7 projetos em 6 municípios do Espírito Santo, uma pluralidade importante quando o território de atuação é tão vasto. Conheça os projetos e suas localidades:

  • O projeto Cozinha Abrace, da Associação Abrace a Vida, em Anchieta;
  • Mãos que Fortalecem, do Núcleo Social Roger Fernandes Rodrigues, em Cariacica;
  • Negócio Delas, do Instituto João XXIII, em Vitória;
  • Gestão Organizada em Prol das Mulheres do Território de Andorinhas, do Instituto Mulheres em Ação pela Cidadania, também em Vitória;
  • Segunda Chance, da Associação Casa da Mulher, em Serra;
  • Serviço de Convivência Além dos Muros, do Centro Cultural Araçá, em São Mateus;
  • Simplicidade, do Projeto Simplicidade, em Vila Velha.

Mãos que Fortalecem

O diretor da FUNDAES destaca que, das sete organizações selecionadas na primeira chamada, apenas duas são afiliadas da entidade. Alguns apoios foram destinados à formalização e estruturação destas organizações, possibilitando o maior acesso das iniciativas a recursos financeiros futuramente.

Para ampliar a divulgação da chamada do Fundo de Investimento, a FUNDAES utilizou da rede de 41 de organizações associadas e de uma estratégia inovado As associadas ajudaram a divulgar o edital nas próprias cidades e escreviam cartas de recomendação para que organizações não formalizadas também pudessem participar do edital.  Esta ação mostra o poder da atuação em rede e o potencial da parceria para o desenvolvimento local.

“Muitos projetos, apesar de comprovadamente provocar impacto social positivo, não atendem aos pré-requisitos complexos dos editais públicos por estarem em fase inicial ou outras questões burocráticas. Selecionamos organizações do norte, do sul e do centro do estado e os apoios financeiros são muito personalizados, de acordo com as demandas de cada uma”, explica.

 

Agora, a FUNDAES faz uma nova rodada de captação de recursos até junho para o lançamento da 2ª Chamada de Projetos. A expectativa é garantir ainda mais recursos para apoiar organizações em esforços de transformação de todo o Espírito Santo em um território melhor de se viver.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Estado do Espírito Santo (46 mil km²).
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo – FUNDAES.
  • Nome e cargo da principal liderança: Robson de Almeida Melo e Silva, Presidente da FUNDAES.
  • Causas prioritárias mapeadas pela FIC: Infância e Juventude, Terceira idade, Desenvolvimento comunitário, Arte e cultura.
  • Número de OSCs do território: Aproximadamente 23 mil em todo o estado (ativas ou não). Atualmente, 41 entidades, dentre OSCs, fundações e associações, são associadas à FUNDAES.
  • Desafios regionais: O estado do Espírito Santo enfrenta desafios sociais e ambientais complexos. No âmbito social, a violência urbana é um desafio significativo, com altos índices de criminalidade e violações dos direitos humanos. A falta de infraestrutura adequada, como saneamento básico e moradia digna, afeta negativamente a qualidade de vida de muitos moradores do estado. No contexto ambiental, o Espírito Santo enfrenta a degradação dos seus ecossistemas naturais, em especial a Mata Atlântica e os manguezais. A exploração indiscriminada de recursos naturais, como a mineração e a expansão agrícola, contribui para a perda de biodiversidade e a destruição dos habitats naturais. Porém, o Estado tem significativos avanços na área de educação e houve crescimento econômico em todo o Estado.

 

A FUNDAES integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre a FUNDAES? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

ICBM: Escuta ativa para promover a transformação da Baixada Maranhense

De tempos em tempos, o Instituto Comunitário da Baixada Maranhense (ICBM), ou Instituto Baixada, faz uma consulta online para ouvir os moradores do território sobre as prioridades de investimento social na região. A intenção é saber dos “baixadeiros” quais serão os temas dos próximos editais de apoio a organizações sociais, coletivos da região, escolas públicas e produtores rurais, dentre outros grupos locais. Com esta proposta de escuta ativa, o Instituto Baixada trabalha para promover a transformação em 16 dos 21 municípios da Baixada Maranhense, além de Alcântara, na região metropolitana de São Luís, que apresentam alguns dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.

 

“O conceito de ‘baixadeiro’ inclui todos que nasceram ou foram criados no território ou que apoiam o seu desenvolvimento”, explica o superintendente do Instituto Baixada, Ivan Campos.

 

Encontro Regional de Desenvolvimento Territorial Zona Rural de Palmeirândia

 

A articulação para a criação do Instituto Baixada teve início em 2003. Nesta ocasião, um grupo de jovens que participavam de um projeto do Formação do Centro de Apoio à Educação Básica (FCAEB) – organização maranhense com atuação internacional – começou a se reunir para conceber e materializar projetos para os territórios mais vulneráveis do Maranhão, adotando o conceito de Conjunto Integrado de Projetos (CIP).

 

Ivan na reunião quinzenal de jovens de Palmerândia

Os jovens Diane Pereira, Denivaldo Freitas e Ivan Campos – naturais dos municípios maranhenses de São Bento, Matinha e Palmeirândia, respectivamente – estavam lá. Eles tinham entre 11 e 14 anos quando, junto com outros adolescentes do território, deram os primeiros passos para mudar não só a própria história, como a de muitos ao redor deles.

 

“Havia grupos de interesses com temas variados, como educação, políticas públicas para o desenvolvimento territorial, saneamento e urbanismo,  artes e esportes. Nós três integrávamos, em comum, o grupo de políticas públicas. Foi assim que nos conhecemos, ainda tão novos, discutindo filantropia e desenvolvimento comunitário”, conta Ivan.

 

A ATUAÇÃO DO ICBM

A primeira estratégia do CIP Jovem Cidadão foi a organização de Fóruns da Juventude distribuídos em 10 municípios da Baixada. Assim, foi criado o ICBM, que em 2009 se formalizava como fundação comunitária. Hoje, Diane, Denivaldo e Ivan assumem, respectivamente, os cargos de presidente, vice-presidente e superintendente do instituto, que é composto por 29 membros, sendo 25 fundadores e 4 convidados, todos nascidos na Baixada Maranhense.

 

“Nesta época, o êxodo rural era muito alto no Maranhão. Os jovens deixavam a Baixada Maranhense em busca de melhores condições de vida e acabavam trabalhando em condições análogas à escravidão. Com a formalização do Instituto, as prioridades começaram a ser vistas e analisadas a fim de servir como base para a criação de metodologias transformadoras na construção e no fortalecimento do território, revelando as potencialidades da região”, conta o – superintendente do instituto, Ivan.

 

Os membros do Instituto Baixada constituem o Conselho Comunitário, responsável por eleger o Conselho Curador, que delibera sobre a administração dos fundos, projetos e pautas extraordinárias. Entre integrantes do Conselho Curador, são eleitos o presidente e vice-presidente e escolhido um superintendente.

 

Possuir instâncias de governança formadas por membros do território, garantindo a defesa dos interesses comunitários, e promover apoio técnico e institucional para organizações locais, impulsionando seu desenvolvimento e a construção de capacidades, faz parte princípios das fundações e institutos comunitários (FICS). Entre as diretrizes das FICs, estão:

 

São representadas por membros da comunidade: possuem instâncias de governança formadas por agentes e cidadãos preocupados com as questões locais que, a partir da sensibilidade e profundo conhecimento do território, são responsáveis por manter a organização, identificar temas prioritários, orientar a alocação eficaz de recursos, bem como defender os interesses da comunidade.

São provedoras de apoio institucional e técnico às organizações e iniciativas sociais locais: responsáveis por impulsionar o desenvolvimento e a construção de capacidades das organizações da sociedade civil e iniciativas sociais locais, de modo a elevar padrões de operação e garantir o uso responsável e eficiente dos recursos doados.

 

PROJETOS APOIADOS

Com os editais de apoio, o Baixada capta recursos para apoiar organizações sociais locais e coletivos. Desde 2020, foram captados e repassados por meio de editais R$ 200 mil, apoiando diretamente mais de 500 pessoas participantes de grupos e coletivos da Baixada.

 

Dentre os  mais recentes, estão o “Música na Comunidade”, que cria espaços de aprendizagem em música, o “Juventude Empreendedora”, voltada ao financiamento de pequenos negócios de jovens do Curso Técnico de Gestão de Negócios/Administração do CEMP-EPDT e o “Fortalecendo a Agricultura Familiar”, com o objetivo de apoiar a produção agrícola olindense.

 

Eilane Lobato e Wesley Amorim jovens da Cia. de Dança Teatro Expressão Livre, de Palmeirândia

 

Uma das principais áreas de atuação, aliás, tem sido a agricultura familiar, um pilar importante para o desenvolvimento de comunidades, pois gera emprego e renda local.

Visita ICBM à Zona Rural de São Bento (MA)

Com o apoio de diversos programas, pequenos agricultores têm acesso a recursos e capacitações para melhorar a produção e renda dos quintais produtivos, além do acesso ao Banco de Sementes Crioulas. Este banco funciona no Parque Agroecológico Buritirana e integra o projeto educacional do Centro de Ensino Médio e Profissionalizante (CEMP-EPDT), que oferece cursos técnicos de Agroecologia, Agente Comunitário de Saúde e Gestão e Administração de Negócios.

 

 

O CEMP foi idealizado pelo Instituto Formação com metodologia própria, em parceria com as prefeituras locais, e é gerido atualmente em parceria com o Instituto Baixada. Tem o objetivo de profissionalizar jovens de periferias e da zona rural da região, trabalhando com o mesmo tripé das universidades: pesquisa, ensino e extensão. Em 8 anos, já formou mais de 400 alunos.

 

Outro projeto apoiado é o Laboratório Tear, atualmente, há no território sete deles, equipados com computadores com acesso à internet. Para a criação destes espaços, em conjunto com estudantes, professores e empreendedores, o Instituto Baixada desenha o projeto e estabelece os acordos de implantação do laboratório cujo espaço foi doado pela comunidade.

 

“Cuidar desse território implica percorrer estradas, mar, lagos, campos alagados, trilhas. E quanto mais percorremos o território, mais temos a sede de transformar escassez em abundância. Por isso, nós, do Instituto Baixada, estamos muito felizes de integrar o Transformando Territórios. O programa tem tudo a ver com a nossa missão. Por ser flexível, não deixa a gente engessado. Porque projeto social não tem um modelo, uma caixinha que a gente caiba dentro dela”, finaliza Ivan, superintendente do instituto.

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: Maranhão é o segundo maior estado do Nordeste, com área de 331.935 km². O ICBM atua em 16 municípios da Baixada Maranhense (que tem, ao todo, 21 municípios), mais Alcântara, que integra a Região Metropolitana de São Luís.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Instituto Comunitário Baixada Maranhense – ICBM.
  • Nome e cargo da principal liderança Diane Sousa, presidente;  Ivan Campos, superintendente.
  • População estimada: São atendidos diretamente entre 300 e 350 indivíduos em cada um destes 16 municípios.
  • Número de OSCs do território: Mais de 750 organizações e coletivos.
  • Desafios regionais: As principais demandas da região estão nas áreas de saúde e educação. As distâncias dificultam o acesso à educação e à saúde de qualidade. Em alguns distritos, o posto de saúde mais próximo fica a 4h e só oferece alguns atendimentos mais básicos. E, se nas zonas urbanas já há uma defasagem do atendimento pedagógico, nas zonas rurais o problema é grave, com falta de professores, infraestrutura etc.


 

O Instituto Comunitário da Baixada Maranhense integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o ICBM? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023: saiba como participar

A 12° edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais já tem data: 14 de setembro. Mais uma vez, além do evento presencial em São Paulo exclusivo para convidados, a programação também será transmitida ao vivo.

No Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2023, destacamos iniciativas para uma filantropia mais transformadora, diversa e inclusiva. Valorizamos a criação de metodologias e modelos de financiamento, o estabelecimento de parcerias improváveis, a promoção de mudanças significativas, a atitude de assumir os erros e seguir em frente, e fazer diferente o que já estava dando certo. Destacamos o empreendedorismo e a inovação.

Por isso, o tema deste ano será OUSADIA. Mesmo que inata ao ser humano, ela deve ser desenvolvida, experimentada e aprimorada. Ela requer coragem, criatividade, planejamento e perseverança para enfrentar desafios e correr riscos de forma calculada. Convidamos você a inspirar-se com histórias.

INSCREVA-SE PARA A TRANSMISSÃO AO VIVO

PALESTRANTES CONFIRMADOS

Entre os palestrantes já confirmados estão Armínio Fraga (Filantropo e Ex-presidente do Banco Central), Braulina Baniwa (diretora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade), Eduardo Saron (Presidente da Fundação Itaú), Gelson Henrique (Coordenador Executivo da Iniciativa PIPA), Geyze Diniz (Cofundadora do Pacto Contra a Fome), Gilson Rodrigues (Presidente do G10 Favelas), Jean Jereissati (CEO da AMBEV), Luciana Temer (Diretora Presidente do Instituto Liberta), Marcelo Klein (Diretor de Gestão de Territórios na Vale S.A.), Malu Nunes (Diretora Executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza), Priscila Cruz (Presidente executiva do Todos pela Educação), Roberto Sallouti (CEO e membro do conselho do BTG Pactual), Rodrigo Mendes (Fundador do Instituto Rodrigo Mendes), Saulo Barretto (Fundador do IPTI).

Além de convidados internacionais como Guerda Nicolas (cofundadora do Ayiti Community Trust), Nivedita Narain (CEO da CAF India) e Philip Yun (Head no Global Philanthropy Forum).

 

realização e apoio

A realização é do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, em parceria com o Global Philanthropy Forum e a Charities Aid Foundation, e apoio prata da Charles Stewart Mott Foundation; e apoio bronze da Ambev, B3 Social, BNP Paribas Asset Management, BTG Pactual, Fundação Itaú, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Sicoob, Movimento Bem Maior e Grupo RaiaDrogasil S.A. e Vale. A Alliance Magazine é a parceira de mídia.

Neste ano, o fórum terá novamente a Alliance Magazine como parceiro de mídia. Sediada na Inglaterra, a maior revista de filantropia do mundo fará a cobertura do evento e transmitirá em inglês ao vivo em seu canal do Youtube.

FÓRUM BRASILEIRO DE FILANTROPOS E INVESTIDORES SOCIAIS

O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais oferece um espaço para a comunidade filantrópica se reunir, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. O evento já reuniu mais de 1.500 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Em nosso canal do YouTube estão disponíveis listas com as gravações de todas as edições. Confira!

 

Instituto Chamex anuncia organizações vencedoras da 3ª edição do Edital Educação com Cidadania

O Instituto Chamex, associação civil sem fins lucrativos mantida pela Sylvamo (NYSE: SLVM), anuncia as cinco instituições selecionadas para a 3ª edição do Edital Educação com Cidadania, apoiado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, para 2023. As organizações escolhidas receberão o aporte de 30 mil reais para aplicarem, ao longo de oito meses, nos projetos educacionais aprovados.

O edital está alinhado com as metas 2030 da Sylvamo de apoiar a educação infantil nas comunidades onde a empresa está inserida e tem como objetivo apoiar iniciativas que estimulem, por meio da educação, o uso da criatividade como fonte de soluções transformadoras para a sociedade, desempenhando um papel ativo da cidadania por todo o Brasil. Os projetos são de diversas partes do País e, apesar de diferentes focos, todos são voltados para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4), assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, além de promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Conheça mais sobre as cinco organizações escolhidas:

 

Projetos selecionados

 

Associação Sementes do Vale (Ninheiras – MG): fundada em 2016, é uma organização sem fins lucrativos, que visa combater a desigualdade social do Sertão Mineiro por meio de atividades que proporcionem o desenvolvimento integral e geração de protagonismo social dos indivíduos, como: atividades culturais, esportivas, de qualificação profissional e de atendimento psicossocial. Para mais informações, clique aqui.

 

 

Associação Sarambuí (Bragança – PA): criada em 2015, é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) com sede em Bragança-Pará com ações direcionadas ao ecossistema manguezal, incluindo as comunidades estuarino-costeiras, ao longo da costa amazônica brasileira, em particular no litoral do estado do Pará. Sua missão é promover a geração de conhecimento de maneira participativa, em prol da conservação e sustentabilidade dos serviços ecossistêmicos e bens de uso comum na costa amazônica. Para mais informações, clique aqui.

 

 

Associação de Pais, Professores e Amigos da Escola Comunitária Brilho do Cristal (Palmeiras – BA): fundada em 1992 na Chapada Diamantina, a escola construiu sua autonomia pedagógica por meio do planejamento coletivo, da educação continuada e da prática pedagógica reflexiva.  A instituição tem como objetivo garantir os direitos atribuídos às crianças pela constituição, possibilitando o desenvolvimento do potencial humano e a construção do conhecimento de si mesmo e do mundo, de maneira contextualizada, criativa, holística e emancipatória. Para mais informações, clique aqui.

 

 

CUFA – Central Única das Favelas (Cuiabá- MT): o objetivo da organização é contribuir para o desenvolvimento social, econômico e cultural das periferias, por meio de projetos que valorizem talentos e aptidões individuais e/ou coletivas destinadas prioritariamente a crianças, jovens e mulheres. Para mais informações, clique aqui.

 

 

FACC – Frente de Assistência à Criança Carente (Fortaleza – CE): fundada em 1986, é uma organização sem fins econômicos ou lucrativos, de caráter socioassistencial e cultural voltado para garantia dos direitos de crianças, adolescentes e suas famílias. Para mais informações, clique aqui.

 

 

“Estamos comprometidos com a sustentabilidade de todo o nosso ecossistema e queremos ser cada dia mais atuantes, estimulando a criatividade como fonte de soluções transformadoras e oferecendo as ferramentas necessárias aos cidadãos para que sejam agentes de mudança em suas comunidades, transformando suas realidades e de muitas pessoas no nosso País’’, comenta Mariana Claudio, gerente executiva do Instituto Chamex.

 

“Apoiar o investimento social privado de empresas, como o Instituto Chamex, mantido pela Sylvamo, é o cerne da atuação do IDIS. Poder acompanhá-los ao longo dessa trajetória de apoio a projetos sociais em diversas regiões do Brasil com foco em educação tem sido uma excelente jornada para observar o impacto positivo deles na sociedade brasileira”, comenta Paula Lottenberg, analista de projetos no IDIS.

 

 

Sobre o Instituto Chamex

Criado em 2008, o Instituto Chamex coloca a criatividade como elemento central para a construção de uma educação mais acessível, inclusiva, equitativa e transformadora. Atuando em rede com diversos parceiros, o instituto fomenta o desenvolvimento de estudantes, professores e agentes da educação do ensino infantil, fundamental e médio, apoiando projetos nacionalmente e desenvolvendo projetos localmente. Dessa forma, busca transformar inúmeras realidades, possibilitando um novo futuro para milhares de brasileiros.

O Instituto Chamex faz parte da Sylvamo, a Empresa de Papel do Mundo, produtora dos papéis para Imprimir e Escrever Chamex, Chamequinho e Chambril, e segue suas diretrizes de responsabilidade social, sustentabilidade e ética, engajando seus profissionais e apoiando as comunidades, pois acredita que por meio da criatividade e da educação é possível impulsionar mudanças e acelerar soluções para transformar a vida de muitas pessoas.

Para mais informações, visite o site.

 

Sobre a SYLVAMO

International Paper Brasil agora é Sylvamo: a empresa de papel do mundo – Instituto Chamex

A Sylvamo (NYSE: SLVM) é a Empresa de Papel do Mundo com fábricas na Europa, América Latina e América do Norte. Sua visão é ser o empregador, fornecedor e investimento preferido. Transformando recursos renováveis em papéis dos quais as pessoas dependem para educação, comunicação e entretenimento. Com sede em Memphis, Tennessee, empregam mais de 6.500 profissionais. As vendas líquidas para 2022 foram de US$ 3,6 bilhões.

Para mais informações, visite Sylvamo.com.

 

Instituto ACP e IDIS lançam o “Guia dos Guias para captar recursos” em parceria com a Plataforma Conjunta

O Guia indica como encontrar os conteúdos e respostas necessárias para as várias situações enfrentadas no dia-a-dia de um captador

Um dos desafios mais recorrentes  entre as organizações da sociedade civil é obter recursos para realizar seus projetos e, assim, contribuir para mitigar ou solucionar problemas sociais e ambientais. 

Exatamente por isso, captação de recursos é um tema recorrente dentro do Terceiro Setor e muito já se escreveu e falou sobre o assunto. 

Mas no meio de tanta informação, onde encontrar a resposta precisa no momento em que a necessidade aparece?

Pensando neste desafio, o Instituto ACP e o IDIS, em parceria com a Plataforma Conjunta, desenvolveram um guia reunindo uma curadoria qualificada  de onde encontrar os conteúdos mais relevantes sobre captação de recursos!

O Guia dos Guias para Captadores de Recursos oferece diversas ‘portas’ de acesso aos conteúdos, que podem ser pesquisados por tipos de doadores a serem prospectados, estratégias de captação a serem praticadas ou habilidades que a organização possui  para a mobilização de recursos. Além de permitir a busca direta na base de dados. 

Ao ser lançado, o Guia dos Guias já conta com mais de 100 conteúdos indexados. O visitante pode opinar sobre o conteúdo, favoritar e compartilhar, para que as pesquisas sejam mais interativas e compartilhadas. Ele também pode – e deve – sugerir novos conteúdos a serem cadastrados ou apontar temas que sentiu falta dentro da plataforma, desta forma, vai contribuir para manter o Guia atualizado, trazendo sempre os principais conhecimento sobre captação de recursos. 

Com o desenvolvimento do Guia dos Guias para Captadores de Recursos, o Instituto  ACP e o IDIS buscam facilitar o dia-a-dia dos profissionais que trabalham para viabilizar a realização de milhares de projetos sociais. 

“No IDIS, temos a oportunidade de trabalhar junto a organizações sociais de diferentes portes e tipos de atuação, e percebemos a dificuldade que enfrentam para mobilizar recursos. Um de nossos pilares de atuação é a produção de conhecimento e, por isso, estamos muito satisfeitos por participar na criação do Guia dos Guias e esperamos que ele consiga alcançar todas as entidades, especialmente as menores e mais distantes”

 

comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS. 

 

“O Instituto ACP trabalha com foco no desenvolvimento institucional de organizações da sociedade civil. Ao longo desses primeiros anos de atuação, apoiamos diversas organizações em temáticas variadas relacionadas aos aspectos de gestão. Nas trocas com elas, identificamos que existem poucos materiais de apoio para que possam aprender e se aprofundar mais nesses temas? Quando existem, estão espalhados e é difícil de encontrar. Decidimos, então, atuar também na produção de conhecimento sobre desenvolvimento institucional. Captação de recursos é frequentemente um dos temas priorizados pelas  organizações, por isso foi natural escolher esse tema como foco do nosso terceiro produto de conhecimento. Os dois primeiros foram sobre gestão e cuidado de pessoas. Sobre essa temática não havia quase nada produzido. Já sobre captação percebemos que era diferente, já havia muito conhecimento disponível. Decidimos então pesquisar o que havia de melhor e organizar esse conteúdo de forma a ajudar os profissionais de captação a terem um olhar mais estratégico e fazerem escolhas conscientes sobre como definir prioridades. ” Erika Saez Diretora Executiva Instituto ACP 

O Guia dos Guia de Captação de Recursos pode ser acessado na
Plataforma Conjunta. 

Curadoria qualificada de conteúdos que ajudam os captadores de recursos atingirem o objetivo, que é captar a doação para o seu projeto ou organização. O Guia conta com mais de 100 conteúdos sobre a temática e está organizado a partir de 3 perspectivas da captação de recursos: 

Tipos de doadores a serem prospectados

  • Doadores de recursos privados; 
  • Doadores de recursos públicos;
  • Doadores de recursos internacionais. 

Estratégias de captação a serem adotadas

  • Complexidade baixa;
  • Complexidade média;
  • Complexidade alta.

 Habilidades que a organização captadora tem

  • Área comunicação;
  • Área relacionamento;
  • Área técnica;
  • Área financeira;

O que é a Plataforma Conjunta

A Conjunta é uma plataforma que mapeia, organiza e promove a produção de conteúdos, experiências de aprendizagem e oferta de recursos que tenham como foco o desenvolvimento institucional das organizações da sociedade civil no Brasil. 

Sobre o Instituto ACP 

O Instituto ACP é organização da sociedade civil de filantropia e investimento social, criado em 2019 pela segunda geração de uma família empreendedora. Acredita no potencial de desenvolvimento do Brasil e na força da sociedade civil organizada como vetor desse desenvolvimento. Por isso, trabalha para promover e contribuir com o desenvolvimento e fortalecimento institucional das organizações da sociedade civil.

 

ICOM: criando pontes para o desenvolvimento comunitário local

Em dezembro de 2022, com as tempestades que atingiram o estado de Santa Catarina, foi declarada situação de calamidade pública em inúmeros municípios. A Grande Florianópolis foi fortemente atingida pela catástrofe, especialmente as áreas de maior vulnerabilidade social. Com a reputação e a legitimidade de quem atua na região há quase duas décadas, o Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) criou prontamente o Fundo Emergencial de Chuvas.

 

Promovendo o desenvolvimento comunitário em toda a área metropolitana da cidade Florianópolis, que inclui 13 municípios catarinenses e cerca de 1,2 milhão de habitantes, o ICOM atua em três frentes, sempre trabalhando em rede e respeitando o protagonismo das organizações de base:

 

  • apoio a empresas e indivíduos para que possam fazer investimentos sociais e doações com alto impacto social;
  • produção e disseminação de conhecimento;
  • fortalecimento de organizações da sociedade civil.

 

“Como uma das primeiras fundações comunitárias do país, com um diálogo estabelecido com as comunidades locais, o ICOM tem como característica essencial responder de maneira rápida às demandas emergenciais do território”, destaca o gerente-executivo do ICOM, Willian Narzetti, lembrando que em outros momentos de crise, como em 2008, 2018 e 2020, a organização criou e foi responsável por outros fundos de reconstrução em decorrência de fortes chuvas pelo estado.

 

Fundamental para a mobilização em situações emergenciais, esta modalidade de fundos são só uma parte da estratégia do ICOM para criação de novas pontes entre atores locais, por meio do fomento à doação e ao investimento social privado. Em 2018, a organização criou o importante Fundo de Impacto para Justiça Social, formado por uma rede de pessoas e organizações que doam sistematicamente para reduzir as desigualdades sociais na Grande Florianópolis. Entre as causas apoiadas por esta iniciativa, estão a equidade racial, a equidade de gênero, a prevenção e o enfrentamento à violência contra a mulher e a defesa dos direitos da população LGBTQIA+. A seleção das organizações do território beneficiadas para receber apoio técnico e financeiro acontece por meio de editais públicos.

Além disso, o ICOM constitui fundos filantrópicos para empresas, apoiando na definição de causas e públicos beneficiários, levantamento de indicadores, mapeamento de iniciativas, apoio para as OSCs selecionadas para a execução dos projetos e relatório de resultados.

 

“Várias empresas da Grande Florianópolis que incorporam a agenda ESG (do inglês, ambiental, social e governança), encontram no ICOM um canal para realizar seu investimento social de forma refletida, sistemática e monitorada. O ICOM é a área de responsabilidade socioambiental delas”, explica Narzetti.

 

Prover serviços para doadores é um dos princípios das fundações e institutos comunitários (FICs) que, como profundos conhecedores da realidade local, oferecem respostas assertivas para as demandas do território, atuando em rede junto às organizações sociais, poder público e investidores. Na Carta de Princípios para Fundações e Institutos Comunitários, a definição desta característica é:

 

“Oferecem serviços adaptados aos interesses e a capacidade de contribuição dos doadores, auxiliando-os a alcançarem seus objetivos filantrópicos. São responsáveis também por fomentar a cultura de doação no território e, potencialmente, são instrumentos poderosos para receber legados”.

 

CRIAÇÃO DO ICOM E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

 

A história do ICOM começa em 2005, a partir da reunião de um grupo de mulheres – profissionais liberais, empresárias, professoras universitárias, lideranças do terceiro setor e profissionais com experiência no setor público – inspiradas pelo movimento das fundações comunitárias em outros países. Fazia parte do grupo, Lucia Dellagnelo, fundadora do ICOM e embaixadora do programa Transformando Territórios. À época, o conhecimento sobre fundações e institutos comunitários (FICs) no Brasil ainda era embrionário, mas isso não as impediu de seguir com esta missão.

 

O cerne da primeira visão das fundadoras e do Conselho Deliberativo envolvia o desejo de constituir uma organização inovadora de base local, capaz de articular e criar sinergia entre o trabalho de pessoas e projetos que atuavam na área social na Grande Florianópolis. O objetivo era atuar e ser participante da corrente global de fundações comunitárias.

 

Assim, em 2006, era lançado o primeiro diagnóstico de atuação do terceiro setor no território chamado “Mapeamento das ONGs de Florianópolis” que, por sua vez, verificou uma grande fragilidade dessas instituições. Sendo assim, o Projeto Fortalecer, desenvolvido entre os anos de 2007 e 2008, foi a primeira ação de apoio técnico do ICOM e serviu de subsídio à construção de um Plano de Desenvolvimento Institucional, ampliando a capacidade de ação de organizações da região.

 

 

Para identificar questões prioritárias da comunidade e orientar ações para a melhoria da qualidade de vida da população, por exemplo, o ICOM realiza o estudo “Sinais Vitais” desde 2008. Já são nove edições, abrangendo os principais municípios da Grande Florianópolis. Na edição de 2022, por exemplo, o relatório apontou que Santa Catarina esteve entre os destinos mais procurados por migrantes no país, principalmente em busca de trabalho, com 9,19% do total de pedidos de Registro Nacional Migratório em 2021.

 

Em 2020, ano mais desafiador vivido pela nossa geração, por conta da pandemia de Covid-19, a organização criou o Banco Comunitário da Grande Florianópolis, o primeiro de Santa Catarina a operar neste modelo. Com apoio financeiro inédito do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops), do Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT/SC) e ao lado de parceiros, o Banco Comunitário chegou a ter 5 unidades e mais de mil famílias foram beneficiadas com moedas sociais. Este modelo, ao mesmo tempo que apoiava as famílias, também fortalecia pequenos comerciantes locais em um período delicado de crise econômica.

 

Parceiro de longa data do IDIS e da Charles Mott Foundation, o ICOM é uma das fundações e institutos comunitários que integram o programa Transformando Territórios.

 

“Acreditamos que podemos transformar juntos a nossa realidade. Participar do programa Transformando Territórios significa aprender novas formas de trabalhar e de fortalecer nossas comunidades, inspirar, entender o que está acontecendo no Brasil e no mundo e pensar em rede no campo social como um todo”, comenta Narzetti. 

Equipe do ICOM

 

Informações do Território 

  • Território de atuação: 13 municípios na Grande Florianópolis.
  • Nome do instituto ou fundação comunitária: Instituto Comunitário Grande Florianópolis – ICOM.
  • Nome e cargo da principal liderança Willian Narzetti, gerente-executivo.
  • População estimada: 1,2 milhão de pessoas.
  • Número de OSCs do território: 2.640 organizações.
  • Desafios regionais: Florianópolis sofre, assim como várias regiões brasileiras, com o agravamento da desigualdade social pós-pandemia. Também são desafios para a região, uma agenda de desenvolvimento urbano consolidada que alinhe ecossistemas já existentes na região, investimentos em arte e cultura, promoção da inovação para além do setor tecnológico e desastres naturais que agravam ainda mais a qualidade de vida das populações mais vulneráveis. Porém a região apresenta grandes potencialidades ao abrigar duas das principais incubadoras do país e sistemas educacionais de ponta.

 

O ICOM integra o programa Transformando Territórios, uma iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – com a Charles Stewart Mott Foundation para fomentar a criação e o fortalecimento de Institutos e Fundações Comunitárias no Brasil.

Quer saber mais sobre o ICOM? Acesse o site.

Para conhecer mais sobre os Princípios e características das Fundações e Institutos Comunitários, acesse a Carta de Princípios através deste link.

Saiba mais sobre o programa Transformando Territórios e como apoiá-lo.