Vitória para o Terceiro Setor: Congresso derruba veto e garante reconhecimento tributário aos Fundos Filantrópicos

Conquista fortalece o financiamento de longo prazo para causas públicas e impulsiona a cultura de doação no Brasil

No dia 17/06, o Congresso Nacional derrubou, em sessão conjunta, o veto presidencial ao inciso X do artigo 26 do Projeto de Lei Complementar 68/2024, garantindo que os Fundos Patrimoniais Filantrópicos tenham o tratamento tributário adequado no novo sistema da Reforma Tributária, assegurando que que esses fundos não são contribuintes de do IBS e da CBS — tributos que substituirão o ICMS, ISS, PIS e COFINS.

A conquista é fruto de uma ampla mobilização da sociedade civil, com protagonismo da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos e da Aliança pelo Fortalecimento da Sociedade Civil, que articulou com parlamentares, produziu estudos técnicos, participou de audiências públicas e mobilizou a sociedade em defesa da pauta.

Diferente de fundos financeiros privados, os fundos patrimoniais filantrópicos têm por finalidade custear causas públicas como saúde, educação, cultura, meio ambiente e ciência. Sua estrutura permite a geração de recursos de longo prazo e estabilidade financeira para Organizações da Sociedade Civil (OSCs), universidades, museus e centros de pesquisa.

“A derrubada do veto ao inciso X do  art. 26 da Lei do IBS e CBS (Lei Complementar nº 214/2025) foi uma conquista da sociedade civil que, democraticamente, demonstrou aos parlamentares o quanto o veto era equivocado e prejudicial ao desenvolvimento de fundos patrimoniais filantrópicos. Com o veto, os fundos patrimoniais não serão tributados pelo IBS e CBS”, diz Priscila Pasqualin, advogada e sócia do PLKC Advogados e integrante da Aliança Pelo Fortalecimento da Sociedade Civil.

Por que isso importa?

  • Garante segurança jurídica para os fundos filantrópicos. 
  • Evita a bitributação ou a taxação indevida sobre doações destinadas ao bem público. 
  • Estimula a cultura de doação estruturada no Brasil. 
  • Fortalece o papel das OSCs e de instituições públicas na promoção de direitos e políticas sociais. 

A experiência internacional comprova a importância de um ambiente tributário favorável à filantropia. Em países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, incentivos fiscais e isenções permitiram a consolidação de fundos robustos, que hoje representam mais de 2% do PIB em ativos filantrópicos.

No Brasil, essa vitória legislativa marca um avanço importante no fortalecimento do ecossistema de doação e da democracia.

“Temos mais de 120 fundos patrimoniais filantrópicos no Brasil, que destinam anualmente mais de R$ 3 bilhões para causas de interesse público. Estas causas estavam sob risco de serem penalizadas por um erro de conceituação, levando a uma tributação descabida sobre esses fundos. A derrubada desses vetos é uma vitória muito importante para o terceiro setor e para o país”, diz Andrea Hanai, consultora do IDIS e integrante da Aliança Pelo Fortalecimento da Sociedade Civil.

Capacitação de IA para OSCs oferecida pelo IDIS com apoio do Google.org é destaque na mídia

Durante o evento Google for Brasil 2025, realizado em São Paulo, a empresa anunciou um investimento de R$ 5 milhões em um programa inédito de capacitação em inteligência artificial (IA) voltado ao terceiro setor, que será liderado pela vertente filantrópica do Google, o Google.org. A iniciativa será conduzida pelo IDIS ao longo de três anos, impactando até mil organizações sociais em todo o país.

A iniciativa conjunta entre as duas organizações foi destaque em diversos veículos da mídia. A proposta liderada pelo IDIS prevê a capacitação direta de até 200 organizações, oferecendo ferramentas e conhecimentos para uso estratégico da IA, além de acesso a plataformas especializadas e formação técnica qualificada. A estimativa é que cerca de 100 mil pessoas beneficiadas por essas instituições também sejam impactadas indiretamente.

Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, no evento Google for Brasil 2025, em 10 de junho de 2025. Divulgação/Google Brasil.

“Essa iniciativa foi desenhada para gerar resultados concretos, como acesso a plataformas pagas, aprimoramento de capacidades tecnológicas e maior impacto social. Ao final, vamos consolidar tudo em um estudo analítico que ajude a entender se, de fato, houve transformação e como ela ocorreu”, explicou Guilherme Sylos, diretor de prospecção e parcerias do IDIS.

Confira as matérias na íntegra!

Forbes Tech

Impacta Nordeste

Inteligência Móvel

Jornal de Brasília

Jornal de Brasília

Times Brasil

Nova edição do Edital da água priorizará projetos que garantam água potável e saneamento básico, principalmente em comunidades rurais

Há seis anos, as ações sociais apoiadas pela iniciativa já impactaram mais de 21 mil pessoas.

A Mosaic, com apoio técnico do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, anuncia a abertura das inscrições para a sétima edição do Edital da Água, o programa reforça o compromisso com a gestão sustentável dos recursos hídricos e a garantia de segurança alimentar em diversas regiões do país. Os interessados poderão inscrever seus projetos até o dia 11 de julho de 2025. Para mais informações, consulte o edital no site da companhia.

Ao longo de sua história, o programa já apoiou 78 projetos, beneficiou diretamente mais de 21 mil pessoas, mobilizou 45 organizações e atuou em 32 cidades de 11 estados brasileiros. Entre as conquistas estão o plantio de mais de 68 mil árvores, a instalação de 371 sistemas de captação e tratamento de água, além da recuperação de nascentes e a promoção de tecnologias sociais para uso eficiente e sustentável da água.

A iniciativa mantém seu foco em projetos comunitários que promovam a gestão da água e a agricultura sustentável, priorizando grupos vulneráveis. À medida que os projetos serão recebidos, já passaram por análise e eles podem ser selecionados antes do prazo final de inscrição. Por isso, este ano, faz diferença enviar o quanto antes. Serão priorizados os projetos que garantam água tratada e saneamento básico, sobretudo em meio rural.

“A cada edição, ampliamos nosso olhar para alcançar soluções locais, buscando garantir direitos fundamentais como acesso à água de qualidade, saneamento básico e alimentação nutritiva, principalmente no meio rural. Em um contexto de mudanças climáticas e insegurança alimentar, o Edital da Água atua como um vetor de transformação social e ambiental, mostrando a força do trabalho em rede, com grande potencial de replicação”, destaca. Paulo Eduardo Batista, Diretor de Public Affairs e Governo.

Serão selecionados o menos 12 projetos inovadores, liderados por organizações da sociedade civil ou instituições de ensino, que receberão até R$ 45 mil cada, com potencial para escalabilidade e impacto sustentável na recuperação de nascentes, saneamento básico, tecnologias para tratamento de água e gestão eficiente dos recursos hídricos na produção de alimentos.

Serviço – Inscrições Edital da Água 2025

Prazo: de 23 de junho a 11 de julho

Municípios de abrangência:
NA BAHIA (BA):  Candeias
EM GOIÁS (GO): Catalão | Ouvidor | Rio Verde
NO MARANHÃO (MA): São Luis
EM MATO GROSSO (MT): Rondonópolis | Sorriso
EM MINAS GERAIS (MG): Araxá | Alfenas | Conquista | Delta | Patrocínio | Sacramento | Tapira | Uberaba
NO PARANÁ (PR): Paranaguá
EM SANTA CATARINA (SC): São Francisco do Sul
EM SÃO PAULO (SP): Cajati | Cubatão | Registro |São Paulo
EM SERGIPE (SE): Barra dos Coqueiros | Capela | Carmópolis | General Maynard | Japaratuba | Rosário do Catete | Maruim
NO RIO GRANDE DO SUL (RS): Rio Grande
EM TOCANTIS (TO): Palmeirante

Para participar, os interessados devem preencher a planilha de inscrição disponível em www.mosaicco.com.br, reunir os documentos obrigatórios e complementares e enviar a documentação ao IDIS (editalagua2025@idisconsultoria.org.br).

O Edital da Água é desenvolvido com o apoio do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, que apoia em todas as etapas do processo, desde a seleção até o monitoramento dos projetos. O programa está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e enfatiza a gestão racional da água e o protagonismo das comunidades locais.


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Inteligência artificial pode alavancar mudanças socioambientais positivas

Tecnologia tem o potencial de trazer mais eficiência ao terceiro setor, mas seu uso exige senso crítico e atenção à diversidade

Artigo originalmente publicado na Folha de S. Paulo, 13/06/2025

Por Paula Fabiani, CEO do Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e destaque no Prêmio Empreendedor Social 2020

Os desafios sociais e ambientais que enfrentamos exigem respostas à altura de sua complexidade. Diante de crises interligadas —mudanças climáticas, desigualdades sociais, insegurança alimentar e acesso precário à saúde e educação— a busca por soluções precisa ir além dos caminhos tradicionais.

IA (inteligência artificial) desponta como uma aliada estratégica, capaz de potencializar ações, ampliar o impacto e acelerar transformações sociais urgentes.

Dado Ruvic/REUTERS

Na última semana, tive a oportunidade de participar do Google.org Impact Summit, em Londres. O evento reuniu lideranças do setor social, filantrópico e da tecnologia para discutir como a IA pode contribuir com causas de interesse público.

Entre os casos apresentados, vimos exemplos concretos de como a tecnologia vem sendo usada para prever desastres naturais, apoiar estudantes, acompanhar gestantes e monitorar a coleta de lixo. Cada uma dessas aplicações mostrou que o potencial da IA vai muito além do setor privado, mas pode promover o bem comum.

Em um dos seus movimentos desse uso sustentável, o Google.org está aportando US$ 30 milhões para organizações que promovem e utilizam IA. No entanto, esse potencial ainda é pouco aproveitado por organizações sociais e filantrópicas.

O uso dessa tecnologia pode representar ganhos significativos de eficiência: desde o aprimoramento de processos internos até o monitoramento de resultados e o fortalecimento da tomada de decisões. Também há oportunidades para reduzir a burocracia entre doadores e organizações, melhorar a comunicação e ampliar a transparência.

Mas para isso, é necessário investimento —não apenas financeiro, mas em capacitação, infraestrutura e mudança cultural. Boa parte do terceiro setor ainda carece de recursos financeiros, técnicos e humanos para incorporar a IA de forma estratégica.

Como então aproximar essas organizações do universo tecnológico, que é disruptivo, acelerado, orientado a dados e pautado por uma lógica de escala? Essa foi uma das reflexões centrais do evento: é preciso criar pontes entre mundos que falam línguas diferentes, mas que, juntos, podem produzir soluções inovadoras.

No IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), esse desafio virou prioridade. Em nosso planejamento estratégico, colocamos a ampliação do uso da tecnologia como um dos pilares para os próximos anos.

Uma das iniciativas em andamento é a construção de uma parceria com a Simbi, startup brasileira de impacto social, para desenvolver uma plataforma automatizada de gestão de portfólio de projetos.

A ferramenta permitirá o acompanhamento em tempo real de indicadores, execuções orçamentárias e alinhamento com os objetivos filantrópicos e corporativos das organizações apoiadoras. É uma aposta na inteligência dos dados a serviço do impacto.

Ao mesmo tempo, é preciso ter consciência dos riscos e limitações da IA. Tecnologias podem reproduzir —e até intensificar— desigualdades, especialmente quando operam com base em dados enviesados. Além disso, o uso massivo de energia para treinar e operar modelos de IA levanta alertas sobre seu impacto ambiental. Há também preocupações éticas, morais e sociais que não podem ser ignoradas.

Por isso, o capital humano continua sendo insubstituível: é preciso senso crítico, sensibilidade e diversidade para orientar o uso da IA em direção a resultados positivos e equitativos.

As possibilidades de convergência entre tecnologia e impacto social são promissoras. Organizações e profissionais precisam se adaptar a essa nova realidade que está transformando o mundo em que vivemos.

Philea 2025: Igualdade em Foco, Justiça no Horizonte

Por Luisa Lima, Gestora de Comunicações e Conhecimento no IDIS 

A sessão plenária de abertura da reunião anual da Associação de Filantropia Europa reuniu cerca de mil pessoas, incluindo membros de fundações e representantes de organizações intermediárias, predominantemente da Europa, mas também de outras partes do mundo, como eu. Estas eram pessoas unidas pela crença comum de que o mundo pode ser melhor, de que abordagens inovadoras são possíveis e de que nossas ações têm o poder de criar impactos positivos e impulsionar transformações. Foi apropriado que o ponto de partida do evento fossem os desafios globais que enfrentamos hoje — questões que exigem ação urgente. Apesar do aumento da riqueza, continuamos a testemunhar o aprofundamento das desigualdades, o aumento do racismo e da intolerância, o afastamento da vida pública, as mudanças climáticas, as guerras e os genocídios. Realidades tão assustadoras podem ser paralisantes, mas éramos quase mil pessoas que se recusaram a deixar isso acontecer, e o evento foi o lugar para trocar experiências, aprender, fazer conexões e reafirmar a noção de que não estamos sozinhos na busca por mudanças.

Esta foi minha primeira participação no Fórum Philea, e fiquei feliz em ver debates girando em torno de questões semelhantes às que enfrentamos no Brasil — porém abordadas de perspectivas diferentes e gerando respostas diversas. O tema orientador desta edição, “Poder e Igualdade: Um Ato de Equilíbrio”, enquadrou discussões sobre modelos de financiamento, governança democrática, dinâmicas de poder, enterprise foundations, investimento de impacto, colaboração intersetorial, avaliação de impacto, entre outros. Todos esses tópicos foram impregnados pela ideia de que a infraestrutura da filantropia tem o potencial de impulsionar mudanças significativas. Infelizmente, não foi possível assistir a todas as sessões, já que muitas aconteciam simultaneamente.

Uma discussão que particularmente ressoou comigo foi sobre a importância de financiar comunidades e organizações de base. Parece haver um senso de urgência predominante — um chamado para “pensar e agir simultaneamente”, como articulado por Bruno Maçães, Consultor Sênior na Flint Global, e “ir onde importa”. Isso destaca a importância de apoiar aqueles que estão na linha de frente — fundações comunitárias, movimentos sociais e líderes que lutam para transformar sistemas. Em várias sessões, ouvi sobre a necessidade de fomentar a confiança e abraçar riscos, reconhecendo que menos controle acompanha essas abordagens. Financiamento flexível, compromissos de longo prazo e contribuições além dos recursos financeiros foram temas recorrentes. Os filantropos possuem conexões, redes, conhecimentos, influência e mais — ativos valiosos que podem ser aproveitados para maior impacto. A colaboração surgiu como uma estratégia convincente para acelerar o progresso, com exemplos inspiradores de iniciativas bem-sucedidas compartilhados ao longo do evento. No IDIS, em parceria com a Fundação Mott, temos liderado o programa Transformando Territórios desde 2021, uma rede que agora compreende 15 fundações e institutos comunitários operando com foco geográfico. Inicialmente, o conceito teve de ser introduzido no Brasil, e desde então passou por maturação significativa.

A filantropia, como Adama Sanneh, cofundador e CEO da Fundação Moleskine, afirmou com propriedade, “é um meio, e devemos praticá-la para fazer algo útil.” Ela não é estática nem evolui em um caminho linear. A filantropia deve ter direção, mas permanecer resiliente e responsiva aos desafios enfrentados pelas sociedades. Como destacado nas discussões, nenhum problema é resolvido definitivamente. Questões como igualdade de gênero ou o fortalecimento da democracia, embora avancem, ilustram que o progresso não pode ser dado como garantido.

Frequentemente saio desses encontros sentindo-me revigorada. Além dos insights e inspirações, eles oferecem a tranquilidade de saber que existe uma comunidade comprometida, pronta para colaborar e unida por objetivos e ideais em comum. Curiosamente, também aprecio encontrar mais perguntas do que respostas — raramente são diretas ou óbvias. Perguntas reflexivas são inestimáveis, servindo como catalisadores para explorar soluções localizadas.

Algumas declarações que ficaram comigo:

“Para mudar o mundo, precisamos correr riscos e ser sonhadores.” Mall Hellam, Diretora Executiva, CEO da Fundação Open Estonia

“A maioria dos modelos já foi criada; agora devem ser aplicados. Coloque em prática e acelere a localização.” Alejandro Álvarez von Gustedt, Vice-Presidente, Europa, da Rockefeller Philanthropy Advisors

“A confiança é o ar que respiramos, e se não a temos, estamos socialmente mortos.” António M. Feijó, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian

SUS na Floresta, projeto do Juntos pela Saúde, é destaque na CNN

Ao final de 2024, o programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES, gerida pelo IDIS, expandiu seu portfólio de projetos, passando a contemplar 14 iniciativas. Todas visam beneficiar atividades de atendimento às populações que vivem nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, com destaque aos municípios com menos de 1 médico a cada 1000 habitantes.

Dentre as iniciativas contempladas está o projeto SUS na Floresta, implementado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em dois ciclos diferentes, o primeiro em parceria com a Umane e o segundo com apoio do Fundo Vale.

Crédito: Fundação Amazônia Sustentável (FAS)

Em matéria, a CNN Brasil destacou a atuação do projeto que tem como objetivo levar a saúde pública a comunidades remotas da Amazônia Legal, por meio da construção de cinco postos de saúde em cinco municípios da região.

“O SUS na Floresta é mais do que um projeto. É uma proposta concreta de como levar saúde de qualidade a quem vive nos lugares mais remotos da Amazônia profunda, com tecnologia, inovação e escuta ativa das comunidades. É um modelo com alto potencial de replicabilidade em outras regiões da Amazônia Legal”, destaca Valcléia Lima, superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS, para a CNN Brasil.

Acesse a matéria na íntegra aqui.

Programa Juntos pela Saúde lança relatório de atividades 2024

Documento detalha as ações do segundo ano do Programa e os principais resultados alcançados até o momento, além das principais ações e projetos projetados para 2025, garantindo transparência perante à sociedade e parceiros.

Iniciado em 2023, o Juntos pela Saúde é uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com gestão do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, desenvolvida nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Em parceria com doadores privados, o Programa busca reunir recursos para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde vivem aproximadamente 75 milhões de pessoas e, destas, 9 entre 10 dependem exclusivamente do SUS (IBGE, 2020). A alta demanda gera desafios importantes, como baixa disponibilidade de médicos, infraestrutura insuficiente e acesso deficiente aos dados de saúde da população.

 

Baixe aqui o Relatório de Atividades 2024 do Juntos pela Saúde.

 

Principais conquistas

Programa Juntos pela Saúde: ampliando recursos para as regiões Norte e Nordeste do país

2024 marcou o segundo ano do programa Juntos pela Saúde que tem como missão fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e desenvolver ações estruturantes, que incluem atendimento primário, de média e alta complexidade, serviços de urgência e emergência, e apoio a diagnósticos de diversas enfermidades.

Os resultados alcançados no ano comprovam que estamos no caminho certo, com recursos bem aplicados e impacto positivo em diversos territórios.

Confira as principais ações realizadas e os números de programa, entre 2023 e 2024:

 



Conheça todos os projetos desenvolvidos ao longo de 2024, via edital ou na forma de fomento estruturado:

Painel de Indicadores em Saúde Mental

É executado pela ImpulsoGov e apoiado pela RD Saúde, tendo como finalidade ampliar o acesso a dados e informações simplificadas para os gestores de saúde mental dos municípios. A iniciativa finalizou em agosto de 2024.

Impulso Previne – Ciclo 1 e Ciclo 2

É executado pela ImpulsoGov, em parceria com o Instituto Dynamo (ciclo 1) e Umane (ciclo 2), e consiste em uma solução digital que centraliza em uma única plataforma dados, análises e recomendações sobre os principais indicadores da Atenção Primária à Saúde (APS). Trata-se de um projeto que possui dois ciclos. O primeiro foi finalizado em junho de 2024.

Ciclo Saúde Proteção Social (CSPS)

É executado pelo Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), e apoiado pela Fundação Vale, visando fortalecer a Atenção Básica (AB) no SUS, aumentando a capacidade de diagnóstico, planejamento, operacionalização, monitoramento e avaliação dos serviços por meio de planos de trabalhos compartilhados e organizados pelas necessidades de saúde das populações locais.

NoHarm: Inteligência para Segurança dos Pacientes

É executado pelo Instituto de Inteligência Artificial na Saúde, em parceria com a Umane, tendo como objetivo aprimorar a segurança e a gestão dos pacientes na Atenção Primária à Saúde (APS), por meio da integração de tecnologias e do fortalecimento de processos operacionais.

epCertify com Linha de Cuidado Hiperdia

É executado pelo Instituto epHealth, em parceria com a Umane, e tem como propósito o fortalecimento do monitoramento de doenças crônicas, em especial, hipertensão arterial e diabetes.

Unidos pela Eliminação do Câncer de Colo de Útero no Brasil

É executado pelo Grupo Mulheres do Brasil, em parceria com a Umane, e visa contribuir para a eliminação da mortalidade de mulheres causada pelo câncer de colo de útero.

 

Em 2025, novos projetos serão implementados:

Afluentes: executado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), em parceria com a Umane.

CARDIO: executado pela Beneficência Portuguesa (BP), com apoio da Fundação Novartis.

Sistema de Antecipação de Surtos: executado pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), em parceria com a Umane. 

SUS na Floresta: realizado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em ciclos, em parceria com a Umane (ciclo 1) e Fundo Vale (ciclo 2). 

Tecendo Linhas do Cuidado Integral à Saúde na Amazônia: desenvolvido pelo Centro de Apoio à Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Umane.

V.E.R – Visão Em Rede: executado pela Fundação Altino Ventura (FAV), em parceria com a Umane.

Política pública de transformação digital aprimora o Sistema Único de Saúde (SUS) e amplia serviços para a população brasileira

Fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) é o ponto de partida do Programa Juntos pela Saúde (JpS). Para desenvolver e apoiar iniciativas complementares às já existentes, é essencial conhecer de perto o que já tem sido realizado pelo Ministério da Saúde. Isso se torna ainda mais relevante em termos de inovação, o que traz um contexto fundamental para quem está na ponta desenvolvendo iniciativas em vários campos da saúde, como os projetos apoiados pelo JpS, sendo que diversos deles atuam com sistemas digitais, ferramentas tecnológicas, entre outros focos.

Tendo isso em vista, o Programa Juntos pela Saúde realizou uma entrevista exclusiva com Ana Estela Haddad, Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde. No bate-papo, a Secretária compartilhou as principais ações de transformação digital que vêm sendo realizadas no âmbito do Programa SUS Digital, criado em março de 2024. Todos os 5.570 municípios, os 26 estados e o Distrito Federal aderiram ao Programa e o Ministério da Saúde destinou aos municípios e estados, em 2024, o valor de R$ 454 milhões.

Ana Estela ressaltou também os desafios em levar inovações tecnológicas aos quatro cantos do Brasil, devido aos diversos desafios presentes num país marcado por desigualdades e os impactos positivos de iniciativas, como serviços de telessaúde, permitindo que brasileiras e brasileiros que vivem em regiões como Norte e Nordeste – foco de atuação do Juntos pela Saúde – tenham acesso a atendimentos especializados.

Confira a entrevista completa:

1. O SUS é um modelo de política pública de saúde reconhecido mundialmente e que, em 2025, completa 35 anos desde sua criação, por meio da Lei 8.080/1990. Nessas três décadas, muito se avançou, como, por exemplo, com a criação do Programa SUS Digital, em março de 2024. Quais são as principais inovações que vêm sendo realizadas e os benefícios das soluções digitais para a saúde pública?

A primeira inovação é uma visão sistêmica do processo de transformação digital, que é orientado pelas necessidades e desafios da rede de serviços, com o propósito de ampliar o acesso às ações e serviços de saúde, chegar a locais de vazios assistenciais e, principalmente, trabalhar em um conjunto diverso de camadas, para dar conta desse desafio.

Nesse sentido, uma inovação importante foi a criação do Índice Nacional de Maturidade em Saúde Digital (INMSD), com sete dimensões, que está normatizado na Portaria GM/MS nº 3.727, de 21 de maio de 2024, o qual todos os municípios e estados autoaplicaram-se, respondendo a esse questionário. Isso foi muito importante para criar um marco lógico e teórico comum no país. 

Também, na articulação interfederativa, como tivemos um repasse de recursos e todos aderiram, chegamos a um ponto no qual temos – um ano depois do início do programa – 120 Planos de Ação de Transformação para a Saúde Digital das macrorregiões do país, que foram realizados com base no Diagnóstico Situacional e no Índice Nacional. Agora, terá início a implementação dos planos. 

Em relação ao Índice, uma das camadas, por exemplo, é a governança. Assim, há estados e municípios que já estão criando estruturas locais, que deixam de ser de tecnologia da informação operacional, para ser uma política de transformação digital em saúde, que envolve infraestrutura pública de rede, modelo de governança de dados, arquitetura de interoperabilidade e proteção e privacidade de dados.

Outro aspecto que gostaria de destacar diz respeito às questões necessárias em termos de economia de escala, a fim de que o processo de transformação ocorra em todo o país. Para tal, algumas ações são estruturantes e preparam o caminho, como a parceria com o Ministério das Comunicações, com investimentos próprios e com o PAC da Saúde, a fim de ampliar a conectividade nos locais que ainda não têm esse serviço. 

Apresentamos também um projeto para o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST), para garantir a conectividade nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Também estamos avançando num processo mais personalizado para os territórios dos povos originários, assim como em alguns complexos de favela em grandes municípios, como no Rio de Janeiro, no qual temos um trabalho no Complexo da Maré que envolve uma cocriação com as lideranças comunitárias.

A Secretaria passou ainda a ter assento no Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade (CNPD), estamos influenciando a agenda regulatória de discussão da Autoridade Nacional de Proteção de Dados [ANPD] para 2025, acompanhando a tramitação do projeto de lei sobre inteligência artificial, participando do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, entre outras ações. Ou seja, a saúde entrou na pauta.

Uma ação muito importante é o avanço do modelo de interoperabilidade com a Rede Nacional de Dados em Saúde e as três plataformas, que se desdobram da Rede, que são o Meu SUS Digital, o SUS Digital Profissional e, mais recentemente, o SUS Digital Gestor.

Trabalhar a política nessa perspectiva integradora e pensando desde o ciclo de produção do dado, coleta, registro, integridade, transformação deste em informações estratégicas, indicadores de monitoramento e avaliação, até o processo assistencial, acredito que temos construído um desenho que, ele em si, já é a inovação.

2. Você comentou, secretária, sobre os Planos de Ação de Transformação para a Saúde Digital e que eles começam a ser implementados. O que constitui esses planos e o que já é possível avaliar das cidades em relação à sua situação e maturidade em saúde digital?

Os Planos de Ação foram estruturados dentro de uma plataforma, que é o Investe SUS, na qual os gestores já estão acostumados a trabalhar nas ações do Ministério da Saúde. Estruturamos a plataforma de tal maneira que se estabelece um conjunto de objetivos, que se desdobram em ações, depois em metas, assim como em indicadores e valores estimados e itens. Ou seja, os Planos já vêm com uma estrutura dada. Agora, estamos analisando a coerência deles. 

Os Planos têm três principais eixos, que são estruturantes do Programa SUS Digital. O primeiro é o da cultura de saúde digital, formação e educação permanente. O segundo é o da interoperabilidade, análise e disseminação de dados e informação em saúde, os sistemas de informação e os indicadores. E o terceiro é o de soluções tecnológicas e serviços de saúde digital, seja a telessaúde, seja a aplicação da inteligência artificial.

Quando olhamos os Planos, tendo como exemplo um estado, percebemos como estão distribuídos esses três eixos de forma equilibrada: 41% de soluções tecnológicas, 30% na parte de interoperabilidade e 29% na parte de cultura digital e informação.

Porém, quando tomamos como base as macrorregiões do país, essa distribuição é variável, de acordo com a necessidade e característica de cada macrorregião. Portanto, o que estamos fazendo agora é identificar nos Planos as necessidades que são comuns no país, a fim de que possamos pensar em soluções e ofertas nacionais, trabalhando com economia de escala e não no varejo.

3. Poderia detalhar e aprofundar um pouco mais a respeito desses Planos e as ações realizadas nas regiões Norte e Nordeste, que são focos de ação do Programa Juntos pela Saúde?

Para a distribuição dos recursos iniciais do Programa, classificamos as macrorregiões de saúde do país, fazendo uma tipologia em cinco estágios. E usamos várias referências para tal, como o Índice de Vulnerabilidade Social [IVS] do IPEA [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada], o porte populacional, a capacidade instalada da rede de serviços – principalmente da Atenção Especializada –, a força de trabalho presente, a conectividade a partir do Índice Brasileiro de Conectividade [IBC] da Anatel, entre outros.

E, quando combinamos todos esses indicadores, há uma coincidência de maior vulnerabilidade geral localizada nas regiões Norte e Nordeste, mas, principalmente, no Norte. Assim, no momento da distribuição dos recursos, são regiões que procuramos desenvolver medidas de equalização, de levar um recurso um pouco maior para que possam dar conta dos desafios, que são maiores.

4. O SUS implementa, desde 2006, serviços de telessaúde, ou seja, utiliza tecnologias digitais para oferecer teleatendimento, de forma complementar à consulta presencial. Como esse serviço vem sendo aprimorado nesses quase 20 anos para integrar, cada vez mais, a Atenção Primária à Atenção Especializada, principalmente com um impulso que teve durante a pandemia de Covid-19?

Quando esse serviço começou em 2006, o foco era qualificar a Atenção Primária. Hoje, pensamos a telessaúde de uma maneira mais global e sistêmica, inclusive, com toda a sua abrangência de serviços. Antes da pandemia, por exemplo, não fazíamos teleconsultas e, atualmente, sim. 

O Programa Telessaúde Brasil Redes chegou a ter núcleos de atendimento em todos os estados, mas houve uma descontinuidade e, agora, estamos retomando. Em 2022, por exemplo, estávamos com 10 núcleos e, atualmente, com 27. E temos algumas ofertas nacionais de Atenção Especializada: teleoftalmologia, telecardiologia e teledermatologia. Estamos trabalhando para ampliar ainda mais esses serviços e linhas de cuidado prioritárias para o Programa Mais Acesso a Especialistas.

5. Sabemos da importância da disseminação de informações estratégicas em saúde para a prevenção e o combate precoce a muitas doenças. O app “Meu SUS Digital”, por exemplo, facilita o acesso às informações em saúde e promove a continuidade do cuidado dos usuários do SUS. Porém estamos diante de um país extremamente desigual, em que a tecnologia ainda não está disponível a toda a população brasileira, principalmente entre os cidadãos que são beneficiários diretos do SUS. Como a SEIDIGI tem enfrentado esse desafio para levar iniciativas de saúde digital aos cidadãos?

O uso massivo do celular capilariza muito as possibilidades. O que precisamos fazer ainda é avançar na disseminação do Meu SUS Digital. Temos crescido progressivamente, com mais de 50 milhões de downloads, mas é preciso ter um uso regular. Tivemos também uma ampliação de, mais ou menos, 30 funcionalidades nesses últimos dois anos no aplicativo, o que leva também a uma proporção maior de usuários.

Vamos lançar agora a caderneta de saúde da criança no Meu SUS Digital. A proposta é que toda a tratativa de prontuário vincule a conta da criança à da família. Isso permite um melhor acompanhamento, pois a caderneta em papel tem um limite temporal e geográfico, sem contar que, se o responsável perde a caderneta, ficamos sem acesso a todas as informações da criança, enquanto a caderneta digital rompe essa barreira de tempo e espaço.

6. Um dos projetos contemplados pelo programa Juntos pela Saúde tem reunido, no ambiente digital, informações dos pacientes visando à melhoria do processo de gestão de saúde em dezenas de municípios por meio do Painel de Indicadores de Saúde Mental. Como a Secretária vê essas parcerias com Organizações da Sociedade Civil (OSCs) no oferecimento desses serviços para os equipamentos de saúde municipais?

A participação do terceiro setor é sempre muito importante. A sociedade deve dar sua cota de colaboração, pois o governo sozinho não resolve todos os problemas. Além disso, o governo é transitório, então, a continuidade, muitas vezes, pode se dar com o apoio do terceiro setor.

Porém, é importante um alinhamento com as políticas públicas e as diretrizes que cabem ao Ministério, para que tenhamos uma soma de esforços e não uma sobreposição, e trabalhemos todos na mesma direção. O mesmo vale para as ações desenvolvidas pela filantropia e o investimento social privado. Acredito que o caminho seja de uma boa articulação. 


Ana Estela Haddad é Mestre e Doutora em Ciências Odontológicas e Professora Titular do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP). É Coordenadora Adjunta do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Políticas Públicas para a Metrópole (NAP Escola da Metrópole) e Coordenadora da Estação FOUSP-ABENO (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e Associação Brasileira de Ensino Odontológico) da Rede de Observatórios de Recursos Humanos em Saúde (Ministério da Saúde/OPAS). É Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Novas Tecnologias aplicadas à Saúde Digital, com ênfase na Telessaúde, Telemedicina, Teleodontologia e Educação. Em 2023, assumiu a Secretária de Informação e Saúde Digital.

Começa a pesquisa para Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2024

Está iniciada a coleta de dados para o Anuário de Desempenho dos Fundos Patrimoniais 2024. Esta é a quarta edição da publicação, realizada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos e que este ano tem o apoio Master do Movimento Bem Maior, e apoio de 1618 InvestimentosASA – Associação Santo Agostinho, Fundação Grupo Volkswagen, Fundação José Luiz Egydio SetubalFundação Maria Cecília Souto Vidigal, Mattos Filho, Pragma Gestão de Patrimônio e Wright Capital Wealth Management.

A iniciativa traz informações sobre fluxo de caixa (patrimônio, doações recebidas, investimentos na causa e resgates para manutenção própria); alocação e rentabilidade dos investimentos; estrutura da governança (com dados sobre a presença de membros independentes e participação feminina), investimento responsável, além de perspectivas para o futuro.

A última edição do estudo, no ano passado, contou com 74 respondentes com patrimônio somado de R$ 156 bilhões.

Serão enviados emails convite para os fundos mapeados pelo IDIS, mas gestores interessados em integrarem o Anuário podem entrar em contato com a equipe do IDIS pelo email: anuariofp@idis.org.br.

 

Para conhecer as informações solicitadas no questionário, o disponibilizamos também completo em Word (acesse aqui). Mas atenção: só serão válidas respostas enviadas via sistema

PRAZO DE PREENCHIMENTO

As respostas oficiais deverão ser preenchidas no sistema online clicando aqui até 31 de Maio de 2025.

 

Conheça o Anuário de Desempenho dos Fundos Patrimoniais 2023.

 

REALIZAÇÃO

SOBRE FUNDOS PATRIMONIAIS

Os fundos patrimoniais, ou endowments, são mecanismos que contribuem para a sustentabilidade financeira de organizações e causas. No Brasil, o primeiro foi criado na década de 50 e se intensificaram a partir de 2019, com a sansão da Lei 13.800/19. Segundo o Monitor de Fundos Patrimoniais, há hoje no país mais de 120 fundos patrimoniais ativos.

 

Saiba mais:

Programa Juntos pela Saúde lança cinco novos projetos para fortalecer o SUS no Norte e Nordeste do Brasil

Em 2024, o Programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES gerida pelo IDIS, se expandiu para todos os estados da região Norte e Nordeste do Brasil, apoiando o Sistema Único de Saúde (SUS) na região. Ao todo foram dez novos projetos aprovados, sendo cinco deles selecionados por meio de fomento estruturado. Esta modalidade é destinada a projetos indicados pelos apoiadores que estejam alinhados com os objetivos do programa e que recebem apoio técnico do IDIS na sua estruturação. 

Com novos aportes, serão quase R$20 milhões a mais investidos em projetos de fomento estruturado, que contemplam mais de 2.000 municípios, aproximadamente, nos 16 estados do Norte e Nordeste do país. Por meio de uma estratégia de matchfunding, na qual o recurso captado tem seu valor dobrado ampliando o alcance e impacto das ações, doações do BNDES e outros três apoiadores (capital filantrópico), viabilizaram o apoio a cinco novas propostas que agora compõem o portfólio de projetos do Juntos pela Saúde. Ao todo, para estas novas iniciativas, o Fundo Vale destinou R$1 milhão, a Fundação Novartis mais de R$2,6 milhões e a Umane destinou mais de R$6 milhões.

Como eixo comum entre os projetos, destaca-se o enfoque no fortalecimento da Atenção Primária à Saúde no âmbito do SUS. Entretanto, os diferentes executores têm projetos bastante diversos abrangendo desde o cuidado com gestantes e hipertensos e a construção de infraestrutura para viabilizar o atendimento do SUS na Amazônia Legal, até a identificação e prevenção de epidemias respiratórias, e o aprimoramento do cuidado de Condições Crônicas Não Transmissíveis (CCNT) e da saúde ocular dos brasileiros.

Conheça um pouco mais de cada um dos projetos apoiados:

AfluentesExecutado pelo Instituto de Estudos e Políticas para a Saúde (IEPS) com apoio do BNDES e parceria com a Umane, o projeto tem como objetivo principal reduzir a morbidade e a mortalidade associadas às falhas no cuidado de gestantes e de hipertensos em áreas desassistidas da Amazônia Legal. Para que isso seja possível, serão realizados diagnósticos das linhas de cuidado da Atenção Primária à Saúde (APS) relativas à hipertensão e pré-natal na região do Baixo Amazonas de forma a posteriormente desenvolvê-las por meio de tecnologias gratuitas. Serão beneficiárias as Secretarias Municipais de Saúde de seis municípios do estado do Pará.

Sistema de Antecipação de SurtosComandado pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), apoiado pelo BNDES e em parceria com a Umane, o projeto desenvolverá e implantará um sistema de alertas antecipados, geograficamente localizados, para identificar previamente surtos respiratórios a partir do monitoramento contínuo dos atendimentos na Atenção Primária à Saúde (APS). Para isso, o projeto pretende estar  presente em nas capitais do Norte e Nordeste, posteriormente expandido  para demais cidades das regiões. 

CARDIO Executado pela Beneficência Portuguesa (BP) e com apoio do BNDES e Fundação Novartis, o projeto pretende transformar o cenário das Condições Crônicas Não Transmissíveis (CCNT) e desfechos clínicos, buscando reduzir as taxas de morbidade e mortalidade. Para isso, ampliará a implementação da metodologia CARDIO, que será ajustada às necessidades e aos aspectos culturais dos territórios contemplados, beneficiando mais de 30 municípios da Paraíba, Ceará e Pará.  

SUS na Floresta Com execução da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), apoio do BNDES e parceria com o Fundo Vale e a Umane, o projeto tem como objetivo principal a construção de um ponto de apoio na Reserva Extrativista do Rio Gregório, no município de Eirunepé, no Amazonas. O ponto de apoio conterá infraestrutura para receber os atendimentos do SUS na região, com capacidade de realização de consultas odontológicas e telemedicina, e atendimento de aproximadamente da comunidade ribeirinha da região. 

V.E.R. – Visão Em RedeCom execução da Fundação Altino Ventura (FAV), apoio do BNDES e parceria da Umane, o projeto promoverá avanços na saúde oftalmológica da população brasileira por meio da ampliação do acesso e da utilização de metodologias digitais inovadoras. Para tal, será executado um projeto piloto no município de Serra Talhada, em Pernambuco, no qual será desenvolvida uma plataforma com novas tecnologias que poderá ser integrada às interfaces do SUS e às políticas de saúde existentes, tendo potencial de adoção em todo o território nacional.

Confira os destaques do Juntos pela Saúde no Março Lilás

O mês de março é considerado o ‘Março Lilás’, um mês de conscientização e prevenção do câncer de colo do útero. Como forma de trazer maior destaque a esta campanha, o IDIS se juntou a parceiros do Juntos pela Saúde para tratar da temática na mídia. 

O Juntos pela Saúde é uma iniciativa do BNDES, gerida pelo IDIS, em parceria com doadores privados, que busca reunir recursos para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Assim, até 2026, mais de R$113 milhões serão investidos em mais de 10 projetos de saúde que visam beneficiar as atividades de atendimento às populações que vivem nestas regiões do país.

 

Estima-se que mais de 36 milhões de mulheres entre 25 e 64 anos não realizaram ao menos uma coleta de exame de Papanicolau no intervalo de três anos, segundo dados do 2º quadrimestre de 2024, da análise da ImpulsoGov, considerando dados do SISAB (Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica), do Ministério da Saúde. Em paralelo a isso, a mortalidade por câncer de colo de útero atingiu seu pico dos últimos 22 anos. Em 2022, a taxa de mortalidade por este câncer foi de 6,4 a cada cem mil pessoas, vitimando 6.983 mulheres, segundo números do Observatório da Saúde Pública, da Umane.

O Impulso Previne é uma plataforma digital gratuita que centraliza dados, análises e recomendações sobre os principais indicadores de prevenção em saúde, e que faz parte do programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES, gerida pelo IDIS, executada pela ImpulsoGov em parceria com o Instituto Dynamo e a Umane

“Com o apoio do governo do presidente Lula, o BNDES tem atuado em várias frentes para fortalecer o setor de saúde: ampliando o acesso da população aos serviços, reduzindo a vulnerabilidade do SUS, apoiando o complexo econômico industrial da saúde do país, assegurando a universalização do SUS, incentivando a retomada dos investimentos em iniciativas inovadoras e reduzindo as vulnerabilidades produtivas e tecnológicas”, ressaltou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

 

Confira as matérias na íntegra!

Agência BNDES de Notícias

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Paula Fabiani e Felipe Groba escrevem para a Alliance Magazine

Anualmente o IDIS lidera a delegação brasileira que participa do Global Philanthropy Forum (GPF), nos Estados Unidos. Este ano não foi diferente, com um grupo de 32 participantes, o maior grupo de brasileiros presentes no GPF até hoje, o Instituto marcou presença no evento de 2025 que teve como tema “Embracing Risk: Adaptive Philanthropy in the Age of Complexity”, em português: Abraçando o Risco – Filantropia Adaptativa em uma Era de Complexidades.

Delegação brasileira no GPF 2025

A partir deste importante evento, Paula Fabiani, CEO do IDIS, e Felipe Groba, Gerente de Projetos do IDIS, escreveram sobre seus principais destaques para a Alliance Magazine, uma das mais importantes revistas de filantropia do mundo. 

Confira o relato na íntegra em inglês aqui.

Ou acesse a versão traduzida em português.

Global Philanthropy Leaders Summit 2025: abraçando risco em uma era de complexidades

*Texto originalmente publicado em inglês na Alliance Magazine.

*Por Felipe Insunza Groba e Paula Jancso Fabiani.

O Global Philanthropy Leaders Summit de 2025 que teve como tema “Embracing Risk: Adaptive Philanthropy in the Age of Complexity” (em português: Abraçando o Risco – Filantropia Adaptativa em uma Era de Complexidades), ocorreu entre 12 e 14 de Março em São Francisco na Califórnia. O encontro reuniu mais de 200 líderes, tomadores de decisão do setor filantrópico e stakeholders de diversas iniciativas para explorar abordagens inovadoras para a filantropia em um mundo cada vez mais imprevisível.

Em tempos de desafios globais profundos – desde aceleradas transformações tecnológicas até ameaças crescentes contra a democracia e a liberdade — o encontro destacou a necessidade de tomar riscos estratégicos e ousados. As sessões de abertura incentivaram os presentes a refletirem sobre o desenvolvimento do papel da filantropia até hoje e a necessidade de se reinventar. Mais do que nunca, o setor está sendo chamado a agir e repensar suas abordagens.

Delegação brasileira no GPF

A delegação brasileira teve destaque no evento deste ano, com quatro palestrantes e 32 participantes contribuindo ativamente com perspectivas diversas do panorama filantrópico do Brasil. Nesse mesmo sentido, muitos participantes do Sul Global – da Índia, Paquistão, América Latina e países africanos – trouxeram mensagens de otimismo sobre o desenvolvimento de parcerias com múltiplos stakeholders em seus países, onde a incerteza e a adaptação fazem parte da vida cotidiana há décadas.

Um tema recorrente em muitas discussões foi a necessidade urgente de reconstruir a confiança – um pilar fundamental para uma filantropia eficaz. Os participantes também exploraram maneiras de melhorar o sistema de ajuda humanitária existente e o papel de coordenação que a filantropia poderia assumir na parceria entre os setores. A relevância das transferências de recursos entre países também foi um destaque, ressaltando a importância da doação e da ação colaborativa para enfrentar os desafios modernos.

Ao longo das sessões, os presentes foram desafiados a repensar suas abordagens para os problemas urgentes da atualidade. Empatia, reciprocidade e cooperação apareceram como princípios para fomentar sociedades mais fortes e resilientes. Como esses valores podem ser incorporados à filantropia e à governança?

Embora a humanidade tenha uma capacidade inata de se adaptar, a eficácia de diferentes modelos e estratégias filantrópicas permanece incerta em uma era com tantos complexos desafios. Apesar de algumas narrativas de esperança e histórias de sucesso, há um sentimento palpável de cautela entre os participantes – um sentimento coletivo de “prender a respiração” enquanto caminhamos por um futuro imprevisível. Entretanto, mesmo em meio a uma profunda incerteza global, investidores e líderes sociais apontaram a necessidade de ação e mobilização social, utilizando ferramentas como o storytelling e uma conexão mais profunda com as comunidades como possíveis caminhos de mudança.

O Global Philanthropy Leaders Summit 2025 continua a desafiar as fronteiras da doação tradicional, clamando os líderes a abraçar riscos, fomentar a colaboração e repensar seus papéis na construção de um mundo mais equitativo. Enquanto as placas tectônicas das mudanças climáticas, da inteligência artificial e da governança global se movem em direções desconhecidas, o setor filantrópico foi chamado a trazer as placas estabilizadoras da esperança e da ação ousada para este mundo instável.

Mais de 36 milhões de mulheres não realizaram ao menos um exame preventivo em 3 anos

Estima-se que mais de 36 milhões de mulheres entre 25 e 64 anos não realizaram ao menos uma coleta de exame de Papanicolau no intervalo de três anos, segundo dados do 2º quadrimestre de 2024, da análise da ImpulsoGov, considerando dados do SISAB (Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica), do Ministério da Saúde. Em paralelo a isso, a mortalidade por câncer de colo de útero atingiu seu pico dos últimos 22 anos. Em 2022, a taxa de mortalidade por este câncer foi de 6,4 a cada cem mil pessoas, vitimando 6.983 mulheres, segundo números do Observatório da Saúde Pública, da Umane.

“A prevenção é a medida mais efetiva para o combate do câncer do colo do útero, terceiro tumor maligno mais prevalente entre a população feminina brasileira. O controle periódico com a realização do exame citopatológico, bem como a vacinação contra HPV são iniciativas que salvam vidas. Fortalecer as ações de Saúde da Mulher dentro do SUS pode garantir um acesso mais equitativo às medidas de prevenção e, assim, mais qualidade de vida para as mulheres”, afirma Thais Junqueira, superintendente geral da Umane. 

O Impulso Previne é uma plataforma digital gratuita que centraliza dados, análises e recomendações sobre os principais indicadores de prevenção em saúde, apresentando-os em um formato simples e rápido para ajudar os profissionais de saúde do SUS a oferecerem o melhor atendimento aos pacientes. Com essas ferramentas, eles podem identificar bebês e crianças não vacinados, por exemplo, e enviar lembretes para adultos sobre exames preventivos. Com atuação focada no Norte e Nordeste do país, a iniciativa, até junho de 2024, com apoio do BNDES e do Instituto Dynamo, atendeu 19 cidades com serviços voltados ao fortalecimento da gestão baseada em dados e à qualificação dos profissionais para o uso otimizado de dados.

Utilização da plataforma Impulso Previne na UBS de Jandaíra (BA), em abril de 2024.

Até dezembro de 2025, em parceria com a Umane, o projeto será expandido para mais de 240 municípios, com presença em todos os estados dessas regiões. Nesta fase, além de outros serviços, será desenvolvido um sistema de mensagens personalizado, que permitirá o envio de lembretes e informações relevantes sobre saúde diretamente aos cidadãos de 120 municípios. A plataforma também vai oferecer informações sobre pacientes referentes à cobertura vacinal, a realização do pré-natal, e ao controle de doenças crônicas como diabetes e hipertensão. O Impulso Previne faz parte do Programa Juntos pela Saúde, uma iniciativa apoiada pelo BNDES com a gestão de projetos feita pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, executado pela Impulso Gov.

“O programa Juntos pela Saúde exemplifica o poder das parcerias na promoção da saúde. A colaboração entre o BNDES, o setor público, e o setor privado demonstra como a união de esforços pode fortalecer o direito à saúde para todos. Por meio de projetos inovadores na atenção primária do SUS, a iniciativa tem auxiliado milhares de pessoas nas regiões Norte e Nordeste, prevenindo casos graves de doenças, como o câncer do colo do útero”, destacou Paula Fabiani, CEO do IDIS.

 

“O câncer do colo do útero é prevenível e curável quando detectado precocemente, tornando o exame preventivo fundamental. No entanto, a adesão dentro do prazo recomendado fica abaixo do ideal no país, devido aos desafios como barreiras sociais, culturais e a necessidade de múltiplas visitas à unidade de saúde. Com o Impulso Previne, ajudamos as equipes do SUS a identificar, de forma descomplicada, quem ainda não fez o exame em determinada área, para que possam buscá-las e garantir o acesso ao cuidado em tempo oportuno”, explica Juliana Ramalho, gerente de saúde pública da ImpulsoGov.

Projetos do Juntos pela Saúde focados em tecnologia digital são apresentados ao Ministério da Saúde

A tecnologia digital na saúde avança a passos largos. Apesar disso, pode demorar alguns anos até que esses avanços possam ser democratizados para toda a população, como é o caso de sistemas públicos de saúde, como o SUS. Tendo isso em mente, a Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) selecionou quatro projetos do programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES gerida pelo IDIS, em parceria com a Umane, para apresentarem iniciativas voltadas à promoção do acesso à saúde por meio de tecnologias digitais. Entre eles estão: 

Afluentes, executado pelo Instituto de Estudos e Políticas para a Saúde (IEPS);

NoHarm: Inteligência para Segurança dos Pacientes, executado pelo Instituto de Inteligência Artificial na Saúde;

Unidos pela Eliminação do Câncer de Colo de Útero no Brasil,  executado pelo Grupo Mulheres do Brasil;

V.E.R – Desenvolvimento e Implementação da Estratégia de Saúde Ocular Digital para Apoio e Fortalecimento da Saúde Ocular na Atenção Primária em Saúde (APS), executado pela Fundação Altino Ventura (FAV).

Por sua vez, a SEIDIGI, criada em janeiro de 2023, coordena a transformação digital do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de ampliar o acesso, promover a integralidade e a continuidade do cuidado em saúde.

Equipes do IDIS, Umane e integrantes dos projetos na reunião de trabalho da SEIDIGI em Brasília (Janeiro, 2025).

Assim, no dia 29 de janeiro, representantes das quatro iniciativas apoiadas pelo Juntos pela Saúde se reuniram em Brasília, juntamente com representantes do IDIS, BNDES e Umane, para apresentar as estratégias adotadas pelos projetos a técnicos e representantes do gabinete da SEIDIGI, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS). A partir disso, membros de todas as organizações puderam dialogar e refletir sobre como os projetos apresentados estão alinhados com as prioridades e oportunidades das políticas nacionais da Secretaria e de que modo eles poderiam somar esforços e favorecer um espaço de aprendizado colaborativo a partir da implementação de sua tecnologia digital nos territórios.

Equipes do BNDES, IDIS, Umane e integrantes dos projetos na reunião de trabalho da SEIDIGI em Brasília. (Janeiro, 2025). Crédito: IDIS.

“A oportunidade de diálogo entre o terceiro setor e a Secretaria de Saúde Digital, e demais órgãos do Ministério da Saúde representados, é de suma importância para o desenvolvimento de inovações aderentes aos territórios”, diz Evelyn Santos, gerente de parcerias e novos projetos da Umane.

 

 “A troca com a Secretaria de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde foi excelente. Muito importante para refletir sobre as tecnologias digitais aplicadas pelos projetos do Juntos pela Saúde e também para tratar sobre as especificidades dos territórios que serão atendidos pelas iniciativas”, enfatizou Luiza Saraiva, gerente do programa Juntos pela Saúde do IDIS.

Perspectivas para fundos filantrópicos em 2025

Há décadas os Fundos Filantrópicos têm se mostrado um mecanismo de uso crescente e exitoso para a mobilização de recursos filantrópicos em diversos países, contribuindo para a sustentabilidade de causas e organizações. No Brasil, o IDIS lidera uma iniciativa de advocacy, contribuindo para o aprimoramento do ambiente regulatório. Para dar sustentação e legitimidade aos pleitos levados à congressistas, o IDIS lidera a Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, um grupo multisetorial hoje composto por mais de 120 membros, entre organizações, empresas e pessoas que apoiam a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no país, contribuem com suas demandas e pontos de vista, além de acompanharem e apoiarem os esforços na pauta.

Em janeiro de 2019, a Lei 13.800/19, conhecida como Lei dos Fundos Patrimoniais, foi regulamentada. A conquista é um marco para a agenda, e a ela seguiram outras regulamentações, fortalecendo o arcabouço legal. Hoje, acompanhamos a tramitação do Projeto de Lei (PL) 2440/23, aprovado no Senado em dezembro de 2024 e enviado para a Câmara do Deputados. O PL prevê  isentar as organizações gestoras de fundos filantrópicos de contribuições sociais, já que o recurso manuseado será utilizado especificamente para fomentar impacto social.

Em 2025, a agenda segue forte. Conheça as prioridades estratégicas e saiba como participar:

Aprovação do PL 2440/23 na Câmara dos Deputados: para conquistarmos esse marco prevemos estabelecer parcerias e fomentar o diálogo com membros estratégicos da Câmara. Entre nossas intenções, acionaremos a legisladores e pretendemos estabelecer contato com o Deputado Hugo Motta, presidente da Câmara. O objetivo é solicitar urgência na tramitação do Projeto de Lei, contribuindo para a eficiência na aprovação.

Avanço do PL 6185/23 na Câmara: Além do PL 2440/23, existe o PL 6185/23 em tramitação na Câmara. O Projeto de Lei permite a dedução do Imposto sobre a Renda apurado pelas pessoas físicas ou jurídicas, de valores doados a fundos patrimoniais constituídos nos termos da Lei nº 13.800/19, e dá outras providências. Continuaremos acompanhando o avanço do PL na Câmara, com a possibilidade de ele ser apensado ao PL 2440/23.

Apoio às discussões no âmbito da Reforma Tributária: destacamos que a não incidência do ITCMD está contemplada na Reforma que ainda precisa passar pela sanção do Governo Federal. Além disso, existe a possibilidade da cobrança de IBS e CBS para os Fundos Patrimoniais constituídos na Lei 13.800/19. Continuaremos os esforços para que a Reforma Tributária contribua para o avanço da agenda dos Fundos Patrimoniais no Brasil.

Conhecimento: a produção de conteúdo é um dos pilares da incidência política, trazendo evidencias técnicas. Por meio do Monitor de Fundos Patrimoniais, temos dados sempre atualizados sobre a quantidade de endowments no país, volume de patrimônio, causas apoiadas e localidade. Por meio do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais, trazemos informações aprofundadas sobre a gestão.

Coalizão pelos Fundos Filantrópicos: o grupo multissetorial, formado por mais de uma centena de signatários, contribuiu para que as iniciativas e pleitos de advocacy efetivamente representem o setor. Seguimos interessados em ampliar e fortalecer a rede, reunindo novos pontos de vista.

Ainda não é um signatário da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos? Entre em contato conosco em comunicacao@idis.org.br. É gratuito! Faça parte e apoie a causa dos fundos patrimoniais filantrópicos.

Juntos pela Saúde encerra 2024 com aumento no portfólio de projetos

Em 2024, o Programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES gerida pelo IDIS, se expandiu para todos os estados da região Norte e Nordeste do Brasil, contemplando mais de 350 municípios.

Ao todo, mais de R$100 milhões serão investidos para o fortalecimento da saúde pública nas regiões Norte e Nordeste em um período de quatro anos. A partir de doações do BNDES e outros apoiadores (capital filantrópico) em uma estratégia de matchfunding, o programa beneficiará 14 projetos comprometidos com o atendimento de saúde para população usuária do SUS.

Equipe do Juntos pela Saúde do IDIS em setembro de 2024. Crédito: André Porto e Caio Graça. 

Atenção Primária em Saúde no SUS

Lançado em janeiro de 2024, o Edital “Atenção Primária em Saúde do SUS no Norte e Nordeste”, iniciativa do Juntos pela Saúde em parceria com a Umane, teve como objetivo apoiar projetos que aprimoram a Atenção Primária à Saúde (APS) em municípios com menos de um médico a cada mil habitantes nas regiões Norte e Nordeste do país. Os selecionados poderiam receber até R$20 milhões destinados na modalidade de matchfunding.

Comitê de seleção do edital de APS (junho 2024). Foto: Rossana Fraga/BNDES.

Por meio de um processo minucioso de seleção, que incluiu webinars para solução de dúvidas e diversas etapas de entregas para os participantes, em junho de 2024 foram selecionados cinco projetos para serem apoiados pelo edital dentre os mais de 40 inscritos. Ao fim do segundo semestre, os projetos ‘Unidos pela Eliminação do Câncer de Colo de Útero no Brasil’ e ‘NoHarm: Inteligência para Segurança dos Pacientes’ já iniciaram atividades. 

“Expandimos a iniciativa ‘Juntos pela Saúde’, um programa de impacto em parceria com o BNDES e outras organizações privadas, com o objetivo de fortalecer o SUS nas regiões Norte e Nordeste do país. Neste ano, aprovamos dez novos projetos, sendo cinco deles selecionados a partir de uma chamada pública realizada com apoio da Umane. No total, finalizamos 2024 com 14 projetos aprovados no Programa, com presença em todos os estados do Norte e Nordeste, totalizando mais de R$110 milhões destinados aos territórios até 2026”, afirmou Luiza Saraiva, gerente do programa Juntos pela Saúde do IDIS.

 

Impacto regional 

Durante o ano, também foram realizadas uma série de visitas de acompanhamento e monitoramento em campo por parte da equipe do Juntos pela Saúde aos municípios participantes dos diversos projetos integrantes do programa. 

Em março, um encontro em São Luís, no Maranhão, reuniu parceiros e representantes de 21 dos 24 municípios maranhenses participantes do projeto Ciclo Saúde Proteção Social. Já em setembro, uma visita a Lagarto (SE) para acompanhamento dos resultados do projeto Painel de Indicadores em Saúde Mental, que havia sido finalizado no mês anterior.  

Equipe do IDIS, BNDES e ImpulsoGov, executora do projeto, em Lagarto, SE. Crédito: IDIS.

Encerramento de ciclos

Além de um ano de expansão e concretização do programa, este também foi um período de encerramento de dois projetos do Juntos pela Saúde. O Painel de Indicadores em Saúde Mental, apoiado pelo BNDES e RD Saúde, e executado pela ImpulsoGov, auxiliou a ampliação do acesso a dados e informações simplificadas para os gestores de saúde mental dos 10 municípios participantes, de forma a melhor orientar a gestão por parte dos profissionais envolvidos nos serviços de saúde mental. Já o primeiro ciclo do projeto Impulso Previne fortaleceu a gestão nos 19 municípios em que atuou por meio da ampliação do uso de indicadores de saúde, em especial o indicador citopatológico, essencial na prevenção do câncer de colo de útero. 

Perspectivas para 2025

Quando um ciclo se encerra, novas oportunidades surgem. Finalizamos 2024 orgulhosos com o que foi conquistado até aqui. O ano foi marcado por formalizações de etapas processuais de novos projetos embarcados no Programa ao longo do segundo semestre. Em 2025, a partir da intensificação da atuação dos projetos apoiados por meio do capital público e filantrópico, vamos escalar ainda mais a atuação em prol de uma saúde pública tecnológica e democrática para as populações do Norte e Nordeste do País.

“Nesses dois primeiros anos do Juntos pela Saúde, nos dedicamos à estruturação de processos, captação de apoiadores e executores, e constituímos um diversificado portfólio de projetos com objetivos ambiciosos voltados ao fortalecimento da atuação do SUS nas regiões Norte e Nordeste. Para 2025, nossa expectativa é fortalecer a nossa rede de parceiros, promovendo trocas, aprendizagens coletivas e integrando soluções que possam potencializar os resultados na ponta. Além disso, seguimos acompanhando de perto as realizações nos territórios para conhecer a perspectiva dos nossos beneficiários – os profissionais de saúde do SUS – e para compreender ainda melhor os impactos do nosso trabalho”, destacou Luiza Saraiva.

Ampliação e consolidação de endowments no Brasil é tema de debate

Como os fundos patrimoniais contribuem para atuação perene das causas e instituições? O mercado financeiro está preparado para lidar com a gestão dos recursos de fundos patrimoniais? Qual a importância da diversidade e inclusão para a governança de fundos patrimoniais?

Estas foram algumas das questões debatidas no evento de lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023. Na terceira edição, a publicação analisou dados de 74 endowments brasileiros, que somam 156 bilhões de reais em patrimônio, valor que equivale a mais de 98% do patrimônio contido em fundos patrimoniais no país, de acordo com o Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil

Visando melhor compreender o significado dos achados inéditos da publicação para o cenário brasileiro, o evento de lançamento do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023 (acesse a publicação completa aqui) contou com uma mesa redonda com gestores de fundos patrimoniais ativos. O debate contou com a contribuição de Luiz Fernando Figueiredo, Presidente do Conselho de Administração da JiveMauá Investments e do Conselho Instituto Fefig; Murilo Nogueira, Diretor Administrativo & Financeiro da Fundação Bradesco; Rodrigo “Kiko” Afonso, Diretor-Executivo da Ação da Cidadania; Viviane Moreira, membro do Conselho Fiscal do IDIS; e moderação de Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias do IDIS. 

Em relação a perenidade dos endowments no país, Murilo Nogueira, gestor do maior e mais antigo fundo patrimonial brasileiro, frisou a necessidade de uma gestão cautelosa e responsável dos recursos financeiros para que possa haver continuidade na manutenção da causa apoiada. O investimento e acompanhamento consciente aparece como mecanismo essencial para o sucesso e manutenção do legado criado (confira aqui um artigo sobre o fundo patrimonial da Fundação Bradesco que está presente no Anuário). Rodrigo ‘Kiko’ Afonso, também tratou em sua fala sobre a importância da gestão responsável e transparente dos recursos investidos, uma vez que a continuidade destes dependem da confiança do doador com o fundo patrimonial. 

Luiz Fernando Figueiredo reforçou a importância da estrutura do setor de gestão de investimentos no Brasil para a consequente manutenção da perenidade dos fundos. Para ele, não há país emergente no mundo que tenha setor comparável quando se trata da magnitude e maturidade da área de gestão de investimentos. 

“Nossa indústria foi muito bem regulada e por isso ela se desenvolveu muito. Neste processo, ela também trouxe um desenvolvimento dos gestores muito relevante. (…) Sem dúvida nenhuma a indústria brasileira de gestores está mais do que pronta para conseguir ajudar a gestão dos fundos patrimoniais”, reforçou Luiz Fernando. 

Ainda tratando da importância dos fundos patrimoniais para garantia da perenidade de recursos para as causas, Kiko menciona que este foi um ponto essencial para a escolha da Ação da Cidadania por este mecanismo em detrimento de outras ferramentas de investimento. Ele explicou que a questão da fome é muitas vezes vista como algo pontual e acaba passando por dificuldades quando as doações diminuem, portanto, buscavam um mecanismo que garantisse essa longevidade de apoio a esta causa. 

“Quando os dados saem as doações vêm muito rapidamente, mas elas se encerram rapidamente logo depois desse processo. (…) Como é que a gente resolveu isso para ter um olhar de perenidade na atuação do Ação da Cidadania, sem se vender para o setor privado ou para o governo? (…) Criando um fundo patrimonial que nos desse essa segurança de que a gente pudesse se manter nessa luta, sem precisar fugir dela por uma questão de redução de doação”, explicou o diretor da Ação da Cidadania.

Já Viviane Moreira trouxe uma abordagem diferente, tratando da importância da diversidade e inclusão (D&I) para o aprimoramento da governança de fundos patrimoniais e demais organizações sociais. O Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023 revelou a baixa incidência de pessoas negras e mulheres nas instâncias de governança dos endowments brasileiros. Porém, a aplicação de políticas de D&I são estratégicas para a transformação social ao serem capazes de expandir os horizontes de observação, considerando outras perspectivas em relação a gênero, raça, sexualidade e acessibilidade e que antes poderiam estar sendo ignoradas. A ampliação dessas perspectivas, de visões de vida e de negócios, promove mais ética nas decisões e construção de estratégias na instância da governança.

“Se a gente não constrói este storytelling [narrativa] ético com governança, representatividade e de forma muito assertiva, a gente vai continuar mais excluindo do que incluindo”, alerta Viviane. 

A mesa de debates do evento ainda abordou aspectos relevantes relacionados às boas práticas para garantir a perpetuidade de fundos patrimoniais além de importantes pontos sobre a gestão de endowments, especialmente no que diz respeito ao fluxo de caixa e à alocação de investimentos financeiros.

Confira a gravação completa aqui:

Por que grupos minorizados precisam participar da governança na filantropia?

Artigo publicado originalmente na Exame em 20/11/2024

* Por Viviane Elias Moreira e Andrea Hanai

Viviane Elias Moreira: "É urgente, portanto, que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores." (Leandro Fonseca/Exame)

Viviane Elias Moreira: “É urgente, portanto, que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores.” (Leandro Fonseca/Exame)

Estima-se que tomamos aproximadamente 35 mil decisões diariamente, variando das simples às complexas. Embora sempre presente no nosso cotidiano, a tomada de decisão nem sempre é trivial. Nossa escolhas podem ser decisivas para nossas próprias vidas, ou afetar o futuro de nações, de organizações ou a vida de milhares, até milhões de outras pessoas.

Quando entramos na seara das instituições, chegamos a este assunto tão importante, mas ainda subestimado: a Governança. O conceito envolve sistemas, princípios, regras, estruturas e processos que levam pessoas a tomarem decisões mais adequadas, assertivas, sustentáveis, equilibradas, inclusivas e norteadas pela transparência.

Hoje, vamos falar especificamente da governança para o investimento socioambiental. Refletir sobre como são feitas as escolhas sobre a destinação de recursos para este ou aquele projeto ou organização. A provocação proposta neste texto tem a intenção de convocar todos para sairmos de uma zona de conforto que a rotina, ou o privilégio, por vezes nos impõe.

No âmbito da filantropia, é preciso que o setor reconheça a importância da diversidade e inclusão em seus processos, objetivos e propósitos, passando a enxergá-la não apenas como uma responsabilidade moral, mas como um recurso estratégico para uma verdadeira transformação social. Muitas iniciativas filantrópicas já consideram a diversidade como critério para o direcionamento de recursos, bem como muitas organizações da sociedade civil já adotam critérios afirmativos em seus processos de contratação.

Contudo, a inclusão de pessoas de diferentes origens, raças, etnias, gêneros, orientações sexuais, habilidades e crenças em espaços sociais e de trabalho vai além da representatividade, trata-se de criar ambientes em que essas diferentes vozes sejam ativamente ouvidas, estimuladas e valorizadas. E, para isso, a participação deste público nos processos decisórios da governança é fundamental, trazendo consigo a riqueza de decisões estratégicas que levam em conta uma pluralidade de perspectivas, conferindo legitimidade às ações.

Quando grupos sub-representados ganham espaço e são ouvidos de forma estratégica nas decisões em torno da filantropia, há uma redistribuição de oportunidades e de recursos, que impactam positivamente e estão alinhados com a definição moderna de filantropia, indo muito além de doações financeiras para causas sociais, envolvendo um conjunto de ações mais amplo e estruturado que visa o impacto positivo sistêmico e sustentável.

Quando a filantropia assume a diversidade como um valor essencial para a sua realização, o potencial de impacto é ainda maior, e isso reverbera de outras maneiras, seja promovendo mais justiça social, estimulando o desenvolvimento econômico ou impulsionando inovação e competitividade. No Brasil, onde as desigualdades sociais estão profundamente enraizadas em questões de raça, gênero e localização geográfica, fomentar essas práticas têm um exponencial poder de transformação.

Atingir a igualdade em temas de diversidade ainda é algo desafiador em espaços operacionais. E o cenário se torna ainda mais crítico em órgãos deliberativos da governança. Seguindo o ritmo atual, serão necessários cerca de 20 anos para que haja uma paridade entre homens e mulheres na composição dos conselhos deliberativos, por exemplo, de acordo com o Censo GIFE 2022/2023, que ouviu 137 organizações da sociedade civil, em sua maioria ligadas à filantropia familiar e empresarial. No recorte de raça, apesar dos avanços, o percentual de pessoas brancas nos conselhos ainda é de 92%. Negros são 7%, amarelos/orientais, 1% , e há apenas 1 pessoa indígena mapeada neste espaço.

É claro que mudanças na governança de organizações já estabelecidas podem requerer tempo, o que poderia justificar o ritmo lento com o qual grupos minorizados vêm sendo incluídos em instâncias deliberativas. Porém, preocupa o fato de novas organizações da sociedade civil e novos processos decisórios em organizações estabelecidas estarem sendo criados sem que se leve em conta a diversidade e inclusão.

Um estudo recente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), que traz dados de 74 fundos patrimoniais (endowments) no Brasil, revela que temos a presença de pessoas pretas, pardas ou indígenas em apenas 43% das Assembleias Gerais, 36% dos Conselhos Deliberativos, Curadores ou de Administração, e em somente 11% dos Comitês de Investimento. Uma presença numericamente muito baixa, que em nenhuma das instâncias supera 8% dos membros.

Cenário um pouco melhor é o que considera a questão de gênero. As mulheres estão presentes na maior parte dos Conselhos e Comitês, mas ainda assim não chegam a ocupar metade das cadeiras destes órgãos. Por fim, outro aspecto interessante é o fato de que 78% dos fundos patrimoniais (58, entre os 74 da amostra) foram criados a partir de 2010.

A filantropia é umas das maneiras mais eficientes de impulsionar mudanças sistêmicas que não apenas são capazes de reduzir a desigualdade social mas, também, de construir uma sociedade mais justa, equitativa e inclusiva, criando um país com oportunidades verdadeiramente iguais para todos.

Se queremos preservar a legitimidade e relevância de nossa filantropia e de nossa sociedade civil organizada, precisamos olhar com mais seriedade, a diversidade e inclusão não somente nas ações e projetos realizados, mas também no processo decisório em torno de nossa estratégia e atuação.

É urgente, portanto, que a filantropia trate a diversidade com mais afinco e convicção, e com menos hesitação, criando, assim, espaços cada vez mais respeitosos, justos e acolhedores.

* Viviane Elias Moreira é conselheira fiscal no Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), e Andrea Hanai é gerente de projetos no IDIS

Acesse também a nota técnica ‘Governança em organizações da sociedade civil: framework para alocação estratégica de talentos’!

IDIS participa do lançamento do projeto de combate ao câncer do colo do útero apoiado pelo Juntos pela Saúde

O projeto será executado na 2ª Regional de Saúde de Caucaia/CE, atua na prevenção do câncer do colo do útero e foi um dos contemplados pelo edital do programa Juntos pela Saúde com apoio da Umane e BNDES.

A equipe do IDIS e do BNDES esteve presente no lançamento do projeto “Unidos pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero no Brasil”, que tem o Grupo Mulheres do Brasil como proponente. Esta é uma das 5 propostas contempladas no edital de chamamento público do programa Juntos pela Saúde, uma iniciativa do BNDES, gerida pelo IDIS. O edital contou com o apoio da Umane e teve como objetivo financiar projetos de fortalecimento da Atenção Primária à Saúde Pública no Norte e Nordeste do país.

Lançamento do projeto do Grupo Mulheres do Brasil em Fortaleza (CE), outubro de 2024. Foto: Grupo Mulheres do Brasil.

O evento foi realizado na sede do Instituto Primeira Infância – IPREDE em Fortaleza (CE), e contou com a participação da presidente do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano, e vice-presidente, Annette de Castro, além do CSO do Instituto do Câncer do Ceará (Grupo ICC), Dr. Pedro Menelau, membros da Secretaria de Saúde do Ceará e secretários de saúde dos 10 municípios contemplados pelo programa. Luiza Saraiva, Gerente da iniciativa Juntos pela Saúde no IDIS, Guilherme Sylos, Diretor de Prospecção e Parcerias do IDIS, e Clarice Braga, do BNDES, também estiveram presentes para prestigiar o lançamento.

“A parceria com o BNDES, Umane e IDIS no projeto Unidos pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero no Ceará é um marco importante para a saúde pública do Brasil. Estamos diante de uma oportunidade única, já que temos uma vacina eficaz e gratuita, disponível no SUS, que previne vários tipos de câncer causado pelo HPV. É importante que todos entendam o poder dessa vacina, que pode salvar vidas e eliminar uma doença que afeta milhares de pessoas no nosso país”, comentou Luiza Helena Trajano.

O projeto ‘Unidos pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero no Brasil’ visa contribuir para a diminuição da mortalidade de mulheres causadas pelo câncer do colo do útero nos municípios de Apuiarés, Caucaia, General Sampaio, Itapajé, Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, São Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu e Tejuçuoca no Ceará. Regionalmente, o câncer do colo do útero é o segundo mais incidente na região Nordeste (17,59/100 mil), segundo dados do INCA (2022), a segunda maior taxa entre as regiões brasileiras.

“Estamos muito felizes com a formalização dessa parceria com o Grupo Mulheres do Brasil. Com essa iniciativa, temos a oportunidade de prevenir a proliferação desta grave doença e salvar a vida de muitas mulheres nas regiões atendidas”, comentou Luiza Saraiva.

Englobando 10 municípios da região contemplada, o programa busca agir localmente por meio de três objetivos principais:

1. Aumentar a cobertura da vacina HPV

Por meio de ações de promoção e prevenção no âmbito da saúde e educação, serão implementadas ações integradas para intensificar a vacinação nas escolas utilizando o consentimento digital das famílias como forma de otimizar a operação.

2. Aumentar a cobertura de rastreamento do câncer do colo do útero

Por meio do incentivo e orientação a adoção do exame HPV-DNA, em conformidade com a recomendação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) de 2021, e ampliação da busca ativa e incentivo do agendamento inteligente de exames de rastreamento do vírus.

3. Garantir a continuidade do cuidado

Por meio da ampliação de ações de busca ativa e agendamento inteligente para garantir a continuidade do cuidado para mulheres com exames alterados, em especial para os grupos de risco.

“É uma satisfação para a Umane fomentar mais uma iniciativa pela saúde pública cearense. O câncer do colo do útero é prevenido por meio da adoção de medidas simples como o exame periódico e a vacinação contra HPV. Fortalecer o sistema de saúde na organização de seu processo de trabalho em linhas de cuidado na saúde da mulher pode ter um impacto significativo no objetivo de todas as mulheres da região terem acesso aos exames e à vacina.” ressalta Thais Junqueira, superintendente geral da Umane.

 

Sobre o Juntos pela Saúde

Lançado em 2023, o Juntos pela Saúde é uma iniciativa do BNDES, gerida pelo IDIS, e que tem como objetivo reunir recursos para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O programa funciona através da modalidade de matchfunding, ou seja, a cada real doado por outras instituições, o BNDES irá aportar outro real. Assim, o programa tem como perspectiva que até 2026, sejam destinados até R$200 milhões (R$100 milhões do BNDES e R$100 milhões de apoiadores) para projetos de saúde nestas regiões do país.

IDIS lança a 3ª edição do Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais

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O debate sobre a importância dos fundos patrimoniais, do legado e impacto a longo prazo que eles podem causar, positivamente, nas agendas socioambientais, está em ascensão no Brasil. Em uma edição que traz uma série histórica de 2019 a 2023, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social lança o Anuário de Desempenhos de Fundos Patrimoniais 2023, que traz uma amostra composta por 74 fundos, entre 107 fundos elegíveis, que juntos somam um patrimônio de R$156 bi.

 

Perfil da amostra dos fundos patrimoniais analisados no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais entre 2021 e 2023.

 

O levantamento, voltado a gestores de endowments, revelou que em 2023 foi alcançada uma rentabilidade média dos fundos de 10,6%, a mais alta desde 2020, e que a maioria dos fundos prefere investimentos em renda fixa, caixa e equivalentes, categorias que concentraram 81% das aplicações financeiras dos fundos patrimoniais.

 

Composição da amostra por faixa de patrimônio dos fundos patrimoniais analisados no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais de 2023 (Dez 2023).

 

O prefácio da publicação é assinado pelo Senador Flávio Arns, responsável pela elaboração do Projeto de Lei 2.440/23, que busca complementar a Lei 13.800/19 dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos. Arns ressalta que “fundos patrimoniais são essenciais para o desenvolvimento social de nosso país, na medida em que promovem projetos e causas que transformam a vida de brasileiros e brasileiras.”

Hoje, no Brasil, existem 115 fundos patrimoniais mapeados, de acordo com o Monitor dos Fundos Patrimoniais, projeto coordenado IDIS, dos quais oito foram criados neste ano. Também conhecidos como endowments, os fundos patrimoniais reúnem um conjunto de ativos de natureza privada com o objetivo de, a partir dos seus rendimentos, serem fontes de recursos a longo prazo para instituições e/ou causas apoiadas. Ou seja, a criação de um fundo patrimonial perpetua a atuação de uma instituição, ou o apoio a uma causa.

O Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais apresenta um panorama que contempla informações sobre fluxo de caixa, alocação, rendimentos, política de investimento e governança de endowments. Só em 2023, segundo a publicação, foram resgatados R$3,5 bi, sendo R$3,2 bi destinados a causas e R$270 mi utilizados para custeios dos fundos.

Cinco principais causas apoiadas pelos fundos patrimoniais analisados no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023.

A Educação continua a ser a causa mais apoiada, com 47 fundos destinando recursos para o setor. Em seguida, pesquisa e conhecimento, desigualdade / desenvolvimento econômico e social e assistência social. A maior parte dos fundos está concentrada no eixo Rio-São Paulo, com São Paulo respondendo por 69% do total de participantes do levantamento.

 

Localização geográfica dos fundos patrimoniais analisados no Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023.

“O Anuário apresenta parâmetros e referências para a atuação de gestores. Em sua 3ª edição, a publicação se consolida como um instrumento para a tomada de decisões e tem sido fundamental para as nossas ações de incidência em busca do aprimoramento de políticas públicas”, ressaltou Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Em relação ao número de doações recebidas, em 2023, os 74 endowments receberam um total de doações de R$ 517 mi, mas a média de valor doado por fundo permaneceu estável, caindo ligeiramente de R$9,3 mi, em 2022, para R$8,8 mi, em 2023. Destaque, ainda, para a concentração das doações em poucos fundos, que se confirmou nesta edição, ao trazer a informação de que os cinco fundos mais captadores de recursos ficaram com 75% das doações. Não é surpreendente, dessa forma, que a captação de recursos continua sendo o grande desafio enfrentado por gestores, em especial os responsáveis por fundos com patrimônio inferior a R$500 mi.

Outro achado do levantamento diz respeito à baixa diversidade étnica e racial em instâncias de governança. A presença da população preta, parda e indígena em conselhos e comitês é numericamente muito baixa e não superou 8% dos membros em nenhum. As informações apresentadas na publicação foram coletadas por meio de um questionário online, respondido diretamente pelos gestores dos fundos patrimoniais.

Confira a apresentação dos dados:

Melhores práticas para se medir o sucesso de um fundo patrimonial

*Diego Martins, sócio da Pragma Gestão de Patrimônio

Anos atrás, conversando com o diretor de investimentos de um grande endowment norte-americano, ele me disse que todo investidor deveria, antes de investir, se perguntar por que seu capital é especial. A resposta para essa pergunta o ajudaria a alocar o patrimônio da melhor maneira possível, aproveitando ao máximo do potencial de retorno ajustado por risco. Ato contínuo, perguntei o que o capital que ele geria tinha de mais especial. E a resposta, sem hesitar, foi que o patrimônio de um endowment pode ser investido para a eternidade – portanto, com um horizonte de prazo longuíssimo, diferente de todos os outros investidores do mercado.

Aos olhos dos investidores “comuns”, ativos de horizonte alongado são mais arriscados: têm mais volatilidade (como ativos de renda variável), ou se expõem a períodos grandes de iliquidez e a riscos idiossincráticos (caso dos investimentos alternativos, como Ativos Reais, Private Equity ou Venture Capital). A perspectiva de longo prazo inverte essa realidade, e o que é risco para a maioria se torna oportunidade para os endowments: a renda variável tem historicamente entregado prêmios relevantes em horizontes longos, enquanto investimentos alternativos carregam consigo prêmio pela iliquidez, além da oportunidade de se capturar “alfa” (retornos acima dos índices de mercado).

Contudo, um capital especial pede igualmente um acompanhamento especial. Esse artigo se dedica a compartilhar com o leitor quais têm sido as melhores práticas para o acompanhamento de desempenho de fundos patrimoniais ao redor do mundo. São dois os grandes desafios enfrentados para medir a performance de endowments: alinhar as métricas ao horizonte mais longo dos investimentos; e saber exatamente o que se deseja medir com cada métrica.

A solução para o primeiro dilema passa, invariavelmente, pelo alongamento do horizonte de análise. Afinal, não faz sentido investir em ativos que maturam em mais de 5 ou 10 anos (sejam eles simples títulos de renda fixa com vencimentos mais longos, passando por ações e alcançando ativos reais como florestas ou infraestrutura), e querer avaliar o sucesso dessas alocações no mês a mês.

Nessa toada, quanto maior a alocação do fundo patrimonial em ativos com horizonte dilatado de realização de ganhos, mais longa deverá ser a janela de apuração de performance. Tomando como exemplo os endowments universitários norte-americanos, eles habitualmente avaliam o sucesso de portfólios em janelas móveis de 10 anos. Tal horizonte talvez possa parecer ousado para carteiras brasileiras, comumente menos alocadas em ações e investimentos alternativos. Ainda assim, não parece razoável se acompanhar o resultado de um fundo patrimonial em janelas muito curtas, inferiores a 5 anos, por exemplo. Do contrário, a apuração de performance de curto prazo inevitavelmente leva a uma subutilização de riscos toleráveis por um endowment – deixando na mesa, portanto, o que de fato remunera o seu capital especial.

Passemos então às métricas de performance contra as quais um fundo patrimonial deveria se medir. A primeira delas, talvez a mais relevante de todas, ajuda-nos a quantificar se o objetivo primordial de um endowment está sendo alcançado: a proteção do poder de compra do patrimônio somada à capacidade de geração de renda. Trata-se da medida do ganho real da carteira ao longo do tempo, ou seja, qual a rentabilidade acima da inflação. Ao mesmo tempo, é natural que fundos patrimoniais possuam metas de longo prazo na forma “inflação+X%” – segundo este Anuário, a meta mais comum no universo brasileiro é a de IPCA+5%a.a. É fundamental, por conseguinte, que as organizações avaliem periodicamente o cumprimento ou não de tal alvo.

Uma segunda medida relevante para a avaliação de desempenho de um endowment é a comparação do retorno ao de uma referência do mercado investível. Afinal, os gestores de um fundo patrimonial com meta de retorno de “IPCA+5%” podem até ficar satisfeitos caso tenham ganhos de longo prazo 6% ao ano acima da inflação, todavia essa performance terá menos brilho caso o mercado financeiro, de maneira passiva, tenha rendido mais do que isso. Nessa direção, é comum que fundos norte-americanos se comparem ao que chamam de portfolios de referência “naives” (ou ingênuos, em português), compostos por uma combinação de um índice de renda fixa e outro de renda variável.

A lógica por trás dessa métrica é a de aferir se o fundo patrimonial foi capaz de superar uma combinação simples, passiva e barata de ativos tradicionais de mercado. A carteira “ingênua” mais usada no mercado internacional é composta por 60% de um índice de ações e 40% de um índice de renda fixa. Os endowments do hemisfério norte, por sua vez, costumam se comparar a portfólios com alocação em renda variável entre 70% e 80%, haja vista que as exposições estruturais a ativos compatíveis com renda variável são superiores às dos investidores médios (algo alinhado com o horizonte de longo prazo).

Ao portarmos a mesma lógica para o Brasil, certamente teremos portfólios de referência com menos renda variável, sob efeito dos nossos juros reais estruturalmente mais altos. Ainda assim, observando as alocações reportadas nesta publicação, poderíamos inferir que um portfólio 20% renda variável / 80% renda fixa seja uma boa referência para a grande média dos respondentes. Entretanto, fundos maiores (acima de R$ 500 milhões) já demonstram maior orientação a ativos de longo prazo, sendo mais comparáveis a um mix com algo entre 40% e 50% de Renda Variável.

Aqui vale fazer uma ressalva quanto aos chamados “benchmarks” agregados, ou de política de investimentos. Alguns endowments costumam se comparar a um portfolio investido unicamente em índices de mercado, seguindo exatamente as alocações por classe de ativo determinadas nas próprias políticas de investimentos. Essa é uma medida válida caso se queira avaliar a capacidade das classes investidas gerarem retornos acima do mercado (portanto, o já mencionado “alfa”). No entanto, ela é menos abrangente do que a comparação com portfólios “naives” que, além do alfa, também apura a qualidade da decisão de se investir em classes de ativos além de Renda Fixa e Renda Variável, bem como o uso de mais ou menos risco do que o portfólio “ingênuo”.

Por fim, uma terceira medida é amplamente empregada por fundos patrimoniais no exterior: a comparação com a performance de investidores semelhantes. Dessa forma, a organização busca identificar se o próprio endowment tem desempenhado em linha ou melhor do que outras carteiras com perfil de risco e objetivo similares. Nesse aspecto, esta publicação do anuário também tem papel fundamental para os fundos patrimoniais brasileiros, ao ser a primeira (e até este momento a única) publicação a coletar e reportar, de maneira agregada e estratificada, os resultados dos endowments nacionais e de múltiplas causas.

Em suma, as métricas aqui apresentadas são capazes de endereçar as três perguntas fundamentais para avaliação de desempenho de fundos patrimoniais:

1. O fundo foi capaz de atingir o seu objetivo primordial, de proteger o patrimônio ao longo do tempo e gerar ganhos reais destináveis a sua causa? Medida de retorno real (“inflação+X%”);

2. O fundo foi capaz de superar o retorno médio de referências de mercado? Comparação com o portfólio “naive” (mix passivo de Renda Fixa + Renda Variável);

3. O fundo foi capaz de render em linha ou acima do retorno médio de seus pares? Comparação com retorno de outros endowments similares;

A resposta afirmativa a essas três perguntas, medidas num horizonte de tempo razoavelmente longo, caracteriza o sucesso consistente de um fundo patrimonial.

Prefácio Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023

*Por Senador Flávio Arns 

A grandiosidade de nosso país se expressa de diferentes formas. Somos gigantes pela nossa dimensão continental, pela nossa biodiversidade e pela nossa rica diversidade cultural. Ao mesmo tempo, temos enormes desafios sociais que exigem ações cada vez mais estruturadas para que alcancemos o grande objetivo de sermos um país próspero e justo para todos.

Falar de justiça social é falar de garantia de oportunidades para que todos se desenvolvam. Isso significa assegurar a cada brasileiro ou brasileira o acesso à cidadania plena, em toda sua caminhada pela vida. Garantir dignidade por meio da educação, saúde, assistência, trabalho, moradia, alimentação, cultura e demais direitos fundamentais que estão perpetuados em nossa Constituição.

O papel do poder público, em todas as suas instâncias, é fundamental para que avancemos em políticas públicas que promovam a valorização do ser humano. Porém, a participação da sociedade neste processo tem se mostrado igualmente essencial. Não por acaso, as ações promovidas pelo chamado Terceiro Setor têm provocado uma verdadeira revolução e contribuído para a transformação de realidades Brasil afora.

O Terceiro Setor é composto por diferentes tipos de organizações da sociedade civil, sem finalidade lucrativa, que exercem atividades de interesse social. Sua abrangência é muito significativa, assim como sua contribuição para a economia. De acordo com o Mapa das Organizações da Sociedade Civil (Mapa das OSC), o Brasil possui mais de 879 mil Organizações da Sociedade Civil (OSCs) registradas. O impacto dessas organizações na economia também é volumoso. Dados divulgados em 2023 pelo estudo “A importância do Terceiro Setor para o PIB no Brasil e em suas Regiões”, de iniciativa do Movimento por uma Cultura de Doação, mostram que o Terceiro Setor movimenta 4,27% do PIB, 3,39% do valor de produção e 5,88% das ocupações no país.

Tão grandioso quanto seu tamanho é, também, o seu potencial de crescimento, seja por meio da ampliação de parcerias entre essas entidades e o poder público ou pelo aumento das doações por parte de pessoas físicas ou jurídicas. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), se todas as empresas que declaram por lucro real usassem o limite máximo do imposto nas leis de incentivo, seriam captados, aproximadamente, R$ 6 bilhões por ano, quase o dobro do montante destinado pelas pessoas jurídicas em 2019, que foi de R$ 3,2 bilhões. Em relação às pessoas físicas, o potencial arrecadatório é de R$ 3 bilhões anuais. Porém, o valor captado via doações do Imposto de Renda em 2019 foi de apenas R$ 206 milhões, muito aquém do que seria possível.

Garantir condições para que este segmento prospere é fundamental. Neste contexto, os fundos patrimoniais filantrópicos se tornam extremamente relevantes ao promoverem a sustentabilidade financeira de um número cada vez mais crescente de organizações sociais em nosso país. Ao longo dos anos, fundos têm gerado grande impacto social ao financiarem iniciativas importantes nas áreas de educação, ciência, inovação, assistência social, saúde e tantos outros setores beneficiados.

Dados recentemente divulgados pelo Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil, de iniciativa do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, apontam para a existência de 115 fundos ativos, cujo patrimônio total informado é de mais de R$ 157 bilhões. Um setor que vem se fortalecendo cada vez mais, principalmente após a aprovação da Lei 13.800/2019, que incentivou a criação e organização de novos fundos patrimoniais no Brasil.

Ao mesmo tempo em que a legislação abriu espaço para a instituição dos fundos no Brasil, no decorrer dos anos, mostrou a necessidade de aprimoramentos, principalmente no que se refere ao tratamento tributário aplicado às Organizações Gestoras de Fundos Patrimoniais (OGFP).

No Congresso Nacional, o tema tem sido objeto de debate, primeiramente, por meio do Projeto de Lei 158/2017, de autoria da Deputada Bruna Dias Furlan, e, atualmente, em razão do Projeto de Lei 2.440/2023, de minha autoria, que tramita no Senado Federal. Essa proposição estabelece, dentre outros pontos, que as OGFPs sejam tributadas com base na causa de interesse público a que se destinam. Ou seja, se forem causas imunes ou isentas de tributação, as organizações também devem usufruir da imunidade ou isenção.

A proposta em debate também estende a isenção de Imposto de Renda incidente sobre aplicações financeiras para as OGFPs que se dediquem a causas de interesse público, mesmo que não sejam abrangidas por imunidade constitucional, além de ampliar as hipóteses de utilização de incentivos fiscais por pessoas físicas e jurídicas que pretendam apoiar e fomentar as atividades desenvolvidas por tais fundos.

A partir dessas alterações na lei, a proposta busca estimular a cultura de doação e, consequentemente, fortalecer as iniciativas financiadas pelos fundos patrimoniais, resultando em benefício direto às pessoas atendidas pelas organizações sociais.

Diante deste contexto, destaco como fundamental a iniciativa do IDIS e da Coalizão pelos Fundos Patrimoniais de realizarem o Anuário de Desempenho de Fundos Patrimoniais 2023, traçando um retrato deste setor em nosso país.

As informações levantadas são de grande relevância para fundamentar os debates e o aprofundamento de conhecimentos sobre o tema. Além disso, podem contribuir para consolidar ainda mais o entendimento de que os fundos patrimoniais são essenciais para o desenvolvimento social de nosso país, na medida em que promovem projetos e causas que transformam a vida de brasileiros e brasileiras.

Não resta dúvida de que a participação da sociedade, neste caso, por meio dos fundos patrimoniais, é extremamente necessária e deve sempre ocorrer de forma ativa e sem entraves burocráticos. O fortalecimento do Terceiro Setor, não apenas por meio da legislação, mas, principalmente, pelo reconhecimento por parte do poder público, é o caminho para que possamos assegurar benefícios sociais e econômicos para todos.

O impacto na governança a partir da doação de um legado: Entenda como a criação do fundo patrimonial pode impulsionar mudanças estratégicas em organizações da sociedade civil como a ASA

*Por Melissa Pimentel, Superintendente Executiva da ASA – Associação Santo Agostinho

A governança de organizações da sociedade civil pode ser impactada pela criação de um fundo patrimonial que a beneficiará. Um exemplo prático disso é o da ASA – Associação Santo Agostinho. Neste caso, a instituição acelerou o próprio processo estratégico de atualizações do modelo de governança e gestão para criar esse fundo nos moldes da Lei 13.800/2019, após ser nomeada legatária de uma doação relevante. Com mais de 80 anos de atuação, a ASA oferece serviços gratuitos de educação e assistência social, financiados por meio de convênios com a Prefeitura e captação de recursos livres e para projetos.

A Presidente do Conselho de Administração na época (e atual Vice-Presidente), Maria Estela (Teli) Penteado Cardoso, compartilha essa experiência:

“Ao sermos surpreendidos com esta doação, percebemos que a história da ASA, uma organização tradicional com mais de oito décadas de atuação na cidade de São Paulo, seria diferente. Precisávamos fortalecer a governança e criar mecanismos para proteger nosso patrimônio e perpetuar nossa missão”. 

Doações substanciais como essa deixam um legado que vai além do tempo e servem de exemplo para que outros gestos semelhantes aconteçam, beneficiando o Terceiro Setor como um todo. “Nossa gratidão à generosidade dessa doadora será eterna uma vez que, além de demostrar o reconhecimento da contribuição da ASA para sociedade, mostra confiança na nossa capacidade de gerir o patrimônio, trazendo excelência e ampliando nossos programas que visam acolher e transformar vidas”, acrescenta Teli Cardoso.

A partir desse momento, o Conselho de Administração da ASA implementou uma série de medidas para fortalecer sua governança, como a revisão de seu estatuto social, a renovação e diversificação do Conselho de Administração, a criação de comitês de controle e grupos de trabalho, além do aprimoramento das práticas de transparência. Todos elementos essenciais para a gestão otimizada de um fundo patrimonial, que aumentam a confiança na sua habilidade de gerir recursos de forma eficaz e a sua capacidade de atrair novos parceiros.

Ademais, com a criação desse modelo de fundo, o fluxo constante de recursos permite investimentos em desenvolvimento institucional, planejamento estratégico, contratação de profissionais qualificados e aquisição de ferramentas tecnológicas – áreas fundamentais para qualquer organização social e que não são contempladas por captações tradicionais. Pois, muitas vezes doadores ou parceiros, costumam preferir financiar ações pontuais relacionadas ao impacto social imediato.

Pensando assim, a ASA prepara-se para estabelecer um ciclo virtuoso de sustentabilidade e crescimento. Ao demonstrar solidez e transparência na gestão dos fundos patrimoniais, a ASA se posiciona como uma organização confiável e capaz de administrar os recursos destinados a ela de maneira responsável, o que fortalece a confiança de doadores, cria novas oportunidades de parcerias e aumenta o potencial de captação de recursos tradicionais.

 

Desafios e Oportunidades

A experiência da ASA mostra que a criação de um fundo patrimonial tem o potencial de impulsionar a sustentabilidade prolongada de uma organização da sociedade civil. E desde 2019, a partir de doação recebida, a organização tem trilhado um caminho de desafios e oportunidades na constituição e fortalecimento de seu fundo.

Os rendimentos contínuos, a partir do capital preservado no fundo patrimonial, garantem previsibilidade e estabilidade nos fluxos de recursos. Isso reduz a dependência de doações esporádicas ou captações pontuais, permitindo que a organização faça um planejamento estratégico de longo prazo.

A criação do fundo também fortalece a governança da instituição, exigindo a adoção de boas práticas, como a formação de comitês especializados e auditorias independentes. Esses mecanismos aumentam a transparência e a confiança de doadores e parceiros. Luis Alvaro Moreira Ferreira Filho, atual Presidente do Conselho da ASA, afirma:

“com a constituição do Comitê de Investimentos e com a criação do Regulamento do Fundo progredimos significativamente nesse aspecto, incorporando especialistas em gestão de ativos financeiros para assessorar o Conselho de Administração da ASA nas decisões estratégicas, essenciais para a sustentabilidade do Fundo”.

A alta liderança deve estar preparada para tomar decisões estratégicas, reforçando a importância de comitês de investimento que minimizem os riscos financeiros e maximizem os resultados. Nesse sentido, a criação de um regulamento para o fundo patrimonial é essencial para garantir a transparência, a correta destinação dos recursos e a segurança jurídica da sua gestão. Além disso, é crucial que o regulamento esteja alinhado com a governança da organização e com o foco na perenidade do fundo, assegurando que o capital seja preservado e os rendimentos sejam utilizados de forma responsável.

Porém, um dos maiores desafios para a criação dos fundos está ligado à arrecadação de recursos específicos para esse fim. A captação de recursos para a formação de um fundo patrimonial enfrenta obstáculos, especialmente pela falta de incentivos fiscais atrativos para estimular doações de grande porte e pela cultura de doação do Brasil, que se concentra em projetos de curto prazo. Essa realidade reforça a necessidade de uma mudança cultural, em que doadores, parceiros e a própria sociedade passem a valorizar investimentos de longo prazo que garantam a sustentabilidade das organizações e ampliem seu impacto social, como os fundos patrimoniais.

Com uma governança sólida e uma estratégia de captação voltada para o longo prazo, os fundos patrimoniais têm o potencial de garantir a perpetuidade das organizações sem fins lucrativos e ampliar seu impacto social. Embora existam desafios, a trajetória da ASA serve como um exemplo claro de como a criação de um fundo patrimonial pode ser uma solução transformadora para o Terceiro Setor.

Gestão Sustentável de Fundos Patrimoniais: A Fundação Bradesco como referência no Brasil, transformando pela educação

*Por Murilo Nogueira, Diretor Administrativo & Financeiro da Fundação Bradesco

A Fundação Bradesco se destaca como o maior projeto de investimento social privado do Brasil, promovendo impacto através da educação gratuita e de qualidade. Abrangendo todo o ciclo da Educação Básica Regular — do Ensino Infantil ao Ensino Médio —, a Fundação oferece oportunidades educacionais todos os anos para mais de 42 mil crianças, jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade, com o objetivo claro de transformar vidas e desenvolver o potencial dos alunos por meio da educação.

Com uma rede de 40 escolas próprias espalhadas por todo o território nacional, a Fundação Bradesco é um exemplo de como o investimento social estratégico pode transformar vidas e contribuir para a redução das desigualdades no Brasil. Esse compromisso com a educação de excelência e o desenvolvimento social é sustentado por seu robusto fundo patrimonial, que garante a continuidade de suas atividades e a perenidade de seu impacto na sociedade. A perpetuidade deste projeto depende da colaboração de diversos envolvidos, com mais de 3.600 colaboradores integrando essa iniciativa atualmente, onde cada um desempenha um papel essencial.

Desde sua fundação em 1956, a Fundação Bradesco tem desempenhado um papel fundamental na educação e inclusão social no Brasil. Parte desse impacto se deve ao sólido fundo patrimonial da instituição, o maior do país, cuja gestão cuidadosa tem garantido a sustentabilidade de seu projeto educacional. Criado por Amador Aguiar, fundador do Bradesco, o fundo foi o primeiro do Brasil e tem se adaptado ao longo dos anos para enfrentar um cenário econômico em constante mudança.

De acordo com o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, a Fundação Bradesco foi uma das primeiras organizações no país ao estabelecer um fundo patrimonial. Diferente dos Estados Unidos, onde as fortunas da industrialização impulsionaram os fundos patrimoniais, no Brasil foi Amador Aguiar quem criou um dos primeiros fundos do gênero. Em 1956, ele destinou 100 mil cruzeiros como dotação inicial e, ao longo dos anos, transferiu grande parte de suas ações para a instituição. Esse movimento estabeleceu não apenas um dos fundos patrimoniais mais antigos do Brasil, mas também o mais robusto, com R$ 85 bilhões em ativos, posicionando a Fundação Bradesco entre as maiores do mundo, comparável a instituições como a Fundação Bill e Melinda Gates.

Desde o início, a gestão do fundo patrimonial da Fundação Bradesco foi orientada por uma política de preservação do capital, garantindo que os recursos estivessem sempre disponíveis para as necessidades da instituição. Ao longo dos anos, à medida que o cenário econômico evoluía, a gestão se modernizou, adotando novas estratégias de investimento e diversificação de ativos. Com uma gestão administrativa forte e uso consciente desses recursos a Fundação Bradesco garante a perpetuidade do projeto, possibilitando investimentos conscientes.

A Fundação Bradesco recebe dos resultados das empresas do grupo Bradesco, utilizando recursos financeiros provenientes de dividendos e JCPs, o que exige uma gestão ainda mais prudente de seu fundo patrimonial. Em 2024, estão previstos investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão, um aumento de 56,42% em relação aos R$ 895 milhões investidos em 2023. Além disso, a Fundação mantém uma reserva de capital capaz de sustentar o ciclo completo de formação de seus alunos — um período de treze anos de educação básica regular. Essa estratégia assegura que a missão educacional continue sem interrupções e garante a perpetuidade.

O compromisso com a sustentabilidade financeira de longo prazo permite que a Fundação Bradesco continue promovendo a transformação social por meio da educação, garantindo o futuro de milhares de jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Ao longo dos anos, o fundo patrimonial da Fundação Bradesco tem possibilitado a continuidade de projetos transformadores, capacitando alunos e impactando positivamente a sociedade. Histórias de ex-alunos que retornam à Fundação Bradesco para compartilhar suas trajetórias e experiências de vida com as novas gerações demonstram como o impacto educacional da instituição se perpetua ao longo do tempo. Esses ex-alunos, com trajetórias de sucesso em diversas áreas profissionais, voltam às escolas da Fundação palestrantes, inspirando os atuais estudantes a acreditarem em seu potencial e a seguirem um caminho de transformação. Esse ciclo fortalece o vínculo entre a Fundação e sua comunidade, reforçando o compromisso de oferecer não apenas uma educação de qualidade, mas também oportunidades de mudança de vida.

O fundo patrimonial que sustenta essa missão, então, vai além de ser apenas um mecanismo financeiro; ele atua como um verdadeiro catalisador de transformação social. Ao garantir recursos para a continuidade do projeto educacional da Fundação, o fundo possibilita que o impacto gerado na vida de cada estudante se espalhe pela sociedade como um todo: uma transformação que impacta. A longevidade do fundo permite que a educação oferecida atinja mais do que as salas de aula, capacitando os jovens a contribuírem com suas comunidades e a perpetuarem o legado de inclusão e desenvolvimento promovido pela Fundação Bradesco.

Com seu tamanho e capilaridade, a Fundação Bradesco mantém sua posição como o maior fundo patrimonial do Brasil e carrega a responsabilidade de garantir sua relevância e sustentabilidade para as próximas décadas. A visão de Amador Aguiar, de criar uma instituição que promove a inclusão social por meio da educação, segue firme, posicionando a Fundação como uma referência no Brasil e no mundo, transformando vidas por meio da educação.

O papel do gestor de investimento

*Por Ilan Ryfer, Sócio da 1618 Investimentos

A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo, uma vez possuído.

Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.)

 

Existe uma metáfora contada através da história do “Reparo do Navio”. Já escutei várias versões ligeiramente diferentes, mas sempre nas mesmas linhas.

Um navio que valia centenas de milhões de dólares quebrou, e cada dia parado no porto representava um prejuízo de centenas de milhares de dólares. O comandante do navio, ansioso em colocá-lo para navegar, chama um técnico naval e pede um orçamento. O técnico orça o conserto em US$1.000, o que é prontamente aprovado. Entretanto, após um dia inteiro tentando, sem sucesso, consertar o navio, o técnico desiste.

O comandante, então, chama um engenheiro naval, que orça o conserto em US$10.000, também é prontamente aprovado. O engenheiro passa dois dias analisando a situação até desistir.

Desesperado, o comandante finalmente chama um especialista em consertos de navios que havia sido muito recomendado, mas que todos diziam ser carésimo. Ao chegar, o especialista orça o conserto em US$1.000.000 (isso mesmo, um milhão!). O comandante reclama do preço, mas o especialista não recua. Sem saber mais o que fazer, o comandante aprova.

O especialista então inspeciona algumas válvulas e após 15 minutos, retira de sua mala de ferramentas um pequeno martelo e dá uma só pancada seca em uma das válvulas. Como num passe de mágica, o navio volta a funcionar. Surpreso, o comandante reclama ao especialista, que estava cobrando US$1.000.000 por apenas 15 minutos de trabalho e pede um detalhamento do orçamento. Sem hesitar, o especialista escreve numa folha de papel:

Orçamento Detalhado:

  • Martelada – US$1,00
  • Saber onde dar a martelada – US$999.999

 

Nada melhor para ilustrar o conceito de “saber onde dar a martelada” do que o trabalho brilhante de David Swensen, gestor por mais de 35 anos do famoso fundo patrimonial da Universidade de Yale. Ele e Dean Takahashi mudaram a forma de se pensar em gestão de investimentos de longo prazo, aplicando a teoria moderna de portfólio e criando o Modelo Yale de gestão.

Os resultados podem ser observados nos gráficos abaixo:

 

Ao longo dos mais de 35 anos à frente do fundo patrimonial de Yale, Swensen alterou radicalmente o formato da carteira de investimentos, abandonando o tradicional modelo 60/40 (60% em ações domésticas e 40% em renda fixa), em favor de um portfólio muito mais diversificado, incluindo Hedge Funds, fundos de Private Equity e Venture Capital, além de investimentos imobiliários.

 

O resultado dessa alteração foi significativo em termos de retornos financeiros. Durante o período que esteve à frente do fundo patrimonial de Yale, Swensen bateu a média dos demais fundos em quase 3,5% ao ano. Pode não parecer muito, mas se aplicássemos US$1.000 no gestor médio, após esse período teríamos US$34.000. Nas mãos de Swensen, teríamos impressionantes US$102.000! Esse é o resultado de juros compostos na mão de um gestor de investimentos que “sabe onde dar a martelada”.

Trabalho no mercado financeiro há mais de 30 anos e, ao longo da minha carreira fui mudando – ou melhor, evoluindo – minha forma de encarar minha profissão, a de gestor de investimentos.

A princípio, e de forma simplista, podemos dizer que a responsabilidade primária de um gestor de investimentos é maximizar retornos financeiros. Aqui começa o primeiro equívoco a respeito do papel do gestor.

Quando falamos de retornos, temos sempre de lembrar do outro lado da moeda, que é o risco. Esse é quase um dogma nos mercados financeiros – maiores retornos estão sempre atrelados a maiores riscos potenciais. Pensar somente em retornos e esquecer da adequação do risco ao perfil do cliente pode levar a erros grosseiros de alocação.

Entendi… Então vamos tentar aprimorar nosso entendimento. O papel do gestor de investimentos seria gerar retorno positivo acima da média, ou pelo menos melhor que um leigo, depois de ajustado ao risco? Essa já é uma definição melhor, mas, ao longo do tempo, aprendi que o papel de um gestor de investimentos é muito mais amplo que o de simplesmente olhar para o portfólio de um cliente, seja esse cliente pessoa física ou jurídica, ou mesmo um grande investidor institucional.

Dizem que o gestor de investimentos, mais que um médico, lida com a parte mais sensível do ser humano: o bolso. Para fazer isso corretamente, não basta que o gestor entenda de economia, finanças, mercados e política. Tem de entender um pouco (ou muito) de psicologia humana. Isso é fundamental para entender as reais necessidades de cada cliente, num processo que chamo de “momento divã”, permitindo assim adequar corretamente a alocação da carteira aos anseios, medos e restrições de cada um.

Nos ensina a já não tão recente disciplina das finanças comportamentais que somos seres parcialmente racionais, o que quer dizer que somos parcialmente irracionais. Sofremos de vieses que frequentemente nos desviam do caminho mais adequado, principalmente nos momentos de crise. É nessa hora que o gestor de investimentos desempenha um papel fundamental: resguardar a racionalidade e manter a estratégia traçada.

Concluindo, um gestor de investimentos tem um papel relativamente simples. Deve atuar como terapeuta, cientista político, estrategista, economista, futurólogo e bode expiatório quando tudo dá errado. Mais do que isso tudo, o gestor de investimentos tem de “saber onde dar a martelada”, pois, depois de 30 ou mais anos, é o que faz a diferença.

A diversidade na governança de fundos patrimoniais

* Por Viviane Elias Moreira, C-level e conselheira fiscal do IDIS

A provocação proposta neste texto tem a intenção de convocar todos para sairmos de uma zona de conforto que a rotina ligada ao tema nos criou, gerando obviedades que estamos negligenciando e que não podemos mais ignorar suas consequências, se quisermos um país mais igualitário: diversidade e inclusão precisam ser mais bem gerenciadas em nossas ações de filantropia, principalmente quando pensamos na governança de organizações desse setor.

Nos últimos anos, as ações filantrópicas vêm ganhando força como ferramenta fundamental na luta para reduzir as desigualdades sociais no Brasil. O ano de 2024 nos trouxe um momento de entendimento real de quem adota as ações de filantropia com a verdadeira intencionalidade versus quem adotou estas ações como uma forma de “estar na moda”, ou como tecnicamente conhecemos, os famosos “washings”.  De todos os possíveis “washings” adotados e normalizados, nenhum foi tão danoso para nossa sociedade e para a real intencionalidade da filantropia do que o diversitywashing.

Diversitywashing é um termo que se refere à prática de empresas ou organizações que adotam uma aparência superficial de compromisso com a diversidade, inclusão e equidade sem realmente implementá-las de forma significativa ou eficaz. No Brasil, o termo diversitywashing foi patenteado por Liliane Rocha, fundadora da empresa Gestão Kairós, que é uma referência no campo de sustentabilidade e Diversidade & Inclusão (D&I). Ela destaca a importância de combatê-lo, assegurando que as ações de diversidade sejam profundas e transformadoras, e não apenas uma estratégia de marketing ou uma fachada.

Fábio Barbosa, uma das principais lideranças inspiradoras no setor de sustentabilidade e responsabilidade social, propõe uma teoria extremamente relevante, onde existem 3 princípios (ou 3 Cs) essenciais para a eficácia do desenvolvimento sustentável: as pessoas só fazem o que fazem por convicção, por conveniência ou por constrangimento. Minha contribuição a esta teoria é que não importa o tipo do C que a sua ação de filantropia adote, se ela adotar diversitywashing como direcionador, ela será mais uma ação de marketing que terá como resultado uma correção superficial, postergando e potencializando os impactos de desigualdade social para as gerações futuras.

A filantropia precisa entender o papel da diversidade e inclusão em seus processos, metas e intencionalidade, não apenas como uma atividade de imperativo moral, mas como ferramenta estratégica de transformação social. Quando falamos de diversidade, estamos nos referindo à presença de pessoas de diferentes origens, raças, etnias, gêneros, orientações sexuais, habilidades e crenças em espaços sociais e de trabalho. A inclusão, por sua vez, vai além da representatividade, trata-se de criar ambientes em que essas diferentes vozes sejam ativamente ouvidas, estimuladas e valorizadas. E, por isso, a presença deste público em órgãos de governança é essencial para que as decisões estratégicas norteadoras de uma determinada organização leve em conta uma pluralidade de perspectivas.

Sabemos que, alcançar a igualdade em temas de diversidade ainda é algo desafiador para algumas equipes operacionais, em órgãos superiores de governança é algo ainda mais crítico. Serão necessários cerca de 20 anos para que haja uma paridade entre homens e mulheres na composição dos conselhos deliberativos, de acordo com o Censo GIFE 2022/2023. No tema de raça, apesar de haver aumentos, o percentual de pessoas brancas nos conselhos é de 92%, 7% negros, 1% amarelos/orientais e apenas 1 pessoa indígena. E, quando fazemos ainda outro recorte, como no caso da governança de fundos patrimoniais apresentados cujo dado inédito é apresentado neste Anuário, notamos que, no caso de gênero, as mulheres já conquistaram representação na maior parte dos Conselhos e Comitês, porém ainda não em igual número dentro dessas instâncias. Já na questão racial, há presença de apenas de pessoas pretas, pardas ou indígenas em apenas 43% das Assembleias Gerais, 36% dos Conselhos Deliberativos/Curadores/de Administração e 11% dos Comitês de Investimento. Apesar disso, a presença numericamente é muito baixa e em nenhuma das instâncias supera 8% dos membros.

Quando grupos sub-representados ganham espaço e são ouvidos de forma estratégica dentro das ações de filantropia, ainda mais em instâncias decisórias, há uma redistribuição de oportunidades e recursos que impactam positivamente e estão alinhados com a definição moderna de filantropia pelo mundo, que vai muito além de doações financeiras para causas sociais, mais para um conjunto de ações mais amplas e estruturadas que visam o impacto sustentável.

Quando a diversidade é considerada pelas ações de filantropia como um valor inegociável, o potencial de impacto é exponencial, com a promoção da justiça social, fomento ao desenvolvimento econômico, impulsionando a inovação e competitividade, elementos essenciais para o crescimento sustentável do país. No Brasil, onde as disparidades sociais estão fortemente ligadas à raça, gênero e localização geográfica, a promoção dessas práticas pode ser transformadora.

Por isso que, no caso de fundos patrimoniais, existe uma janela de oportunidade. Observamos novos endowments sendo criados no Brasil nos últimos anos. Não só podemos, como devemos levar em consideração a diversidade na criação da governança dessas novas organizações, assim podemos trazer à mesa de decisões uma representatividade para um ideal de sociedade igualitária que tanto buscamos. Uma governança plural e tomadora de ações para uma filantropia estratégica para tornar o Brasil menos desigual.

Ainda há um longo caminho a percorrer para alcançá-lo. Acredito que a filantropia é umas das formas mais eficientes para acelerarmos mudanças sistêmicas que não apenas reduzem a desigualdade social, mas também constroem uma sociedade mais justa, equitativa e inclusiva, criando um país com oportunidades verdadeiramente iguais para todos. Por uma filantropia que trate a diversidade com mais convicção e menos constrangimento.

Fundo de Fomento à Filantropia: pedra fundamental do legado do IDIS para o Brasil

O IDIS foi fundado em 1999, com a missão de inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto, trabalhando junto a indivíduos, famílias, empresas, fundações e institutos corporativos e familiares, assim como organizações da sociedade civil em ações que transformam realidades e contribuem para a redução das desigualdades socioambientais no país. Nossa causa, portanto, é a promoção da filantropia e da cultura de doação. Ou, como gostamos de falar, a ‘causa das causas’, já que pode contribuir para a promoção da Educação, Saúde, Geração de Renda, entre inúmeras outras.

Temos convicção de que fundos patrimoniais são instrumentos poderosos para a sustentabilidade de causas e organizações. Depois de mais de uma década de dedicação ao tema, promovendo ações de conhecimento, apoiando a criação de endowments e agindo para o aprimoramento do ambiente regulatório, por fim, criamos o Fundo de Fomento à Filantropia, a pedra fundamental de nosso legado para o Brasil.

E por que agora? Apesar de ser um sonho antigo, foi no momento da comemoração de nossos 25 anos que vimos uma oportunidade para a captação de recursos. Por uma confluência do destino, foi também em 2024 que recebemos a confirmação da doação equivalente a R$7,5 milhões da filantropa americana MacKenzie Scott. A decisão sobre o destino do recurso foi natural: oferecer como match à doação de brasileiros. Neste momento, nossa sustentabilidade financeira também estava bem equacionada, com um caixa e fundo de reserva bastante robustos para enfrentar flutuações no curto e médio prazos, condição essencial para darmos esse passo.

Para a criação do Fundo de Fomento à Filantropia, pela primeira vez, pudemos aplicar para o IDIS os conhecimentos e experiências que por tantos anos levamos para fora. Foi oficialmente lançado em agosto de 2024 e, portanto, não tem dados ainda suficientes para integrar esse Anuário. Por outro lado, não gostaríamos de deixar passar a oportunidade de compartilhar esses primeiros passos. Quais foram as decisões tomadas, os dilemas enfrentados, os desafios que temos. A cada ano vemos crescer o número de endowments no Brasil e por isso esperamos que este relato contribua de alguma forma para aqueles que estão também iniciando suas jornadas. Para traçar esse raio-x, escolhemos usar o próprio questionário como base.

Boa leitura!

PARTE 1 – IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO GESTORA

IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social
Sede São Paulo (SP)
Ano da criação 1999
Categoria da Organização Gestora Associação/instituto ou fundação independente, cujo estatuto social não especifica seu enquadramento na Lei 13.800/19.
Principal motivo de não estar enquadrado na Lei Falta de segurança jurídica sobre o direito à isenção ou imunidade de impostos, em especial Imposto de Renda sobre aplicação financeira, ITCMD e isenção de COFINS sobre receita financeira.
A Organização Gestora goza de algum benefício fiscal (ou seja, é imune ou isenta de impostos)? Sim, ITCMD, Imposto de Renda sobre aplicações financeiras por conta do certificado de OSCIP aliado a Certificado de Entidade Promotora de Direitos Humanos.

Para a estruturação do Fundo de Fomento à Filantropia, escolhemos usar a estrutura existente do próprio IDIS e fazer a gestão internamente, criando políticas e mudanças estatutárias que garantem segurança para a administração do patrimônio e alocação dos recursos de forma isolada e independente.

Não optamos pela criação de uma Organização Gestora de Fundo Patrimonial (OGPF) num primeiro momento devido à impossibilidade de gozar do mesmo tratamento tributário que o IDIS atualmente possui. Mas a ideia é instituir uma OGPF assim que esta lacuna na lei for endereçada pelos esforços no advocacy.

 

PARTE 2 – IDENTIFICAÇÃO DO FUNDO PATRIMONIAL

Fundo de Fomento à Filantropia
Sede São Paulo (SP)
Ano da criação 2024
Organização que gere o fundo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social
O fundo foi criado para beneficiar? A própria Organização Gestora, que também é a Instituição Apoiada.
Qual(ais) é(são) a(s) área(s) de atuação da Organização Gestora/Instituição Apoiada Fomento à filantropia e cultura de doação
Os recursos provenientes do Fundo Patrimonial: Respondem por menos de 10% das fontes de recursos da Instituição Apoiada, que é a própria Organização Gestora.
O Fundo Patrimonial foi criado A partir de um grande aporte inicial/legado e capta novas doações, principalmente para aumentar seu patrimônio acumulado.
Site do fundo https://www.idis.org.br/fundo-de-fomento-a-filantropia/

Entre as ações desenvolvidas pelo IDIS estão a geração de conhecimento e o desenvolvimento e implementação de projetos de impacto, que fortalecem o ecossistema, inspiram a ação, estimulam o diálogo, influenciam políticas públicas e produzem impactos diretos em questões consideradas prioritárias para a promoção da filantropia estratégica no país. Por essa razão, o fundo patrimonial foi criado para beneficiar a própria Organização Gestora, que também é a instituição apoiada.

Somos o único fundo patrimonial no Brasil que tem como causa a filantropia e cultura de doação e, para gerar impactos, optamos por aplicar os recursos nas seguintes linhas:

  • Fortalecimento da filantropia e da cultura de doação: realização de pesquisas, campanhas e outras ações;
  • Promoção de advocacy por um ambiente regulatório mais favorável ao Terceiro Setor;
  • Elaboração e organização de publicações e eventos, como o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais;
  • Articulação de atores e parcerias para o desenvolvimento do setor, como os endowments criados e Coalizão pelos Fundos Filantrópicos; e
  • Aceleração de iniciativas estruturantes para multiplicar o Investimento Social Privado (ISP) e seu impacto.

O Fundo de Fomento à Filantropia foi criado a partir de um grande aporte inicial/legado e capta novas doações, principalmente para aumentar seu patrimônio acumulado.

Em dois meses, o patrimônio somava R$ 9,3 milhões – metade proveniente da doação de filantropos brasileiros e metade dos recursos provenientes da MacKenzie Scott. Para a atração de novos doadores, há ainda o matching garantido de R$ 3,1 milhões. A meta estabelecida foi atingir um patrimônio de R$ 15 milhões em dois anos, ou seja, até agosto de 2026.

Para garantir esta dotação inicial expressiva, a estratégia envolveu a mobilização de grandes doadores, com o estabelecimento de cotas sugeridas para doação. Além de realizar diversas reuniões com filantropos brasileiros, um jantar foi oferecido com o apoio de dois filantropos que fizeram doações para o fundo para ajudar na sensibilização de outros doadores.

Apesar de fundos patrimoniais se justificarem a partir de grandes somas, como promotores da cultura de doação, entendemos também o potencial das pequenas doações. Elas se perpetuam no tempo e contribuem para a geração de impacto. Por isso, escolhemos também aceitar doações de qualquer valor e dar luz em nosso site também a estes doadores que acreditam em nossa missão e contribuem de acordo com as respectivas possibilidades.

O fundo não é e não será representativo em relação ao tamanho e à atuação do IDIS. A perspectiva é que os recursos provenientes do Fundo Patrimonial respondam por menos de 10% de nossas fontes de recursos.

PARTE 3 – FLUXO DE CAIXA

Patrimônio atual R$ 9.300.000
Regra de resgate Permite resgatar somente o ganho real (rendimentos líquidos de inflação) do patrimônio do fundo.

Como nossa operação acaba de começar, as informações referentes aos resultados ainda não estão disponíveis. Ainda assim, é possível explicar algumas escolhas que foram feitas.

A regra de resgate escolhida permite resgatar somente o ganho real (rendimentos líquidos de inflação) do patrimônio do fundo porque é o parâmetro estabelecido na Lei 13.800/19.

Pretende-se, portanto, estar sempre acima da linha d’água, ou seja, o patrimônio do Fundo Patrimonial em 31/12 sempre será maior que a soma dos aportes, dotações e doações recebidos, corrigidos pela inflação desde a data em que ocorreram.

 

PARTE 4 – ALOCAÇÃO E RENDIMENTOS

Recursos
Alocação dos investimentos do fundo patrimonial 100% em Caixa e equivalentes de caixa (contas-correntes, ativos/títulos/fundos líquidos indexados a CDI ou Selic*)
Grau de liquidez 100% em até 30 dias*
Tem política de investimentos? Política de investimentos está sendo construída.
Adota meta de rentabilidade? Adotará a partir da definição da política de investimentos que está sendo construída.
Adota princípios ou diretrizes de investimento responsável? Está sendo considerado na política de investimentos que está sendo construída.

*Até aprovação de política de investimentos

Ainda está sendo elaborada uma Política de Investimentos para o endowment, alinhada a boas práticas de mercado. Dessa forma, hoje a alocação de rendimentos é feita, totalmente, em renda fixa e fundos de renda fixa (ativos/títulos/fundos de renda fixa não líquidos e/ou não indexados a CDI ou Selic). A política de investimentos ainda está sendo elaborada e definirá meta de rentabilidade, diretrizes de investimento alinhadas a investimento responsável etc.

 

PARTE 5 – GESTÃO E GOVERNANÇA

Instâncias de governança da Organização Gestora diretamente relacionadas à gestão do Fundo Patrimonial Assembleia Geral, Conselho Deliberativo, Comitê de Investimentos, Conselho Fiscal
  Nº de integrantes Nº de membros independentes* Nº integrantes mulheres Nº de membros negros, pardos e/ou indígenas  Duração dos mandatos (anos)
Assembleia Geral (somente no caso Associação) 9 9 4 1 N/A
Conselho Curador/ Conselho Deliberativo/ Conselho de Administração  9 9  4 1  3
Comitê de Investimentos 3  3  1 0 3
Conselho Fiscal  3  3 1 1 3
Modelo de gestão de investimento No momento, até política de investimentos ser aprovada, a gestão está sendo feita de forma exclusivamente interna.
Possui Auditoria externa? Sim.

A estrutura de governança do Fundo de Fomento à Filantropia inclui um Comitê de Investimentos, integrado por Luiz Sorge, sócio da XP Advisory e atual presidente do Conselho do IDIS, Marcel Fukayama, cofundador do Sistema B Brasil e Din4mo e também conselheiro do IDIS, e Cristiane Parisi, sócia da Wright Capital, além de um Comitê Consultivo, a ser formado por doadores diamante e platina. Ambos estão subordinados ao Conselho Deliberativo do IDIS, que também supervisiona o Fundo de Fomento à Filantropia.

A gestão de investimentos financeiros hoje é feita internamente, pelos profissionais da área administrativo-financeira do IDIS, dado que a política de investimentos ainda está sendo elaborada.

Tudo será submetido ao mesmo processo de auditoria regular já praticado pelo IDIS.

 

PARTE 6 – PERSPECTIVAS

Quais suas expectativas em relação ao volume de recursos captados para o Fundo Patrimonial no próximo ano? Aumento do volume de recursos captados para a ampliação do patrimônio acumulado.
Quais suas expectativas em relação ao volume de recursos direcionados pelo Fundo Patrimonial para a(s) Instituição(ões) Apoiada(s) e/ou para a(s) Organização(ões) Executora(s) no próximo ano? Ampliação do volume de recursos direcionados.
Quais suas expectativas em relação à rentabilidade bruta (antes da dedução de impostos) consolidada do portfólio (%) do Fundo Patrimonial em 2024? Manutenção da rentabilidade bruta.
Principal desafio enfrentado atualmente? Captação de recursos.

Estamos no início de nossa jornada e a expectativa é investir na captação de recursos e chegar ao patrimônio de R$ 25 milhões em 5 anos, volume que investido com segurança contribuirá para o desenvolvimento de projetos de fomento à filantropia estratégica no país no longo prazo.

Ao mesmo tempo que é uma perspectiva, a captação de recursos é também um desafio. Trabalhamos com uma causa pouco óbvia e certamente menos mobilizadora que Educação ou Saúde, que oferecem aos doadores indicadores de impacto muito claros e atraem mais recursos. A mobilização é lenta e depende também, evidentemente, de tornar mais conhecido o mecanismo e seus benefícios. Para esta narrativa, ao menos, não nos faltam argumentos e evidências!

Acreditamos que ao estabelecer um fundo patrimonial para apoiar a promoção da filantropia estratégica estamos construindo um legado para o IDIS e para nosso setor. É um sonho antigo que ganha vida e nos traz muito orgulho!

A transformação que 1% pode causar

*Por Paula Fabiani, CEO do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

O investimento social privado –  ato de destinação voluntária e estratégica de recursos em benefício da sociedade  – é fundamental para a resolução das profundas lacunas no desenvolvimento socioambiental do país. Embora o Estado desempenhe um importante papel, não tem jeito: há diversos desafios na hora de prover o necessário para o bem viver de todas e todos, seja pelas dimensões continentais ou pela enormidade das problemáticas do país que precisam de solução. E é aí que o investimento social privado pode e precisa agir: contribuindo com a redução das desigualdades e a mitigação dos danos ambientais. Somente com a colaboração entre o tripé governo, empresas e sociedade seremos capazes de endereçar soluções efetivas e perenes.

Quando tratamos de investimento social privado, estamos falando de R$4,8 bilhões em doações corporativas, ou seja, realizadas por empresas, de acordo com o Censo GIFE 2023. Valor significativo, mas ainda aquém do registrado em 2020, durante o auge da pandemia, quando as doações do setor privado ultrapassaram a marca de R$5,3 bilhões. O histórico dos números reforça que há capacidade do setor privado de investir mais – e melhor.

A partir dessa visão e inspirados pelo movimento estadunidense Pledge 1%, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e o Instituto MOL lançaram no Brasil o Compromisso 1%.

Evento de lançamento do Compromisso 1% que aconteceu em São Paulo na sede da PwC Brasil.

O movimento tem o propósito de congregar empresas que já doam pelo menos 1% do seu lucro líquido anual, bem como aquelas que se comprometam a alcançar o patamar de doações em até dois anos. Cyrela, fama re.capital, Gaia Impacto, MOL Impacto, Pantys, PwC, RD Saúde e TozziniFreire Advogados são as primeiras signatárias do compromisso, que já conta com outras empresas em processo de adesão.

Destinado a empresas de todos os portes e segmentos, o Compromisso 1% tem como objetivo impulsionar o envolvimento das  empresas com o presente e futuro da sociedade, para que invistam em projetos e organizações que precisam de recursos para seguirem sua caminhada. São doações para organizações estruturantes que transformam a realidade das comunidades nas quais estão inseridos, seja por meio da educação, cultura, esporte, saúde ou de ações ambientais e de geração de renda.

Com o investimento social privado, as empresas só têm a ganhar. Além das vantagens financeiras, com mais facilidade de captar recursos no mercado, as empresas também melhoram sua reputação, com maior engajamento dos colaboradores e um relacionamento mais sólido com fornecedores e clientes. É um ecossistema que impacta positivamente todas as partes interessadas.

Criar possibilidades para o avanço do investimento social privado e estimular o hábito de doação no país é, sem dúvidas, um caminho para o fortalecimento da sociedade civil organizada como uma agente de transformações socioambientais positivas. Essa jornada só pode ser trilhada ao lado de pessoas e negócios que acreditam na potência mobilizadora e sustentável da filantropia estratégica e se comprometem com a geração de impacto positivo. Basta começar se comprometendo com 1%.

Afinal, é do agora a responsabilidade de reparar os erros do passado e construir o futuro para aqueles que virão.

 

Evento de celebração de 25 anos do IDIS é realizado no MASP, em São Paulo, reunindo colaboradores e parceiros do Instituto

Aconteceu no dia 3 de outubro, em São Paulo, o evento de comemoração dos 25 anos do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. A celebração ocorreu no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, contando com a presença de colaboradores e ex-colaboradores, além dos diversos colegas, parceiros e amigos que fazem parte da história do instituto. Essa é mais uma etapa da campanha comemorativa ‘Investimento Social é Coisa de Gente’, celebrando não apenas a história do IDIS, mas todas as pessoas que a ajudaram a construir e que continuam a construir conosco.

Plateia na celebração no Auditório do MASP. Crédito: Paula Miranda.

A comemoração se iniciou com a emocionante apresentação do Maestro João Carlos Martins para o público de mais de 270 convidados. Ele presenteou a plateia com uma perfomance de Playing Love, de Ennio Morricone, seguida por uma apresentação surpresa de ‘Parabéns para você’, ambas no piano.

Maestro João Carlos Martins na Celebração dos 25 anos do IDIS. Crédito: Paula Miranda.

Em seguida, o evento contou com as falas de Luiz Sorge, presidente do conselho deliberativo, Marcos Kisil, fundador, e Paula Fabiani, atual CEO do IDIS. 

“Hoje estamos aqui para celebrar os 25 anos do IDIS. Porém, mais do que isso, estamos aqui para celebrar cada um de nós. Reconhecer tudo o que alcançamos juntos e trazer novas energias para seguirmos nossa jornada. […] É coisa de gente porque é feito por pessoas e para pessoas. É coisa de gente porque tem um olhar empático. É coisa de gente porque envolve diálogo, colaborações, discordâncias, consensos, erros e acertos, e nos emociona”, comentou Paula durante a abertura.

Chegou então a hora de conversar sobre o futuro do investimento social privado no país. O filósofo e economista Eduardo Giannetti subiu ao palco para falar do papel da filantropia no cenário atual. Ele comentou sobre a complexidade do mundo atual que nos apresenta grandes desafios globais e colocou a esperança como mecanismo chave para garantir que os mais jovens se engajem em prol de um mundo melhor.

“Eu acho que tem que mostrar para o jovem como pode ser bela uma vida em que a dedicação ao outro e a causas relevantes a todos tem uma presença e um elemento de motivação”, disse Giannetti em sua fala de abertura.

Confira o vídeo completo:

Em seguida, foi feita uma homenagem para Lírio Cipriani, fundador do Instituto Avon, e nosso parceiro mais longevo. Em 2002, o IDIS apoiou a criação do instituto e, desde então, acompanhamos essa trajetória. A história do IDIS foi escrita até aqui lado a lado ao do Instituto Avon – atualmente Instituto Natura. O momento representou uma homenagem a todos os nossos parceiros que também ajudaram a construir essa história conosco.

A programação contou ainda com a participação de um amplo painel que tratou do futuro do investimento social através do olhar de quem apoia a filantropia e de quem está na ponta. Compuseram a mesa Alcione Albanesi, Presidente nos Amigos do Bem; Benjamin Bellegy, Diretor Executivo da WINGS; Carlos Pignatari, Diretor Sul-Americano de Impacto Social da Ambev; Claudia Soares Baré, Diretora Executiva Fundo Podáali; Neca Setubal, Presidente na Fundação Tide Setúbal; Raí Oliveira, Fundador Gol de Letra, que participou por vídeo; e Selma Moreira, VP de Diversidade, Equidade e Inclusão no J.P. Morgan.

Painel ‘O futuro do investimento social: o olhar de quem apoia a filantropia e de quem está na ponta’. Crédito: Paula Miranda.

Um ponto central discutido durante o painel foi o protagonismo daqueles apoiados pela filantropia. “Quando a gente fala do futuro da filantropia, pro [Fundo] Podáali, o futuro da filantropia é fazer com que os povos indígenas sejam protagonistas da própria filantropia.[…] O nome do Podáali ele tem um significado de sustentabilidade, de doação, por que nós já fazemos isso sem saber que fazíamos filantropia. […] Se não há respeito, nós não estamos fazendo filantropia, é sempre um lado que quer sempre ter a razão”, disse Baré.

Confira a mesa completa:

Ao longo dos últimos 25 anos, o IDIS viu de perto o desenvolvimento do investimento social privado e, por consequência, da sociedade como um todo. Tudo o que avançamos só foi possível devido ao comprometimento, colaboração e trabalho coletivo de diferentes pessoas com um objetivo comum: construir um mundo melhor e com mais equidade. Por isso, finalizamos nossa comemoração com um grande brinde pelo que foi feito até aqui e tudo que ainda vamos construir!

Equipe do IDIS. Crédito: Paula Miranda.

 

Programa Juntos pela Saúde é destaque na Veja

O programa Juntos pela Saúde, iniciativa do BNDES gerida pelo IDIS, busca reunir recursos, em parceria com doadores privados, para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Por meio do modelo de matchfunding, o objetivo da iniciativa é investir R$200 milhões em programas de atenção à saúde primária.

Em nota, a Veja destacou a fala de Carla Reis durante o 13º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. Carla é Chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde da Área de Desenvolvimento Produtivo e Inovação do BNDES e responsável pelo projeto Juntos pela Saúde dentro da instituição. No decorrer da mesa ‘Tecendo respostas coletivas para desafios sistêmicos’, da qual participou, ela reiterou a importância de organizações filantrópicas para o SUS, afirmando que cerca de 60% dos atendimentos em alta e média complexidade do sistema, são realizados por essas instituições.

Segundo Carla Reis, no caso do JPS, os projetos são construídos em consonância com os gestores locais para garantir que terão caráter estruturante.

Carla Reis, Luiz Edson Feltrim, Sylvia Siqueira e Carola Matarazzo. Foto: André Porto e Caio Graça/IDIS.

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Sobre o Juntos pela Saúde

Lançado em 2023, o Juntos pela Saúde é uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gerida pela equipe do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS). Em parceria com doadores privados, o Programa busca reunir recursos para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A perspectiva é que, até 2026, sejam destinados aproximadamente R$ 200 milhões não reembolsáveis (R$ 100 milhões de parceiros e R$ 100 milhões do BNDES) para projetos de saúde que visem beneficiar atividades de atendimento às populações que vivem nestas regiões do país, incluindo os serviços da atenção primária; a média e a alta complexidades; os serviços de urgência e emergência e o apoio diagnóstico.

Site Mundo Negro destaca sessão do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais 2024

Com o tema ‘Filantropia entre nós’, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais realizou sua 13ª edição no dia 4 de setembro. A sessão de abertura, intitulada ‘Filantropia desatando os nós do mundo’, contou com a participação de Cida Bento | Co-fundadora e conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT); Renata Piazzon | Diretora Geral do Instituto Arapyaú; e Sergio Fausto | Diretor Geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso, além do moderador Philip Yun | Co-Presidente e Co-CEO do CCWA e do Global Philanthropy Forum.

Em matéria publicada pelo Site Mundo Negro foram destacadas as colocações de Cida Bento, que enfatizou a necessidade da filantropia brasileira se aproximar das diversas realidades presentes no país. “Precisamos que as pessoas negras sejam parte, não só de quem vai receber o apoio dos projetos, mas também de quem pensa em que direção temos que ir”, ressalta a autora.

Foto da sessão ‘Filantropia desatando os nós do mundo’ com Cida Bento, Renata Piazzon e Sérgio Fausto. Foto: André Porto e Caio Graça/IDIS.

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Matéria do Valor Econômico destaca poder transformador de programas de música nas periferias e menciona avaliações de impacto do IDIS

Ativo há mais de 20 anos, o Projeto Guri é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, gerido pela Santa Marcelina Cultura, que promove a educação musical de forma gratuita. Ao longo de sua história, já beneficiou mais de 1 milhão de crianças e adolescentes por meio da prática musical, impactado positivamente também as famílias e engajando-os na formação dos alunos.

Para cada R$ 1 investido no Programa Guri, são gerados R$ 6,53 em benefícios para a sociedade. Este valor não é uma estimativa, mas sim o resultado da aplicação da metodologia SROI (Social Return on Investment), uma realizada pelo IDIS.

Em matéria publicada no Valor Econômico, o jornal destaca diversas análises realizadas pelo IDIS que avaliaram projetos musicais e seus impactos nas periferias, como o Projeto Guri, o Instituto Baccarelli e a Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (Emesp). Essas análises ressaltam o poder transformador destes projetos na vida dos jovens, suas famílias e das comunidades ao seu redor.

“No caso da Emesp, foi identificado que promover apresentações artísticas, nem que fosse apenas para familiares, aumentava o impacto social, por exigir trabalho em cooperação, o que tende a formar cidadãos mais aptos para a convivência em sociedade”, explicou Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Foto de aula no Instituto Baccarelli, 2023.

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Palestra sobre tecnologia do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é destaque em matéria

No dia 4 de setembro, ocorreu a 13ª edição do Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, organizada pelo IDIS, com o tema norteador ‘Filantropia entre nós’. Nós. Uma palavra com múltiplos significados. Enlaçamentos de fios. Vínculos. Obstáculos. Ou simplesmente, a gente, pronome pessoal, sujeito de uma ação coletiva.

As sessões do evento abordaram os diversos nós que desafiam nossa realidade e o como a filantropia pode colaborar para desatá-los.

Em matéria, o Jornal do Commercio de Pernambuco destacou as falas de Daniel Paixão na sessão ‘Tecnologia como geradora de transformações sociais’. Este momento também contou com a presença de Beatriz Johannpeter | Diretora do Instituto Helda Gerdau; e Luana Génot | Fundadora do ID_BR, além da moderação de Alex Pinheiro | Cofundador & CEO na Ecossistema SQUARE. Paixão explicou o motivo de ter criado o Hub-Periférico e ressaltou a necessidade do investimento social privado na criação de oportunidades para aqueles que vivem e atuam nos subúrbios.

 “A gente percebeu que estávamos na cidade de um dos maiores parques tecnológicos do país, o Porto Digital, mas que a periferia não estava ocupando o seu espaço nele”, conta Daniel Paixão.

Foto da sessão ‘Tecnologia como geradora de transformações sociais’ com Luana Genót, Daniel Paixão, Beatriz Johannpeter e Alex Pinheiro. Foto: André Porto e Caio Graça/IDIS.

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Instituto Cacimba, organização participante do Transformando Territórios, é destaque no SPTV1

O Instituto Cacimba é uma das 15 Fundações e Institutos Comunitários (FICs) integrantes do Programa Transformando Territórios, iniciativa do IDIS com a Charles Stewart Mott Foundation. O Programa tem como objetivo fortalecer essas FICs que atuam com o apoio técnico e suporte financeiro de organizações e iniciativas da sociedade civil de suas comunidades, além de desenvolver projetos que supram as suas demandas.

O SPTV1, telejornal da TV Globo de São Paulo, tratou da iniciativa do Instituto Cacimba de criação de uma moeda social, o ‘Cacimba’, que visa fortalecer o comércio local e o empreendedorismo na comunidade em São Miguel Paulista. A moeda deve ser utilizada em lojas cadastradas no banco social do Instituto que, posteriormente, troca a moeda social recebida pelos reais correspondentes.

Para ver a notícia completa, acesse aqui a partir do minuto 34:30.

Observatório do Terceiro Setor evidencia Compromisso 1%

O Compromisso 1%, uma iniciativa criado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e pelo Instituto MOL, tem como objetivo reunir empresa que se comprometeram a doar pelo menos 1% de seus lucros líquidos anuais para organizações da sociedade civil.

Em matéria, o Observatório do Terceiro Setor destacou a importância da iniciativa para o fortalecimento do investimento social privado e da cultura de doação corporativa no Brasil.

Aron Zylberman, do Instituto Cyrela, ressalta que “as empresas que estão se comprometendo com o 1% estão dando um excelente exemplo para que outras sigam o mesmo caminho”.

 

Gustavo Bernardino, do GIFE, comentou: “O meio corporativo tem condições de firmar esse compromisso, de destinar uma pequena fração do seu lucro líquido para o enfrentamento de questões sociais e ambientais tão flagrantes no Brasil de hoje”.

 

Evento de Lançamento do Compromisso 1% com parceiros na sede da PwC Brasil, em São Paulo.

Acesse a matéria na íntegra aqui.

World Giving Index 2024, o ranking da solidariedade, é destaque na Exame

World Giving Index, realizado pela Charities Aid Foundation (CAF), é uma das maiores pesquisas sobre doação já produzidas, com milhões de pessoas entrevistadas em todo o mundo desde 2009.

A revista Exame publicou os resultados da nova edição, na qual o Brasil ficou em 86° lugar. Esta foi a segunda melhor pontuação do país no ranking desde seu lançamento, sendo somente superada pela de 2021, momento no qual a generosidade estava em alta devido aos efeitos da pandemia.

Nesta pesquisa, os entrevistados são questionados sobre a realização de três tipos de ações no último mês: ajuda a um desconhecido, doação em dinheiro a uma organização social ou voluntariado. Tais perguntas auxiliam na determinação do nível de desenvolvimento da cultura de doação em cada país avaliado.

Sobre as possíveis inspirações para uma nova evolução na posição brasileira, Paula Fabiani, CEO do IDIS, destacou: “Não foi surpreendente a estabilidade da cultura de doação no Brasil, mas foi muito interessante ver como políticas públicas voltadas ao incentivo à filantropia, como incentivos fiscais, matching de doações individuais, e benefícios para a prática de voluntariado corporativo, surtiram efeitos positivos em Singapura e podem ser exemplares para nós”.

A matéria completa pode ser acessada aqui.

Jornal de Brasília noticia o lançamento do Fundo de Fomento à Filantropia

O Fundo de Fomento a Filantropia (FFF) nasce para ampliar o impacto das ações do IDIS nas áreas da filantropia estratégica e do investimento social privado no Brasil. Em matéria sobre seu lançamento, o Jornal de Brasília destacou como é composto o patrimônio do fundo: matchfunding.

O matchfunding é um modelo de financiamento coletivo capaz de alavancar tanto a arrecadação de recursos, como a capacidade de impacto dos projetos contemplados, em função da sua estratégia de multiplicação das doações captadas. Dessa forma, a cada R$1 doado ao FFF, o IDIS irá combinar mais um real a partir da doação feita pela filantropa Mackenzie Scott ao instituto, potencializando a capacidade de impacto do fundo.

“O IDIS completa 25 anos e foi o momento perfeito para concretizarmos um sonho antigo – a criação de um fundo patrimonial que garanta perenidade do investimento em causa tão importante para o Brasil – a filantropia”, ressalta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Paula Fabiani, Rodrigo Pipponzi, José Luiz Egydio Setúbal e Luiz Sorge no Jantar de lançamento do Fundo de Fomento à Filantropia.

Acesse a matéria completa aqui.

Capa do jornal Valor destaca lançamento do fundo patrimonial de fomento à filantropia

O Fundo de Fomento à Filantropia (FFF) nasce para perpetuar a ação do IDIS no engajamento da filantropia e da cultura de doação no país. Em matéria de capa sobre o lançamento do FFF, o Valor Econômico destacou os doadores do endowment e a importância de tal mecanismo para garantia da perenidade da causa.

Há mais de 10 anos, o IDIS vem atuando em prol do estabelecimento, regularização e disseminação dos Fundos Patrimoniais no Brasil, tendo sido uma das principais entidades a ajudar a tirar a lei dos fundos patrimoniais (Lei 13.800/19) do papel.

“As mudanças socioambientais têm necessidade de capital mais longevo e precisam assegurar o investimento de longo prazo por que uma organização não vai fazer nenhuma mudança estrutural e social em dois ou três anos, precisa da próxima geração e os fundos patrimoniais são o instrumento para esse legado.”, ressalta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

Paula Fabiani, Rodrigo Pipponzi, José Luiz Egydio Setúbal e Luiz Sorge no Jantar de lançamento do Fundo de Fomento à Filantropia.

Acesse a notícia completa aqui.

Monitor de Fundos Patrimoniais é destaque em matéria sobre educação no Valor Econômico

Há mais de 10 anos, o IDIS vem atuando em prol do estabelecimento e disseminação dos Fundos Patrimoniais no Brasil. Como forma de melhor compreender este campo de atuação, lançamos o Monitor de Fundos Patrimoniais em 2022, iniciativa única que reúne e acompanha os Fundos Patrimoniais em atividade no país.

O Valor Econômico, em matéria sobre fundos patrimoniais, indicou que, segundo o Monitor de Fundos Patrimoniais, atualmente o país conta com 34 endowments ligados às universidades. Andrea Hanai, gerente de Projetos do IDIS, também tratou sobre a importância da Lei 13.800, de 2019, para ampliação desta ferramenta no país.

“Houve um grande impulso por conta da criação do ambiente legal que trouxe mais conforto para a relação entre o que é público e privado”, diz Hanai.

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Cultura de doação é destaque no ‘Papo de Responsa’, programa da Folha de São Paulo

Vencedores de diversas edições do Prêmio Empreendedor Social da Folha de São Paulo foram chamados ao terceiro episódio de ‘Papo de Responsa’ da TV Folha. Os participantes discutiram sobre diferentes aspectos da cultura de doação no Brasil, tratando também sobre o trabalho de cada uma das organizações representadas.

Paula Fabiani, CEO do IDIS e ganhadora do Prêmio Empreendedor Social em 2020, esteve presente no programa falando sobre o sucesso do Fundo Emergencial para a Saúde – Coronavírus Brasil. A iniciativa foi criada pelo IDIS, Movimento Bem Maior e BSocial no início da pandemia da COVID-19.

“Lembro-me de pensar que se a gente chegasse em R$ 5 milhões, já seria uma grande vitória. E chegamos a R$ 40 milhões. Beneficiamos cerca de 60 instituições no país”, comenta Paula.

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IDIS e Instituto MOL lançam campanha para empresas doarem 1% do lucro; Iniciativa é destaque no Valor Econômico.

Idealizado pelo IDIS e Instituto MOL, o Compromisso 1% busca fomentar a doação de 1% do lucro líquido anual de empresas para organizações da sociedade civil e causas de interesse público. Entre as empresas já confirmadas na adesão ao movimento estão Cyrela, fama re.capital, Gaia Impacto, MOL Impacto, Pantys, PwC, RD Saúde e TozziniFreire Advogados e, além de outras cinco organizações que já estão com o processo de adesão em fase avançada.

Com a adesão das primeiras signatárias no dia de hoje, a campanha já está se tornando destaque na imprensa brasileira. Em matéria publicada hoje, o Valor Econômico reforçou a importância do aumento da filantropia corporativa no país e o seu potencial de transformação social. “Comprovadamente sabemos que a filantropia corporativa gera benefícios […] Por isso, queremos promover essa prática e mover o ponteiro da doação corporativa”, comenta Paula Fabiani, CEO do IDIS.

“O Compromisso 1% é um projeto ambicioso e de impacto, capaz de impulsionar e acelerar a forma com que empresas se comprometem com o presente e futuro da sociedade, investindo para fortalecer projetos relevantes que precisam de recursos para seguirem sua caminhada”, ressalta Rodrigo Pipponzi, cofundador do Instituto MOL.

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Levantamento do IDIS é destaque no Valor Econômico

Fundos Patrimoniais ou, em inglês, endowments, consiste na reunião de um patrimônio que deve servir de fonte de recursos previsíveis e perenes no tempo para uma causa altruísta eleita. O endowment deve ser de titularidade ou vinculado a uma pessoa jurídica sem fins lucrativos como um dos meios para garantir sua sustentabilidade econômica de longo prazo.

Uma das possíveis instituições beneficiadas por esse tipo de mecanismo são os Hospitais Filantrópicos, como é o caso do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Os recursos advindos da venda do Hospital Samaritano foram direcionados a criação da Umane, entidade filantrópica com atuação na saúde pública brasileira, e que investiu R$53 milhões na modernização da ala de cirurgias do Hospital das Clinicas da FMUSP neste ano.

A notícia foi destaque em matéria no Valor Econômico, destacando o Monitor de Fundos Patrimoniais no Brasil. O levantamento aponta que este é o maior endowment voltado a saúde pública no país, com R$2 bilhões de reais.

Foto: Governo do Estado de São Paulo.

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Doação milionária feita ao IDIS é pauta na Época Negócios

Após 25 anos desenvolvendo o investimento social no Brasil, o IDIS foi reconhecido por meio de uma doação de US$1,5 milhão (cerca de R$ 7,5 milhões) da norte-americana, Mackenzie Scott. A doação da filantropa será alocada no fundo patrimonial do IDIS, que deve ser criado ainda este ano e auxiliará a garantir que a organização continue a fortalecer a filantropia estratégica e seu impacto positivo na sociedade brasileira. A notícia foi pauta no jornal Época Negócios.

Confira a matéria na íntegra aqui.

 

Com R$97 milhões destinados ao SUS em 2023, programa Juntos pela Saúde é destaque na Veja Negócios

Lançado em 2023, o Juntos pela Saúde é uma iniciativa do BNDES, gerida pela equipe do IDIS. Em parceria com doadores privados, o programa busca reunir recursos para apoiar e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A perspectiva é que, até 2026, sejam destinados aproximadamente R$ 200 milhões para projetos de saúde na região através da lógica de matchfunding. Assim, a cada R$1 doado por parceiros, mais R$1 é colocado no programa pelo BNDES.

De acordo com o Relatório de Atividade de 2023, o programa já destinou 97 milhões em recursos para a saúde no Norte e Nordeste do país somente em seu primeiro ano em exercício. Esta conquista foi destaque na Veja Negócios

Acesse a matéria na íntegra aqui.